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Reportagem ANA LEAL dia 16 Novembro 2025 Canal NOW
https://www.facebook.com/reel/2587399378293355
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NotíciasTranscrição
00:00Estamos de volta com nova investigação repórter sábado.
00:05A família de um ex-oficial da Marinha perdeu todas as poupanças de uma vida de um momento para o outro.
00:11O dinheiro de Manuel Novo estava numa conta a prazo do Novo Banco,
00:16mas em menos de 24 horas foram feitas 32 transferências sem que tivesse suado qualquer alarme na instituição bancária.
00:25Mais de 43 mil euros depositados desapareceram sem deixar rastro.
00:31O caso está nas mãos da Polícia Judiciária.
00:35Olha, veja. Estou porcadida de estar guardanado. Não tenho mais papel, mas tenho guardanado.
00:45Já passou.
00:55A partir desse dia 7, eu tenho ali um quarto que transformei em ateliê, onde faço as minhas pinturas.
01:15Nunca mais lá fui.
01:15Fui agora à semana passada, porque eu faço os postais para o Natal e pinto-os à mão para dar às minhas filhas.
01:24Pela primeira vez nos últimos quatro meses, voltou a pegar nos pincéis.
01:47Hoje, depois de uma entrevista dura e verdadeira, sem cortes.
01:54Posso me levantar?
02:00Hoje, espantou os fantasmas que o atormentam desde aquele dia 7 de julho.
02:0643 mil euros.
02:08Que desapareceram?
02:10Desapareceram.
02:10Tinha uma aplicação no telemóvel para ir seguindo movimentos e saldos.
02:22Que era o que eu consultava. Mais nada. Não fazia transações, não fazia nada.
02:27No dia 7 de julho, eu fui à aplicação. Não consegui entrar.
02:37Amanhã de manhãzinha, a primeira coisa que faço, vou ao banco.
02:40E assim foi. Dia 8 de julho, logo pela manhã, Manuel Novo, ainda a conduzir aos 85 anos,
02:47deslocava-se ao balcão do novo banco de Carnachide para saber o que se passava.
02:53Fui lá ao balcão, o funcionário que lá estava, tenho aqui assim um problema, não consigo entrar na aplicação.
03:01E de qualquer maneira, depois a gente vê, deu-me um extrato, deste último dia, dia 7.
03:09E já agora, até hoje, porque caiu a melhor forma.
03:13Ele foi, trouxe-me um extrato e vinha lendo o extrato e disse,
03:18Ah, pois, o senhor fez aqui muitos movimentos, no dia 7.
03:24Muitos mesmo.
03:32Eu? Eu não fiz movimentos nenhuns.
03:35Pelas 8 horas e 34 minutos, sabe-se agora que uma transferência de 2.500 euros é recusada pelo novo banco.
03:51Mas, pelas 8 e 37, uma transferência de 3 mil euros é autorizada com recurso à autenticação forte.
03:58Às 8 e 43, mais 4 mil euros saem da conta.
04:03Nós temos aqui um período de uma primeira recusa já do banco,
04:06mas depois a autorização de mais 7 mil euros que saíram da conta, uma 3, 8, 4 mil.
04:11Com o seu cliente no banco?
04:13Com o cliente já no banco.
04:15Isto é estranho.
04:16Muito estranho.
04:22Tudo indica que possa ter sido um hacker,
04:24mas custa-me muito acreditar que dentro do banco isto não tenha sido detectado logo.
04:32E alguém que estava em carreira também de estar a supervisionar isso, também foi isso.
04:37Não o fez.
04:38Não o fez.
04:40É Mustafá, é o Sheik, Sheik, Sheik.
04:44Aqui também é Mustafá.
04:45Mustafá.
04:46Para isso, depois não se consegue apanhar o rastro do dinheiro.
04:49As primeiras saídas de dinheiro começam no dia 7.
04:582.600 euros são autorizados pelas 9 horas e 40 minutos.
05:04Três minutos depois, às 9 e 43, saem mais 2 mil euros.
05:09O que estava negativo foi quando fizeram a transferência da conta a prazo de 25 mil euros
05:19e foram andando logo a seguir.
05:23Aquilo deve ter sido 5 minutos depois.
05:25Fizeram novamente outra transferência da mesma conta a prazo, mais 15 mil euros.
05:31E foram sacando aquilo.
05:33E não houve um alarme, não houve um alerta, o banco não me pediu para eu confirmar.
05:42Não fiz nenhuma assinatura, nem presencial, nem digital.
05:47Nada.
05:49Também haverá limites diários que aparentemente também terão sido assistidos,
05:54porque me parecem valores muito significativos.
05:56Ou seja, no seu entender, aqui inevitavelmente tinham que ter sobado os alarmes.
06:02Sim.
06:05Quer dizer mais alguma coisa, Sr. Manuel?
06:07Não, doutora, não quero.
06:17Embalando os pão.
06:18Apenas um excerto da reportagem Repórter Sábado que vai poder ver dentro de poucos minutos.
06:40Para já recebemos em estúdio Ana Leal, a jornalista autora desta reportagem,
06:46Manuel Novo, a vítima, ainda Natália Nunes, da DECO,
06:50Alhandra Duarte, ex-diretor de Compliance, e o advogado Pedro Proença.
06:55Boa noite a todos, sejam muito bem-vindos.
06:58Ana, mais do que o caso de Manuel Novo, pergunto-te esta reportagem que vamos ver na íntegra dentro de pouco tempo.
07:06Pretende ser um alerta para aquilo que é também a responsabilidade dos bancos em alegados casos de burla ou extorsão como este?
07:13Completamente.
07:15Eu diria mesmo que se os bancos tiverem a atitude que o Novo Banco teve, não só com a família,
07:25mas também com o Repórter Sábado, porque não respondeu a uma única das perguntas cruciais que tinham que ser respondidas,
07:34mas se, dizia eu, se os bancos tiverem este tipo de atitude, só nos resta voltarmos aos tempos antigos,
07:42de colocarmos o dinheiro debaixo do colchão.
07:48Este caso é um caso sintomático em que tudo falhou, o Novo Banco não respondeu, como eu dizia, à família,
07:56não respondeu publicamente, porque teria que responder publicamente, e tem essa obrigação, a quem nos está a ver neste momento,
08:04e aos próprios clientes do Novo Banco, porque muitos deles se vão rever na história de Manuel Novo e da sua família.
08:12Questões cruciais que não foram respondidas.
08:14Estamos a falar de 32 transferências que levaram a que os 43 mil euros desaparecessem,
08:23sem que nenhum alerta do banco tivesse suado, o que não é normal.
08:30Para isso é que existem, por isso é que existem os chamados departamentos de compliance,
08:35e portanto, aqui inevitavelmente estamos a falar de 32 transações teriam que ter suado os alarmes,
08:41por outro lado, não responderam também...
08:43E o Banco não te explicou isso?
08:44Não te deu essa explicação de como é que não são alertas, alarmes, como dizes?
08:50Não, não respondeu, aliás, não respondeu a nenhuma das perguntas cruciais,
08:54porque não basta, o Novo Banco o que diz é que as operações foram, e estou a citar,
08:58devidamente autenticadas com autenticação forte.
09:02Não basta dizer isto, tem que provar que, de facto, Manuel Novo, ou alguém da sua família,
09:08teria dado a autorização para que estas operações tivessem acontecido.
09:13Portanto, não basta dizer isto.
09:14E não basta dizer também que está disponível para colaborar,
09:18quando depois há a contradição de que não só não responde à família,
09:22como também não responde publicamente.
09:25E eu estava a levantar algumas das questões que tinham que ser respondidas,
09:28nomeadamente, eu coloquei a questão, a família também, sobre os limites diários de MBOI,
09:34estamos a falar de mais de 20 mil euros que foram levantados, assim, num ápice,
09:38sem qualquer tipo de autorização, por parte do cliente,
09:42depois de duas transferências autorizadas no dia em que a vítima estava no balcão,
09:50mas depois de uma delas ter sido recusada, portanto, tem que haver respostas para isto.
09:55Então, há uma operação que é recusada e logo a seguir,
09:59outras duas que são autorizadas com o cliente no balcão,
10:02já a saber que tinha sido roubado.
10:06São dúvidas que te assolam e seguramente também ao Manuel Novo,
10:10que também está connosco. Boa noite.
10:12Em algum momento conseguiu perceber o que é que lhe aconteceu?
10:17Não só no dia 8, precisamente, porque na véspera, dia 7,
10:23não consegui entrar na aplicação que tenho no telemóvel,
10:30só para ver saldos e movimentos, era o que eu utilizava mais nada,
10:34não sou um leigo, assim, na informática,
10:39mas só no dia, como estranhei.
10:43Deixa eu estar, não me preocupei, porque no dia 8 iria cair a minha reforma
10:49e o da minha mulher, mais o subsídio de férias.
10:53E, entretanto, também uma renda que iria receber e queria saber se estava na minha conta.
10:59Às 8h30 já estava no banco, para saber o que é que se passava com a aplicação,
11:07mas, em primeiro lugar, que me dessem um extrato.
11:11Desses dois dias, o senhor que me atendeu foi tirar um extrato e veio por ali fora,
11:17até chegar à minha beira.
11:19Não, não há problema nenhum, o senhor já fez muitos movimentos.
11:21Mas, eu, não pode ser.
11:24Ficou incrédulo.
11:26Acredita que algum dia será possível reaver o seu dinheiro?
11:3043 mil euros era o que estava na conta.
11:32Confia nas autoridades para essa conclusão?
11:34Tomara eu que fosse, porque eu sou uma vítima.
11:37Aliás, eu fui vítima duas vezes.
11:40Uma dos autores da fraude e outra do próprio banco,
11:43que não me soube dar um alerta.
11:45Para si o novo banco é um dos grandes responsáveis também por esta situação?
11:48É um grande responsável, porque é lema de qualquer entidade bancária
11:54tomar assim a guarda e a segurança do capital que os atentes lá põem.
12:02Portanto, o banco tem que assegurar segurança para esse capital
12:07e alerta se alguma coisa corre mal.
12:11Portanto, não vejo responsabilidade do banco.
12:13E não houve um alerta por parte do banco?
12:14Não houve um alerta e eu estive no banco e mesmo depois de estar presente
12:19no banco ainda fizeram dois levantamentos quando eles já tinham...
12:27Ah, e não foi o banco, foi eles que viram uma análise e tal
12:33e que foram cancelados.
12:35Fui eu que disse.
12:36O senhor vai imediatamente cancelar tudo da minha conta.
12:42E mesmo assim, depois de estar cancelada, ainda fizeram dois levantamentos.
12:46E vamos poder perceber também melhor o filme dos acontecimentos
12:48na reportagem da Ana Leal dentro de alguns minutos.
12:51Pedro Proença, a Polícia Judiciária que tem em mãos este caso
12:55estará a investigar este caso efetivamente como que tipo de crime?
13:00Extroção? Burla?
13:01Sim, boa noite, Eduarda. Boa noite ao senhor Manuel Novo e a todos os presentes.
13:06Bom, Eduarda, obviamente que aqui estamos a falar
13:08provavelmente daquilo que se chama uma situação de fraude,
13:12burla informática, acesso ilegítimo a dados.
13:15Portanto, toda uma panóplia de crimes informáticos
13:17que permitiram, na minha ótica, o acesso a dados confidenciais
13:23que permitiram estes movimentos.
13:24Agora, há aqui um dado relevante que é preciso perceber.
13:29Isto já foi registrado em cerca de 176 ocorrências a nível global.
13:34E aqui o alarme soa, e isto obviamente é um caso bastante complicado
13:38e bastante complexo e sensível até em termos de segurança interna.
13:41E aqui o alarme soa quando aparece este nome, Mustafa.
13:44E porquê é que o alarme soa relativamente a este nome, Mustafa?
13:48Porque é um nome relativamente comum e que vai surgindo
13:51naquilo que se chama, ou que é comum em vários países,
13:54práticas de ciberintrusão altamente sofisticadas,
13:57promovidas nomeadamente por agências iranianas
14:00para recolha de fundos em bancos estrangeiros a clientes individuais.
14:05Mas é um nome falso?
14:06É o nome de um Eker iraniano que trabalha para um instituto iraniano
14:11que está muito ligado à ciberintrusão, não só em bancos,
14:15mas também até em instituições de Estado, instituições académicas,
14:19não deixa de ser uma coincidência estranha que, por exemplo,
14:22em 176 países do mundo tenham acontecido situações muito parecidas
14:26com esta que aconteceu ao Sr. Manuel Novo, em que fundos bancários
14:29de pessoas anónimas foram atacados e foram retirados
14:33para financiamento de atividades ilícitas de determinados grupos
14:39a nível internacional.
14:41E aqui, de facto, eu penso que a Polícia Judiciária,
14:43não só através da sua unidade especializada em combate ao crime informático,
14:46mas com certeza os nossos serviços de informações e até a Unidade Nacional
14:50de Combate ao Terrorismo terão que estar atentas a esta situação
14:53porque, repito, é um nome muito...
14:56Eventualmente até em colaboração com as autoridades internacionais.
14:59É um nome... Mustafa é um nome, de facto, que faz soar alertas,
15:03é um nome muito comum na atividade da ciberintrusão
15:06e, portanto, à partida, o Sr. Manuel Novo pode, por coincidência,
15:10ter sido o alvo de uma ação de ciberintrusão altamente sofisticada
15:14e, obviamente, que o Banco, e vamos falar nisso daqui a nada,
15:16tem responsabilidades muito sérias, muito sérias nesta matéria,
15:22mas estamos a falar aqui, muito provavelmente,
15:24de uma ciberintrusão altamente sofisticada,
15:26formas de spearfishing altamente sofisticadas.
15:29Por isso pode ser complexo chegar a estes suspeitos.
15:30É muito complexo chegar a estes suspeitos.
15:33Para te dar uma ideia, muito rapidamente, Eduarda,
15:36isto aconteceu, por exemplo, com nove cidadãos americanos nos Estados Unidos,
15:39em que apareceu, de facto, situações de retirada de fundos de contas bancárias
15:43que foram associadas a este nome, Mustafá,
15:46e, eventualmente, a esta organização,
15:48mas ainda hoje, estamos a falar de alguns anos depois,
15:51o FBI continua, no fundo, a tentar rastrear o paradeiro deste dinheiro.
15:58Aleandra Duarte, 32 transações no valor de 43 mil euros.
16:03Não têm os bancos mecanismos para detectar movimentos desta grandeza
16:08e quantias desta dimensão?
16:10Muito boa noite, muito obrigado pelo convite.
16:14Objetivamente, e prosseguindo um bocadinho aquilo que ouvimos
16:18das duas exposições anteriores,
16:22este processo pode ser um processo muito complexo,
16:26mas o que é facto é que,
16:28olhando para aquilo que é o controle em Portugal destes fenómenos,
16:37naturalmente, podemos ter aqui mais sofisticação,
16:41mas todos os clientes bancários são classificados de acordo com um perfil.
16:47E esse perfil entra em linha de conta com o fator idade,
16:51com a situação socioprofissional,
16:55com o estado civil, com a profissão propriamente dita,
16:59e, portanto, de certeza que o seu Manuel Novo está classificado
17:04com um determinado perfil num novo banco.
17:08E teria um gestor de conta?
17:10Teria um gestor de conta?
17:12Eu nunca o conheci, mas acredito que sim,
17:16que disseram, mas nunca contactou comigo.
17:18Mas eu admito que estas temáticas
17:22possam não chegar integralmente ao conhecimento dos gestores de conta.
17:26Portanto, o gestor de conta é um comercial,
17:29mas há estruturas dentro de cada banco,
17:32sobretudo depois daquilo que aconteceu do 11 de setembro,
17:36porque já havia brancamente capitais,
17:39e, portanto, passou a falar-se muito mais
17:41em financiamento ao terrorismo,
17:44sobretudo depois do 11 de setembro,
17:47e, naturalmente, todas as autoridades de diferentes países
17:51e também da comunidade europeia,
17:54houve um conjunto de diretivas
17:56que acabaram por ser transpostas para cada estado-membro
18:00e Portugal não fugiu a isso.
18:02E, portanto, passou a ser obrigatório
18:05que cada banco tivesse concebido os seus critérios
18:11quer no domínio da classificação do cliente,
18:14quer dos tais alertas de que temos estado a falar.
18:17Até pelo valor das transferências num único dia.
18:23Isso faz-me um bocadinho de espécie.
18:25Faz-me um bocadinho de espécie.
18:26Porquê?
18:27Porque o Sr. Manoel Novo não tinha, de facto,
18:32esta prática, por aquilo que percebi.
18:35Não utilizava a app, ainda que pudesse dispor dela
18:37para consultar saldos.
18:40Terá havido autenticação forte.
18:42E aqui já começa a haver alguma sofisticação
18:45no que diz respeito à tal captura de dados individuais.
18:50Eu temo, inclusive, e permitam-me isto,
18:53que provavelmente o Sr. Manoel Novo
18:56sente-se, e bem, não, lesado neste processo,
19:00mas se calhar há muitos outros clientes,
19:03ou há muitos mais clientes,
19:04que com a mesma similitude de procedimento ou outra,
19:09também terão sido lesados.
19:12E vou explicar, se me permitirem, também porquê.
19:16Porque as pessoas, às vezes, têm vergonha
19:20de dar a cara por terem sido ludibriadas,
19:24burladas, e porque toda a gente pensa
19:27que foram pouco...
19:29E ingénuas.
19:30Foram ingénuas.
19:30Mas é verdade que as nossas investigações vão ajudando,
19:33e a Ana Leal seguramente confirma isso,
19:35a que depois recebamos mais correspondência,
19:38mais e-mails.
19:38Ainda hoje recebi uma situação,
19:41e precisamente a dizer que posso ajudá-la
19:44a compreender a minha situação,
19:46mas não lhe vou dar a cara.
19:48Deixe-me só ouvir a Natália Nunes.
19:49Vamos prolongar o debate mais tempo,
19:52logo depois da reportagem.
19:53A DECO vê responsabilidades evidentes
19:56no que toca ao Novo Banco nesta situação.
19:59Claro que sim, e como já foi aqui referido,
20:02nós temos toda uma legislação
20:04que atribui aqui a responsabilidade ao Banco.
20:07O Banco não é só para nos cobrar as comissões de manutenção da conta.
20:12O Banco está obrigado também a zelar pela segurança da nossa conta,
20:19pela segurança do nosso dinheiro.
20:23Então, o que é que devia ter acontecido que não aconteceu por parte da instituição bancária?
20:28Foi feita aqui tanta referência a sinais de alerta
20:33que deviam ter despertado, deviam ter tocado dentro do banco
20:37para evitar que as transações fossem feitas.
20:41Desde logo, quando se pede para transferir o valor de um depósito a prazo
20:46para depósito a ordem,
20:48desde logo aí deveria ser um sinal.
20:51Todas aquelas transações que foram feitas,
20:547 quase de seguida, ou 32,
20:59tudo isso são sinais de alerta.
21:01Porque, como estava a dizer, e muito bem,
21:03o banco tem o perfil do cliente.
21:05Se não tem, devia ter.
21:06Se não o tem, está a incorrer, a enveluar aquilo que são as disposições legais.
21:11E, portanto, o perfil do consumidor, o perfil do cliente,
21:15serve precisamente também para saber
21:17quais são os comportamentos habituais daquele consumidor
21:21perante o banco.
21:22E sempre que há um desvio,
21:23isso deve ser um motivo para levar a que haja uma alerta.
21:28E essa alerta para evitar que situações destas aconteçam.
21:31Acredita que deve estar a acontecer, ou deveria existir,
21:35Ana, poderá confirmar-nos isso depois também,
21:38uma averiguação interna?
21:39Obrigatoriamente, porque é assim, também já foi aqui referido.
21:43Não basta o banco vir dizer
21:44que foi feito através de autenticação forte.
21:49Não, ele tem que provar, tem que demonstrar.
21:52O banco tem, de acordo com a legislação,
21:54essa obrigação.
21:55Portanto, não pode vir dizer apenas que há aqui
21:58ou negligência, ou...
22:01Tem que provar.
22:02E grosseira, atenção, não é só negligência.
22:04Pronto, tem que ser grosseira.
22:07Mas tem que o provar.
22:08Não basta vir alegá-lo.
22:10Porque, em primeiro lugar, aquilo que a legislação diz
22:12é que o banco tem que assumir a responsabilidade.
22:16A partir do momento em que o consumidor, o cliente, diz
22:19eu não fiz estas operações,
22:21o banco tem que assumir a responsabilidade.
22:23Depois é que vai ter que averiguar.
22:25É isso que devia ter feito e penso que isto não aconteceu aqui.
22:28Aliás, Eduarda, o próprio Banco de Portugal,
22:32numa resposta que mandou por escrito,
22:34de esclarecimento em relação às questões que eu coloquei,
22:37diz precisamente que o banco deve reembolsar ao cliente,
22:41ainda que provisoriamente o montante da operação
22:43alegadamente não autorizada.
22:45O próprio Banco de Portugal diz isto,
22:48partindo do pressuposto, obviamente,
22:49que o cliente não foi negligente, como é o caso.
22:53Mas isso não aconteceu?
22:55Não se verificou?
22:56O novo banco não dá respostas a nada.
22:59Nem à família, porque a família pediu também
23:00o chamado crédito provisório,
23:02precisamente sabendo que tem direito a isso,
23:04e não teve, que é inacreditável,
23:08resposta sequer até hoje sobre isso.
23:10Quando o próprio Banco de Portugal prevê isto,
23:12isto está na legislação.
23:14E a família não teve uma única resposta concreta sobre isto.
23:18Isto aconteceu em julho, estamos em novembro,
23:20e não há respostas por parte do novo banco.
23:23Isto levanta também outra questão,
23:25que é como é que nós vamos, de futuro,
23:28depositar, exatamente, confiança num banco como este.
23:31Levantas aqui uma questão de confiança
23:34nas instituições bancárias.
23:35Pedro Proença, pode haver responsabilidade criminal
23:37neste processo por parte do novo banco?
23:40Sim, vamos...
23:41Se houver, eventualmente,
23:44colaboração de algum funcionário bancário
23:46nesta situação, claro que sim,
23:48que há responsabilidade criminal.
23:49Mas não havendo pelo facto da negligência...
23:52Há aqui, obviamente, responsabilidade contratual óbvia
23:55do banco, na medida em que
23:56não teve capacidade,
23:58não teve capacidade ou não quis
24:00perceber o caráter inusitado
24:03destes movimentos e a incompatibilidade
24:04dos movimentos, como foi dito,
24:06com o perfil do cliente.
24:07Isto é óbvio.
24:08Agora, o que me preocupa, basicamente, é isto, Eduarda.
24:10Tivemos o caso da Ericeira, super mediático,
24:13em que foram movimentados,
24:16até agora, até o momento, sabe-se,
24:18mais de 3 milhões de euros de clientes
24:20de uma situação que passou despercebida
24:22àquele banco em concreto.
24:24O repórter Sábado, há poucos meses atrás,
24:27trouxe a reportagem do Eurobic,
24:29do grupo A Banca,
24:30em que houve pessoas também vítimas de fraude bancária,
24:33e a Ana explicava aqui
24:34que este caso, o banco também não dá explicações,
24:37também ali naquele caso,
24:38o banco também não deu explicações,
24:39e as pessoas continuam a aguardar,
24:41e agora acontece este caso
24:42com o São Manuel Novo
24:43numa outra instituição bancária.
24:45Portanto, tu repara,
24:46em pouco espaço de tempo,
24:47temos 3 situações gravíssimas
24:49que envolvem o incumprimento, claro,
24:53do contrato que o cliente fez com os bancos,
24:56em que os clientes foram lesados,
24:58e que até à data,
24:59ainda não têm uma resposta adequada
25:01por parte dos bancos a estas situações.
25:03E se nós formos multiplicar,
25:05e o caso da Ericeira,
25:06que eu estou a acompanhar,
25:07posso dizer isto,
25:08a quantidade de pessoas,
25:09como dizia há pouco,
25:10e muito bem,
25:11que não querem falar,
25:13que não querem participar criminalmente,
25:17nem querem aparecer,
25:18porque têm vergonha daquilo que passaram,
25:21então provavelmente nós teríamos,
25:23todos os dias,
25:24a comunicação social cheia destes casos.
25:26Não foi o caso do Sr. Manuel Novo,
25:28e por isso agradecemos também a coragem.
25:30Vamos continuar com os nossos convidados em estúdio.
25:34Foram transferências nacionais,
25:37nós temos que perceber aqui também...
25:39Mais de 20 mil euros são MBUI,
25:42mas através da app,
25:44não através do telemóvel.
25:46Independentemente,
25:46ou independentemente não,
25:47quer pela plataforma utilizada,
25:50quer pelo montante de cada transferência,
25:53é por isso que é importante perceber,
25:54e o Sr. Manuel Novo falava nisso,
25:56que via transferências a rondar os mil euros,
25:59mas que não iam acima dos mil euros,
26:01dos novecentos e qualquer coisa.
26:03Portanto, quem o atacou,
26:05quem lhe roubou o dinheiro,
26:06não foi o banco,
26:08mas quem lhe roubou sabia exatamente
26:10quais eram os montantes
26:11de cada transferência em cada plataforma,
26:14os máximos.
26:15Agora...
26:16Ou seja, jogou com várias plataformas...
26:19Ou tem jogado com várias plataformas,
26:21e mais do que isso,
26:23e mais do que isso,
26:24o que é anormal,
26:26o que é típico,
26:27e eu volto a frisar isto,
26:29o Sr. Manuel Novo,
26:30tem um perfil de cliente,
26:32uma classificação,
26:34enquanto cliente do novo banco.
26:37E portanto,
26:38o novo banco,
26:39quando o classificou,
26:40classificou com base
26:41numa série de fatores,
26:43que lhe dizem respeito,
26:44fatores pessoais,
26:45fatores de hábitos,
26:47fatores de utilização das plataformas.
26:50Estamos a falar de classificações conservador,
26:53o nível de...
26:54Ou seja,
26:54o nível em que...
26:55Eu não queria entrar muito em detalhe
26:58nesse particular,
26:59até porque não há
27:00um padrão rígido
27:02para todos os bancos utilizarem.
27:05Portanto,
27:05cada banco
27:06classifica os seus clientes,
27:08através de sistemas informáticos,
27:12através de dados
27:13que detêm dos seus clientes,
27:15para classificar os clientes.
27:17E é a partir daqui
27:18que, de facto,
27:20se uma pessoa
27:21que é reformada,
27:22uma pessoa
27:23que não tem outros rendimentos,
27:25recebe na sua conta,
27:26ou transfera da sua conta,
27:28valores inabituais,
27:30ou tem que justificar
27:32a proveniência dos fundos,
27:34ou tem que haver
27:35alguma averiguação
27:36relativamente àquilo
27:37que o senhor
27:37ou o outro cliente faz.
27:40E isto,
27:41enfim,
27:41não querendo tomar muito tempo,
27:44é algo diferenciador
27:46daquilo com que se viveu
27:47durante anos,
27:48que era o branqueamento de capitais.
27:50Para os nossos espectadores
27:51que nos acompanham
27:52perceber,
27:53o branqueamento de capitais
27:55tinha a ver
27:55com a utilização
27:57de fundos
27:59de proveniência ilícita
28:01em fins lícitos.
28:03Alguém tinha um negócio
28:05pouco limpo,
28:07se quisermos,
28:08e esse dinheiro
28:10precisava de ser lavado,
28:11precisava de ser aplicado
28:13e entrar no sistema
28:14como se fossem
28:16fundos lícitos
28:16que não eram.
28:18Depois veio
28:19aquilo a que eu chamava
28:20no meu tempo,
28:21enquanto estava na compliance,
28:23o escurecimento de capitais,
28:26que está mais ligado
28:27ao financiamento
28:28ao terrorismo.
28:29Isto é,
28:30uma pessoa pode ter
28:31o seu emprego
28:32normal,
28:33pode ter uma vida
28:35exemplar
28:36à luz
28:36do cidadão comum,
28:39mas nada impede
28:40que uma parte
28:40do seu dinheiro
28:41que tem proveniência
28:43ilícita,
28:44não possa ser,
28:46servir para financiar
28:48uma célula terrorista.
28:50E, portanto,
28:51temos dinheiro lícito
28:52para fins ilícitos,
28:53e temos dinheiro
28:55ilícito
28:55para fins ilícitos.
28:56São duas coisas
28:57distintas
28:58e os bancos
28:59tiveram que lidar
28:59com isto.
29:01E o que me faz
29:01espécie também,
29:03para além dos limites,
29:04que provavelmente
29:05os clientes
29:06até nem conhecem,
29:08mas que é possível,
29:09e isto também é pedagógico,
29:10do lado dos bancos,
29:12devem alertar
29:13os clientes
29:14que os clientes
29:15podem definir
29:17valores diferentes
29:18daqueles que o banco
29:19define.
29:20Ou seja,
29:20definir o limite
29:21que sai
29:22que pode sair
29:22numa transferência
29:23da conta bancária.
29:24Por plataforma,
29:25diário,
29:26por transação,
29:27é possível moldar isto
29:29de acordo com o cliente.
29:30Muito bem.
29:30Nós temos também connosco
29:31esta noite
29:32Zé Natália Nunes
29:33da DECO,
29:34da Associação de Defesa
29:34do Consumidor.
29:35Isto, de certa forma,
29:36e estes relatos,
29:37e não é o único
29:38que nós já tratamos
29:39aqui no Repórter Sábado,
29:40nós já tratamos
29:41de pessoas
29:41de empresas
29:42que de um momento
29:43para o outro
29:44foram às aplicações
29:45aos sites
29:46e não tinham dinheiro
29:47noutras entidades bancárias.
29:50Isto coloca em causa
29:50este sistema
29:51que, como a Ana falava,
29:52que é um sistema
29:53cada vez mais digital.
29:56Eu diria que...
29:58Ou a confiança
30:01dos consumidores
30:01no sistema.
30:03Eu acho que
30:03temos que ter
30:04confiança
30:05no sistema.
30:07De qualquer forma,
30:08este caso,
30:09como outros
30:10que já foram
30:11aqui anunciados,
30:12levam-nos
30:13a repensar
30:14a segurança
30:15que nós temos
30:15na segurança.
30:17e no momento
30:18em que todos nós
30:19estamos a ser
30:20quase que empurrados
30:21para o digital,
30:22como já foi
30:22aqui dito,
30:24estamos a ser
30:25empurrados
30:26para o digital,
30:27não é por acaso
30:28que estão a fechar
30:29os balcões,
30:30não é por acaso
30:31que até as próprias
30:32caixas ATM,
30:33as caixas multibanco
30:34estão a desaparecer,
30:36porque a banca
30:37está a querer
30:38passar para a questão
30:40da digitalização
30:41e obrigar-nos a...
30:42Muito dinheiro
30:43aos bancos.
30:44Claro que sim,
30:45até se formos ver
30:46o custo das operações,
30:48ainda há pouco
30:48se falava em ir ao balcão,
30:50se formos depositar,
30:51levantar dinheiro
30:52ao balcão,
30:53vamos ver que temos
30:53que pagar comissões
30:56e comissões
30:56cada vez mais elevadas
30:58e claro que as operações...
30:59Para isso só de ir
30:59às pessoas de irem
31:00aos balcões.
31:01Claro que as operações
31:02feitas online
31:03são de custos
31:04mais reduzidos.
31:06Isto está a acontecer
31:08e eu acho que todos nós
31:09temos consciência disso.
31:11Agora,
31:11a verdade é que
31:12nem todos estamos
31:13preparados para esta evolução.
31:16Nós não nos podemos esquecer
31:17que temos muitas pessoas
31:19numa situação
31:19de alguma vulnerabilidade,
31:21até do ponto de vista
31:22digital e do ponto de vista
31:23da literacia financeira
31:25e o facto de estarmos
31:26todos a serem empurrados
31:28para o digital,
31:29isto está a colocar
31:30em risco
31:30muitas pessoas.
31:32Mas daí uma maior responsabilidade
31:33por parte das entidades bancárias
31:36perante estas pessoas
31:37que têm lá
31:38o seu dinheiro depositado
31:39e pagam comissão.
31:40Claro que sim.
31:41maior responsabilidade
31:42da banca
31:43maior responsabilidade
31:44do regulador
31:45porque também tem aqui
31:46a responsabilidade.
31:47E nós não nos podemos esquecer
31:48e não é de agora
31:49que os bancos
31:51também estão sujeitos
31:52a várias
31:52normas de conduta,
31:55de boa conduta
31:56que têm que respeitar,
31:58nomeadamente a diligência,
31:59nomeadamente a informação.
32:01E se nós
32:02formos ver
32:02todas
32:03aquelas
32:04regras
32:05de boa conduta
32:06que estão previstas
32:07na legislação
32:08e estou a recordar
32:10a legislação
32:10que já vem de 92
32:12que teve várias alterações
32:13mas vem de 92
32:14é assim,
32:15neste caso
32:16que estamos aqui
32:16a analisar
32:17eu diria que todas
32:18elas falharam.
32:19Não houve aqui
32:20qualquer diligência,
32:21não houve aqui
32:22lealdade,
32:23não houve aqui
32:23informação
32:24perante este caso.
32:25Tudo falhou,
32:26tudo aquilo que era
32:27possível falhar
32:28falhou.
32:28E a verdade é que
32:29temos aqui
32:29uma família
32:30completamente lesada
32:32no meio de todo
32:33este imbróglio.
32:35E privada
32:35do valor
32:35que é seu
32:36por direitos.
32:37E é importante
32:37também aqui
32:38percebermos
32:39o papel
32:39do Banco de Portugal
32:40porque apesar
32:41de dizer
32:42que o banco
32:43deve reembolsar
32:44ao cliente
32:45ainda que
32:46provisoriamente
32:47o montante
32:48da operação
32:48alegadamente
32:49não autorizada
32:50a verdade é que
32:51ao mesmo tempo
32:52diz que não tem
32:52competências
32:53para impor
32:54aos bancos
32:55precisamente
32:55a reparação
32:56dos danos
32:57ao cliente.
32:59Portanto,
32:59eu pergunto
32:59então qual é o papel
33:01do Banco de Portugal
33:02aqui porque
33:03também foi feita
33:03uma caixa
33:04e a verdade
33:05é que também
33:05nada sabem
33:06sobre essa caixa
33:08e depois
33:09aos jornalistas
33:10já sabemos
33:11qual é a resposta
33:11que é não podem
33:12falar
33:12no caso em concreto
33:14em nome
33:15do sigilo bancário
33:17em nome
33:17dos dados pessoais
33:19etc, etc, etc
33:20portanto ficamos
33:21todos na mesma
33:22que é nada.
33:24Ficamos
33:24para já
33:26nada
33:27que é falta
33:28de respostas
33:28por parte da entidade
33:29bancária
33:29nomeadamente
33:30ao novo banco
33:31doutor Pedro Proença
33:32também connosco
33:33esta noite
33:33obrigado por estar
33:34connosco
33:34o que é que
33:36podemos dizer
33:37a este senhor
33:38que já tem
33:39nesta altura
33:40apoio jurídico
33:41que já está
33:41naturalmente
33:42a seguir
33:42todos os
33:43mecanismos legais
33:44mas tudo isto
33:45demora o seu tempo
33:46e enquanto isso
33:47aquilo que o banco
33:48poderia fazer
33:49que era
33:49adiantar o dinheiro
33:51enquanto isso
33:52as pessoas estão
33:52privadas dos valores
33:53que são seus.
33:54Boa noite
33:54Pedro, bem pelos outros
33:55casos que
33:56inclusivamente o repórter
33:57sábado já
33:58já demonstrou
33:59as respostas
34:01são lentas
34:01tardias
34:02e perspectivam-se
34:03provavelmente
34:04anos de batalha
34:05judicial
34:05a estas pessoas
34:07deixa-me só dizer-te
34:07aqui uma coisa
34:08voltando um bocadinho
34:09à carga
34:09penso que estamos
34:10aqui perante
34:11uma forma de
34:12ciberintrusão
34:12muito sofisticada
34:14tenho convicção
34:16de que isto
34:16tem origem
34:17internacional
34:18e deixa-me
34:19dizer-se
34:20o senhor
34:20o senhor
34:21acaba por ser
34:22escolhido
34:23a dedo
34:24para esta operação
34:25por um fator
34:25que pode
34:26obviamente
34:26estou aqui a especular
34:28que pode ter
34:29até a ver
34:29numa perspectiva
34:30de um cibercriminoso
34:31internacional
34:32com o seu apelido
34:33porque o senhor
34:34tem o apelido novo
34:35para quem está lá fora
34:37que não sabe a história
34:37do Banco Espírito Santo
34:38falar em novo banco
34:40é procurar
34:42dentro dos clientes
34:44aquele que pode ser
34:45eventualmente
34:45um grande acionista
34:46ou até dono no banco
34:47o senhor
34:48é o Manuel Novo
34:49Novo Banco
34:50alguém pensou
34:51que o senhor
34:51de facto
34:52era o dono
34:53e portanto
34:53atacou as suas contas
34:55uma perspectiva
34:55de lógica
34:56de investigação
34:56criminal
34:58agora
34:58pegando aqui
34:59nas palavras
35:00da Natália
35:00eu não sei muito
35:01sinceramente
35:02o José Pedro Fernandes
35:03quem está
35:03na análise
35:04destas situações
35:05e vamos ver
35:05pegando aqui
35:06também
35:06nas palavras
35:07de um especialista
35:08temos aqui
35:08idade
35:09frequência de movimentos
35:10montantes habituais
35:12riscos associados
35:13literacia digital
35:15e financeira
35:16fragilidade
35:17do cliente
35:18tudo fatores
35:19que tem que ser
35:20naturalmente
35:20tidos em conta
35:21quando se faz
35:23uma prevenção
35:24para este tipo
35:25de situações
35:25eu pergunto
35:26a quem estava
35:27na compliance
35:28bem
35:28começam a haver
35:29movimentos
35:31em massa
35:32a sair da conta
35:33deste senhor
35:33e o que é que pensaram
35:34bem
35:34provavelmente
35:35a pessoa
35:35que estava lá
35:36no compliance
35:37ou quem estava
35:38no fundo
35:38obrigado
35:39a terem atenção
35:41e com todo respeito
35:42o senhor Manuel Novo
35:43se calhar pensou
35:44bem
35:44olha
35:44o homem aos 85 anos
35:47decidiu viver
35:48a vida louca
35:48olha
35:49no que é tarde
35:50se calhar foi isto
35:51que pensaram
35:51mas isto é muito grave
35:52como é óbvio
35:53é muito grave
35:54e portanto
35:55aqui basicamente
35:56o que nós temos
35:57que pensar
35:57também na lógica
35:58do sistema bancário
35:59José Pedro Fernandes
36:00é isto
36:00os bancos
36:02para além de terem
36:03que ter
36:03uma responsabilidade
36:04extrema
36:05de terem sistemas
36:07de prevenção
36:07deste tipo de situações
36:08e compliance
36:09a funcionar
36:11numa lógica
36:12de proteção
36:13total e ampla
36:14dos clientes
36:15tem que pensar
36:15uma coisa
36:16José Pedro
36:16eu já vou terminar
36:17a questão é esta
36:19quem fez
36:20quem tirou o dinheiro
36:21do senhor Manuel Novo
36:22ganhou mais em 5 minutos
36:24ganhou mais em 5 minutos
36:26que o senhor Manuel Novo
36:27em 30 anos
36:29com esta aplicação
36:29lá no banco
36:30sabes porquê
36:31porque os bancos de juros
36:32não dão rigorosamente nada
36:34por fim
36:35para terminar
36:35deixa-me só dizer isto
36:36para acabar
36:37jurisprudência
36:38sobre esta matéria
36:39já vai ter mais tempo
36:40para falar
36:40não quero travar o seu racino
36:44mas nós vamos ter que fazer
36:45uma curta pausa
36:46já voltamos
36:46e voltamos consigo
36:47com aquilo que o doutor
36:50Pedro Bonança
36:50tem também para acrescentar
36:51ao debate
36:52fazemos uma curta pausa
36:5326 segundos
36:54seja muito bem-vindo
36:57de regresso
36:58ao debate
36:58da grande investigação
36:59repórter
37:00sábado esta noite
37:00que mostrou
37:01a história da família
37:02de um ex oficial
37:03da Marinha
37:03que garante ter perdido
37:04todas as poupanças
37:06de uma vida
37:06de um momento
37:07para o outro
37:08antes de irmos para o intervalo
37:10o doutor Pedro Bonança
37:10estava a fazer o seu raciocínio
37:13relativamente
37:14estava a falar agora
37:14da jurisprudência
37:15sobre esta matéria
37:17Pedro
37:18porque isto é relevante
37:20e leva-me também
37:21a questionar aqui
37:22no fundo
37:22o silêncio do banco
37:24quando a própria jurisprudência
37:25portuguesa
37:26até é a mais recente
37:27daquilo que eu percebi
37:28penaliza os bancos
37:30no âmbito
37:31daquilo que é
37:31o incumprimento
37:33contratual
37:33por falhas de prevenção
37:35por permitir
37:36operações
37:36anómalas
37:38por não bloquear
37:39transferências atípicas
37:40por ignorar
37:41alertas de riscos
37:42isto são apenas
37:43quatro dos sinais
37:44que a jurisprudência
37:45portuguesa
37:45portanto os tribunais
37:46portugueses
37:47têm tido em conta
37:48para responsabilizar
37:49o banco
37:49por estas condutas
37:50daí que eu não percebo
37:51muito bem
37:51o que é que os bancos
37:52hesitam
37:53e têm esta postura
37:54de se fecharem
37:56de não prestarem
37:57apoio
37:58às vítimas
37:59eu lembro que por exemplo
38:00no caso
38:01da Ericeira
38:02a primeira tentação
38:03do departamento
38:04de auditoria
38:04do banco
38:05foi tentar
38:06sinais
38:06de cumplicidade
38:08das próprias vítimas
38:09repare-se
38:10de cumplicidade
38:11das próprias vítimas
38:12na retirada
38:14de dinheiro
38:14das suas contas
38:15o que eu achei
38:15de facto
38:15extraordinário
38:16e ofensivo
38:17para as pessoas
38:18e sabes o que é
38:19que me custa mais
38:20José Pedro Fernandes
38:21eu estava a dizer
38:21isto aqui
38:22e há bocado
38:23é que o banco
38:24com isto
38:25vai poupar
38:27o próprio banco
38:27vai poupar
38:28eu tive a fazer
38:28as contas
38:29este ano
38:30do valor
38:31dos 43 mil euros
38:32que o senhor
38:33Manuel Novo
38:33tinha lá depositados
38:34sabes quanto é
38:35que o banco
38:35vai poupar
38:36em juros
38:36que ia pagar
38:37ao senhor Manuel Novo
38:39se este dinheiro
38:41tivesse ficado
38:41nas contas
38:423 euros
38:43o banco
38:44repara
38:44vai poupar
38:453 euros
38:46de juros
38:47que ia dar
38:48ao senhor Manuel Novo
38:48pelos 40 mil
38:49no entanto
38:50permite que esta situação
38:51ocorra
38:52e permite que alguém
38:53em 5 minutos
38:54enriqueça o equivalente
38:56àquilo que o senhor
38:57Manuel Novo
38:58ia ganhar
38:58em 30 anos
38:59de juros
39:00naquele banco
39:01eu acho isto
39:02perfeitamente
39:03indecente
39:03acho isto de facto
39:05atentatório
39:05de tudo o que é
39:06dignidade
39:07e tudo o que é
39:08a responsabilidade
39:10em termos
39:10bancários
39:11mas volto a dizer
39:12se os bancos
39:13obviamente
39:14não estão preparados
39:15para combater
39:17este tipo de fenómeno
39:18este tipo de ciberintrusão
39:19e este tipo de situação
39:20então eu vou perguntar
39:21há bocado falávamos
39:22e a reportagem falava
39:23vamos ter o que
39:24o dinheiro debaixo
39:25dos colchões
39:26novamente
39:27vamos voltar
39:28a essa época
39:29simples época de fernando
39:30porque a esta hora
39:31deve haver milhares
39:32de portugueses
39:33avidamente a consultar
39:35os seus saldos online
39:36para ver
39:37se está a acontecer
39:38alguma coisa
39:39é isto que os bancos
39:40provocam
39:41em termos da confiança
39:42do cliente
39:43no sistema bancário
39:44com este tipo de atitude
39:45há poucos anos
39:45os nossos avós
39:48os mais antigos
39:49não confiavam
39:51em colocar dinheiro
39:52nas instituições bancárias
39:53foi um trabalho feito
39:54para que isso aconteça
39:56o dinheiro era guardado
39:57em casa
39:57décadas
39:58agora que nós saibamos
39:59ao José Pedro Fernandes
40:00que nós saibamos
40:01que os bancos
40:01não nos trazem rendimentos
40:03que os bancos
40:03não nos compensam
40:06pelos depósitos
40:07que fazemos
40:07as taxas de juros
40:08pelas aplicações
40:09são miseráveis
40:10é uma coisa
40:11bem quem quer
40:12põe o dinheiro
40:13nos bancos
40:13outra coisa
40:14é nós
40:15sentirmos
40:16e temos a percepção
40:17de que aquilo
40:18que aconteceu
40:18ao seu Manuel Novo
40:19e atenção
40:20isto é importante
40:20sublinhar isto
40:21que aquilo que aconteceu
40:22ao seu Manuel Novo
40:23pode acontecer
40:25a qualquer um de nós
40:26independentemente
40:27da nossa literacia financeira
40:29da nossa literacia digital
40:31portanto nós
40:31não estamos a salvo
40:32se não são os bancos
40:33a trabalhar o compliance
40:35se não são os bancos
40:36a trabalhar e a segurar-nos
40:37que o nosso dinheiro
40:38está a estar seguro
40:39isto então vai ser
40:40o faroeste
40:40e eu pergunto
40:41qual será o futuro
40:42do sistema bancário
40:43quando os clientes
40:44deixarem de confiar
40:45nos bancos
40:47essa é uma das questões
40:48importantes desta noite
40:50Ana
40:50e é também um alerta
40:53para outras pessoas
40:54com certeza que sim
40:56até porque
40:58como estava
41:00como o Dr. Pedro Boessa
41:01estava a dizer precisamente
41:03está aqui em causa
41:07a confiança
41:08a nossa confiança
41:09nas instituições
41:10bancárias
41:11neste momento
41:12abriu-se aqui
41:13uma caixa de Pandora
41:14porque a verdade
41:15é que todos nós
41:16hoje vamos dormir
41:18menos tranquilos
41:20depois de uma história
41:22destas
41:22porque aqui
41:23é um dos casos
41:25em que de facto
41:26tudo falhou
41:27e não sabemos
41:30e a impotência
41:31de lidar
41:32com estas situações
41:33porque a verdade
41:34é que
41:35já esta família
41:37já recorreu
41:37a tudo o que era possível
41:39a polícia judiciária
41:40está no campo
41:41está em campo
41:42já se fez queixa
41:45ao novo banco
41:46o banco de Portugal
41:48também
41:48já está
41:49a acompanhar
41:51este caso
41:52mas a verdade
41:53é que nada
41:54sabemos
41:54do que está
41:56a ser feito
41:57neste momento
41:58dizer que
41:59não sei se isto é uma esperança
42:01não quero
42:04quero acreditar
42:05que sim
42:06mas
42:06na comunicação
42:08que o banco de Portugal
42:09me enviou
42:10que também esteve
42:11convidado
42:11para estar aqui
42:12neste debate
42:13diz que
42:14apesar
42:16como eu disse
42:16já há pouco
42:17não ter competência
42:18para impor
42:19enfim
42:19às instituições
42:21supervisionadas
42:22a reparação
42:22dos danos
42:23ao cliente
42:23diz que
42:24verifica-se
42:26na maior parte
42:26dos casos
42:27e estou a citar
42:28na maior parte
42:29dos casos
42:30a intervenção
42:30do banco de Portugal
42:31neste contexto
42:31acaba por desencadear
42:33o reembolso
42:34das operações
42:34por parte das entidades
42:35supervisionadas
42:37eu quero acreditar
42:39que é mesmo assim
42:41e que de facto
42:42neste caso
42:43porque é um caso
42:44flagrante
42:45e em que
42:46percebemos
42:47através de provas
42:48inequívocas
42:49mostradas
42:49nesta reportagem
42:50que de facto
42:51a negligência
42:53a omissão
42:54o silêncio
42:54é da parte
42:55do novo banco
42:56e não
42:56desta família
42:58que acabou
42:58por ser burlada
42:59e que acabou
43:00por perder
43:00todas as poupanças
43:01da sua vida
43:02entretanto
43:04Aleandra Duarte
43:05os bancos
43:07também vão ter
43:07de se adaptar
43:08à realidade
43:09do complexo
43:10e dos mecanismos
43:11de segurança
43:11mudou muito
43:12nós estamos a falar
43:13de uma nova
43:14era digital
43:15a inteligência
43:16artificial
43:16está aí
43:18em força
43:18aliás
43:18os bancos
43:19já estão
43:19a utilizar
43:20pois os bancos
43:21vão ter que
43:22se adaptar
43:23ainda mais
43:24a estes novos
43:25tempos
43:25que estamos a viver
43:25sem dúvida
43:26e os clientes
43:27também
43:27porque como
43:28dizia há bocado
43:29o doutor Pedro
43:30Proença
43:30quando fez as contas
43:32relativamente
43:33àquilo que o banco
43:34poupa
43:34por não pagar
43:35mas não deixa
43:36de cobrar
43:37as comissões
43:38todas
43:38do outro lado
43:40da balança
43:41em qualquer
43:43dos casos
43:43sim
43:44naturalmente
43:45e tudo isto
43:46é evolutivo
43:47e também
43:48deveria
43:49aparentemente
43:50estar mais
43:51robusto
43:52todo o processo
43:53e aqui
43:54falhou muita coisa
43:55mas
43:57o que é mais
43:58importante
43:59nisto
43:59e eu
44:00quero crer
44:01que os bancos
44:02se vão adaptando
44:04mas vão
44:05no fazendo
44:06até porque
44:07há uma visão
44:08cada vez
44:09mais centrada
44:10no próprio banco
44:11do que nos clientes
44:12vão fazendo
44:14na ótica
44:15também
44:15do custo-benefício
44:16e portanto
44:17vão se adaptando
44:18mas de forma
44:19reativa
44:20e não de forma
44:21proactiva
44:22a inteligência artificial
44:23dá benefícios
44:24para o banco
44:25porque em vez
44:26de ser um assistente
44:27físico
44:27responder a um assistente
44:28virtual
44:29é nesse sentido
44:30que está a dizer
44:31quanto traz
44:32vantagens
44:32para o problema
44:33e também
44:33nesta matéria
44:33se nós pensamos
44:34por acaso
44:36o senhor Manuel Novo
44:37porque não
44:37conseguiu chegar
44:38à EPA
44:40no dia
44:417 de julho
44:43quando
44:44no dia 8
44:45vai ao balcão
44:48é porque
44:49se tivesse
44:49tentado
44:50falar com alguém
44:51pelo telefone
44:52não lhe aparecia
44:53ninguém
44:54que pudesse
44:55resolver o seu problema
44:56por outro lado
44:58se tivesse
45:00despertado
45:01para a situação
45:02depois do meio dia
45:04era natural
45:05que o banco
45:06também já
45:07o pudesse
45:07não receber
45:08porque só
45:09por marcação
45:10e se quisesse
45:11fazer um depósito
45:12ou um levantamento
45:13no sentido
45:13de retirar
45:14o que ainda
45:14lá tinha
45:15ficado
45:15por prudência
45:16provavelmente
45:17também não
45:18conseguia fazer
45:19porque a caixa
45:19já não tinha
45:20o serviço
45:21de caixa
45:21estão cada vez
45:22mais empurradas
45:23para o eletrá
45:24mas se me permite
45:26muito rapidamente
45:27só queria dizer o seguinte
45:28isto a propósito
45:30da questão
45:32do Banco
45:33de Portugal
45:33e de quem
45:35poderá estar
45:36no terreno
45:37digo eu
45:37a analisar
45:38tudo isto
45:39sendo uma operação
45:41suspeita
45:42e mesmo que não
45:43o tenha sido
45:44vá-se lá saber
45:45porquê
45:45um conjunto de operações
45:47que não despertaram
45:48os tais alertas
45:49neste momento
45:50eu espero que o Banco
45:52já tenha participado
45:53ao IFE
45:54e à Procuradoria Geral
45:55e já tenha
45:56ativado esses
45:57mecanismos
45:58para terminarmos
46:00Sr. Manuel
46:01agradecer-lhe a presença
46:02por ter estado aqui
46:03connosco
46:03tivemos no intervalo
46:04a notícia que
46:05já há pessoas
46:06interessadas
46:06em comprar
46:07os seus quadros
46:08isso é sinal
46:10que tem também
46:10muito jeito
46:11para a pintura
46:11e fiquei contente
46:12de ver que
46:13com a Ana Lial
46:14lá já voltou
46:15a pintar
46:15e espero que
46:17tudo se resolveu
46:18todos nós
46:19a Ana
46:19tenho a certeza
46:20vai continuar
46:21só com uma coisa
46:23muito rápida
46:23sabes como é que se chama
46:24o maior centro do mundo
46:26de transformação
46:27de fundos roubados
46:28dos bancos
46:28em ouro
46:30Mustafa Center
46:31em Singapura
46:32às vezes
46:32já coincidem
46:33só vou dizer uma coisa
46:35já que falamos
46:36em seguranças
46:38e alertas
46:39o banco
46:41é natural
46:41que pense para ele
46:42mesmo
46:42para os seus botões
46:44é mais um número
46:45mandorinha
46:47é isso que se sente
46:48também
46:48a mandorinha
46:49só não faz
46:50a primavera
46:52pois a mandorinha
46:53que morre
46:54não acaba
46:55a primavera
46:56no entanto
46:56eles se esquecem
46:57é o seguinte
46:58as andorinhas
46:59migram em bandos
47:00e só fazem
47:01ninhos
47:02em sítios
47:03de segurança
47:04muito bem
47:04obrigado pela presença
47:06pode ver
47:07ou rever agora
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