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Em entrevista ao Tempo Real, o especialista em Direito Bancário, Marcelo Godke, afirmou que a liquidação do Banco Master pelo BC e a prisão de seu presidente não representam um "risco sistêmico" para o mercado financeiro.

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Transcrição
00:00A gente vai repercutir também essa liquidação do Banco Master, essa prisão também do presidente,
00:06com o Marcelo Godic, que ele é especialista em direito bancário, direito empresarial e mercado de capitais.
00:14Marcelo, muito bem-vindo, boa tarde, em tempo real aqui com a gente.
00:19Marcelo, explica melhor pra gente como é que é feita essa investigação
00:22e quando um banco desse tipo é realmente investigado, como é que ficam as responsabilidades?
00:30O presidente é preso? E em relação aos controladores, às responsabilidades fiscais,
00:35como funciona melhor pra gente entender, pra quem tá assistindo a Jovem Pan agora,
00:41conseguir saber quais serão, pelo menos, os próximos passos dessa investigação?
00:46A responsabilidade, ela pode ser de vários tipos.
00:49A gente pode ter uma responsabilidade criminal, em que tem que se apurar o cometimento de um ato delituoso
00:54ou atos delituosos, né?
00:56E aí tem que efetivamente ter acontecido a participação de um ou mais diretores
01:01pra que aquele diretor possa ser condenado especificamente.
01:05E isso pode ter acontecido.
01:07E aí a investigação criminal vai apurar tudo isso e chegar à conclusão que houve o cometimento de um crime,
01:13então vai ser feita uma denúncia pelo Ministério Público, né?
01:15E esse crime tem características aí de ser crime, se aconteceram esses crimes, né?
01:21De serem processados perante a Justiça Federal, inclusive, tá?
01:25Mas a gente tem um outro lado da moeda.
01:27Existe a possibilidade de ter uma punição de caráter administrativo,
01:30que pode ser imposta às multas pelo Banco Central do Brasil,
01:34e também pode haver aí uma responsabilização de natureza cível.
01:37O controlador de uma instituição financeira, nos termos da Lei nº 6.024,
01:43ele é responsável por todo o passivo dessa instituição financeira.
01:47E os administradores têm uma responsabilidade solidária nos termos da mesma Lei nº 6.024,
01:52artigos 39 e 40, então eles também são responsáveis pelo passivo da instituição financeira.
01:58Especificamente nesse momento, essa prisão preventiva é pra evitar que sejam impostos alguns óbvices,
02:05por exemplo, a manutenção da investigação que está sendo conduzida,
02:09mas essa prisão preventiva, ela tem um prazo de duração,
02:12e ela não vai ser uma coisa que vai perdurar por tanto tempo assim.
02:15Então isso é pra permitir que a Polícia Federal faça a sua investigação de maneira adequada nesse momento.
02:21Agora, quando a gente observa toda essa investigação,
02:25o investidor brasileiro, o mercado financeiro, de alguma forma, vai sentir esses impactos?
02:31Há um risco de uma fuga de capitais?
02:35Há um risco de um efeito cascata, por exemplo,
02:38pra outras instituições de pequeno e médio porte?
02:42Olha, isso que você está explicando é o chamado risco sistêmico.
02:45Ao que me parece, pelo tamanho do Banco Master,
02:48não há esse risco nesse momento.
02:50O risco, em tese, pode sempre existir, mesmo nas instituições financeiras menores.
02:55E o Banco Master, por ele ter um patrimônio líquido acima de um bilhão de reais,
02:59isso quer dizer que ele já é considerado um banco de porte médio.
03:02Mas a gente não percebe aí que grandes bancos tinham muito dinheiro depositado,
03:07nada nesse sentido.
03:09Então a quebra, a liquidação do Banco Master não vai gerar uma onda de choque
03:12tão ruidosa, tão ruim, tão forte no mercado.
03:16Ao que me parece, o risco sistêmico não aparece.
03:18A possibilidade sempre existe, mas pelo tamanho do Banco Master,
03:21eu não vejo isso como algo tão premente assim.
03:24Então eu me preocuparia um pouco menos.
03:25Agora, toda vez que um banco é liquidado, isso emite uma mensagem negativa
03:29para o mercado brasileiro, dizendo que existem problemas aqui, etc.
03:33E isso pode afugentar investidores do mercado bancário especificamente.
03:38E isso pode levar um problema de funding para as instituições financeiras menores.
03:42De novo, não vejo um risco sistêmico como algo que possa se espalhar rapidamente,
03:48mas existe sempre a possibilidade de investidores, em relação a bancos menores,
03:52eles se sentiriam afugentados, com medo de, por exemplo, fazer CDB em banco de porte menor.
03:57Isso pode acontecer, sim.
03:59Eu também queria entender se essas carteiras de crédito falsas que foram emitidas por ele,
04:05quem comprou essa carteira, quem participou dessas transações,
04:09também pode ser penalizado, Marcelo?
04:13Se eles souberem que havia algum ato delituoso, alguma fraude sendo cometida, em tese, sim.
04:17A gente não pode esquecer que esse tipo de crime é um crime de modalidade dolosa,
04:22ou seja, a pessoa tinha que ter a intenção de cometer o crime.
04:26Então vamos dizer que a contraparte dessa operação foi ludibriada.
04:31E aí o exemplo é hipotético, porque eu não sei exatamente o que aconteceu,
04:34a investigação que vai apurar isso.
04:35Mas vamos dizer que a outra parte foi ludibriada.
04:38Se ela foi ludibriada, ela não tinha a intenção,
04:40então não dá para dizer que houve um cometimento do crime,
04:42então não há a possibilidade de haver uma condenação.
04:44Agora, se a contraparte da operação estava envolvida, etc.,
04:48e havia o dolo, a vontade, o ato volitivo,
04:51aí existe a possibilidade de ter uma condenação criminal também.
04:55A Denise Campos de Toledo quer fazer uma pergunta também para o senhor.
04:59Marcelo, por favor, Denise.
05:01Marcelo, boa tarde.
05:03Eu tenho uma dúvida mais específica em relação à Rio Previdência,
05:06que investiu 2,6 bilhões de reais em fundos do Grupo Master,
05:12vai perder esses recursos e são recursos para o pagamento de servidores inativos
05:17do Estado do Rio de Janeiro.
05:18Inclusive, o TCE do Rio de Janeiro já tinha alertado
05:22para eles pararem de fazer operações com o banco há algum tempo atrás,
05:25alertando que isso passava do limite.
05:28A justificativa é que a rentabilidade era muito acima da média do mercado,
05:32mas nesse caso, qual é o procedimento jurídico,
05:35já que os aposentados podem ficar sem receber a remuneração,
05:39o benefício deles em função disso, porque agora a Rio Previdência
05:42pode ficar sem recursos?
05:45Bom, a gente vai ter que verificar o seguinte,
05:47se por acaso o dinheiro foi colocado num fundo,
05:49ou seja, ele tinha a posição de cotista,
05:53e esse fundo que acaba sendo o credor perante o banco,
05:55então vai ter que habilitar o fundo perante o próprio banco
05:59e esperar a liquidação, não tem muito o que fazer,
06:01porque certamente esse volume de dinheiro que você mencionou,
06:04ele ultrapassa em muito a garantia dada pelo Fundo Garantidor de Créditos.
06:08Então vai ter que se esperar e se habilitar como um credor,
06:12e se sobrar dinheiro lá, porque logicamente essa liquidação
06:16é algo bastante complexo em que o banco vai tentar receber
06:19aquilo que ele tem de crédito para poder pagar,
06:21liquidar os créditos dos seus depositantes e investidores.
06:24Então vai ter que se apurar para ver se sobra dinheiro,
06:26e se sobrar, isso vai voltar lá para o pessoal
06:29do Fundo de Funcionários Públicos.
06:31Agora, dito isso, eu arriscaria a dizer
06:33que isso não vai acontecer muito rapidamente,
06:35porque essas liquidações, via de regra,
06:37elas são bastante demoradas.
06:38Então vamos torcer para que existam outras fontes de recursos
06:42lá para garantir o pagamento dos funcionários públicos,
06:45senão eles vão ficar numa situação complicada.
06:47É, a gente espera então que isso aconteça.
06:49Muito obrigada, Marcelo Godig,
06:52que é especialista em direito bancário,
06:54pelas suas contribuições aqui para a nossa audiência.
06:56Volte sempre.
06:58Eu que agradeço. Um grande abraço.
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