Desastre de Mariana: Justiça inglesa condena BHP por tragédia

Jovem Pan News

A Justiça da Inglaterra condenou a mineradora anglo-australiana BHP Group por sua responsabilidade na tragédia de Mariana (MG), o maior desastre ambiental do Brasil, ocorrido em 2015.

A decisão, considerada histórica, abre caminho para o pagamento de uma indenização multibilionária às vítimas e aos municípios afetados pelo rompimento da barragem de Fundão, operada pela Samarco (uma joint venture da BHP e da Vale).

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00:00Para você que está conosco, o Jornal Jovem Pan para todo o Brasil.

00:02Muito obrigado pela audiência e pela companhia todos os dias.

00:07O Tribunal Superior de Londres decidiu nesta sexta-feira que a mineradora BHP

00:12é parcialmente culpada pela tragédia em Mariana.

00:15De Minas Gerais, Rodrigo Costa.

00:18A decisão que condenou a mineradora anglo-australiana BHP pela tragédia

00:24foi divulgada pelo Tribunal Superior de Londres na manhã desta sexta-feira.

00:29O valor das indenizações que a empresa terá de pagar ainda será definido em outro julgamento

00:36a ser realizado em 2026.

00:39A mineradora informou que pretende recorrer da decisão.

00:44A empresa foi considerada responsável objetiva, ou seja, deve responder pelos danos ambientais

00:50e sociais causados pelo rompimento da barragem, independentemente de culpa por estar ligada

00:56à atividade poluidora.

00:58Além disso, foi apontada negligência grave, pois ignorou alertas técnicos, não realizou

01:05estudos essenciais e permitiu que a barragem continuasse sendo elevada, mesmo diante de

01:11sinais claros de risco.

01:14Em resumo, a Justiça entendeu que a BHP tinha controle e influência sobre a operação e falhou

01:22em prevenir um colapso que poderia ter evitado.

01:26Atualmente, a ação tem cerca de 620 mil autores, incluindo pessoas, comunidades, municípios,

01:34igrejas e empresas que reivindicam aproximadamente 230 bilhões de reais em indenizações.

01:42Em nota, o escritório internacional Pogost Goodhead comentou a condenação, informando que a

01:49sentença representa um marco para as vítimas que, há 10 anos, buscam a responsabilização

01:56efetiva das empresas envolvidas no desastre.

02:00Importante ressaltar que a Vale, também acionista da Samarco, junto com a BHP, responde a processos

02:08no Brasil pelo desastre, mas não faz parte da ação julgada no Reino Unido.

02:14As duas empresas, entretanto, têm um acordo para dividir os valores da condenação.

02:20De Minas Gerais, Rodrigo Costa.

02:24Meu caro, o Cristiano Vilela, essa é uma tragédia que completou 10 anos no último dia 5.

02:29Quantas vezes a gente já falou sobre essa tragédia?

02:32Depois, em 2019, a tragédia de Brumadinho, que no número de mortes é muito mais alta do

02:37que essa de Mariana, mas os danos ambientais dessa tragédia de Mariana foram muito maiores.

02:43Eu pergunto para você, é uma vitória?

02:46É algo para se comemorar?

02:48Ou ainda está naquele campo que pode recorrer e, efetivamente, as vítimas podem, as famílias,

02:55claro, podem não ver a cor da reparação?

03:00Pois é, Tiago.

03:01Quando a gente trata de uma situação onde já se passaram tantos anos, imaginar que uma

03:07decisão judicial que ocorra agora, ela vai surtir os efeitos esperados naquele momento,

03:14a gente está escondendo a realidade.

03:16O fato é que, depois de tanto tempo, muitas vidas já pereceram, familiares já tiveram,

03:22passaram por imensas dificuldades.

03:25O reparo, quando ele é tardio, acaba não reparando nada, acaba não promovendo nada nesse sentido.

03:33Especialmente no caso, nós temos uma decisão em relação a qual ainda cabe recurso

03:37dá para a gente visualizar um longo período ainda, até que ela seja colocada em prática.

03:43Do ponto de vista judicial, o atraso, ele leva à injustiça.

03:47Por mais que, eventualmente, a decisão ao final, ela seja uma decisão positiva,

03:52mas a demora, ela faz, ela leva ao perecimento do direito.

03:57E num contexto como esse, eu vejo que isso se torna claro.

04:00É um direito que era patente a uma série de pessoas em relação dos danos que foram causados,

04:05mas que a demora da justiça, não só no Brasil, como na Inglaterra, enfim,

04:11acabam fazendo com que as pessoas, elas não tenham a devida reparação.

04:15E aí

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