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  • há 4 horas
Alice Martins Alves, mulher trans de 32, morta em decorrência de agressões sofridas no dia 23 de outubro, depois de sair sem pagar a conta de um estabelecimento na Savassi, na Região Centro-Sul de Belo Horizonte, pode ter sido vítima de transfobia. De acordo com a Polícia Civil (PCMG), responsável pelas investigações, os suspeitos de cometer o crime foram motivados por uma dívida de R$ 22, mas a intensidade das agressões pode ter sido gerada pelo preconceito.

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Transcrição
00:00Bom, no dia 23 de outubro, a Alice frequentava o estabelecimento comercial na Savasse,
00:08e é um local que ela já tinha o costume de frequentar, um local que ela já era conhecida,
00:13que ela conhecia as pessoas ali, e ela já havia revelado que ela sentia um certo preconceito
00:19de algumas pessoas, alguns olhares maldosos, alguns olhares preconceituosos,
00:27e ela estava ali, mas ela não saía há muito tempo, ela estava reservada,
00:32ela era uma pessoa muito tranquila, mais tímida, uma pessoa sem nenhum prontuário criminal,
00:39uma pessoa formada em estética, uma pessoa muito tranquila, com a família muito acolhedora
00:45e muito presente na vida dela, e até ela foi incentivada pela família para que ela pudesse sair,
00:52para que ela pudesse se distrair, nesse dia então ela foi nesse estabelecimento comercial,
00:56ela se sentou sozinha em uma determinada mesa, ali ela fez consumo de bebida alcoólica,
01:03ela já tinha ido inclusive em um outro estabelecimento, feito um consumo de bebida alcoólica,
01:08foi até esse, até que ela se levantou e foi embora.
01:13E o que acontece nesse caso?
01:15Já existia algumas ocasiões em que ela havia frequentado esse estabelecimento
01:22e havia se levantado, eles saíram sem pagar a conta,
01:26que no caso do dia 23 de outubro, foi algo irrisório, foi uma conta de R$ 22,00.
01:33Só que ela, geralmente, assim como vários frequentadores do local,
01:38isso foi corroborado, são pessoas muito tranquilas e que em razão,
01:43muito em razão do consumo da bebida,
01:45deixam de pagar a conta naquele momento e retornam.
01:49Inclusive o caso da própria Alice, isso já havia ocorrido com ela,
01:54ela já teria ido ao local e posteriormente se esquecido de pagar a conta,
01:58devido ao diantado da hora, em razão do consumo de bebida,
02:02e ela retornava ao local e quitava a conta.
02:05Então nunca havia tido nenhum problema, não só contra ela,
02:08como o próprio estabelecimento disse que isso não era algo comum das pessoas irem embora e não voltarem.
02:14Geralmente as pessoas que eram frequentes ali, voltavam e pagavam a conta.
02:19Nesse dia, ela se levantou e realmente saiu da mesa
02:23e ela foi perseguida por dois funcionários do estabelecimento.
02:30Foi circulado na imprensa a participação, teoricamente a participação de um terceiro funcionário,
02:38porém esse funcionário não tem nada a ver com essa história,
02:41esse funcionário não tinha absolutamente menor conhecimento do que se passava,
02:46até porque eles se encontravam dentro do estabelecimento do caixa
02:51e ele não tinha nem visão do local dos fatos, onde realmente os fatos ocorreram.
02:57Ela estava indo embora para casa, ela ia pedir um Uber, ela já havia informado a família dela,
03:03especialmente o genitor dela, aonde que ela estava, que ela tinha feito o consumo de uma cerveja
03:09e que ela ia para casa.
03:10E esses dois funcionários foram atrás dela, intimidaram ela, mandando ela pagar essa conta.
03:18Ela, é possível também ouvir a voz dela, ela não sabia muito bem o que se passava,
03:24talvez em razão do consumo de bebida alcoólica, e ela chega a dizer que ela havia pagado esses 22 reais.
03:31E ela, mesmo assim, ela é intimidada durante vários minutos e iniciam-se agressões contra ela.
03:37Essas agressões estão sendo investigadas, inclusive, no âmbito da transfobia,
03:43no caso de se esses autores desferiram essas agressões de forma mais abrupta contra ela,
03:51por ela ser uma mulher trans, de uma forma que eles não fariam caso ela fosse uma mulher cisgênero.
03:58Isso também está sob a nossa ótica.
04:01Ela só não foi morta ali naquele momento, porque um motoqueiro parou, interviu na situação,
04:09ele foi ameaçado por um desses agressores, mas mesmo assim ele permaneceu, acionou o SAMU,
04:17uma outra testemunha, é um local muito movimentado, né, e outra testemunha acionou o SAMU e acionou a polícia militar.
04:25A Alice foi encaminhada para a UPA na própria madrugada do dia 23.
04:33Ela foi liberada no dia 23, ela não permaneceu internada.
04:37Ela foi liberada em casa, ela continuou sentindo muitas dores e no dia 26 de outubro,
04:46ela procura um outro hospital, um hospital particular na região de contagem, em razão dessas dores.
04:52No dia 26 de outubro, ela é submetida a uma série de exames médicos, inclusive tomografias,
04:58onde são constatadas as lesões gravíssimas, inclusive de quebra de costelas.
05:06Ela é liberada por esse hospital também, ela retorna para casa.
05:11Somente no dia 5 de novembro, a Alice comparece à delegacia de combate a crimes de intolerância,
05:19aqui na delegacia de mulheres de Belo Horizonte, juntamente com seu genitor,
05:23onde ela registra o Redes, ela faz o boletim de ocorrência sobre os fatos.
05:29Nesse boletim de ocorrência, ela coloca que os autores, ela descreve os autores de uma certa maneira,
05:38porque ela tem medo desses autores.
05:41Ela demorou, inclusive, a relatar para o pai que havia sido agredida,
05:45porque ela ficou com muita vergonha, ela sabia que ela havia sido agredida em razão de ser uma mulher trans.
05:52Então, ela, mediante essa vergonha, mediante o medo de não ser devidamente acolhida pelas instituições,
06:01e é um local que ela já frequentava, que esses funcionários já conheciam ela,
06:06ela não descreve exatamente como são esses funcionários.
06:11O que tem, que compõe o gueto, é uma imagem que não aparece o fato,
06:19apenas a captação do áudio, como a doutora Yara falou.
06:22Ela desfaleceu muito rápido, as agressões foram muito intensas.
06:27Vamos lembrar que chegou a quebrar as costelas dela.
06:30Então, ela faz essa descrição, ela é acolhida no setor da Delegacia de Mulheres,
06:36é encaminhada ao IML, onde é feito todo o exame de corpo de delito,
06:41e, inclusive, recomendado a ela esse tratamento médico, em razão das lesões.
06:47A Alice retorna novamente pra casa, só que ela estava muito,
06:52ela não conseguia, ela chegou a perder quase 10 quilos nesse período,
06:57porque ela não conseguia se alimentar diretamente, em razão das agressões no estômago.
07:03Foi detectado somente no dia 8 de novembro,
07:07em uma nova internação, que havia sido perfurado o intestino dela.
07:12Então, somente no dia 8, ela procura, em razão de fortes dores,
07:17ela procura novamente um outro hospital particular,
07:21e aí, sim, nesse hospital particular, em Betim, ela é internada,
07:26só que, infelizmente, em razão do lapso temporal,
07:30e dessas agressões já terem se desenvolvido de forma muito negativa,
07:36no dia 9 de novembro, um dia depois que ela é internada, ela vem a óbito.
07:42Nós conseguimos identificar quem são os dois autores desse crime,
07:49motivado, inicialmente, por essa dívida, que seria de R$ 22,00,
07:55e também, obviamente, estamos em cima dessas motivações,
08:01dirigenciando, em cima da motivação de uma possível transfobia, inclusive,
08:06e todas as providências de polícia judiciária já foram tomadas,
08:10os autores estão devidamente identificados, qualificados,
08:15e todas as medidas cautelares referentes a esses dois autores
08:19já foram tomadas pela polícia civil.
08:21Então, vamos lá, vamos lá, vamos lá.
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