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O governo dos Estados Unidos anunciou a operação “Lança do Sul”, uma ofensiva contra o narcotráfico no hemisfério ocidental ordenada pelo presidente Donald Trump. Segundo o secretário de Defesa, Pete Hegseth, a missão busca “defender a pátria” e combater grupos considerados narcoterroristas na região, reforçando o posicionamento americano de proteger sua área de influência no continente. Para falar sobre o assunto, a Jovem Pan entrevista Manuel Furriela, professor de direito internacional da FMU.

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Transcrição
00:00Ainda no tema, vamos receber o professor de Direito Internacional da FMU, Manuel Furriella.
00:06Professor, muito bom dia para o senhor, obrigada pela entrevista.
00:10Bom, como a gente acabou de ouvir na reportagem, ainda não está claro onde e como essa operação vai acontecer,
00:17mas fato é que o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, elegeu o narcotráfico como uma hipótese de ameaça.
00:24O que exatamente essa operação, denominada Lança do Sul, significa para a estabilidade da região?
00:33Bom dia, há uma construção toda de narrativa para uma interferência, não necessariamente uma intervenção militar,
00:42isso a gente pode até discutir, dos Estados Unidos na Venezuela.
00:46Então, o que você tem? Primeiro, a taxação de que a Venezuela tem um problema, é um problema,
00:54ou cria um problema internacional no narcotráfico, principalmente para os Estados Unidos.
01:00Então, esse já é um ponto.
01:02Segundo ponto, que existem grupos na Venezuela que já podem ser classificados, não como criminosos,
01:10mas como grupos terroristas.
01:12Então, são duas hipóteses nas quais os Estados Unidos, ao avocarem essas duas qualificações,
01:20podem entender, ter direito de interferir em qualquer país do mundo,
01:25por alegarem ser atingidos por grupos terroristas e por narcotraficantes.
01:31Então, esta já é uma construção de discurso, de qualificação, para poder fazer algum tipo de interferência.
01:39Depois, você tem também o quê?
01:42Colocando-se Nicolás Maduro como líder do narcotráfico e também desses grupos terroristas,
01:50o que, no mínimo, ele faria vistas grossas.
01:53Ele não controlaria esses grupos no seu país.
01:56Então, também, uma relação direta com ele.
01:58A questão da ilegitimidade, realmente ele é ilegítimo.
02:03Ele não foi eleito de uma forma clara, ele não foi eleito de uma forma limpa.
02:09Isso não é o ponto principal, porque isso não justificaria os Estados Unidos tomarem uma medida,
02:15mas sim as outras duas situações.
02:17Depois, as operações militares que atingiram embarcações que, alegadamente, eram de narcotraficantes.
02:25Para quê?
02:25Para ligar o narcotráfico, efetivamente, à Venezuela e construir toda essa narrativa.
02:32Então, você tem uma narrativa construída para justificar medidas americanas no exterior,
02:40que podem ou não ser medidas de intervenção militar direta.
02:44Mas isso os Estados Unidos já têm preparado.
02:47Como ele vai usar é agora o ponto de atenção.
02:50E não se ele tem ou não argumentos.
02:53Os argumentos, ele já tem prontos.
02:55Agora, professor, diante do que a gente observe, desses argumentos ou narrativas, como o senhor chamou,
03:01a gente tem a Colômbia como o principal produtor de cocaína e exportador do mundo.
03:05Você tem o Peru também, salvo engano, na segunda posição, e Bolívia.
03:10Ou seja, a Venezuela não aparece entre os principais produtores.
03:14Talvez ela sirva de rota e talvez essa seja a alegação do governo Donald Trump.
03:18Mas aí não dá para a gente imaginar que esse tipo de ação possa se estender por mais países aqui da América do Sul?
03:26E se isso efetivamente ocorrer, gerar uma desestabilização aqui na região?
03:32Eu acredito que não há esse risco de se estender para outros países,
03:37mesmo tendo aquilo que você corretamente diagnosticou.
03:42Então você tem outros estados, outros países, que são ameaças ao narcotráfico internacional
03:48de uma forma muito mais substancial do que a Venezuela.
03:51Venezuela tem adicionado a si o fato de que teria aí um grupo criminoso
03:59que já poderia ser qualificado como grupo terrorista,
04:04que é a justificativa até mais forte do que o narcotráfico para uma intervenção americana.
04:09Porque isso seria ameaça aos Estados Unidos.
04:12Então ele poderia interferir, inclusive, em outros países.
04:15Então essa é a construção.
04:16Eu não acredito nisso porque há uma questão aqui específica em relação à Venezuela.
04:22Então a ilegitimidade do governo venezuelano,
04:26e pela questão da autodeterminação dos povos,
04:28não permite com que nenhum outro estado faça uma intervenção.
04:32O governo ilegítimo não é justificativo.
04:35Aliás, poucas seriam justificativas.
04:37E mesmo que as justificativas existissem,
04:41elas teriam que passar pelo Conselho de Segurança da ONU para autorizar uma medida dessas.
04:46Então o Estado não poderia, por decisão própria,
04:49interferir dentro de outro sob nenhum dos motivos que a gente expôs aqui.
04:53A não ser que houvesse uma ameaça direta, uma guerra, um conflito armado.
04:58Aí é uma outra história que não se aplica aqui.
05:00Mas, de qualquer forma, o governo americano usa essas justificativas
05:05para resolver um problema enorme para seus interesses,
05:09que é o governo de Nicolás Maduro.
05:11Repetindo aqui, é uma ditadura sim, está qualificada, tem todas as qualificadoras,
05:16e não é um governo que foi eleito legitimamente.
05:20Mas esses dois fatores não justificam.
05:23Então os Estados Unidos estão construindo esse discurso especificamente em relação à Venezuela.
05:30A forma como vão combater o narcotráfico em outros estados da região
05:34não vai ser ou não vai envolver uma medida extrema
05:38que os Estados Unidos talvez possam tomar em relação à Venezuela.
05:41Porque na Venezuela, ou perante a Venezuela, existem outros interesses,
05:46e aí você compõe tudo para a construção de uma narrativa específica.
05:51Eu não acredito que possa espalhar pelos outros estados,
05:54mas sim, nada justifica uma intervenção militar direta
05:58pelos motivos que eu expliquei aqui.
06:00Agora, professor, nesse contexto de ameaças,
06:03os Estados Unidos têm escolhido alguns tipos de parceiros,
06:07até estratégicos, né?
06:09Países mais ligados à direita,
06:12ou até mesmo à esquerda moderada,
06:15se assim a gente pode dizer, então,
06:17Argentina, Equador.
06:20O senhor vê ainda a possibilidade de uma resposta coordenada dessa situação?
06:25Eu não vejo.
06:26Porque o que acontece?
06:28Você tem...
06:29A América do Sul, ela não está homogênea,
06:33ela não está ao redor de uma mesma tese em conjunto.
06:37Se houver uma intervenção militar dos Estados Unidos diretamente na Venezuela,
06:42aí sim, os países têm que ser críticos a uma medida desse tipo.
06:46Agora, eu queria deixar claro, né?
06:48Que eu tenho certeza de que a comunidade internacional
06:51tem que tomar alguma medida em relação à Venezuela, tá?
06:54Meu ponto não é justificar um governo ilegítimo ou uma ditadura.
06:59A Organização das Nações Unidas,
07:01ou a OEA,
07:02Organização dos Estados Americanos,
07:04já teria que ter tomado algum tipo de medida
07:08em relação a esse governo
07:09que causa tantos malefícios e desrespeito
07:12aos direitos humanos da sua população diariamente.
07:16Então, sim,
07:17há necessidade de tomar uma medida.
07:19E também acho que o Brasil deveria ter tomado
07:21como potência regional,
07:23e apesar de não ter reconhecido a eleição de Nicolás Maduro,
07:26que foi um acerto do governo brasileiro,
07:28faltou uma segunda etapa
07:30de um encaminhamento também
07:32em relação a esse assunto.
07:33Isso, infelizmente, não aconteceu.
07:35Acertou na primeira etapa,
07:37não completou a segunda, conforme eu mencionei.
07:39Mas, uma intervenção de qualquer outro Estado,
07:43pelas justificativas aqui apresentadas,
07:46ela tem que ser criticada,
07:49porque não é a forma como deve se dar
07:51o encaminhamento para a resolução
07:53do problema da Venezuela.
07:55E o governo americano pode até ter
07:57alguns apoios aqui na região.
07:59Por isso que eu falei que não é homogêneo.
08:01Agora, se tiver uma intervenção militar direta
08:04com tropas dentro da Venezuela,
08:07um ataque militar,
08:08eu acho que fica difícil
08:09para qualquer Estado aqui da região
08:11não criticar uma medida como essa.
08:15Professor Fuguela, rapidamente,
08:17o que diz o direito internacional
08:19sobre as ações americanas
08:20em relação a esses barcos
08:22ou navios que acabam sendo bombardeados?
08:26As pessoas são mortas,
08:27o governo americano diz que eram traficantes,
08:29mas você não tem um julgamento,
08:31você não tem um indicativo
08:32de quem eram essas pessoas,
08:33ou seja, parece um liberô geral
08:35para um videogame que você sai
08:37atacando e matando.
08:39Isso é permitido?
08:41Importante esse ponto.
08:42Você tem dois aspectos aqui.
08:44Um, que dá legitimidade aos Estados Unidos
08:47em tomarem medidas
08:48contra atos ilegais
08:50praticados em águas internacionais.
08:52Então, você tem qualquer Estado,
08:56qualquer país,
08:57a embarcação de qualquer Estado
08:59que flagre um ato ilegal
09:03sendo praticado
09:04tem, sim, direito,
09:06aliás, até mais,
09:07obrigação de tomar algum tipo de medida.
09:09Então, esse é um aspecto.
09:11O problema que a gente tem aqui
09:13em relação a esses atos
09:15é a dúvida que se tem
09:17se efetivamente deveriam ser
09:19essas medidas a serem tomadas
09:20ou se as embarcações
09:22deveriam ser apreendidas
09:23para que efetivamente
09:25houvesse uma análise
09:26se estão sendo praticados
09:29atos ilegais
09:31por essas embarcações.
09:33Então, há direito de se combater
09:35práticas ilegais.
09:36Podia ser até embarcação
09:37de outro país.
09:38Podia ser a Marinha Brasileira lá.
09:40Podia ser qualquer outra.
09:42Há uma legitimidade em combater.
09:45A forma é que eu acredito
09:47que é o grande problema aqui.
09:49Porque, como a gente mencionou,
09:50eles atingem o alvo à distância
09:52que pode ou não ser.
09:54O que o governo americano diz
09:55é que há uma averiguação
09:57e há uma certeza
09:58de que efetivamente
09:59essas embarcações
10:00praticam atos ilegais.
10:03Mas esse é o ponto,
10:05digamos assim, da dúvida.
10:07Se há prática de atos ilegais,
10:09medidas podem ser adotadas
10:11em combate
10:12porque há uma legitimidade
10:13em relação a qualquer Estado
10:15que flagre crimes
10:18sendo praticados em alto mar.
10:20Então, esse é o ponto aqui.
10:22A dúvida
10:23da questão
10:25se esse tipo de medida
10:28está sendo aplicado
10:29efetivamente
10:29contra criminosos.
10:32Sobre a operação militar
10:33anunciada pelos Estados Unidos,
10:35Lança do Sul,
10:36conversamos com o professor
10:37de Direito Internacional,
10:39Manuel Furriella.
10:40Professor,
10:40mais uma vez,
10:41obrigada pela participação.
10:43Bom dia para o senhor.
10:44Bom final de semana.
10:46Obrigada.
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