A COP30 começa nesta segunda-feira (10) em Belém, no Pará, e muita gente não sabe o que acontece na conferência da ONU. O evento, que acontece em diversos países do mundo para negociar o clima, trata-se de uma rodada de negociação política. A repórter Patrícia Costa explica como funciona a estrutura do evento.
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00:00A edição de hoje do Jornal da Manhã começa com o assunto que vai dominar aí, claro, os próximos dias.
00:05A COP30 começa hoje em Belém e muita gente ainda não sabe o que acontece na conferência da ONU,
00:12que junta quase todos os países do mundo para negociar clima.
00:16Mas não é um seminário nem um evento de ecologia.
00:20Trata-se de uma rodada de negociação política.
00:23A Patrícia Costa explica pra gente como funciona, qual é a estrutura e o que pode sair de concreto lá da capital paraense.
00:33A COP30 começa sob pressão.
00:36A conferência das partes da Convenção do Clima da ONU reúne representantes de países para discutir como cortar emissões,
00:44se adaptar aos eventos extremos e quem vai pagar a conta por isso.
00:48A maior parte das nações já desembarcou em Belém.
00:51Até o fim de semana, cerca de 194 delegações haviam confirmado presença.
00:58E ainda faltam países-chave para o sucesso das negociações.
01:01No centro das discussões estão as NDCs, as contribuições nacionais de cada país, para reduzir as emissões até 2035.
01:11Mas os avanços são desiguais.
01:14A conferência é dividida em duas partes.
01:16Na Zona Azul, que é a área controlada da ONU, ficam as salas de negociação, as reuniões fechadas e as plenárias, onde o texto é lido e aprovado.
01:26Na Zona Verde fica o espaço aberto.
01:28Governos, empresas, universidades, povos indígenas e organizações mostram soluções e fazem pressão.
01:35Mas o que vale mesmo para o clima é o que sai da Zona Azul.
01:38Nesse domingo, a imprensa não pôde acessar a Blue Zone.
01:42Mas é ali, a portas fechadas, que técnicos e diplomatas vão discutir as metas e também quem vai pagar a conta do financiamento climático.
01:51Primeiro é feito um rascunho.
01:53Os negociadores decidem o que aceitam e não aceitam.
01:56E só depois segue o texto final.
01:59O que acontece na Green Zone, painéis, discursos e a sociedade, as discussões que ocorrem lá, servem para pressionar as decisões que vão acontecer ali.
02:10Muita gente pensa que a COP é um encontro de cientistas, mas o climatologista José Marengo explica que não é assim.
02:17A COP não é uma conferência de clima, como muitos acham, que todo mundo vai apresentar trabalhos.
02:24É uma conferência de negociações de governos.
02:27Você estava falando de Itamaraty, diplomatas, e obviamente todos eles, em reuniões previas em cada país, sempre procuram todo subsídio científico possível.
02:39Depois da cúpula dos líderes, quem assume a partir de agora são os técnicos e diplomatas.
02:45Eles pegam as metas dos países, as NDCs, e tentam juntar tudo num mesmo texto.
02:50É aí que a COP 30 tem um problema. Grandes poluidores, como a China, ainda não apresentaram o pacote completo.
02:58Os Estados Unidos estão entre os maiores emissores de gases do efeito estufa.
03:03O presidente Donald Trump não virá, e não mandou representantes.
03:08Quando os maiores emitem muito e atrasam a meta, o resto do texto fica mais duro e mais político.
03:15O presidente da COP 30, o diplomata André Corrêa do Lago, fala sobre a frustração de quem acha que a COP só assina papel.
03:22Há sempre uma frustração no final das COPs, porque as pessoas ficam se perguntando,
03:28nossa, está assinando tanto documento, está negociando tanto documento, onde é que estão as ações?
03:34A verdade é que tem acontecido muitas coisas positivas em função dessas negociações.
03:40Só que elas são pouco divulgadas, então isso é um dos esforços que a gente tem que fazer,
03:45é mostrar que a diplomacia serve, ou seja, que há consequências para o que a gente faz.
03:51Mas mais do que isso, como o Belém vai ser 10 anos do Acordo de Paris,
03:55nós já negociamos tanto dentro do Acordo de Paris que nós já podemos implementar muito mais.
04:00Os dados mostram que se não houvesse o Acordo de Paris, a temperatura poderia subir até 4 graus até o fim do século.
04:09Neste momento, com as emissões atuais, o planeta segue rumo a 2,8 graus.
04:14A escolha da Amazônia para receber a COP serve para lembrar que a floresta é parte do problema quando é derrubada,
04:21mas é principalmente parte da solução quando é protegida e restaurada, como explica o cientista Carlos Nobre.
04:28Esse é muito desafiador, mas nós temos o que fazer.
04:32Segundo, grande restauração florestal.
04:35O Brasil lançou na COP 28 o arco da restauração.
04:38Restaurar 240 mil quilômetros de toda a Amazônia, do sul da Amazônia brasileira, desmatado, degradado.
04:45Já começou esse projeto, nós temos que torcer que ele avance rapidamente.
04:49A COP 30 também vai cobrar mudança no modelo de energia, como deixou claro o presidente aos líderes reunidos em Belém.
04:56Estou convencido de que apesar das nossas dificuldades e contradições, precisamos de mapas do caminho para planejar,
05:07de forma planejada e justa, reverter o desmatamento, superar a dependência dos combustíveis fósseis
05:13e mobilizar os recursos necessários para esses objetivos.
05:18Mas nenhuma das mudanças prometidas nas conferências anteriores vai acontecer sem financiamento.
05:23O debate sobre quem paga e quanto investe é um dos mais difíceis.
05:28E é justamente esse ponto que o Brasil, como país sede, tenta construir pontes entre ricos e pobres.
05:35Entre quem tem tecnologia e quem mais sofre com os impactos climáticos.
05:40A COP 30 é um lugar onde a política tem que ouvir a ciência e escrever no mesmo texto
05:45o futuro do clima, da floresta e da economia.
05:49Nesta edição em Belém vai mostrar se o mundo ainda consegue fazer isso unido num só propósito.
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