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O conflito entre Rússia e Ucrânia segue sem perspectivas de paz. Enquanto Donald Trump e Vladimir Putin devem se encontrar na Hungria, Volodymyr Zelensky fica de fora da mesa de negociações. O comandante Robinson Farinazzo, da Reserva da Marinha do Brasil, analista militar e criador do canal Arte da Guerra, explica por que o Kremlin mantém o conflito em “banho-maria”, os desafios do inverno europeu e a importância dos mísseis Tomahawk no equilíbrio militar.

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Transcrição
00:00O que a gente tem visto é mais um capítulo, eu vou dizer aqui, uma espécie de um banho-maria
00:05entre uma guerra que ultrapassa três anos de um conflito, já deixou centenas, milhares de mortos dos dois lados
00:12e uma enorme interrogação que é, quando vai sair essa já prometida reunião de paz?
00:19O Donald Trump tem aí um encontro pré-marcado com o presidente da Rússia, Vladimir Putin,
00:25para a capital da Hungria, eles vão se encontrar ali sob a batuta de um aliado do presidente Donald Trump
00:35que também é relativamente simpático a Vladimir Putin, só que o Volodymyr Zelensky aparentemente,
00:44a não ser que haja uma mudança nesse calendário, ele não estará presente.
00:49E de novo, a gente não tem a chamada reunião tríplice entre Estados Unidos, Ucrânia e Rússia,
00:58como já foi prometido e especulado tantas outras vezes.
01:02E isso abre um caminho, uma porta para o conflito continuar ou então encurta a possibilidade de uma resolução,
01:09porque o território invadido, atacado, não por enquanto foi chamado para fazer parte dessas grandes negociações de paz.
01:18Sobre esse encontro entre Zelensky e Donald Trump, eu converso agora com o Robson Farinazo,
01:24que é comandante da Reserva da Marinha do Brasil e analista militar, também ele está por trás do famoso canal Arte da Guerra,
01:33que é um sucesso de audiência no YouTube.
01:36Queria começar esse nosso papo agradecendo mais uma vez ao comandante Farinazo a disponibilidade de conversar conosco.
01:44Comandante Farinazo, sempre um prazer tê-lo aqui conosco, o senhor tem conhecimentos aí do campo de guerra e tudo mais,
01:51mas de novo a gente está vendo o que eu estou chamando aqui de um banho-maria, né?
01:56Vai haver uma reunião presumidamente entre Donald Trump e o Vladimir Putin,
02:04eu estou falando presumidamente porque eles já estiveram juntos no Alasca,
02:09saíram com a promessa de que haveria uma reunião tríplice, Putin, Zelensky e Trump,
02:17em questão de semanas, isso não foi colocado a cabo,
02:23e agora tem, então, uma reunião pré-marcada na Hungria,
02:27só entre o Trump e o Putin, parece que o presidente da Rússia tem conseguido cumprir aí um plano
02:35de manter o conflito em banho-maria.
02:38Zelensky está nos Estados Unidos, teve uma reunião com o Donald Trump
02:43e saiu sem os desejados mísseis Tomahawks.
02:48Daqui a pouco a gente entra na questão especificamente dos mísseis,
02:52porque eles seriam vantajosos para a Ucrânia,
02:54mas eu gostaria da sua leitura, que tem mais aspectos políticos
02:58e menos aspectos bélicos, desse conflito.
03:01De novo, o Putin conseguiu empurrar a questão com a barriga?
03:06Boa noite mais uma vez e, de novo, muito obrigado pela presença aqui no Conexão.
03:10Muito obrigado, Favali.
03:12Agradeço mais uma vez o convite, a gente fica honrado e muito feliz
03:15quando vocês nos requisitam aí.
03:18Favali, olha só, a situação está muito boa para o Zelensky, né?
03:22Entre a maior parte dos analistas ocidentais, já se achava e havia tendência
03:31que o Trump não ia entregar esses mísseis Tomahawks, por vários fatores.
03:35Pelo que o estoque americano anda aí um pouco baixo,
03:38em virtude da quantidade de guerras.
03:40Segundo também, porque como o Tomahawks tem capacidade de levar uma ogiva nuclear,
03:45isso poderia despertar muito o problema da Rússia.
03:47Poderia aí haver um mal entendido aí, e mal entendido nessas questões,
03:53a gente já sabe como termina, né?
03:56Agora, o que acontece?
03:57A Ucrânia está com dois problemas hoje.
04:00Uma situação do campo de batalha, que apesar dos avanços russos serem lentos,
04:05eles são consistentes e inexoráveis.
04:07Essa é uma coisa.
04:08A outra coisa é, próximo ao inverno, nós já estamos aí no outono europeu,
04:15próximo ao inverno, você tem a destruição das instalações energéticas da Ucrânia,
04:21ou seja, teremos, como nas palavras de Shakespeare, o inverno de nossa desesperança.
04:28Então, o Putin está levando vantagem nesse momento.
04:33Bom, para a gente transformar isso de uma maneira mais palatável, que nós estamos falando,
04:39eu preparei aqui uns mapas, primeiro, para todo mundo recordar o que eu vou chamar aqui desse mapa da guerra.
04:47Por enquanto, como o comandante Farinazo falou,
04:50o avanço das tropas russas em território ucraniano está lento, porém inexorável,
04:57mas, em linhas gerais, o mapa da guerra não mudou muito, né?
05:01Esta meia-lua aqui, que eu pintei de roxo, é a parte ocupada pelas forças armadas da Rússia.
05:10Mas aí que eu queria entrar, antes de eu avançar, comandante Farinazo,
05:14tem até uma palavra que o senhor vai lembrar muito melhor do que eu,
05:19que é justamente a dificuldade do terreno, que fica enlameado,
05:25ele fica gelado por causa de um inverno que, nessa região, além de ser gelado, ele é úmido.
05:31E aparece em outros capítulos de outras guerras, a exemplo da Segunda Guerra Mundial,
05:36o quanto isso fica dificultando o avanço de grandes carros, de veículos pesados.
05:43Eu sei que tem até um termo em russo, obviamente, para falar desse inverno.
05:48Mas, contextualizando para a gente, olhando para as trincheiras,
05:53como é que fica o terreno propriamente dito?
05:56Por que é tão difícil esse avanço de tropas?
05:59E por que o inverno é tão preocupante, além, obviamente, das baixas temperaturas?
06:04Favala, a palavra que você está procurando é Rasputsa.
06:08Rasputsa, o que é?
06:09Se escreve Rasputitsa, se lê Rasputsa.
06:12É a estação da lama, né?
06:13Então, chove bastante.
06:14O terreno da Ucrânia, como você sabe, é um dos mais férteis, da Europa é seguramente o mais fértil,
06:19um dos mais férteis do mundo.
06:21Exatamente por causa disso, né?
06:23Então, o que acontece?
06:24O terreno fica enlameado, você tem dificuldade de progredir fora das estradas, né?
06:29Mas não é só isso.
06:30A Ucrânia, ela construiu algumas linhas de fortificação com capacidade de apoio mútuo, né?
06:39E muito bem supridas, muito bem equipadas, né?
06:43Protegidas por drones, etc.
06:46Que se você for fazer um avanço em toda a linha, um avanço consistente, né?
06:51Um avanço, assim, vamos dizer, um grande assalto, você vai ter imensas baixas, né?
06:57Isso vai virar uma campanha do SOM ou de Verdun, da Primeira Guerra Mundial.
07:02Então, o que o Russo faz?
07:03Eles vão fatiando o terreno ucraniano.
07:06Eles acham um ponto, fazem algumas sondagens, alguns reconhecimentos,
07:11acham os pontos onde a linha não está tão bem defendida e é por ali que eles entram.
07:17Mas isso leva tempo.
07:19Olha, Favale, só pra você ter uma ideia.
07:21Em meados de 2023, o integrante da Duma, o parlamento russo, ele diz que essa guerra iria até 2027.
07:30Eu achei, esse homem está louco, né?
07:32Hoje, 2027 está logo ali e já se para em 2030.
07:37O que o Putin diz para os seus militares é, esqueçam o calendário.
07:41A guerra vai durar o quanto tempo tiver que durar.
07:44Bom, falando num período curto de tempo, né?
07:48A gente já está olhando, infelizmente, para um conflito muito mais longevo, 2030, como o senhor citou.
07:53Mas olhando aqui, né, para um curto espaço de tempo, o inverno e a situação de enlameamento,
08:03a gente entende, então, que os recursos aéreos passaram a ser um grande protagonista desse conflito.
08:10E não é só de agora, né?
08:12Eu vou avançar, eu tenho este outro mapa, que é o seguinte.
08:15Primeiro, né, estes pontos no mapa, eles foram as áreas atingidas pelos dois lados do conflito, né?
08:27A gente tem, claro, que mais majoritariamente no lado ucraniano,
08:31mas olhando para a Rússia, também houve disparos dos ucranianos que chegaram no lado russo.
08:39Mas o que eu quero chamar a atenção é por que tem cores diferentes aqui no mapa
08:45que eu pedi para o nosso departamento de videografia preparar para mim.
08:49Primeiro, aquela meia-lua colorida continua aqui a ocupação do exército russo dentro da Ucrânia.
08:54Isso a gente já sabe de cor e salteado.
08:57Esta linha mais esverdeada está aqui, ó.
09:02São os mísseis Atakams.
09:05Eu só estou ilustrando, depois o comandante Farinaz vai explicar para a gente.
09:08E essa linha muito maior, cuja distância desta linha até a fronteira da Ucrânia
09:20são 1.600 quilômetros, que é o alcance dos chamados BGM-109 Tomahawks, né?
09:29Que não é uma tecnologia nova, mas ainda continuam sendo muito eficientes.
09:34Comandante Farinaz, obviamente, o mapa fala por si só, né?
09:39Mas qual é o tamanho da vantagem, a sua experiência militar nos explica,
09:44de dar estes equipamentos para a Ucrânia?
09:49Além da chamada nuclear head, capacidade de levar homogiva,
09:53assusta bastante a Rússia porque a capital está aqui, ó.
09:57Então, eles conseguiriam avançar para zonas agrícolas, zonas industriais,
10:06outros paióis, né, onde fica o armazenamento de equipamentos.
10:11Estou fazendo aqui um exercício imagético, mas eu queria que o senhor explicasse aí
10:15a vantagem de um inimigo que tem, do outro lado, um país de dimensões continentais,
10:23como é a Rússia ter um equipamento aí que voa 1.600 quilômetros.
10:29Favali, se a gente for olhar o Tomahawk hoje, ele é o sonho dos alemães de 1941, né?
10:3542.
10:36Os alemães queriam atingir as fábricas russas que estavam nos rurais,
10:40mas eles não tinham bombardeio de longo alcance para isso.
10:43Se os Tomahawk fossem fornecidos para a Ucrânia na escala que eles precisam,
10:47eu acredito que seria um problema para a Rússia, mas mesmo os mais otimistas,
10:53os analistas mais otimistas, eles acreditam que os Estados Unidos, se fornecessem,
10:58tudo indica que não vai ser fornecido, mas se fornecessem, seriam entre 50 e 100 mísseis Tomahawk.
11:05Olha, pelo menos um terço ou metade disso seria derrubado pela defesa aérea russa.
11:09Mas eu não tenho dúvida, você mostrou bem os seus mapas como sempre excelentes, né?
11:13Atingiriam aí fábricas que estão nos rurais, que foram movimentadas para os rurais em 1941,
11:19por ocasião da invasão alemã.
11:22Atingiriam essas fábricas, talvez algumas na Sibéria e por aí vai.
11:26Mas nós não podemos esquecer que alguns meses atrás a Ucrânia fez um ataque de drones
11:32contra bases russas na Sibéria.
11:34Ou seja, hoje em dia, na pequena escala de munição, com munições não tanto destrutivas,
11:42a Ucrânia tem condições de atingir, também não com frequência,
11:47mas ela tem condição de atingir pontos bastante profundos do território russo.
11:52Mas não na escala, lógico, com a destrutividade que um lote grande de Tomahawk poderia ocasionar.
12:01Muito bem lembrado, comandante Farinas, quando a gente fala de ataques aéreos de hoje,
12:07a capacidade de resposta, de defesa, como tem Israel e o Donald Trump que é construído nos Estados Unidos,
12:13os domos de ferro, a capacidade de abater esses mísseis inimigos,
12:20obviamente tem que ter um grande volume para pegar essa saturação,
12:27pegar uma brecha no sistema de defesa.
12:29Isso é o que passa, viu, Favali?
12:31Os objetivos, as armas ofensivas, seja o drone, mísseis, aeronave, o que você quiser,
12:37sempre vai passar uma ou outra.
12:39Agora a gente tem que ver o seguinte, se o volume de armas que está passando a defesa
12:43tem uma eficiência em termos de resultados militares,
12:48a gente acha isso muito difícil.
12:51Sabe por quê, Favali?
12:52O grande problema que agora o Ocidente está admitindo
12:54é a escala de produção das fábricas de armas da Rússia que é muito grande.
12:58Comandante Farinazo, por um momento pensei que a gente tinha perdido um pouco da conexão.
13:08Comandante, uma pena a gente ter um tema tão complexo num curto espaço de tempo,
13:14mas olhando aqui para o mapa, para o calendário e para essas reuniões
13:19que sempre terminam decidindo que vai haver uma outra reunião,
13:24nós vamos ter muitas oportunidades para batermos esse papo aqui.
13:29Espero que nas próximas a gente fale mais de paz do que de guerra.
13:33Embora nós venhamos nos falando há três anos sobre isso,
13:37e nunca é sobre paz, mas eu vou manter minha esperança.
13:40Comandante Robson Farinazo, é sempre um prazer recebê-lo,
13:43é sempre uma certeza que a gente vai ter aqui uma aula,
13:46mesmo que por alguns minutos, comandante da Reserva da Marinha Brasileira
13:51e autor do espetacular canal Arte da Guerra, recomendadíssimo,
13:56um sucesso na internet sobre esses debates de cenários de conflito.
14:00Até uma próxima oportunidade, comandante Farinazo,
14:03tenho certeza que vai ser muito breve.
14:06Um ótimo final de semana para o senhor.
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