O Hamas entregou a Israel os corpos de quatro reféns mortos, após a libertação dos 20 vivos, como parte da primeira fase do acordo de cessar-fogo. Contudo, o grupo terrorista não devolveu os 24 corpos restantes.
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00:00Agora, destaque internacional Oriente Médio, as forças de defesa de Israel informaram que abriram fogo contra suspeitos na faixa de Gaza que se aproximaram de soldados no norte do território.
00:12Nosso correspondente Luca Bassani, microfone Jovem Pan Internacional, traz as últimas informações.
00:17Esse ataque caracteriza uma violação de acordo mediado pelos Estados Unidos.
00:22É isso, Luca? Boa noite.
00:24É isso mesmo, Tiago. Boa noite a você, a todos que nos acompanham aqui no Jornal Jovem Pan.
00:30Apesar de novos bombardeios, até mesmo operações de artilharia não terem sido notificadas pelas pessoas que vivem em Gaza e pelos próprios órgãos humanitários que por lá trabalham,
00:42houve uma violação do acordo de cessar fogo hoje pela manhã, quando seis palestinos foram mortos depois de, segundo os israelenses, terem cruzado as chamadas linhas amarelas.
00:54Esse perímetro que foi estabelecido pelos Estados Unidos e que agora é ocupado pelo Estado de Israel após o término da primeira fase.
01:03De acordo com testemunhas, os soldados se sentiram ameaçados e então resolveram abrir fogo porque aquela região já estava decidida como uma região fora dos limites da população de Gaza,
01:16mediante o acordo previsto.
01:18Todavia, depois deste embate, não há nenhum tipo de novas notificações de quebras do cessar fogo que continua vigente, apesar das várias incertezas que nós já listamos aqui durante os últimos dias.
01:32Por enquanto, não se sabe sobre o retorno definitivo de todos os corpos daqueles reféns que faleceram durante os últimos dois anos,
01:41além da própria reconstrução da faixa de Gaza.
01:44Quem será responsável por isso e quem ocupará o cargo político, a administração política do enclave,
01:51considerando que nem Israel nem os Estados Unidos admitem um futuro com o Hamas no controle.
01:56Obviamente que isso será discutido de acordo com os norte-americanos a partir desta semana com novos encontros no Egito
02:04para poder determinar os prazos e também quais serão estes critérios concretos por ambos os beligerantes.
02:12Bom, nesse começo de semana a gente acompanha a libertação dos cefens, né, Luca?
02:15Agora, como parte desse acordo estava justamente a liberação dos cefens vivos, né?
02:21Isso é bom lembrar, mas também nós tivemos hoje algo que chamou a atenção, que Israel recebeu corpos de reféns.
02:31É isso?
02:32É isso.
02:33Naquela conta dos reféns que ainda estavam na custódia do grupo terrorista, eram 48 pessoas,
02:4020 delas vivas já voltaram às suas famílias e outras 28 que infelizmente padeceram durante este período.
02:47Dos 28 corpos, apenas 8 foram devolvidos a Israel, 4 ontem e 4 hoje.
02:54Portanto, ainda faltam 20 corpos de reféns israelenses para serem repatriados a Israel
03:00para que haja todo o procedimento fúnebre, todas as honrarias de Estado para aqueles que faleceram neste período.
03:07E exatamente por isso, por este impasse, que Israel já avisou à ONU que não liberará ajuda humanitária 100% para a faixa de gás.
03:17Estava previsto no acordo 600 caminhões diários com mantimentos, gasolina e outros remédios.
03:24E agora, a partir de amanhã, então, só 300 caminhões diários até que todos os outros 20 corpos sejam devolvidos.
03:31E também o governo israelense deixou claro que gasolina e outros geradores não serão entregues apenas para as organizações humanitárias,
03:42para a população civil, e isso não será possível agora até que a repatriação dos corpos seja realizada.
03:48A grande problemática é que tanto Netanyahu quanto as lideranças do Hamas já admitiram
03:53que possivelmente não seja viável devolver todos os corpos por não se saber onde eles estão,
04:01já que muitos dos reféns que morreram não morreram recentemente, mas desde o começo da guerra.
04:06Então, provavelmente, os restos mortais devem estar perdidos em alguns desses cantos longínquos da faixa de gás,
04:13que tem vários túneis, muitos escombros.
04:15Então, isso pode, sim, ser um complicador para a continuação do cessar-fogo,
04:19além de todos os outros pontos listados anteriormente, principalmente sobre as questões políticas.
04:24A gente vai ficar de olho, vendo também como os Estados Unidos poderão reagir
04:29caso o cessar-fogo esteja ameaçado por conta destes impasses que vão surgindo ao longo dos últimos dias.
04:37Uma rápida pergunta antes de te liberar, Luca.
04:40A repercussão aí na Europa, desse dia depois do que nós acompanhamos ontem,
04:45há uma certa frustração porque houve uma espécie de ataque, Israel promoveu um ataque,
04:51e aí a gente não sabe efetivamente em quais momentos esse cessar-fogo pode ser quebrado,
04:58se é que vai ser quebrado outras vezes.
05:01Exato, Tiago.
05:02Como mencionei anteriormente, aqui na Europa o sentimento das lideranças ainda é de grande ceticismo.
05:09Afinal, o cessar-fogo foi costurado por Donald Trump numa manobra de negociação
05:15e muito bem executado, muitos acreditam, durante os últimos dois dias,
05:20mas o dia seguinte as perguntas não respondidas pelo acordo e pelas duas partes,
05:26elas abrem precedente para que haja o retorno da guerra.
05:30E ninguém quer que a guerra volte a ser o que era antes,
05:32com muitos bombardeios, com deslocados, quase dois milhões de deslocados,
05:36e também essas dificuldades com a posição de Israel perante a comunidade internacional.
05:43As lideranças europeias são muito próximas do Estado de Israel ideologicamente
05:47e estavam em uma posição muito delicada.
05:49Não querem voltar a essa posição, por isso também os bastidores trabalham com seus corpos diplomáticos
05:54e com a sua influência, seja em Tel Aviv, seja em Washington,
05:58para tentar fazer com que o cessar-fogo não seja desfeito de uma forma brusca
06:02e que se possa encontrar o meio termo, mas nós sabemos na geopolítica,
06:06principalmente em um conflito tão antigo, muitas vezes isso acaba não sendo o suficiente.
06:11Ficaremos aqui monitorando a situação e trazendo as atualizações ao longo do resto dessa semana.
06:16Luca Bassani, nosso microfone internacional, 24 horas no ar, sempre aqui com a gente na Jovem Pan.
06:22Bom descanso para você, a gente volta a se falar amanhã.
06:24Deixa eu girar os nossos comentaristas, perguntar para o Nelson Kobayashi,
06:28houve uma espécie de sentimento de frustração hoje com esse novo ataque de Israel?
06:33Isso pode ameaçar essa paz?
06:36Pelo menos deixa os analistas de sobreaviso, não é Kobayashi?
06:40Sempre gera um alerta, em especial diante de um acordo que é feito com um grupo terrorista, né?
06:46E não é a primeira vez que esses acordos vão, voltam, enfim.
06:51A nossa expectativa e a nossa torcida é para que, de fato, tudo se resolva e se conclua em paz, né, Thiago?
06:58Mas a gente sabe que ali o contexto é, de fato, muito difícil.
07:02Pois é, Vilela, de qualquer forma, a Europa continua de sobreaviso, as autoridades internacionais
07:10e o presidente dos Estados Unidos, que teve esse protagonismo recente,
07:13se, eventualmente, o cessar-fogo for quebrado de uma forma constante,
07:20ele deve tomar algum posicionamento, né? Claro.
07:25Com certeza, Thiago.
07:26Nesse sentido, a construção de um consenso, ela é uma construção diferenciada
07:32em relação àquela construção que a gente está acostumado quando se trata de dois Estados nacionais.
07:38Kobayashi colocou muito bem isso.
07:39À medida que nós temos o Hamas como um grupo que não é um Estado nacional,
07:46é natural que haja ali alguma dificuldade, algumas nuances,
07:50durante uma trajetória de composição.
07:53Talvez episódios como o que tivemos hoje ainda aconteçam de uma forma isolada,
07:59mas eu vejo que o importante para os representantes, realmente,
08:03os cabeças que estão construindo esse processo de paz compreendam a necessidade
08:10de se avançar na negociação e de procurar construir consensos
08:14para fazer com que episódios como esse sejam isolados
08:17e que façam que a paz possa reinar depois de dois anos naquela região do globo.
08:23Eu queria tocar com vocês no outro ponto, né?
08:25Em que momento, Kobayashi, vai haver a discussão sobre o processo de criação,
08:32talvez, de um território palestino?
08:35Porque, claro, que essa é uma discussão que vai surgir.
08:38Inclusive, a Europa está pressionando.
08:42A gente teve, recentemente, a reunião da ONU na Europa
08:44e o governo brasileiro pressionando para isso.
08:48Tiago, esse parece ser um caminho sem volta.
08:50A gente viu a última Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas
08:53em que amplamente foi aprovada a criação do Estado palestino,
08:59mas a grande discussão é quem governará o Estado palestino
09:02naquele território de Gaza, principalmente agora,
09:05depois de uma devassa que foi feita pelo exército israelense.
09:09Lá atrás, a gente se lembra do Al-Fatah,
09:11que hoje governa uma parte já ao norte, no outro território,
09:15mais ao norte do Estado de Israel, onde há esse governo,
09:20que, aparentemente, não haveria interesse deles retornarem
09:23ao território de Gaza para esse governo.
09:26Então, a grande discussão é quem governará,
09:29porque se for o Hamas, aí certamente esse conflito
09:31certamente só será postergado e não haverá, de fato,
09:34uma solução sustentável ao longo do tempo.
09:38Esse vai ser um grande debate e aí, como o Cris falou,
09:41a gente vai precisar de interlocutores que possam ajudar
09:44na solução desse conflito, inclusive pensando no dia seguinte.
09:47E não só interlocutores parciais, como é, no caso,
09:51o presidente Donald Trump dos Estados Unidos,
09:53que é forte aliado de Israel, mas alguns outros ali ao redor,
09:56como a gente viu recentemente o Qatar participando
09:59dessas negociações, os próprios Emirados Árabes,
10:02e também o Egito, que faz ali a divisa com o território de Gaza
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