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No Dia Dia Rural desta segunda-feira (06), o jornalista Otávio Céschi Júnior entrevista no Conversa Franca o coord. Programa de pesquisa em olivicultura Epamig, Pedro Moura.

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Transcrição
00:00Esse aqui também vale a pena, porque vai falar de uma coisa que eu gosto muito, que é azeite de oliva.
00:07Onde eu converso com o coordenador do programa de pesquisa em olivicultura, da Epa Amiga, o Pedro Moura.
00:12Olá, Pedro. Bom dia.
00:15Bom dia, Otávio.
00:17Tudo bom?
00:19Tudo jóia.
00:20Eu aprecio o azeite de oliva.
00:23Olha, é uma das coisas que me dá água na boca, só de falar de azeite de oliva.
00:27E o nosso, então, está de excelente qualidade, né?
00:29O brasileiro.
00:31E já vem melhorando de padrão e de qualidade há um bom tempo.
00:34E vocês da Epa Amiga têm uma importância fundamental nisso, porque essa região da Mantiqueira aí, de Maria da Fé,
00:40é uma das precursoras aí da olivicultura no Brasil, uma das regiões que mais produzem,
00:45junto com aquela outra região da fronteira lá do Rio Grande do Sul, que é a outra região forte aí no azeite de oliva.
00:53E o nosso canal tem 21 anos, ô Pedro, e eu me lembro que há uns 18, 19 anos atrás, foi quando começou a se falar um pouquinho
01:03o trabalho de pesquisa e de implantação das oliveiras nessa região aí de Maria da Fé, através da coordenação de vocês da Epa Amiga,
01:10que já vinha sendo feito.
01:11Mas foi uns 18, 19 anos atrás que começou a se falar no extra virgem brasileiro.
01:17E que hoje é um sucesso e é premiado, inclusive, no exterior.
01:22E está cada vez maior.
01:23Como é que segue o trabalho de pesquisa de vocês da Epa Amiga para melhorar ainda mais as oliveiras da Mantiqueira, de Minas Gerais?
01:32É isso mesmo, Otávio. A Epa Amiga é pioneira no desenvolvimento da olivicultura aqui em Minas Gerais, na Serra da Mantiqueira,
01:42entre Minas, São Paulo e Rio. E a primeira extração nacional do azeite foi realizada aqui em 2008.
01:48Então é mais ou menos isso mesmo, uns 17 anos atrás que a gente teve o primeiro azeite extra virgem aqui da nossa região.
01:54E a partir daí a Epa Amiga continua trabalhando com o desenvolvimento de pesquisa, buscando a adaptação de novas cultivares,
02:01buscando melhorar o manejo do solo, o manejo da planta, a poda, né?
02:07E através desse trabalho de pesquisa, a gente vem aprimorando as técnicas de manejo da oliveira
02:13para a gente tentar consolidar a olivicultura aqui na nossa região.
02:17A gente precisa avançar em pesquisa para melhorar a produção, a produtividade dos pomares,
02:23mas a gente já atingiu excelência na questão da qualidade dos azeites.
02:28Nossos azeites têm sido premiados aí pelo mundo.
02:31Recentemente, na semana passada, em Paris, um azeite aqui de Maria da Fé foi premiado como o melhor do Brasil,
02:38o segundo melhor do Hemisfério Sul.
02:40Então isso mostra que a pesquisa está no caminho certo.
02:43Ô Pedro, coincidentemente, nesse período também, começou uma evolução rápida dos vinhedos da região aí,
02:54da Mantiqueira também, produzindo vinhos tintos de excelente qualidade e hoje premiados também no exterior.
03:00Existe alguma relação entre produtores de azeite e produtores de vinho ou não?
03:05São culturas parecidas aqui na nossa região.
03:09Elas atraem ali por ter um produto gourmet, um produto de qualidade, ter um nicho ali de mercado
03:15e o perfil dos produtores é semelhante.
03:19Hoje a Ipamig trabalha em Maria da Fé com a cultura da oliveira para a produção do azeite
03:24e a Ipamig trabalha na cidade de Caldas com uma equipe trabalhando com a vitivinicultura e a produção dos vinhos.
03:32Há 20 anos atrás, essa equipe lá da Ipamig de Caldas desenvolveu uma técnica,
03:37a técnica de dupla poda, que permitiu a produção de uva para a fabricação de vinho aqui na nossa região,
03:44também do sul de Minas Gerais, região próxima aqui do estado de São Paulo.
03:49Então, vem caminhando junto, tanto a produção de vinho como a produção de azeite aqui em Minas Gerais.
03:54E uma outra característica também dessas duas culturas é que elas têm as varietais, né?
04:00Como você tem no vinho o Cabernet Sauvignon, Malbec, vai por aí afora,
04:05nas uvas você também tem várias espécies, né?
04:09Produzindo azeites com mais acidez, com mais amargor e assim por diante.
04:15Quais são as principais variedades cultivadas aí na região de Minas?
04:21Olha, a que mais se adaptou na nossa região é a cultivar Arbequina, que é de origem espanhola.
04:27É uma das mais plantadas.
04:29Mas a gente recomenda ao plantio de mais de uma cultivar junta,
04:32porque isso melhora até a questão da polinização entre elas.
04:36Então, nós temos, além da Arbequina, a Koroneik, que é uma cultivar de origem grega.
04:42A cultivar, para a gente ter uma ideia, a Koroneik, ela produz um azeite mais forte, mais picante.
04:48E a Arbequina, ela tende a produzir um azeite mais suave.
04:52Isso também está relacionado ao ponto de maturação e colheio.
04:55E uma terceira cultivar, que é o destaque dessa semana, que é muito plantada, é a cultivar Grápulo 541.
05:02Essa cultivar, ela é uma cultivar de origem italiana.
05:06E a partir de um trabalho aqui da Ipamig, de melhoramento genético, com seleção natural,
05:11da cultivar Grápulo italiana, nós chegamos a essa que a gente chama de Grápulo 541.
05:17E essa cultivar, ela se adaptou também aqui na Mantiqueira.
05:20Ela é de dupla aptidão, serve tanto para a produção de azeite, como para a produção de azeitona em conserva.
05:26Ela tem um azeite ali herbáceo, com um amargor moderado.
05:30Lembrando que essas características de amargo e de picância são atributos de qualidade do azeite.
05:36E o azeite dessa cultivar Grápulo, desenvolvida pela Ipamig,
05:41que foi premiado na semana passada em Paris, como o segundo melhor do Brasil,
05:47o segundo melhor do Hemisfério Sul e o melhor do Brasil,
05:50do produtor da vinícola Essenza, o azeite Mantiqueira Grápulo.
05:54Opa!
05:55Esse, então, já está na lista dos premiados.
05:57Não é o único, mas é o mais novo.
05:59Foi premiado na semana passada.
06:01Muito bom.
06:02Parabéns, hein?
06:03Muito bom.
06:04Escuta, como é que vocês fazem?
06:06Porque tem que fazer um trabalho de adaptação.
06:08Quer dizer, a oliveira que está plantada aqui, dessa espécie que você citou,
06:12ela não é a mesma que está lá na Itália.
06:16Como é que é o processo de adaptação?
06:18Porque lá é um clima, aqui outro clima, é outro terroir, etc.
06:21Como é que é o processo de adaptação?
06:23Porque isso me leva para uma história da minha infância,
06:26onde se dizia, o básico do azeite sempre foi azeite espanhol e português no Brasil,
06:33na exceção, algumas vezes, um grego ou um italiano.
06:35Mas a gente dizia que o Brasil nunca ia ter oliveiras para produzir azeite de qualidade.
06:42Isso é coisa lá da minha infância.
06:43Porque agora, como você falou, 18, 17, 18 anos atrás,
06:46foi feita a primeira extração aí em Maria da Fé.
06:49Como é que é feita essa adaptação?
06:51E o que precisou ser modificado para que se mudasse essa máxima
06:57de que no Brasil nós nunca vamos ter azeitona para fazer azeite
07:00ou para fazer azeitona em conserva?
07:02É, no mundo existem mais de 2 mil oliveiras diferentes.
07:08Então, aqui na Ipamig, na década de 90, pelos pesquisadores da época,
07:12foi construído um banco de hermoplasma, que é um local onde a gente trouxe
07:17cultivares de vários países, a gente tem cerca de 60 materiais diferentes aqui,
07:22para ver a questão da adaptação.
07:25Algumas, como em diversos locais do mundo,
07:28alguns locais podem ser que o clima seja semelhante ao nosso.
07:31Então, as cultivares, por exemplo, a arbequina e a coroneique,
07:35elas vieram de fora e elas se adaptaram aqui mesmo sem o melhoramento.
07:40Já a cultivar grápulo, que é italiana, ela passou por um processo de adaptação.
07:45O que aconteceu?
07:46Quando a gente tem a polinização, há uma fecundação ali cruzada,
07:51e aí aquela planta vai gerar as azeitonas, os frutos e a semente.
07:56E aquela semente vai gerar uma nova planta.
07:59E a partir dessa seleção natural de novas plantas,
08:02a gente chegou numa cultivar mais adaptada à nossa região,
08:05que é a Grápulo 541.
08:07Então, além de ter essa adaptação na cultivar,
08:10a gente estuda também técnicas de manejo
08:13que favorecem o desenvolvimento da cultura aqui no Brasil.
08:16Por exemplo, técnicas de poda.
08:18Nós estamos num clima mais quente durante o ano,
08:21Então, isso favorece a planta crescer muito.
08:24Técnicas de nutrição mineral.
08:27Então, são controle também de pragas, doenças.
08:30Então, são várias técnicas de manejo
08:32que a gente associa ali com diferentes cultivares
08:35e a gente consegue chegar numa produção aqui na nossa região.
08:39Então, o processo de adaptação da Grápulo, por exemplo,
08:42foi dessa forma.
08:43Foi por polinização natural,
08:45gerou-se novos frutos, novas sementes
08:47e gerou cultivares mais adaptados aqui na nossa região.
08:50Que bênção, hein?
08:51Uma polinização natural.
08:55Aconteceu.
08:56Muito bom.
08:57Escuta, curiosidade minha.
08:58São três variedades principais produzidas aí na região.
09:02Elas têm o mesmo ciclo?
09:04Elas dão azeitonas no mesmo período
09:06ou são em períodos diferentes?
09:09A variação é bem pequena.
09:11Na oliveira, a gente tem uma colheita por ano.
09:14Agora, a gente acabou de sair do período de floração.
09:17A oliveira, ela precisa do frio.
09:19Então, no período de inverno, ela acumula horas de frio.
09:22Quando chega em agosto, setembro, é a época da florada.
09:25E agora, em outubro, estão começando a aparecer as azeitonas.
09:28E todas elas vão ser colhidas no verão.
09:31Então, entre o finalzinho de janeiro até lá para meados de abril.
09:35Então, todas vão colher nessa época.
09:38O pico de colheita na nossa região é o mês de fevereiro.
09:41Mas pode ser que tenha cultivares que adiantam cerca de 15 dias, 20 dias.
09:47Outras podem atrasar aí, colher lá para março, abril.
09:50Então, a variação é pequena, mas todas sendo colhidas na época do verão, no primeiro semestre.
09:55E a acidez que caracteriza o azeite, tem várias porcentagens, ela é obtida como?
10:02Através do processo de maceração da azeitona?
10:07O fruto, ele produz um azeite de qualidade que tem ali a sua acidez.
10:14A avaliação daquele teor de acidez é feita em análise de laboratório.
10:20Então, aqui na Ipamig, além da agroindústria para a produção do azeite,
10:24a gente tem um laboratório que consegue aferir qual que é a acidez daquele azeite.
10:29Pela nossa legislação do Ministério da Agricultura,
10:32se a acidez for até 0,8, ele é considerado um azeite extra virgem,
10:38que é um azeite de maior qualidade.
10:40Tem uma história que anda por aí também, que o pessoal fala que tem muito extra virgem,
10:45não tinha tanto extra virgem.
10:46Da onde apareceu tanto extra virgem da noite para o dia?
10:50É mais ou menos que nem aquele vinho Carmené que não existia no Chile,
10:54depois descobriram lá a parreira dele e agora jorra Carmené pelo mercado.
11:00De onde surgiu tanto extra virgem?
11:02Isso é lenda ou realmente passou a se cuidar melhor para que se obtivesse o extra virgem?
11:08Aí eu estou falando não só das nossas oliveiras, da nossa produção,
11:11estou falando da produção mundial.
11:14A azeitona, ela produz um azeite de excelente qualidade.
11:19Então, a planta ali, o fruto, ele produz um azeite de excelente qualidade.
11:24Com o tempo, a partir do momento que as pessoas vão educando o paladar
11:29e procurando por um azeite de melhor qualidade,
11:32as indústrias, os produtores, eles passam a ter um cuidado melhor com o cultivo
11:37e com o processamento para preservar aquela qualidade.
11:41Grande parte, é claro que todo o manejo do campo, controle principalmente de doenças fúrgicas,
11:46isso favorece, mas grande parte da indústria.
11:49A partir da colheita, o processamento rápido, um bom armazenamento,
11:53tudo isso ajuda a manter essa qualidade.
11:55Então, hoje as indústrias têm evoluído para preservar a qualidade que a planta produz.
12:00Bom, então está desmistificado aí, é fake, tá gente?
12:04É um trabalho de evolução mesmo da qualidade do produto que criou essa grande quantidade de extra virgem.
12:10E quanto precisa para fazer um vidro de meio litro de extra virgem?
12:16Quanto de azeitona vai, Pedro?
12:18O rendimento é mais ou menos 10%.
12:22Então, 10 quilos de azeitona para fazer um litro de azeite.
12:27Então, essa garrafinha mais comum do supermercado de meio litro,
12:30a gente precisaria aí de em torno de 5 quilos de azeitona para produzir uma garrafinha de 500 ml.
12:35Bastante, hein? Bastante.
12:38Bastante.
12:39E ele já sai pronto ou não?
12:41Porque uma vez me disseram que quando ele sai, o bruto, ele é um azeite muito amargo, muito carregado.
12:49Aí ele sofre um processo na indústria para poder melhorar.
12:52Como é que é esse processo?
12:53Ele, no momento que ele sai ali da máquina, ele já está pronto para o consumo.
12:59O que a gente faz é, às vezes, passar ele por um processo de filtragem, né?
13:04Porque alguma coisa que ainda fica ali no azeite de resíduo do bagaço ou de umidade,
13:12esse processo de filtragem, de centrifugação vertical, isso retira e isso ajuda a preservar a qualidade pós-colheita do azeite.
13:20Porque qualquer resíduo que fica ali na garrafinha pode favorecer que ele fermente mais rápido e perca a qualidade depois de embalado.
13:29E quanto tempo dura um azeite de oliva?
13:33A nossa legislação, ela indica a gente colocar uma validade de dois anos.
13:38Então, o que a gente recomenda para o consumidor é consumir ele o quanto antes.
13:42Quanto mais novo, mais evidentes são as suas propriedades, que são benéficas para a saúde, a sua qualidade.
13:49Então, quanto mais novo, mais fresco, melhor o azeite.
13:52Mesmo porque também ele continua o seu processo de evolução dentro da embalagem e ele vai rançando, como a gente diz.
14:01Sim. Se ficar qualquer resíduo ali da extração da azeitona dentro da embalagem, favorece com que ele fique rançoso mais rápido.
14:10Então, o ideal é que ele esteja bem filtrado se a intenção for armazenar por um período mais longo.
14:17Ah, e eu aprecio muito o nosso azeite, principalmente por uma característica.
14:22Ele é bem frutado.
14:23Aliás, nessa época aí, das primeiras extrações aí de vocês, eu ganhei algumas amostras e aí eu aprovei, porque eu gostei muito.
14:32Mas aí eu mostrei para um amigo espanhol, que é dono de restaurante, e ele falou,
14:35isso aqui não é azeite de oliva, isso aqui não é extra virgem.
14:39Falei, por quê?
14:40Falei, não, não tem nada a ver com...
14:42Eu falei, realmente não tem nada a ver com o que a gente conhece dos azeites ou extra virgens portugueses e espanhóis,
14:49porque tem outro gosto.
14:50Por que tem outro gosto, Pedro?
14:51Esse sabor mais herbáceo, mais frutado, é sinal que você está tendo um azeite ali bem mais novo.
15:01Se ele demora a ser consumido, ele vai perdendo essa característica.
15:05Na verdade, esse herbáceo, esse frutado, esse amargor, essa picância, são todos atributos de qualidade.
15:11É o que é avaliado nos concursos de azeite e também são os compostos que fazem bem para a saúde
15:20que dão essa característica de sabor no azeite.
15:24Então, é sinal que aquele azeite está melhor.
15:26Por isso que o pessoal, quando vai comprar, precisa olhar o prazo de validade.
15:30Às vezes está muito barato, mas você olha, já está próximo do vencimento.
15:33É um azeite que já não é tão novo, não é, Pedro?
15:37Sim, com certeza.
15:38Quanto mais novo o prazo de validade, melhor.
15:41E a gente tem que ter muito cuidado também, porque o azeite é um dos produtos mais fraudados.
15:47Então, a gente tem que ter muito cuidado com isso, conhecer as marcas que a gente está comprando.
15:51E por ser um produto tradicional ali da região da Europa, o que tem de melhor na produção,
15:57geralmente eles consomem por lá.
15:59O que vem para o Brasil, geralmente, é o que está com qualidade um pouco inferior.
16:03Então, às vezes, o nosso público consumidor está acostumado com o azeite mais velho que vem da Europa.
16:09E a gente agora está começando a aprender, a conhecer o sabor do que é um azeite novo, assim, de verdade.
16:16E é o nosso. O nosso está sempre novo, por isso que ele é frutado.
16:21Então, eu posso dizer aqui que o pessoal está consumindo coisa ruim, né?
16:25E está achando que é coisa boa.
16:27A gente fala que a Europa também produz azeite de excelente qualidade, mas eles costumam consumir por lá.
16:35A gente fala que o melhor azeite é aquele que é consumido mais próximo do local onde ele é produzido,
16:40porque você tem acesso a um produto novo, recém-extraído.
16:43Tá.
16:43Esse negócio de fraudar azeite é um negócio tão grave, tão complicado e tão frequente
16:48que existe até um livro muito famoso na literatura mundial falando exatamente disso, né?
16:53Da questão de como são fraudados os azeites.
16:57E, vez em quando e sempre, a cada dois meses, o Ministério da Agricultura está divulgando uma lista aí de azeite fraudado.
17:03É só procurar no site do Ministério da Agricultura.
17:05É muito comum, precisa tomar muito cuidado, né, Pedro?
17:07Sim, é muito importante acompanhar essas listas do Ministério, porque existe tanto aquela fraude
17:14onde são misturados óleos com azeite de oliva e é misturado com azeite,
17:21mas também tem uma fraude que é quando o azeite, porque igual eu falei, pela legislação do MAPA,
17:27para ele ser extra virgem, que é o de melhor qualidade, a acidez tem que ser até no máximo 0,8.
17:34Acima de 0,8, ele já não é extra virgem mais.
17:37Às vezes, o produtor, ele tem um azeite, né, que veio de fora, que está com a acidez mais elevada,
17:44ele não é extra virgem, mas a empresa comercializa e coloca no rótulo como se fosse extra virgem.
17:49Então, isso, para o Ministério, também é considerado como uma fraude, porque isso engana o consumidor.
17:55Então, às vezes, nem é uma mistura que está ali na garrafinha.
17:58Às vezes, é um azeite de qualidade inferior que está sendo vendido como se fosse um azeite superior.
18:03Outro dia, eu estava conversando com alguém sobre esse assunto,
18:06e alguém disse, olha, tem coisa que o pessoal compra aí,
18:08que não devia botar na salada e nem na pizza e nem cozinhar de jeito nenhum com isso,
18:13porque isso aí é bom para acender lampião.
18:17Sim.
18:18É bom para acender lampião.
18:19É até o nome, né, do azeite, como eu falei, até 0,8 é extra virgem, de 0,8 até 2 ele é virgem,
18:30e quando a acidez está acima de 2, ele é considerado um azeite lampante.
18:36Esse nome, azeite lampante, vem porque antigamente ele era usado para acender lamparinas,
18:41é aquele azeite que não servia para alimentação humana.
18:44Então, hoje, quando a indústria produz um azeite lampante,
18:48ela passa ele para o processo de refino, né, ele vai para a refinaria,
18:53para que ele possa voltar a ser consumido da alimentação humana.
18:56Só que quando ele volta da refinaria, a refinaria retira as propriedades ruins,
19:01mas ela também retira as propriedades boas.
19:04Então, ele não pode ser mais comercializado como extra virgem.
19:06É aquele azeite que vem escrito no rótulo, azeite de oliva tipo único.
19:11Então, ele é, ele tem qualidade melhor do que o óleo de soja,
19:15porém, o azeite de oliva tipo único, ele já passou por um processo de refino,
19:20então ele não é tão bom para a saúde como o extra virgem.
19:22Por isso que ele é mais barato, quando você encontra ele tipo único,
19:25está escrito lá, geralmente ele é mais barato.
19:28Aí você pode usar na culinária, né, justamente por ser mais barato.
19:32Bom, aí só para a gente terminar, muita gente ainda reclama e diz que o azeite de oliva nosso,
19:38o extra virgem, é muito caro quando comparado com os outros, né.
19:42Mas, de repente, os outros ultimamente agora barateou de novo,
19:45mas chegaram a preços aí absurdos quase empatando com os nossos.
19:49Mas é porque a nossa produção ainda é pequena.
19:52Mas eu dei uma notícia outro dia de que nós vamos ter um aumento muito grande na produção já a partir desse ano.
20:00Graças a esse trabalho de pesquisa de vocês.
20:03É, a nossa produção é pequena.
20:06Para a gente ter uma ideia, de acordo com o IBGE, o consumo nacional do azeite de oliva,
20:11a importação, ele está em torno de 100 milhões de litros por ano que o Brasil consome.
20:17E a nossa produção maior aqui da Serra da Mantiqueira, que foi no ano de 2024,
20:21ela chegou a 150 mil litros.
20:24Então é menos que 0,01% do consumo.
20:27Então a produção ainda é muito pequena, o produtor ainda tem um custo alto para produzir.
20:31Então por isso que ele é um azeite que ainda é vendido por um preço mais elevado.
20:36No ano passado, devido às condições climáticas, nós tivemos uma baixa produção,
20:41mas a expectativa para 2026 é de voltar aquele recorde de 2024.
20:46Agora no mês de setembro, é agosto, setembro desse ano, as oliveiras aqui da região estavam muito floridas.
20:54Tivemos um inverno com as condições de frio ideais para a oliveira.
20:58Então a expectativa é que a gente tenha uma boa produção, uma boa safra em 2026.
21:02Legal. Muito obrigado por essa conversa apetitosa e deliciosa, falando de azeite de oliva.
21:09E vamos relembrar aqui a monovarietal Grápulo 541, foi desenvolvida, veio da Itália,
21:15mas foi adaptada aqui por vocês da Epamig.
21:19E um azeite produzido pela vinícola Essenza, em Maria da Fé, aí, o Mantequir ficou em segundo lugar
21:28entre os dez melhores do Hemisfério Sul na semana passada no concurso na Europa.
21:33É isso, né?
21:34É isso mesmo.
21:35E o primeiro lugar pelo segundo ano constitutivo no Brasil.
21:39Então o segundo melhor do Hemisfério Sul e o primeiro do Brasil por dois anos.
21:43Ok.
21:44Isso daqui em Maria da Fé.
21:45Muito bom.
21:46Deixa o endereço de internet aí de vocês, para quem quiser saber um pouquinho mais sobre o assunto.
21:51www.epamig.br
21:53Ok, Pedro.
21:54Muito obrigado aí.
21:55Uma ótima semana para você que está só começando e até breve.
21:58Tá bom?
21:58Tendo novidade, manda para a gente.
22:01Com prazer.
22:02Tá bom.
22:02Com prazer.
22:03Boa semana.
22:03Para você também.
22:04Um abraço.

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