Em entrevista ao Jornal Jovem Pan, o professor de relações internacionais da UFF, Vitelio Brustolin, avalia que a aceitação do Hamas em liberar os reféns, segundo o plano de paz de Donald Trump, representa uma vitória tática para Israel.
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NotíciasTranscrição
00:00Fabrício continua aqui com a gente e a grande questão é qual o futuro da crise no Oriente Médio
00:05com a concordância do Hamas em libertar os cefens.
00:09O nosso entrevistado agora é o professor de Relações Internacionais da Universidade Federal Fluminense,
00:14Vitelli Brustolin.
00:15Tudo bem, professor? Como vai? Como sempre, muito obrigado por nos atender.
00:18Estamos aqui para a entrevistada.
00:20Eu já pergunto para o senhor essas bases que foram colocadas e essa aceitação do Hamas.
00:25Até que ponto o senhor, como especialista, encara ainda isso com muitas reservas ou não necessariamente, professor?
00:33Boa noite, Tiago. Boa noite a todos. Obrigado pelo convite.
00:35Olha, Tiago, o plano do Trump, anunciado junto com Netanyahu, desde o início parecia muito promissor, inclusive,
00:44porque desde o início teve apoio de países árabes da região, como Egito, Catar, Arábia Saudita
00:49e da própria autoridade palestina, que reconhecidamente é quem governa os palestinos,
00:55apesar de ali na faixa de gás o controle ser do Hamas, desde 2005.
01:00Então, desde o início, o plano parecia factível, inclusive pelas razões que vocês apresentaram há pouco.
01:07O Hamas perdeu muito do seu poderio militar, da capacidade de retaliação contra Israel,
01:13da capacidade de revidar os ataques em território israelense
01:17e mesmo de combater as forças de defesa de Israel.
01:20Entraram vários fatores aí, um deles vocês mencionaram,
01:23a anistia aos terroristas que entregaram suas armas
01:26e a possibilidade deles saírem da faixa de gás e irem para outros países.
01:31Então, o plano já parecia factível.
01:33Agora, veja só, ainda existem detalhes a serem discutidos.
01:37O Hamas aceitou entregar os reféns, vivos e mortos,
01:40são 49 corpos, até a última informação, dos quais 20 estariam vivos.
01:45E concordou em deixar o governo da faixa de gás nas mãos de tecnocratas,
01:52que são pessoas técnicas não ligadas a nenhuma facção política ou grupo político,
01:57sob supervisão internacional.
01:59Ainda não está claro, no entanto, Tiago, se eles entregarão as armas.
02:03Eles querem negociar alguns detalhes.
02:05E aí, veja, existem vantagens.
02:08Eles vão sair do poder, eles podem continuar existindo ali,
02:11se continuarem como força armada, continuarem nas sombras,
02:15enquanto a faixa de gás vai sendo reconstruída.
02:18Eles tiram de si o ônus da reconstrução.
02:22E existe uma questão fundamental, que é a questão do reconhecimento do Estado da Palestina.
02:26Eu vou fechar com isso, porque depois dos atentados de 7 de outubro de 2023,
02:32mais países passaram a reconhecer o Estado da Palestina na ONU.
02:35Hoje são mais de 80%.
02:37O Hamas chegou a declarar vitória sobre Israel por conta disso.
02:42Mas, na verdade, seria uma vitória simbólica, política,
02:45porque militarmente, evidentemente, é uma derrota.
02:47A faixa de gás está completamente destruída.
02:50O Hamas está saindo do poder e vai se realizando os objetivos,
02:54vão se realizando os objetivos do Netanyahu,
02:56de retirar o Hamas dali e tirar do Hamas a capacidade de voltar a atacar Israel no futuro, Tiago.
03:01Professor Vitelli Brustolin, com a gente aqui, o Fabrício Naitz, que é ao meu lado,
03:06faz também uma pergunta para o professor. Fabrício.
03:08Professor, boa noite.
03:09A gente viu a publicação do presidente Donald Trump,
03:12onde ele afirma que Israel deve parar com os bombardeios
03:15para que possa haver essa troca de reféns.
03:19Agora, há uma discussão muito grande sobre quem é que tem a dianteira
03:23em relação à faixa de Gaza, se é Israel ou se é os Estados Unidos.
03:27Quem é que dá a palavra final em relação ao que acontece na faixa de Gaza,
03:32principalmente depois do ataque israelense à Doha, no Catar,
03:35que tinha como alvo membros do Hamas?
03:37Você acredita que isso será, sim, cumprido à risca por Israel,
03:42ainda mais diante da pressão que certas alas do governo Netanyahu
03:45exercem sobre o primeiro-ministro?
03:49Pois é, Fabrício.
03:50Essa pergunta é importante porque ela nos leva a outras considerações.
03:54O Netanyahu, evidentemente, não quer deixar o governo, não quer deixar o poder.
03:59Ele se sustenta hoje com uma cadeira no parlamento.
04:02Ele tem 61 cadeiras das 120.
04:05Com certeza, isso também está no cálculo do Hamas,
04:08que depois que o Netanyahu sair do poder, ele vai responder
04:10pelos atentados de 7 de outubro que terem acontecido.
04:13Isso já aconteceu na história de Israel antes,
04:16nos atentados, na guerra do Yom Kippur.
04:19O movimento inicial foi responsabilizado a Golda Meir,
04:23que era a primeira-ministra na época.
04:24Ela respondeu, por isso, perante a justiça.
04:26Agora mesmo, o Netanyahu responde inquéritos.
04:28Em dezembro, ele foi a audiências,
04:31inquéritos, inclusive, de acusações que não têm a ver com esse atentado,
04:35inquéritos de quatro acusações de corrupção.
04:38Então, quem está no comando?
04:41O Netanyahu se retratou quando esteve com o Trump,
04:44disse que não vai mais atacar o Qatar,
04:46que, na verdade, não era o Qatar o alvo.
04:48Como assim, pessoas do Hamas e que isso não vai voltar a acontecer.
04:55O Netanyahu pode usar algumas dessas fases desse plano de paz,
05:00são 20 tópicos, para atrasar as negociações.
05:04E o Hamas também pode.
05:05Os dois lados podem.
05:06Então, por exemplo, o Netanyahu pode exigir o desarmamento imediato do Hamas
05:10e dizer que só vai retirar as forças da faixa de gás se isso acontecer.
05:15E dizer que só vai retirar completamente as forças
05:18quando todos os túneis e locais do Hamas forem destruídos na faixa de gás,
05:23que também é previsto no plano.
05:25Então, todos esses detalhes podem atrasar a implementação do plano
05:29e até inviabilizar, Fabrício.
05:32Mais uma pergunta, Fabrício?
05:33Sim, eu queria levar agora um pouquinho para o lado do presidente Donald Trump, professor,
05:37porque esse plano tem sido muito elogiado pela comunidade internacional.
05:42A gente teve até uma manifestação da ONU falando que o secretário-geral António Guterres
05:45aprovou esse plano, disse que é uma janela de oportunidade.
05:49E na primeira parte do pronunciamento de Donald Trump,
05:51ele fala muito sobre os países ali da região que também estão junto com ele
05:56nessas negociações, que têm atuado junto da Casa Branca
05:59para tentar resolver o problema no Oriente Médio.
06:02Você acredita, de fato, que há uma boa vontade da comunidade internacional
06:06em relação a essa proposta americana?
06:07Ou talvez tenha aí muito parte dessa, vamos dizer assim,
06:11propaganda de Donald Trump,
06:13que tem como um dos seus objetivos vencer um Nobel da Paz?
06:18Ah, não há dúvida que a comunidade internacional tem boa vontade com o plano.
06:21Vou te dar evidências.
06:23A França e o Reino Unido acabaram de reconhecer o Estado da Palestina na ONU,
06:27inclusive sob crítica do Trump.
06:29São dois países membros permanentes do Conselho de Segurança.
06:32E os dois países apoiaram o plano.
06:35Ou seja, fizeram um movimento de reconhecimento do Estado da Palestina,
06:38mas apoiaram o plano de paz do Trump.
06:40Então isso é uma evidência.
06:42Os Estados árabes vizinhos, mediadores, inclusive o Catar, o Egito, a Jordânia,
06:48a Emirada dos Árabes Unidos, todos eles apoiaram o plano.
06:53O plano realmente alivia a situação na faixa de Gaza,
06:57promove a devolução dos reféns a Israel e faz com que a ajuda humanitária
07:02entre imediatamente em Gaza.
07:04Coloca um governo em Gaza que não é o do Hamas,
07:07porque ninguém concordaria com isso.
07:08Também não é um governo da autoridade palestina,
07:11como o Netanyahu queria que não fosse.
07:13É um governo tecnocrata, com um grande aparato internacional.
07:18Então também entra a comunidade internacional nisso.
07:21E começa a reconstrução da faixa de Gaza.
07:23É um bom plano, Fabrício.
07:25Agora resta saber se os dois lados, o Hamas e o Netanyahu,
07:28não dá nem para falar de Israel, porque o governo Netanyahu,
07:31inclusive boa parte da população de Israel,
07:33queria que essa negociação tivesse acontecido antes.
07:3570% da população queria que a guerra acabasse com a devolução dos reféns,
07:39que é mais ou menos esse plano.
07:41Resta saber se os dois lados não criarão empecilhos
07:44para que esse plano se concretize, Fabrício.
07:47Professor, vou trazer agora os nossos comentaristas,
07:49o Cristiano Vilela e a Dora Kramer,
07:52para fazer a próxima pergunta.
07:53Vilela.
07:55Professor, boa noite.
07:56Professor, na sua avaliação,
07:58de que forma o governo brasileiro deve se posicionar
08:02diante dessa possibilidade de acordo?
08:04Na sua visão, o governo brasileiro,
08:07que tem tido um posicionamento muito claro sobre essas questões,
08:11deve, de antemão, se posicionar de uma forma favorável?
08:14Deve aguardar como vão ficar as negociações?
08:17Qual que é a sua avaliação?
08:19Boa noite, Vilela.
08:21Olha, o Mauro Vieira, nosso chanceler,
08:24ele elogiou o plano do Trump.
08:26Inclusive, isso levantou comentários, observações,
08:29sobre se realmente a intenção era elogiar o plano
08:32ou se aproximar do governo Trump,
08:35agora que existe uma possibilidade do presidente Lula e do presidente Trump
08:38conversarem.
08:40Mas, de fato, o plano foi elogiado quase unanimamente
08:44pela comunidade internacional,
08:45e o Brasil fez bem em fazer esse assino,
08:47elogiando esse plano,
08:48porque o governo brasileiro tem sido criticado pelo governo de Israel
08:53por posições controversas.
08:56Comparar com o Holocausto, por exemplo,
08:58que acontece em Gaza,
08:59isso soou muito mal,
09:01fez com que o nosso embaixador em Israel
09:03fosse chamado para uma espécie de sermão,
09:07que foi o que aconteceu com ele em Israel,
09:09em um dos museus do Holocausto.
09:11Então, é importante, sim,
09:14que o governo brasileiro apoie esse plano,
09:17especialmente pela quantidade de israelenses
09:20que têm laços familiares com brasileiros
09:24e quantidade de judeus que vivem no Brasil,
09:27e também pelo fato do Brasil ter sido um dos primeiros países
09:29a reconhecer o Estado de Israel
09:31e ter sido um brasileiro,
09:32lá em 1947, Oswaldo Aranha, na ONU,
09:36que passou a resolução para a criação do Estado de Israel
09:39e para o Estado palestino, Vilaela.
09:41Mais uma pergunta, professor Dora Kramer.
09:43Boa noite, Dora.
09:45Boa noite, boa noite, professor.
09:48O senhor disse, como o senhor disse,
09:50é um bom plano, mas é um plano, né?
09:53Muito bem recebido pela comunidade internacional,
09:56mas é um plano.
09:57E aí há dois atores, o senhor cita,
10:00o governo Netanyahu e o Hamas, né?
10:03Que impõe condições, evidentemente,
10:05que o Hamas está enfraquecido
10:07para ter condições de impor essas condições,
10:12mas várias vezes a gente já esteve próximos de acordos,
10:19o senhor e o Fabrício já falaram um pouco das diferenças.
10:24Vamos fazer aqui o advogado do diabo,
10:27quando o senhor citou,
10:29mas há uma possibilidade de atraso e também dúvidas
10:33sobre se o acordo será realmente implementado.
10:36O que colocaria hoje o acordo?
10:40Há garantias, na verdade que eu quero perguntar isso,
10:42há garantias de que esse plano vai ser executado?
10:45Boa noite, Dora.
10:48Pois é.
10:49Todos nós que analisamos esse conflito
10:52analisamos com muita cautela, né?
10:55Eu preparei uma prospecção de cenários para essa situação.
10:58Então, vamos começar do melhor cenário
11:00para o cenário intermediário e para o pior.
11:02O melhor cenário é que o Hamas
11:04liberte os reféns, né?
11:06Então, essas pessoas estão ali em condições subhumanas,
11:10passando fome, né?
11:11A gente vê pelas imagens e alguns relatos
11:14dizem que são torturadas há quase dois anos.
11:18Então, há a libertação desses reféns,
11:21as forças de defesa de Israel se retiram da faixa de Gaza,
11:24um governo tecnocrata assume
11:26e começa a reconstrução de Gaza
11:29com um cessar-fogo que pode ser duradouro,
11:32que pode ter alguns atritos ali em alguns momentos,
11:34mas que também não seriam atritos
11:36que iniciariam uma nova guerra,
11:38seriam pontuais.
11:38Esse é o melhor cenário.
11:40O cenário intermediário é de trocas parciais de prisioneiros,
11:44porque, em troca dos reféns,
11:45Israel vai libertar quase dois mil prisioneiros.
11:48Então, tem o cessar fogo temporário,
11:51tem o impasse sobre o desarmamento do Hamas,
11:54porque é justamente esse um dos pontos
11:56que o Hamas ainda não concordou,
11:57ainda não se pronunciou a respeito também.
12:00E aí, se o Hamas continuar armado,
12:02é possível que voltem os conflitos.
12:04E o pior cenário possível
12:06é um cenário de implementação falha.
12:08Então, uma das partes recua,
12:11os ultimatos voltam,
12:12como esse ultimato que o Trump deu hoje,
12:14de que o Hamas tem que concordar
12:15até o final de domingo,
12:17e isso leva a uma nova escalada militar ampla.
12:20O que é mais provável nesse momento?
12:22Nesse momento, é provável que os reféns
12:24sejam libertados e que Israel se retire
12:27parcialmente da faixa de gás
12:29e que espere para se retirar totalmente
12:32até ter certeza de que o Hamas
12:34estaria desarmado, Dora.
12:37Professor Vitélio Brustolim,
12:40da Universidade Federal Fluminense,
12:42pesquisador de Harvard,
12:43professor de Relações Internacionais,
12:44como sempre, obrigado pela gentileza
12:46de nos atender, professor.
12:47Bom fim de semana,
12:48voltaremos sempre a nos falar.
12:49Grande abraço.
12:51Obrigado pelo convite,
12:52bom fim de semana.
12:53Muito obrigado.
12:53Obrigado.
12:54Obrigado.
12:55Obrigado.
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