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Notícias
Transcrição
00:00Jovem Pan Saúde. Você sabia que
00:08uma única pessoa pode salvar
00:10várias vidas? O Jovem Pan Saúde
00:12de hoje fala sobre doação de
00:14órgãos. O Brasil tem o maior
00:16programa público de transplantes
00:18do mundo e está entre os três
00:20países que mais realizam
00:22procedimentos. Ainda assim, cerca
00:24de oitenta mil pessoas aguardam
00:26por um transplante no país e
00:28quase metade das famílias ainda
00:30recusa a doação. Pra explicar
00:32como funciona todo esse processo
00:34da decisão da família até a
00:36cirurgia, eu recebo hoje um
00:38cirurgião especializado em
00:39transplantes de fígado e pâncreas,
00:42o doutor Tércio Genzini e também
00:44a hepatologista doutora Patrícia
00:47Almeida, sejam muito bem-vindos.
00:49Doutor Tércio, eu vou começar
00:50pro senhor trazendo até esse
00:52cenário um tanto interessante
00:54aqui no Brasil, né? Somos um dos
00:56maiores países em termos de
00:57transplantes de órgão, né? Junto
00:59ali com Estados Unidos e China.
01:01Temos o maior programa público do
01:03mundo, ou seja, transplantes que
01:04são realizados através do SUS, mas
01:06ainda há essa escassez de órgãos,
01:09né? Como explicar essa
01:11contradição? Bom, Soraya, isso que
01:14você coloca é muito importante e o
01:16Brasil ocupa essa posição de
01:17destaque no mundo também pela sua
01:20população. O Brasil é um dos países
01:22mais populosos no mundo, mas quando
01:24você vai pegar o número de
01:26transplantes por milhão de
01:28habitantes, o Brasil, apesar de ter
01:31toda a tecnologia, de estar entre as
01:34dez maiores economias do mundo e ter
01:37todos os recursos, ele está em
01:38trigésimo lugar quando se fala em
01:42transplantes por milhão,
01:44proporcionalmente à população, por
01:46milhão de habitantes. E isso se dá em
01:49parte pelo que você bem colocou. No
01:52ano de dois mil e vinte e quatro, nós
01:54tivemos quinze mil doadores,
01:57potenciais doadores, pacientes que em
02:00morte encefálica ou doenças que
02:03poderiam gerar a doação. Mas apenas
02:05quatro mil, cerca de quatro mil e
02:09novecentos se converteram em doadores.
02:12Então a gente vê aí, é praticamente um
02:14quarto e isso acontece por vários
02:17motivos. Metade, como você colocou,
02:20praticamente metade, quarenta e seis por
02:22seis, foi por recusa familiar, o que
02:26já melhoraria muito, né? Se a pessoa, se
02:29saltássemos de quatro mil e novecentos
02:32para sete mil e quinhentos doadores, já
02:34resolveria muitas filas que seriam
02:36resolvidas. Mas existem outras
02:38condições, outros problemas, né? Que é
02:40assistência pública nas periferias. Então
02:43temos que trabalhar conscientização,
02:45melhorar a questão da doação familiar,
02:50para que as pessoas doam, digam sim à
02:52doação e também a manutenção de doadores,
02:55que aí é mais uma questão de saúde
02:57pública. Doutora Patrícia, portanto,
02:59reforçando esse dado, né, do Ministério
03:01da Saúde, quarenta e cinco por cento das
03:03famílias ainda tem receio de autorizar
03:05essa doação. Que mitos ou até medos
03:08atrapalham nessa possível decisão?
03:10Sim, Soraya, essa questão dos medos, né?
03:15Então, o medo vai desde, será que é um
03:18processo tranquilo, é um processo
03:21transparente? Será que esse meu ente
03:23querido realmente não conseguiria
03:25sobreviver? Então, é outro mito se vai
03:29ter algum custo com esse processo do, da
03:33retirada dos órgãos ou se vai deformar o
03:36corpo, né? Então, são muitos medos e é
03:40natural que esses medos existam e nós
03:43estamos aqui exatamente para desmistificar
03:45esses medos, né? Falar cada vez mais
03:47sobre esse tema. Falar cada vez mais, que é
03:50um processo muito, muito transparente,
03:54realmente, quando há a possibilidade daquele
03:57ente querido, né, que foi uma fatalidade,
04:00realmente não conseguir sobreviver a
04:03todas as medidas médicas instituídas,
04:07quando se percebe que existe a
04:09possibilidade de um doador, isso
04:12começa-se um protocolo. Então, envolve-se
04:15muitas, muitas pessoas profissionais,
04:19checagens, para se ter realmente a real
04:21certeza de que não há possibilidade daquela
04:26pessoa sobreviver. Então, é um processo
04:30muito transparente e que, sem dúvidas, a gente
04:32precisa falar mais sobre cada ponto.
04:35Importante trazer dados do Ministério da
04:36Saúde que, em 2025, o Brasil realizou
04:39dezenove mil e setecentos transplantes,
04:41sendo mil e oitocentos de fígado o maior
04:44número da série histórica. É o órgão com
04:47maior demanda? Por que esse número, né?
04:49É, dos cinquenta mil pacientes que estão
04:53em licas de espera e que dependem do
04:56transplante ou para melhorar a sua
04:58qualidade de vida ou para sobreviverem,
05:00quase metade necessitam transplantes de
05:03córnea. Depois da córnea, a maior demanda
05:07por transplantes renais e depois vem o
05:09transplante de fígado. Está havendo, nos
05:12últimos anos, talvez nos últimos dez anos,
05:16um crescimento anual do número de
05:18transplantes. Isso acontece porque o
05:21trabalho com a doação vem sendo muito
05:23bem feito. Mas o Brasil ainda, por dados
05:27de dois mil e vinte e quatro da Associação
05:29Brasileira de Transplantes, alcançou
05:31dezenove doadores por milhão de
05:34habitantes e a meta é quarenta para que
05:37ele se equipare aos melhores centros
05:39europeus e americanos e aos Estados
05:44Unidos, né? Então, é assim, ainda temos
05:47muito a caminhar, podemos melhorar muito
05:49essa questão e isso está acontecendo, não
05:53na rapidez com que gostaríamos, mas vem
05:56havendo um crescimento. E o transplante
05:59de fígado tem outra questão também que
06:02está favorecendo, a possibilidade de
06:04pessoas vivas doarem parte do fígado, que
06:07é o transplante com doador vivo. Então,
06:10além dos transplantes com doador falecido
06:12que dependem de doação familiar, existe o
06:15transplante com doador vivo, que pode ser
06:17feito o rim, pessoas saudáveis podem doar
06:21um rim e o fígado também. Pessoas
06:24saudáveis podem doar metade do fígado,
06:27metade, mais ou menos, dez por cento aí. E
06:30para também fazer crescer esse número
06:33de transplante. E o Brasil detém essas
06:36tecnologias e por isso esse crescimento
06:38também. A gente vai falar mais daqui a
06:40pouquinho sobre o transplante de fígado
06:43especificadamente, mas além de critério de
06:46urgência, né? Que outros fatores definem a
06:49posição do paciente nessa fila de espera,
06:52né? Então, só para a gente retomar, a maior
06:54demanda é por córnea, rim e fígado?
06:57Sim, córnea em primeiro lugar, o rim e
07:00depois o fígado. No fígado é importante
07:03falar, né? Que existe um comitê de
07:06médicos que vão sempre procurando mudar
07:10essas portarias, considerar se já temos
07:13dados científicos que nos façam mudar
07:16detalhes, né? Do processo. Então, foi
07:18lançada uma nova portaria, tem quatro
07:20dias, algumas mudanças serão instituídas
07:23nos próximos meses, mas realmente a
07:26alocação, a gente não fala nem em fila,
07:28sabe, Soraya? É uma lista. Porque essa
07:31alocação, ela é muito dinâmica. Depende
07:35da gravidade do paciente, então aquele
07:37paciente que tem alterações maiores nos
07:40seus exames, ele está mais à frente na
07:43fila e ele pode melhorar e recuar nesta
07:48fila, ele pode ter alguma descompensação
07:51da doença, eu falo agora do fígado, que
07:53eu tenho expertise, ele pode subir nesta
07:56fila. Mas tem situações também de
07:59extrema urgência, como a hepatite
08:01fulminante, em que nós temos poucas
08:05horas, dias para transplantar o paciente,
08:08porque o risco de mortalidade é muito
08:10alto. Então, caso o paciente tenha um
08:13hepatite fulminante, ele é priorizado
08:16nessa lista, então ele acaba superando
08:18algumas barreiras de regionalização,
08:21para que a gente consiga ter esse órgão
08:23mais rapidamente. Não é que um paciente
08:26vai passar na frente do outro. Não, não.
08:28É, Soraya, isso é importante. Isso.
08:30Patrícia está falando. Colocar como
08:34credibilidade do sistema, que favorece
08:36inclusive a doação, é importante as
08:39pessoas entenderem o que a doutora
08:41Patrícia colocou, que não é uma fila,
08:43não é uma fila que você chega, você
08:45entra na fila e fica esperando a fila
08:46andar. A sua vez, é. Existem critérios,
08:49então é uma lista de espera e os
08:51critérios são diferentes. Por exemplo, a
08:54pessoa que opera o coração e parou o
08:57coração para que ele seja operado, está
08:59numa máquina fazendo a vez do coração.
09:02Terminou a cirurgia, o coração não
09:03volta a bater, ela entra em prioridade
09:06absoluta, passa na frente de todo mundo.
09:09No caso do fígado, ela citou a
09:11hepatite fulminante. No caso do rim,
09:13tem pacientes que estão fazendo
09:15diálise e não tem mais acesso. Já usou
09:17todas as veias e artérias possíveis, já
09:21usou as veias, na verdade, que são
09:23utilizadas para acesso à máquina de
09:25diálise e não tem mais condições de
09:27fazer diálise. Já usou peritônio, usou
09:29os vasos. Essas pessoas precisam
09:32urgente do transplante, senão elas
09:34morrem. Então, vários órgãos têm
09:38critérios diferentes que colocam os
09:41pacientes na frente.
09:42Na frente. E isso é uma coisa que nós
09:44comprovamos, né? Os exames comprovam,
09:48a gente tem toda uma estrutura, um
09:52arcabouço do Ministério da Saúde que
09:54faz com que as coisas aconteçam de
09:57maneira ética, responsável e
10:00transparente. E que qualquer pessoa
10:03que precise mais urgente do
10:05transplante, ela possa ser
10:06contemplada. E não só o MELD, os
10:10pacientes que estão em fila, que
10:12sabem do MELD, né? Que é um cálculo
10:15matemático que a gente faz com os
10:16exames. O paciente também pode ter um
10:19câncer de fígado. Ele pode formar água
10:23na barriga, que é a CIT, de maneira
10:25refratária, que precisa toda semana
10:27tá fazendo procedimento pra retirar a
10:29água. Ou faz uma encefalopatia que
10:32ele não consegue mais ter autonomia,
10:34não consegue mais ser um membro da
10:37família. Então, tem situações médicas
10:40em que nós temos protocolos a seguir e
10:44nós podemos, né? Organizar a vida do
10:48paciente, pensar estrategicamente pra
10:50organizar a vida do paciente e
10:52organizar, e essa lista vai ser
10:54feita, vai ser organizada e ela é
10:57dinâmica. E o paciente tem total
10:59acesso. Ele recebe um número de
11:02registro, ele consegue ver na central
11:05de transplante qual é a sua localização
11:07na central, por que que subiu, baixou,
11:10ele pode conversar com o seu médico.
11:11Então, isso é muito importante, essa
11:13conversa, e tirar todas as dúvidas pra
11:16ficar com o coração tranquilo, porque
11:18essa espera, Soraya, ela é angustiante.
11:21Pra toda a família, né? Pra nós também.
11:24Pros médicos também. Também. Quando a
11:26senhora fala em protocolos, né? Tem
11:28testes de compatibilidade do
11:31receptor, né? Do doador. Como que pode
11:34garantir que, de fato, vai ter sucesso
11:36nessa cirurgia? Pode começar, doutora.
11:39Então, depende muito do órgão. Quando
11:43a gente fala de fígado, é tipagem
11:45sanguínea, tá? Mas, por exemplo, o rim
11:49é um órgão que tem uma necessidade de
11:52fazer um cross-match da parte
11:55imunológica, que a gente chama HLA.
11:58Então, somente esse cross-match vai me
12:01dizer se é possível ou não fazer o
12:03transplante com aquele doador.
12:04Então, o paciente, ele fica com um banco
12:07de HLA, em que esse banco, ele consegue
12:10fazer a correta distribuição. Mas, do
12:14fígado, é tipagem sanguínea. Então, é
12:16mais simples. O fígado é um órgão que
12:19tem um potencial de rejeição, vamos
12:23dizer, menor quando comparamos com o rim.
12:26E tem alguma tecnologia que o... sim, que
12:29facilite isso. Então, a lógica de tudo
12:31isso é que, assim, anualmente, pessoas
12:35novas estão entrando nas listas de
12:37espera, pela necessidade da própria
12:40população, né? Dentro da população, a
12:43gente tem números, por exemplo, 60
12:46pessoas por milhão de habitantes
12:49precisam de um transplante de rim
12:52anualmente e, assim, as coisas vão
12:54acontecendo, né?
12:55Os órgãos precisam, cada vez que eles
13:03são doados, quanto mais tempo eles
13:07ficarem, eles servirem ao receptor,
13:10melhor vai ser para você aliviar a
13:12própria lista de espera. Então, se você
13:14faz um transplante e, depois de um ano,
13:18essa pessoa perde o órgão por rejeição,
13:20ela volta para a lista. Então, você só
13:23aproveitou esse órgão por um ano. Então,
13:25a lógica é que você aproveite esse
13:28precioso, essa preciosa forma de
13:31tratamento pelo maior tempo possível.
13:34Então, no rim se faz o HLA, que vê a
13:37compatibilidade genética entre o doador
13:41e o receptor. E quanto melhor essa
13:44compatibilidade genética, mais tempo a
13:48pessoa, menor a rejeição e mais tempo
13:51esse órgão vai ficar na pessoa. Não
13:54existe só isso. Existem outras
13:56situações que interferem. As condições
13:58do doador, as condições do receptor,
14:02por exemplo, a presença de diabetes, da
14:04pontuação especial, são critérios
14:06complexos. E tem um critério que é
14:09muito importante, que é a questão da
14:13assiduidade da pessoa, o compromisso
14:17que ela tem com o seu próprio tratamento
14:18de saúde. Porque tem pacientes que
14:21ficam tão bem que param de tomar os
14:23imunossupressores, que não vão às
14:25consultas, não fazem os exames. Isso
14:28também é uma causa de perda do órgão e
14:30retorno para a lista. Ganhou uma vida
14:32nova e falou, pronto. Isso é muito
14:35importante que o Técio está falando, por
14:37isso que transplante, ele precisa ser
14:40feito com muita responsabilidade. É um
14:42programa de transplante, é uma
14:45assistência multidisciplinar. Porque
14:48nós sabemos que esse paciente, quando
14:50ele transplanta, ele volta à vida
14:52normal. Ele tá tudo bem. E aí passam
14:55cinco anos, dez anos, Soraya, quinze,
14:57vinte. E tá tudo bem. Então ele
15:00começa a testar. É... Não for no
15:04médico, ah, não preciso mais tomar
15:06aquele remédio. O médico sempre faz a
15:08mesma coisa, né? E na verdade não. Por
15:11isso que a gente precisa de um programa
15:13em que o paciente seja visto por vários
15:16olhares. Sim. E o olhar do médico, da
15:20enfermeira, da psicóloga, da assistente
15:24social. A gente entender quais são as
15:27fragilidades que aquele paciente está
15:30inserido. E são muitas nesse país,
15:35desse tamanho continental, são muitas. E a
15:37gente procurar entender e auxiliá-lo em
15:41cada uma dessas frentes. Então, uma
15:44coisa que parece simples, uma mulher
15:47jovem transplanta. Ela quer casar, ela
15:50quer ter filhos. Sim. E tudo é
15:53possível, contanto que seja conversado
15:57com seu médico, seja visto uma
15:59psicóloga como que está. Então, é isso
16:02que eu quero enfatizar. A importância do
16:04autocuidado, mas a importância da gente
16:07entender que esse engajamento, cuidado,
16:09programa de transplante e paciente, ele
16:11precisa ser algo muito seguro. Sim. O
16:16transplante tem que ser entendido como um
16:18tratamento. Um tratamento. E é um
16:19tratamento. Para a vida toda, né? Porque você
16:21considera cura, né? Cura é quando você
16:24faz um procedimento, não precisa mais
16:26tomar remédio, não precisa mais passar
16:29no médico, isso é cura. O transplante, ele é um
16:32tratamento. Então, apesar de que os
16:34retornos sejam espaçados com o passar do
16:37tempo, no começo ele transplanta, ele vai
16:40duas vezes por semana em atendimento,
16:42depois passar uma vez por semana, uma vez
16:44por mês, isso vai se espaçando. Mas é um
16:47tratamento contínuo. Enquanto o órgão
16:50estiver funcionando, a pessoa tem, o
16:53paciente tem que comparecer à equipe
16:55médica e fazer o seu acompanhamento,
16:57fazer os seus exames e nunca abandonar. A
17:00falta de aderência ao tratamento é um
17:03problema muito sério que leva muitos
17:05pacientes a perderem seus órgãos. Tem um
17:07período considerado ali médio, né? Pra
17:11pra se ter ideia de que aquele
17:14transplante foi bem sucedido, se haverá
17:16uma rejeição ou não? Na verdade, existem
17:20momentos do pós-transplante em que há
17:22maior risco de rejeição, que são os
17:25primeiros três, seis meses até um ano.
17:28Mas a verdade, que é importante
17:30ressaltar, se tem vinte anos de
17:32transplante e para de tomar remédio, pode
17:34rejeitar. Então, existem momentos
17:38críticos, mas é um cuidado pra todos
17:41sempre. E tem pacientes que eles
17:43têm essa ideia, não, eu já tô há tanto
17:47tempo com órgão, o órgão já é meu. Mas o
17:50risco de rejeição, ele permanece enquanto
17:53aquele órgão estiver. É uma mudança de
17:56vida, que a pessoa vai ter que encarar
17:58mesmo, né? Seja alimentação, estilo de
18:01vida. Além do que, os chamados
18:04imunossupressores, Soraya, eles são
18:07medicações que têm efeitos colaterais.
18:10Então, esse ajuste deve ser feito com
18:12cuidado sempre por um médico, que ele vai
18:16verificar se está afetando o rim, se
18:20está afetando os nervos, se está
18:22produzindo outro tipo de doença no
18:24paciente. O paciente tem que tomar cuidado
18:28com o sol, porque o câncer de pele é
18:30muito frequente no nosso país e aumentam
18:32com os imunossupressores. Então, essas
18:34medicações, elas vão sendo manipuladas
18:36ao longo do tempo, elas vão sendo
18:39combinadas, reduzidas as doses, conforme
18:43os exames e o quadro clínico do
18:45paciente. Por isso que esse
18:47acompanhamento é extremamente
18:48necessário, até para que o transplante
18:51não gere outras doenças. Outros
18:54problemas. O paciente muito
18:56imunossuprimido, ele tem doenças
18:58linfoproliferativas, alguns tipos de
19:01câncer e todo esse cuidado vai sendo
19:05feito ao longo do tempo pelo clínico
19:08que vai acompanhando o paciente e vai
19:11fazendo exames periódicos, vai fazendo
19:13inspeção da pele, faz exames de
19:15rotineiros, de avaliação de riscos
19:17riscos oncológicos. Então, tudo isso é
19:20muito importante. Quando a gente fala
19:22de doação de órgãos, existem órgãos
19:25que podem ser doados em vida e após a
19:27morte, né? Queria que vocês tratassem
19:31desse tema comigo agora, só para a gente,
19:33porque às vezes a gente fala de doação,
19:34pensa que é só depois que a pessoa já
19:36morreu, mas dá tempo ainda, né? De em vida
19:39salvar uma pessoa. Sim, dá tempo de em vida
19:42e como o Técio falou, é uma das
19:45estratégias que nós podemos para minimizar
19:47essa espera em fila. E o transplante
19:50de fígado é possível, sim, doar em vida
19:53e é muito importante que seja abordado
19:55com a família, essa possibilidade. Isso
19:59depende de vários pontos, de como que,
20:02como está a doença do paciente, como
20:05que está a condição, o quanto de fígado
20:08que o paciente precisa, tá? E aí são
20:11avaliados os possíveis doadores.
20:13como se fosse um funil. Existem dez
20:17possíveis doadores, o que não é, né?
20:20Sempre assim, sempre tem menos. E vai, vai,
20:22vai, às vezes tem ali um ou outro que
20:23pode doar, mas é possível, é um
20:25transplante seguro, é tanto quem doa
20:29e para quem recebe. O fígado, até na
20:33Bíblia fala o quanto que ele tem um
20:35poder regenerativo, né? Então, 48 horas
20:38depois daquela cirurgia, o corpo, tanto
20:41de quem doou, de quem recebeu, ele está
20:44trabalhando ali para que eles passam a
20:46assumir todas as funções do órgão,
20:49mesmo com essa retirada e mesmo sem ter
20:52recebido um fígado inteiro. E para quem
20:55doou também, também precisa de um olhar
20:57especial, cuidados no pós-cirúrgico?
21:00Sim. É, cuidados sempre, é, mas é uma
21:05cirurgia que depois ali de um mês de
21:08cirurgia, 45 dias de cirurgia, o paciente
21:11ele está apto para voltar à sua vida
21:13normal, mas sim, é muito importante a
21:16gente ir acompanhando, vendo como que
21:18está a evolução do paciente e hábitos
21:20de vida saudáveis sempre. Em qualquer
21:23circunstância. Mas o rim também pode ser
21:27doado em vida. É, Soraya, a doação
21:31entre vivos é um tema muito
21:35importante por algumas questões. Então,
21:39primeiro, alivia as listas de espera.
21:42Então, às vezes o paciente fica na lista
21:44para receber um rim durante anos, porque
21:49não surge um rim imunologicamente
21:51compatível. E se tem alguém na família,
21:54ou entre amigos, ou pessoas que
21:57altruisticamente se propõem a doar,
22:00que no nosso, no nosso país é proibido
22:02o comércio, não pode, não pode haver
22:04favorecimento na doação. Tem que ser uma
22:06atitude altruística. Ele sai da lista,
22:09então ele para de fazer diálise. E outra
22:12questão, o doador vivo, como ele é
22:14investigado antes, ele é uma pessoa
22:16saudável, esse órgão é de excelente
22:19qualidade. Então, o tempo de duração de um
22:24rim transplantado com doador vivo é
22:26praticamente o dobro de um rim que vem
22:29de doador falecido. Então, assim, é
22:31importante a doação, porque nem todas
22:33as pessoas têm doadores vivos, mas o
22:36doador vivo é uma saída
22:37importantíssima. E no fígado, também
22:41acontece isso. A lista de espera de
22:44fígado, ela tem algumas situações
22:47especiais, por exemplo, no câncer. Então,
22:50o câncer de fígado, ele tem critérios,
22:54quais são esses critérios para o
22:55doador, para entrar na lista de doador
22:57falecido? Critérios que a recorrência
23:00da doença seja a menor possível, para
23:03que esse paciente fique o maior tempo
23:07possível sem câncer, né? E tratado
23:09desse problema. Então, existem limites
23:12que permitem. Entretanto, além desses
23:16limites, ou com outros tipos de câncer,
23:19que não com resultados tão bons quanto
23:22os estabelecidos pela legislação, as
23:25pessoas também podem alcançar cura.
23:27Então, por exemplo, os critérios hoje
23:29do câncer primário de fígado, eles
23:31supõem oitenta por cento de
23:34sobrevivência, além de cinco anos, sem
23:37o câncer. Quer dizer, é um índice
23:38excelente na área de oncologia. Mas e se a
23:41chance fosse de cinquenta por cento?
23:43Não valeria a pena tentar? Então, existem
23:46possibilidades de ir além, utilizando
23:49doadores vivos. E existe uma idade limite
23:52para ser doador? Ser doador? Não. Todos
23:55somos potenciais doadores. Isso é uma
23:59coisa também muito importante. Não
24:02existe uma contraindicação, mas ela é
24:05diabética, teve uma AVC, não há. Todos
24:09são potenciais doadores. Esse é o
24:11pré-requisito que nós temos que passar e
24:14é da nossa responsabilidade passar
24:15aqui. Depois que o potencial doador
24:18entra no processo todo de avaliação, é
24:24que nós vamos entender se é possível ou
24:27não. Isso é doador falecido, né? Doador
24:30falecido. Entre vivos, sim. É diferente.
24:32É diferente. Então, é assim, entre vivos, o
24:37rim tem critérios mais restritos, porque o
24:41paciente que doa um rim, ele precisa de
24:43cuidados maiores do que o paciente que
24:45doa metade do fígado. Como a doutora
24:47Patrícia explicou, quando doa metade do
24:49fígado, depois de três, quatro meses
24:51esse fígado cresceu, o doador tá bem, não
24:54teve nenhum problema, tem alta. Ele vai
24:56bem, vai viver a vida inteira dele. Não pode
24:59doar de novo, mas ele vai ter uma vida
25:01normal. Agora, o rim, não. Então, a pessoa
25:04que tem um rim só, apesar desse rim
25:06crescer um pouquinho, ela vai ter que
25:08tomar cuidado pra não ficar obesa, pra
25:11não exagerar no sal e se tornar
25:13hipertensa, diabética, que podem afetar
25:16o outro rim. Então, existem cuidados, sim,
25:20e por isso essa seleção é feita antes. E
25:23as idades também, porque a gente sabe que
25:26com o passar do tempo, naturalmente, a
25:29gente perde a função renal. Então, você
25:31não pode tirar um rim de um idoso pelo
25:33risco do outro rim não suportar as
25:35necessidades dele. E o rim e o fígado
25:38pelos riscos da cirurgia. O doador
25:41entre vivos tem que saber que ele tem
25:44riscos, mas é um risco calculado, né?
25:47Eu sempre falo pros meus pacientes, tem
25:49um risco de morte de um em mil. É um
25:52risco alto? Pode ser ou não. Você está
25:56salvando alguém que você ama. Quando um
25:59salva-vidas mergulha na água pra tirar
26:02alguém, ele tem um risco maior que o
26:04seu e ele está salvando quem ele nem
26:06conhece. Começando com o senhor doutor
26:09Técio, uma mensagem sobre essas dúvidas
26:12que ainda possam surgir pra quem está
26:14nos acompanhando, sobre a importância
26:16da doação de órgãos. Bom, a doação é um
26:23processo complexo, porque ele envolve a
26:26morte, a doação e envolve a possibilidade
26:30de vida, né? Então, as pessoas, as
26:33famílias que estão com pessoas em
26:35morte encefálica, que são as condições
26:38que permitem a doação, acabaram de perder
26:41alguém muito querido, alguém que teve
26:44uma história e é um momento de dor e é
26:48isso, é totalmente incompreensível, mas a
26:51gente tem que tentar colocar esse momento
26:53de dor, às vezes de revolta, porque pode
26:55ter sido uma situação inusitada, uma
26:58situação muito ruim, o evento da morte, a
27:01gente tem que tentar colocar o amor ao
27:04próximo acima de tudo isso, porque esse
27:07doador vai levar a vida a pessoas cujos
27:12tratamentos não estão nas prateleiras das
27:15farmácias, cujos tratamentos não são
27:17produzidos pela indústria farmacêutica,
27:20cuja única chance é a família doar os
27:24órgãos, porque os órgãos ainda não são
27:26produzidos, nem por engenharia genética,
27:29nem por qualquer outra forma que a
27:31ciência permita. A única chance é que as
27:34famílias doem e salvem muitas vidas.
27:37Doutora Patrícia, acreditem na doação de
27:41órgãos, é um processo transparente, é um
27:44processo que pode trazer felicidade, vida
27:47em abundância para até oito pessoas, oito
27:50famílias. A gente compreende que é um
27:52momento, um momento difícil, no entanto,
27:58observem, pensem que oito famílias podem
28:01ter aquele ente querido com saúde e com
28:05vida ali do lado delas. Pensem bastante
28:08sobre isso e falem para seus familiares. A
28:12doação só é possível se os seus
28:15familiares de primeiro e segundo grau
28:17saibam que você é um doador de órgãos.
28:20Acredite na doação de órgãos. É uma
28:22conversa importantíssima, né, para se ter
28:25com a família. Obrigada, doutor Tessio,
28:27doutora Patrícia, mais uma vez, por
28:29acertarem o nosso convite e obrigada a
28:32você também que esteve conosco em mais um
28:35Jovem Pan Saúde. Espero que tenha gostado
28:37do assunto do nosso programa de hoje.
28:39Obrigada pela companhia. Se você tiver
28:41alguma dúvida ou sugestão, envia um e-mail
28:43para nós, é o saúde, arroba jovempan.com.br.
28:47Se quiser rever essa ou outras entrevistas,
28:50acesse o canal Jovem Pan News na internet
28:52ou também no aplicativo da Panflix para
28:54Android ou iOS. A gente se vê na semana
28:56que vem. Tchau.
29:01Jovem Pan Saúde.
29:02A opinião dos nossos comentaristas não
29:07reflete necessariamente a opinião do
29:10Grupo Jovem Pan de Comunicação.
29:16Realização Jovem Pan
29:17Jovem Pan까
29:23Jovem Pan
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