Hamas deve aceitar acordo dos EUA ou guerra em Israel deve se escalar? Comentaristas analisam

Jovem Pan - 3 em 1

Os comentaristas analisam o dilema do grupo terrorista Hamas de aceitar ou não o plano de paz proposto pelos Estados Unidos. A proposta americana surgiu após um encontro entre o presidente Donald Trump e o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu.

Transcript

00:00Ontem, durante a conversa de Donald Trump com o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu,

00:03nós já acompanhamos ali, quando eles estavam nos púlpitos,

00:08de que se não houver nenhum retorno do Hamas ou nenhum acordo feito agora,

00:11Benjamin Netanyahu vai terminar o que ele tem de terminar.

00:14E a gente sabe que ele está conduzindo uma operação

00:17para destruir todos os integrantes do Hamas.

00:20A questão são as consequências, os efeitos colaterais que essa operação gera.

00:24Então, se ele vai terminar o que ele precisa terminar,

00:26a gente imagina que seja destruir por completo esse grupo terrorista,

00:30atingir por completo as estruturas desse grupo terrorista,

00:33principalmente aquelas que estão concentradas na cidade de Gaza,

00:36que é a maior cidade ali daquela região.

00:39Mas quais seriam os efeitos disso?

00:42Quais seriam as consequências?

00:43Quantas mais pessoas morreriam diante da possibilidade de um aumento de ataques

00:47para exterminar o Hamas?

00:50Essa é a grande questão que fica.

00:51E talvez por isso que o presidente Donald Trump ressalte

00:54que pode ser um fim bastante triste.

00:57E eu quero saber de vocês também como confiar,

01:00caso haja uma aceitação do grupo terrorista,

01:02de que as linhas serão cumpridas.

01:06Porque se fosse uma negociação entre estados conflitantes, é uma coisa.

01:11Mas a gente está falando de uma negociação entre um estado de Israel

01:15e um grupo terrorista, Langani.

01:17Pois é, Evandro.

01:18Esse é o ponto, né?

01:19Você toca aí num ponto principal.

01:21A gente está falando de um grupo terrorista

01:23que não tem o menor incentivo em aceitar esse acordo.

01:26Por que eu digo isso?

01:28Porque eles não querem a solução de dois estados.

01:33Eles querem apenas um estado.

01:34E evidentemente que o plano de Donald Trump

01:37acabaria com essa possibilidade

01:40e acabaria com o protagonismo do próprio Hamas.

01:43Evidentemente que eles não querem isso.

01:45Porque tem algo bastante positivo no plano do Trump

01:48que é o reconhecimento do Estado palestino

01:51com a ocupação internacional,

01:53o cessar-fogo.

01:54É um bom plano.

01:55Agora, é claro que o Hamas

01:57seria o fim do Hamas aceitar este plano, né?

02:00Então, provavelmente, eles não devem aceitar.

02:02E se aceitarem, também não vão cumprir.

02:05E se não aceitarem, aí que é o problema.

02:07Porque continuar essa operação,

02:10você pode, de fato, acabar com o Hamas,

02:12só que você acaba também com a população civil.

02:15Esse é o grande problema da operação lá na faixa de Gaza.

02:18Exatamente.

02:19Porque essa proposta de Donald Trump,

02:20ela prevê uma transição para a autoridade palestina

02:23ali daquele território de Gaza.

02:24Mas essa transição contaria com autoridades

02:27que não são daquela região.

02:29Então, há a coordenação de Donald Trump

02:31naquela comissão da paz ali

02:32que foi estabelecida por ele nesse projeto.

02:34A possibilidade de participação de Tony Blair

02:37para fazer essa transição para a autoridade palestina.

02:40Inclusive, também com um dispositivo

02:43que concederia a anistia

02:44a integrantes do Hamas

02:46que aceitarem esse momento de pacificação

02:51ali no território.

02:53De cessar fogo que levaria depois

02:55a um controle que não mais do grupo terrorista.

02:59Ou seja, são várias etapas

03:01que precisam ser cumpridas.

03:02E em outros acordos que foram fechados lá atrás

03:05para a devolução de reféns

03:08que foram sequestrados pelo grupo terrorista

03:10naquele 7 de outubro,

03:13essas fases todas não foram cumpridas.

03:15Acabou que a situação derrocou novamente.

03:19O grupo terrorista não entregou os reféns

03:22que eram esperados.

03:23Aí Israel começou novas operações

03:26para tentar descobrir

03:27aonde estavam esses reféns,

03:29tentar resgatar essas pessoas.

03:30porque há também ali na tradição dos judeus

03:34a necessidade de receber

03:36nem que sejam os corpos apenas dessas pessoas

03:38para que eles se despeçam dos seus entes.

03:42Então, tem toda uma questão

03:43também de outros acordos

03:45que já não foram cumpridos

03:46e que agora com certeza

03:47serão levados em conta, Fábio Piper.

03:49Bom, Arvaldo, primeiro que ninguém sabe

03:52se, por exemplo, o que existe ainda de Ramaz

03:56e o que existe dessas pessoas.

03:58Tem razão.

03:58Reféns.

04:00É possível que todos já tenham morrido, né?

04:02Os reféns, afinal de contas,

04:04o bombardeio não mira

04:06o Ramaz ou o jornalista que morreu assassinado

04:10ou o médico que morreu assassinado

04:12nesses bombardeios.

04:13Ele pode ter, inclusive, matado reféns também.

04:16Então, ninguém sabe o que restou do Ramaz.

04:19É imoral, é claro que é inescrupuloso

04:21você manter reféns como foi o que o Ramaz fez

04:25a partir de 7 de outubro,

04:28como, aliás, também foi absolutamente inescrupuloso

04:32e imoral o que vem acontecendo

04:34desde 1948 e, principalmente,

04:37a anexação contínua de territórios.

04:40E, Perno, rapidamente, deixa eu só receber

04:41o pessoal da rádio que está conosco agora também.

04:44Muito boa tarde a todos vocês que nos ouvem.

04:45Como é bom ter vocês aqui nessa terça-feira

04:47para a gente debater e trazer opinião crítica

04:49no nosso 3 em 1.

04:50Nós estamos discutindo, nesse momento,

04:52o plano que foi apresentado por Donald Trump

04:54para levar a um cessar-fogo

04:55entre Israel e a faixa de Gaza.

04:58E o Fábio Piperno está trazendo a opinião dele

05:00sobre essas propostas que foram apresentadas

05:02e o quanto o contexto histórico daquela região

05:06também pode influenciar nas decisões

05:08que serão tomadas agora.

05:09Fala, Piperno.

05:10Claro, porque o conflito não começou

05:11dia 7 de outubro de 1923.

05:13Esse conflito, na verdade, ele tem décadas e décadas,

05:16passou por muitas gerações,

05:18especialmente de 1948 para cá.

05:20Agora, como eu dizia,

05:22não existe nenhuma garantia de que

05:24ainda exista algo do Hamas

05:26e, sobretudo, vida desses reféns.

05:29Ninguém sabe.

05:30Afinal de contas, foi todo mundo bombardeado.

05:33Quem é que sobreviveu?

05:34Outra coisa, o pano, ele também é desonesto,

05:38porque, nesse primeiro momento,

05:39ele não prevê nenhuma participação

05:42da autoridade palestina na faixa de Gaza.

05:46Então, qual seria a representação palestina

05:50nesse tal conselho, nesse grupo?

05:53Ou seja, nenhuma.

05:54Qual a garantia de que Israel não vá continuar

05:57anexando territórios?

05:59Até porque, na semana passada,

06:01nós vimos mais uma das muitas entrevistas

06:04de um gabinete do governo israelense

06:07dizendo que a intenção era, de fato,

06:10anexar a faixa de Gaza,

06:12transformá-la em empreendimentos imobiliários

06:14e tal,

06:15e fazer muito dinheiro com aquilo.

06:17Terceiro,

06:18Por que não,

06:19por exemplo,

06:23os israelenses deixarem

06:25e pararem de instalar

06:26novos assentamentos lá na Cisjordânia?

06:30Então, ou seja,

06:31qual é a honestidade intelectual

06:34em relação a isso?

06:35Por isso, eu acho que esse plano

06:37tem remotas chances de avançar.

06:39Fala, Zé Maria Trindade,

06:40e você?

06:41Como avalia?

06:42Acha também que as chances são remotas?

06:45É muito complicado.

06:46O mundo está muito complicado.

06:48Eu estava vendo a dificuldade,

06:50inclusive,

06:51de se entender o que está acontecendo

06:52em vários tipos de conflitos

06:54que estão em andamento.

06:56E existe, inclusive,

06:57a possibilidade de que a Europa,

07:00o Reino Unido,

07:00já esteja em guerra com a Rússia,

07:03para se ter uma ideia,

07:04diante da situação complexa que se vive.

07:07Nesse caso,

07:09é muito mais.

07:09E aí tem uma novidade.

07:11É a primeira vez

07:12que os Estados Unidos,

07:13o presidente norte-americano,

07:15negocia com terroristas.

07:17Há uma norma dos Estados Unidos

07:19de jamais, nunca,

07:21admitir a possibilidade

07:23de negociar com terroristas.

07:25Isso para evitar qualquer possibilidade

07:27de sequestro de embaixadores,

07:30e assim por diante,

07:31não negocia.

07:32Então, agora,

07:32abre-se a possibilidade de negociar.

07:34Mas veio de uma maneira muito forte,

07:37um ultimato.

07:38de que o Hamas

07:40deve entender

07:41a situação,

07:43a decisão de Israel

07:45de dominar a área

07:46e, entre aspas,

07:48limpar a área.

07:49Eu acho esse tema muito perigoso

07:51quando se trata

07:51de um conflito assim,

07:53porque pode significar

07:54uma limpeza étnica,

07:56e isso é grave.

07:58Mas, enfim,

07:58é a primeira vez

07:59que se negocie,

08:00embora seja um ultimato.

08:02É evidente que o Hamas

08:05tem dificuldades

08:06para definir

08:07uma situação assim.

08:08Os líderes,

08:09os grandes líderes

08:10do Hamas

08:11foram eliminados.

08:13Existem novos líderes

08:14que ainda não têm

08:15aquela aptidão

08:16para liderar.

08:18Alguns até

08:19não se conhecem

08:20porque houve interrupção

08:22da cadeia de comando.

08:25É uma situação muito difícil.

08:26Então, eu acho difícil

08:27se fechar um acordo

08:28e isso pode ser

08:30um fortalecimento

08:31para Netanyahu

08:33fazer realmente

08:34um domínio total

08:36da faixa de Gaza

08:38e não admitir

08:39o Estado de Israel,

08:40ou seja,

08:41fazer uma situação

08:42diferente

08:43que pode até ser

08:44esse domínio internacional.

08:47Mas eu acho

08:47que foi uma reunião importante

08:49e repercutiu muito

08:50no mundo inteiro.

08:51Assim, né?

08:52Até porque ali

08:53houve a possibilidade também

08:55de Benjamin Netanyahu

08:56acatar o que está sendo

08:57colocado pelos Estados Unidos.

08:58E tem uma razão

08:59para tudo isso também.

08:59Hoje, os Estados Unidos

09:00são aqueles

09:01que ainda permanecem

09:02ao lado

09:03do primeiro-ministro

09:04israelense

09:05diante de toda

09:06essa situação

09:07e da quantidade

09:07de mortes

09:08na faixa de Gaza.

09:09Porque outros países

09:09que foram

09:10ou são ainda

09:12aliados de Israel

09:13ou historicamente

09:14aliados de Israel

09:15começaram a fazer

09:16críticas sobre

09:17as operações

09:17que eram conduzidas

09:18naquele território,

09:19diferentemente

09:20dos Estados Unidos.

09:21Então, talvez seja

09:22por isso também

09:23que o primeiro-ministro

09:23acate agora

09:25sem nenhum tipo

09:26de reserva

09:27aquilo que é apresentado

09:28como condição

09:29por Donald Trump

09:30para que o país

09:32ou os Estados Unidos

09:34permaneçam

09:35nessa reta guarda.

09:36Fala, Bruno Musa.

09:37Nessa reta guarda.

09:39Fala, Bruno Musa.

09:40Como eu sempre falo,

09:41esse é um...

09:41o Piperno colocou muito bem

09:43isso não é de hoje,

09:45isso é uma discussão,

09:47uma briga, né?

09:48Já de muitos

09:49e muitos anos, né?

09:50E é muito difícil

09:50nós opinarmos daqui

09:52sem conhecer

09:52exatamente os meandros.

09:54Eu sempre menciono,

09:55eu tenho bons

09:56e bastantes amigos

09:57morando em Israel

09:58e lá, enfim,

10:00opinar de fora

10:02sempre é muito mais simples

10:03e muito mais fácil.

10:04Mas me parece muito,

10:06bastante óbvio

10:06que esse conflito

10:09mudaria bastante

10:10se passasse por esse

10:11reconhecimento

10:12do Estado de Israel

10:13que vale lembrar, gente,

10:14hoje no Oriente Médio

10:16Israel é uma potência,

10:19ou seja,

10:19você tem startups ali,

10:21você tem liberdade

10:22de se vestir,

10:22de ter opção sexual,

10:24de se expressar,

10:27coisas que você não vê

10:28ali no entorno.

10:30Então, Israel,

10:30ele tem o mérito

10:31de ter se tornado

10:32um país extremamente pujante

10:34e vale lembrar

10:35com todas as condições adversas

10:37que ele vive

10:38da região,

10:39falando da questão

10:40geográfica

10:41e topografia,

10:43etc.,

10:43e tudo mais.

10:44Ao passo que

10:45também é importante

10:47mencionar

10:47que tem muitos palestinos

10:49que simplesmente

10:50odeiam o Hamas

10:52estar debaixo

10:53de um grupo terrorista,

10:54como de fato é,

10:55que causou aquela brutalidade

10:56no dia 7,

10:57com todo aquele ataque

10:58covarde.

11:00Então,

11:00tudo isso

11:01passa por uma razoabilidade

11:02que parece que hoje em dia

11:04falta muito

11:05em vários conflitos

11:06ao redor do mundo.

11:07Ou seja,

11:08a existência

11:08de um Estado palestino

11:09com pessoas de bens,

11:10com civis,

11:12vivendo a sua própria vida.

11:13Que convenhamos,

11:14é bem provável,

11:15tirando a briga religiosa,

11:17se olharmos os números

11:18de Israel

11:18e as liberdades

11:19que você tem

11:20versus da Palestina,

11:21aposto que muitos

11:22palestinos de bem,

11:23como de fato

11:23tinha antes da guerra,

11:25muitos palestinos

11:26querendo morar em Israel

11:29ou querendo ter a vida

11:30que um israelense tem

11:31porque é muito mais rica,

11:32é muito mais pujante,

11:34é muito mais livre.

11:35E nós temos que separar

11:36os palestinos

11:37civis de bem

11:38para o Hamas,

11:39que é um grupo terrorista

11:40que ele mantém

11:42a população de bem

11:43da Palestina

11:44escravizada

11:45e o mantém

11:47na pobreza extrema.

11:49Então,

11:50espero que isso passe

11:51por essa razoabilidade

11:52e que possamos,

11:53por fim,

11:54extinguir o grupo terrorista.

11:56Mas vale lembrar

11:56o que você mencionou

11:57no começo,

11:58Evandro,

11:58nós estamos numa guerra

11:59e a gente começa

12:01sempre lembrando

12:03apenas que para finalizar

12:04uma guerra

12:05podem morrer

12:06muitas pessoas

12:06e a gente esquece

12:08de medir

12:08quantas pessoas inocentes

12:09já morrem

12:10ao longo dos últimos anos.

12:12A gente pode fazer

12:12um paralelo para o Brasil.

12:14Ora,

12:14enfrentar o crime organizado

12:16nas regiões

12:17onde eles controlam,

12:18segundo alguns cálculos,

12:19já passa de 20%

12:20da população brasileira

12:21que vive

12:22em alguma forma

12:23de controle

12:24do crime organizado,

12:25passará por algumas

12:26mortes de inocentes.

12:28Quantos inocentes

12:28morrem no Brasil

12:29hoje em dia

12:30por conta

12:31de um crime

12:32banal

12:32por um roubo

12:33de celular

12:33como eu passei

12:34hoje,

12:35agora à tarde

12:36antes de vir para cá?

12:37Muitos.

12:38Será que a gente esquece

12:38de colocar isso no cálculo?

12:40Infelizmente é uma guerra

12:40e o grupo terrorista

12:42precisa ser extirpado.

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