Pular para o playerIr para o conteúdo principal
  • há 7 semanas
Bia Saldanha impulsiona bioeconomia amazônica: 'vivo a serviço da floresta'

Categoria

🗞
Notícias
Transcrição
00:00A gente está nesse momento de usar a tecnologia para acessar o conhecimento ancestral.
00:18Salve! Está começando mais um episódio do podcast Futuro Vivo.
00:23Conversa boa, com gente inspiradora, sobre temas que impactam a coisa mais importante para mim,
00:27para você e para todos nós, o futuro da vida no planeta.
00:31Eu sou Vitor Cremasco, sócio da Mandala e apresentador desse podcast,
00:35que é uma realização da Vivo, líder em sustentabilidade no Brasil.
00:39Esse e outros episódios estão disponíveis no Portal Terra, no canal da Vivo no YouTube e nas principais plataformas de áudio.
00:50No fim de agosto, aconteceu o tão esperado Encontro Futuro Vivo, evento da Vivo com curadoria da Mandala.
00:56Centenas de pessoas no Teatro Vivo em São Paulo e milhares online
00:59desfrutaram de um dia único no universo da sustentabilidade, corajoso, sensível e propositivo.
01:06Uma programação que reuniu ancestralidade, ciência, tecnologia, arte, saúde e justiça social
01:11para conversarem juntas sobre o futuro da vida no planeta.
01:15Quem viu, viu, mas quem não viu, a boa notícia é que ainda pode ver.
01:18A gravação do Encontro Futuro Vivo já está disponível no YouTube do Terra e da Vivo.
01:26Nosso papo de hoje vai ser sobre um símbolo da vida.
01:30Não uma floresta qualquer, mas a maior do planeta, que teve seu dia celebrado no último 5 de setembro.
01:36Se fosse um país, seria o sexto maior do mundo.
01:391% da superfície, mais 10% da biodiversidade terrestre.
01:44Importante reguladora da temperatura do planeta
01:46e uma população estimada em 30 milhões de pessoas na Amazônia Brasileira,
01:51com entre 200 e 300 povos indígenas.
01:54Mas toda essa força também foi e continua sendo ameaçada.
01:57Árvores no chão, territórios e culturas invadidas, vozes perseguidas.
02:02Nosso convite hoje é para falar de Amazônia,
02:05ouvindo uma pioneira que decidiu dedicar grande parte da sua vida a ela,
02:09não de longe, mas indo até lá e vivendo de perto.
02:12Economista, desde 1991, a Sacarioca é uma embaixadora da sociobiodiversidade amazônica,
02:19trabalhando pelo reconhecimento, valorização e remuneração de seus produtos e serviços,
02:24sempre respeitando os princípios do comércio justo,
02:27da conservação da floresta e de suas comunidades.
02:30Numa de suas redes sociais, a nossa convidada se apresenta,
02:32trabalhando na floresta, para a floresta, com o povo da floresta.
02:36Recebo para conversar hoje, Bia Saldanha.
02:40Bia!
02:41Bem-vinda ao podcast Futuro Vivo.
02:45A gente está muito feliz de poder te receber aqui,
02:47nesse mês tão especial em que a gente comemorou o Dia da Amazônia,
02:51COP chegando,
02:52e poder receber alguém que tem um conhecimento tão profundo como você desse território,
02:57para ouvir suas histórias, para ouvir suas vivências, suas visões.
03:00Então o podcast Futuro Vivo agradece muito.
03:02Bem-vinda!
03:03Queria te perguntar sobre a sua relação com a Amazônia,
03:06que eu sei que é uma relação de longa data, de décadas.
03:09Então eu queria entender como começou essa paixão e que fez você,
03:14inclusive nos anos 90, tomar uma decisão muito importante de viver,
03:18e viver de perto essa Amazônia, mais especificamente no Acre.
03:21Conta para a gente essa história entre a Bia e a Amazônia.
03:24Então, muito obrigada, boa tarde, bom dia, boa noite.
03:30A gente é uma aldeia global,
03:33e é uma honra para mim estar participando desse podcast,
03:37desse canal,
03:39e poder compartilhar um pouquinho.
03:42Então vou começar dizendo que,
03:45acho que nesse tempo de convivência,
03:49e de vivência na Amazônia,
03:51a gente se dá conta de que a gente,
03:54para ter esse conhecimento profundo,
03:57a gente precisa de vidas.
03:58Eu me considero uma estudante
04:01e uma pessoa que está a serviço
04:05dessa floresta,
04:07desses povos,
04:08dessa gente,
04:09mas sempre aprendendo,
04:12sempre nessa posição de aprendiz e estudante.
04:16Então é desse lugar que eu falo,
04:19eu sou carioca,
04:21eu vivo no Acre
04:23e trabalho na Amazônia desde 1991,
04:27eu tenho laços profundos com esse lugar,
04:31eu tenho um filho acriano,
04:33eu sou casada com um antropólogo
04:34que eu conheci aqui,
04:38e, enfim,
04:39então eu criei uma vida e laços muito profundos
04:42aqui na floresta,
04:43eu tenho amigos com padres, com madres,
04:46madrinha e padrinho,
04:50relações profundas de amizade,
04:52de trabalho,
04:53de colaboração.
04:55Eu faço parte do grupo
04:56que fundou o Partido Verde no Brasil,
04:59foi desse lugar que eu me aproximei.
05:03O Partido Verde foi criado
05:04a partir do Rio de Janeiro,
05:05um grupo,
05:06Gabeira, Lucélia,
05:07Carlos Mink,
05:08John Nashlin,
05:10Liste Vieira,
05:11Alfredo Cirquiz,
05:13essa turma que criou,
05:17a partir de um núcleo de militância
05:19no movimento ambientalista,
05:20nascente naquele momento,
05:22a gente estava vendo
05:23o movimento ambientalista,
05:24inclusive,
05:25nascendo no mundo inteiro,
05:26assim como o Força,
05:27como o movimento,
05:29Greenpeace,
05:30Guerreiros do Arco-Íris,
05:32e a gente estava, então,
05:33fazendo o processo de legalização do partido,
05:35e viemos para criar relações
05:39com o povo do Acre
05:41para estabelecer aqui o partido,
05:44e nisso a gente conheceu o Chico Mendes,
05:46e isso foi uma coisa
05:47que mudou completamente a minha vida.
05:50A gente teve uma relação muito breve,
05:54na verdade,
05:55eu acho que naquele momento
05:56ele não sabia nem quem eu era,
05:58eu é que estava muito encantada
06:00com aquele personagem,
06:01e logo em seguida
06:04o Chico foi assassinado,
06:05então isso para mim
06:06foi uma coisa muito impactante,
06:09e eu me dei conta
06:10de que a gente não ia conseguir,
06:13eu pelo menos,
06:14não ia conseguir contribuir
06:16e na época pensar
06:17em salvar a Amazônia de Ipanema,
06:20que era de onde eu estava trabalhando.
06:23Então eu falei,
06:24bom, tem que ir lá,
06:25e aí começa toda a minha história.
06:28Você tem a lembrança
06:29da primeira vez
06:31que você pisou
06:32no território da Amazônia?
06:33Esse primeiro momento,
06:34esse encontro,
06:35é um encontro muito potente,
06:37de verdade.
06:38Isso foi em 1989,
06:40porque o Chico Mendes
06:41foi assassinado em 88,
06:43em dezembro,
06:44com esse pensamento
06:44de que tenho que ir para a floresta,
06:46em fevereiro do ano seguinte,
06:47eu fui chamada,
06:48em janeiro, na verdade,
06:50fui chamada por uma amiga
06:51para fazer parte do grupo
06:52que estava organizando
06:53uma assembleia indígena
06:54em Altamira, no Pará,
06:56contra a construção das hidrelétricas.
06:58Era o primeiro encontro
07:00dos povos indígenas
07:01do Xingu,
07:02e eu estava, então,
07:04ajudando a fazer
07:05esse evento acontecer.
07:08Ali, naquele momento,
07:09eu tinha ido apenas
07:11para ter esse,
07:12para contribuir voluntariamente
07:14na organização desse evento,
07:16e é isso,
07:17é um susto,
07:19é um encantamento,
07:21é aquela grandeza,
07:22eu acho que é uma sensação
07:23de, ao mesmo tempo,
07:25de grandeza e de pequenez,
07:28a gente se sente
07:29tão pequenininho,
07:30e também integrado,
07:33aquela força tão poderosa,
07:36mas eu acho que o que aconteceu,
07:37de fato, para mim,
07:38foi uma certeza
07:39de que eu queria trabalhar
07:40e me colocar a serviço
07:43daquelas pessoas
07:45e dessa floresta.
07:48Então, eu já voltei em 89,
07:50em fevereiro de 89,
07:52para o Rio,
07:54decidida a fechar
07:56a minha empresa de moda
07:57e me dedicar 100%
08:00ao trabalho para a floresta.
08:02E aí começa a minha história,
08:04a minha saga,
08:05a minha aventura amazônica.
08:07Você falou agora
08:10sobre essa coisa
08:10da gente se sentir pequeno
08:12diante de uma coisa
08:13tão grande,
08:13tão poderosa como a Amazônia,
08:15e apesar da relevância
08:16que ela tem no Brasil,
08:18eu, pelo menos,
08:19tenho a sensação
08:20de que a gente acaba
08:21não falando muito
08:22sobre a ancestralidade,
08:24a longevidade dela.
08:26Tem um livro
08:27que eu, inclusive,
08:27já ouvi você falar sobre,
08:29que é o Sobre os Tempos do Equinócio,
08:31do Eduardo Góes Neves,
08:33que ele faz um pouco
08:34desse recorrido,
08:35desse mergulho histórico,
08:36para a gente sair
08:37dessa ideia
08:38de uma Amazônia
08:39intocada, selvagem,
08:40e entender que ela foi
08:41sendo constituída
08:42ao longo de milhares de anos,
08:43coisas de,
08:44a gente fala de 8 a 10 mil anos atrás,
08:47por diferentes povos
08:48que foram realmente
08:49fazendo o manejo
08:50dessa floresta
08:51para ela chegar ao que hoje.
08:52Quase uma ideia
08:53que a gente pode pensar
08:53de um jardim composto
08:54pelo manejo humano mesmo.
08:57Queria que você falasse
08:57um pouco sobre
08:58esse seu conhecimento,
08:59essa sua visão
08:59sobre a história da Amazônia,
09:01e a importância
09:02disso chegar mais
09:03nas pessoas,
09:03porque eu, pelo menos,
09:04quando falo sobre isso
09:05com as pessoas
09:06pela primeira vez,
09:07elas demonstram
09:07um encantamento
09:08muito grande
09:09em descobrir
09:09todo esse pano de fundo
09:12que a Amazônia tem
09:13e que muitas vezes
09:13não chega nas pessoas,
09:14né, Bia?
09:15É isso,
09:16eu acho que a palavra
09:16descobrir,
09:17nesse caso,
09:19é muito perfeita,
09:20porque, bom,
09:21o que a nova arqueologia
09:23da Amazônia
09:23está nos revelando,
09:25né,
09:25eu acho que esse é o ponto,
09:28a gente está nesse momento
09:29de usar a tecnologia,
09:32né,
09:32para acessar
09:34o conhecimento ancestral,
09:36né,
09:36a gente está,
09:37a tecnologia está nos permitindo
09:40descobrir, né,
09:43descobrir nesse sentido
09:44de tirar essa cobertura,
09:47e aí,
09:48graças a Deus
09:49que a gente está
09:50tirando essa cobertura
09:51não literalmente,
09:53né,
09:53mas com a tecnologia,
09:54a gente,
09:55é,
09:56podendo ver
09:57por baixo
09:58das árvores,
09:59né,
10:00na floresta,
10:02inclusive,
10:02o projeto
10:03Amazônia Revelada,
10:05né,
10:05a gente ter essa revelação
10:07de ter que estar
10:08por baixo
10:09dessas árvores
10:11que foram plantadas,
10:12é um conhecimento,
10:14né,
10:15incrível
10:15de uma população
10:16que era densa,
10:19que era extensa,
10:20que era espalhada
10:22pela floresta,
10:23e não esse vazio,
10:26né,
10:26humano,
10:27e também essa visão
10:28de que os povos indígenas
10:30não têm,
10:32não tinham
10:32conhecimento,
10:35conhecimento sofisticados,
10:37não deixaram,
10:38e como os incas,
10:40né,
10:40como os maias
10:42que construíram pirâmides,
10:44que construíram,
10:45a gente vê
10:46uma,
10:47uma Amazônia complexa,
10:50né,
10:50com conhecimentos complexos,
10:52com,
10:52e o grande legado,
10:55né,
10:55de uma Amazônia,
10:56de um,
10:56de um ecossistema,
10:58né,
10:58que foi produzido,
11:00né,
11:00por essa população
11:02com esse conhecimento,
11:03com essa sofisticação
11:06de criar esse grande,
11:09essa grande força,
11:13né,
11:13de vida,
11:14que é a Amazônia
11:14para o planeta,
11:15que tem tantas funções,
11:18que muitas pessoas,
11:19né,
11:20as pessoas ficam nesse,
11:22é,
11:22esse dilema,
11:24se é,
11:24se é pulmão,
11:26se é ar-condicionado,
11:27se é,
11:28né,
11:28o que que ela,
11:28eu acho que é,
11:29né,
11:30eu gosto muito da imagem,
11:32do coração do mundo,
11:34né,
11:34dessa bomba d'água
11:36que bombeia
11:38a força da água
11:40para o mundo,
11:41mas acho que a Amazônia,
11:42ela,
11:43que se revela,
11:44né,
11:44por essa,
11:45essa nova arqueologia,
11:48Eduardo Neves
11:49e todo o seu grupo
11:50de trabalho,
11:51de pesquisadores,
11:52de cientistas,
11:54é uma Amazônia
11:55sofisticada,
11:58né,
11:58e com toda,
12:00né,
12:01uma contribuição,
12:03né,
12:04um legado
12:05que a gente
12:06está com tanta dificuldade
12:07de entender
12:08e de conservar.
12:13São muitas comunidades
12:15as que cuidam
12:16da floresta,
12:17as que são
12:18as guardiãs da floresta,
12:19então é o que eu queria
12:20te perguntar,
12:21Bia,
12:21quem cuida da floresta,
12:22né,
12:22para além dos povos originários,
12:24a gente,
12:25às vezes,
12:25não fala muito
12:26de quilombolas,
12:27de seringueiros,
12:29de castanheiros,
12:29de comunidades de manejo,
12:31eu queria que você falasse
12:31um pouco desse mundo,
12:33que é o mundo
12:33que mantém essa floresta
12:35de pé,
12:36que se relaciona
12:36com a floresta,
12:37fala um pouco
12:38dessa diversidade
12:39para a gente,
12:39por favor.
12:40É super legal
12:41a gente ter a oportunidade,
12:44né,
12:44de falar sobre
12:45essa diversidade,
12:47é,
12:48a Amazônia,
12:49ela não é só
12:49dos povos indígenas,
12:51são os povos originários,
12:53são esses povos
12:53que acabamos de falar,
12:55que estão aqui
12:55há,
12:56há,
12:56há milhares de anos,
12:58mas a gente tem um povo
13:01que chegou aqui,
13:02né,
13:02e que se estabeleceu aqui,
13:05são povos
13:06que também
13:07herdaram conhecimentos,
13:09né,
13:09que trouxeram conhecimentos,
13:11que se misturaram
13:13conhecimentos
13:14com os povos
13:15daqui,
13:16e formaram
13:16essa diversidade
13:18de pessoas,
13:20de povos,
13:20de conhecimentos,
13:22e também,
13:23Vitor,
13:23não só na floresta,
13:25né,
13:25mas,
13:26é,
13:27nas cidades,
13:28nas pequenas cidades,
13:30então,
13:30as,
13:31as populações
13:33da Amazônia,
13:34né,
13:34que são,
13:35é,
13:36esse mosaico,
13:38né,
13:38de,
13:39culturas,
13:41né,
13:42a gente tem,
13:42ontem mesmo,
13:43eu estava em Chapuri,
13:46e nós estávamos vendo
13:47prédios históricos
13:48de Chapuri,
13:49na formação,
13:51né,
13:51da cidade de Chapuri,
13:53aqui no Acre,
13:53para quem não conhece,
13:54foi a cidade,
13:57é,
13:57aonde revolucionários
13:59conquistaram o Acre
14:00para o Brasil,
14:01né,
14:02e ganharam a batalha
14:03contra a Bolívia
14:06na luta
14:07por esse espaço,
14:09por esse lugar,
14:10e ali tem
14:11os,
14:12os libaneses,
14:14os,
14:14os,
14:15sabe,
14:15é,
14:16tem gente
14:17de todo canto,
14:19né,
14:19que veio para uma cultura
14:21muito misturada,
14:23o Salo Kozlóvis,
14:24que ele está fazendo
14:24um estudo
14:25sobre a bioeconomia
14:27na Amazônia,
14:28e ele tem falado
14:28muito dessa importância
14:30da gente olhar
14:31para a Amazônia
14:33e todas as transformações
14:35que a gente precisa fazer
14:37para manter
14:37essa floresta em pé,
14:38incluindo todo mundo,
14:40né,
14:40então eu acho
14:42que os povos indígenas
14:44já deram
14:44uma grande missão
14:45para a gente
14:45de resiliência,
14:47né,
14:47de convivência,
14:49de receberem
14:50a gente,
14:51né,
14:51no começo
14:51de forma muito
14:52traumática
14:53e até hoje,
14:54né,
14:54enfrentando
14:55perigos
14:57e
14:58invasões
15:01e tantas coisas
15:02complexas,
15:03esses povos,
15:04né,
15:05seringueiros
15:05que chegaram
15:06e também lutaram
15:07contra os indígenas
15:09que depois fizeram
15:10a Aliança dos Povos
15:11da Floresta,
15:12né,
15:12esses quilombolas
15:13que também chegaram
15:15fugindo, né,
15:16de todo tipo
15:17de injustiças
15:18e explorações
15:19e da escravidão,
15:21quando a gente chega
15:22e aqui você encontra
15:23todo esse mosaico
15:26de culturas,
15:27eu acho que a gente,
15:28é super importante
15:29a gente não só
15:31reconhecer,
15:32respeitar,
15:33mas incluir,
15:34né,
15:35todos esses,
15:37toda essa gente
15:38em qualquer que seja
15:40a nossa visão
15:41sobre a floresta.
15:43No final do ano passado
15:45e começo desse ano,
15:46eu tive o privilégio
15:48de integrar
15:48um grupo de trabalho
15:50que fez um estudo
15:51chamado
15:51Brasil que o Brasil quer ser,
15:52inclusive liderado
15:53pelo meu sócio
15:54Lourenço Bustani
15:54que você conhece também,
15:56e entre muitas coisas
15:57bacanas aí
15:58que a gente descobriu
15:58nesse estudo,
15:59uma que chamou muito
16:00a nossa atenção
16:00foi uma pergunta
16:02que foi feita
16:03na pesquisa
16:03para mais de 3.200 brasileiros,
16:05uma pesquisa profunda,
16:06Critério Brasil,
16:07sobre qual é
16:08o maior símbolo
16:09representativo do Brasil.
16:11E a Amazônia
16:12ficou em primeiro lugar
16:13com uma larga vantagem
16:14em relação a símbolos
16:16que talvez historicamente
16:17a gente se acostumou
16:17a ver como símbolos
16:18do Brasil,
16:19como praias,
16:19Rio de Janeiro,
16:20São Paulo,
16:22e acho que isso
16:23reflete bem
16:24esse momento
16:24em que a gente está
16:25aí nas portas
16:25de uma copa em Belém,
16:27em que a gente vê
16:27a Amazônia
16:28cada vez mais pautada.
16:29Eu queria que você
16:30primeiro dissesse
16:31se você percebe
16:31que de fato
16:32essa visibilidade
16:33ela é real,
16:34você vê
16:35esse ganho de visibilidade,
16:36e a que você atribui
16:37a isso,
16:38Bia?
16:39O que está acontecendo
16:40hoje
16:40que está colocando
16:41a Amazônia
16:42no palco?
16:43Olha,
16:44Fitor,
16:45eu acho que
16:46a gente tem
16:47um fenômeno
16:48bem importante
16:51de tomada
16:53de poder
16:54da comunicação
16:56com as redes sociais,
16:58com as ferramentas,
16:59smartphones,
17:00que a gente fala
17:01que trouxeram
17:03uma facilidade
17:04para trazer
17:06capilaridade,
17:07para trazer
17:07conectividade
17:09e comunicação,
17:11e o povo
17:12da floresta
17:13está podendo
17:14se comunicar
17:15diretamente
17:17para o mundo
17:17sem intermediários.
17:20Quer dizer,
17:20lógico que tem
17:21intermediários,
17:22a gente não precisa
17:23agora entrar
17:23nesses detalhes
17:25da complexidade
17:26desses meios
17:27de comunicação,
17:28mas o fato
17:29é que eles
17:30têm se apropriado,
17:31então ampliou
17:33muito
17:33as vozes,
17:39o número
17:40de incidências
17:42e de trocas
17:43de comunicação,
17:44eu acho que
17:44isso é um fenômeno
17:45importante.
17:46É muito interessante
17:46ver, né, Bia,
17:47inclusive a quantidade
17:48de indígenas
17:50que hoje
17:50têm uma presença
17:52muito forte
17:52nas redes sociais
17:53com muitos seguidores
17:54produzindo conteúdo,
17:55aproximando as pessoas
17:56da floresta,
17:57e imagino que aconteça
17:58isso mesmo
17:58com diversas
17:59outras comunidades
18:00da região, né?
18:01Sem dúvida,
18:02eu acho que isso
18:02é um fenômeno
18:03e que precisa ser
18:05inclusive estimulado,
18:07né, eu tenho
18:08falado muito
18:10sobre isso,
18:10dessa oportunidade
18:12que a gente
18:13está vendo
18:14nessas ferramentas
18:16de produção
18:17de conteúdo
18:18e comunicação
18:19e na incidência
18:19dos povos
18:20dessa floresta
18:22e de outras, né,
18:23estarem se engajando
18:24nas redes sociais
18:25de uma forma
18:25tão potente,
18:27eu acho que isso
18:27hoje a gente vê
18:29os grupos
18:29de comunicadores
18:30indígenas,
18:31de comunicadores
18:32das populações
18:32tradicionais
18:33quilombolas, né,
18:35assumindo,
18:36como você já falou,
18:37protagonismo
18:40dos seus,
18:41de falas
18:42e de movimentos
18:43usando as redes sociais,
18:46milhares de seguidores,
18:47isso é superpotente
18:48e eu acho que deve
18:49ser estimulado,
18:51sou superorgulhosa
18:53de fazer parte
18:53de fazer parte
18:53de um projeto
18:54chamado
18:55Conexão Povos da Floresta,
18:57que quem não conhece
18:58deve procurar conhecer,
19:01é uma rede
19:01que se formou,
19:04acho que estamos já
19:05indo para o terceiro ano
19:07de trabalho,
19:08mas temos já
19:091.800,
19:10indo para
19:112.000
19:12até o final do ano,
19:13comunidades conectadas, né,
19:15O objetivo dessa rede
19:18é conectar
19:19populações
19:20da floresta
19:22que vivem
19:23em territórios
19:24e unidades de conservação
19:26e que não tinham
19:27acesso à internet
19:28em banda larga, né,
19:30com internet
19:30de alta velocidade
19:31para eles poderem
19:32ter essa conectividade,
19:34porque isso era
19:35um obstáculo
19:35na floresta
19:36e o objetivo
19:37é chegar a 5.000 comunidades
19:39até o final
19:39do ano que vem
19:40e isso é
19:42totalmente revolucionário, né,
19:44claro que a gente
19:44conhece os riscos
19:45que a gente está
19:46inclusive trabalhando, né,
19:48para mitigar os riscos,
19:50trabalhando com
19:52treinamentos, né,
19:55de sabedoria digital
19:57e tantas outras
19:58ferramentas
19:59que a gente está colocando
20:00para criar uma rede
20:01de segurança,
20:02para fazer
20:02essa conectividade
20:04significativa, né,
20:06mas é uma revolução, né,
20:08que a gente realmente
20:09não tinha antes,
20:11esse isolamento
20:13da floresta,
20:13aí voltando
20:14para a tua primeira
20:15pergunta,
20:16com essas tecnologias,
20:17a meu ver,
20:18a gente está conseguindo
20:18aproximar a floresta
20:20do resto do Brasil
20:22e do resto do mundo
20:23e isso é super importante.
20:24E a segunda parte
20:25da minha resposta
20:27é, na verdade,
20:29um contraponto triste, né,
20:31que é a gente
20:32estar vendo
20:33essa emergência climática,
20:35crise climática,
20:36esse momento do mundo
20:38tão conturbado,
20:39onde os cientistas
20:41estão gritando, né,
20:43da importância
20:43da gente mudar
20:44a nossa produção,
20:47nosso consumo
20:48e a nossa forma
20:49de produzir
20:51e consumir
20:53para evitar
20:55a catástrofe climática
20:57que seria
20:57passar de um e meio
20:59graus de aquecimento.
21:01Aqui na Amazônia,
21:02então, a gente tem
21:03essa discussão
21:04central, né,
21:05porque a floresta
21:06está, de fato,
21:07muito vulnerável
21:08por conta disso,
21:09ela é causa
21:10e é ao mesmo
21:12causa, obviamente,
21:13não voluntariamente
21:15pela maior parte
21:17da população,
21:17mas porque ela
21:18está sendo
21:19devastada, né,
21:21derrubada
21:22e usada
21:23de forma totalmente
21:24inconsequente,
21:26mas também
21:27ela é vítima, né,
21:29desse fenômeno,
21:32né, e dessa,
21:34desse momento
21:35de urgência climática.
21:36então, acho que
21:37esses dois pontos
21:39criam essa potência,
21:41né, de olhar
21:43para a Amazônia
21:44como algo realmente
21:45relevante
21:47e importante
21:48para o brasileiro
21:49e eu acho
21:50que para o mundo todo.
21:54Eu lembro de uma
21:55entrevista sua recente
21:56em que você diz
21:57aqui na Amazônia
21:57a gente não pode falar
21:58nem muito em crise climática,
21:59talvez seja uma
22:00tragédia climática mesmo.
22:02Como isso se manifesta
22:03e o que você percebe
22:04aí na fonte?
22:05Olha, até vou te falar
22:07que esse ano
22:08a gente está, assim,
22:09agradecendo, né,
22:10porque ano passado
22:11foi muito difícil,
22:13muito mesmo,
22:14e esse ano
22:15teve menos, né,
22:17queimadas e fogo
22:19e calor,
22:19a gente está no auge
22:20do verão.
22:21Eu moro em Rio Branco
22:22e Rio Branco
22:23é o lugar que tem
22:24um dos maiores
22:25hotspots de fauna
22:27de pássaros
22:28da Amazônia.
22:31E não sei nem explicar
22:33porquê,
22:34ainda vou entender
22:36isso melhor,
22:37mas eu sei que
22:38é uma diversidade,
22:39realmente,
22:39tem clubes de observadores
22:41de aves aqui,
22:43tem épocas do ano
22:45que a gente não escuta
22:46nem os passarinhos
22:46cantarem, sabe?
22:47É uma coisa bem triste,
22:49é fogo,
22:50é fumaça,
22:51é doença,
22:52é angústia,
22:55e é um crescente, né,
22:57a gente vem vendo,
22:58quer dizer,
22:59a gente está vendo isso,
23:00né,
23:01um avanço desse modelo
23:03é muito preocupante,
23:06reconhecendo que esse ano,
23:07graças a Deus,
23:09e aos seres
23:11que protegem essa floresta,
23:13porque eu não acho
23:14que isso seja
23:14uma maior consciência,
23:16é claro que temos
23:17maior comando, controle,
23:18méritos da nossa,
23:20né,
23:20da gestão,
23:21da ministra Marina Silva
23:22e dos órgãos, né,
23:23ICMBio, IBAMA,
23:25Polícia Federal,
23:26que tem atuado
23:28de forma responsável, né,
23:31para,
23:31aqui também,
23:32o governo do Acre
23:33tem uma gestão
23:34na Secretaria de Meio Ambiente
23:36que é uma turma
23:37bem responsável,
23:39então a gente vê
23:40avanços de comando e controle
23:42e eles são efetivos
23:44e é isso que precisa acontecer,
23:45mas, obviamente,
23:46a gente não vai passar sempre,
23:48é, é,
23:49o que precisa mudar
23:51é o, o, o, o incentivo, né,
23:55o que fazer com a floresta, né,
23:57o que produzir,
23:59o que fazer,
24:00o que,
24:00como viver na floresta
24:02e fora dela
24:03para a gente fazer mudanças
24:04é, sistêmicas e estruturantes
24:08e não estar sempre
24:09é, fazer,
24:10tomando medidas de,
24:12é, é, é,
24:13é, policiamento
24:15ou reversão
24:16de algo que já aconteceu
24:17ou que pode acontecer
24:19caso essas,
24:20esse sistema de,
24:22de, é, controle
24:23deixe de acontecer,
24:25acho que as mudanças
24:25têm que ser mais estruturantes.
24:28Enfim, então, assim,
24:29o dia a dia, né,
24:30dessa Amazônia,
24:32é, a gente
24:33vivenciar, né,
24:35essa,
24:36essa destruição
24:39é um processo
24:41é, muito triste,
24:43muito impactante,
24:44mas não é
24:45só isso que está acontecendo
24:47e eu gosto sempre
24:49de contrapor isso
24:50com, é,
24:52experiências que, é,
24:55eu vejo acontecer
24:57de resgate,
24:58de força
24:59e de conquistas
25:01muito importantes
25:03dos povos tradicionais
25:05e das comunidades tradicionais
25:06e dos quilombolas
25:08nessas últimas décadas.
25:10eu acho que a gente
25:11tem avanços
25:13importantes
25:13que devem ser
25:15celebrados, né,
25:17para que a gente
25:17possa realmente
25:19encontrar
25:19saídas, né,
25:21porque,
25:22de fato,
25:23é,
25:25se a gente passar,
25:26né,
25:26desse ponto
25:27de não retorno,
25:28é como já disse,
25:30não tem retorno
25:31e a gente,
25:32e as perdas são,
25:33a gente não pode
25:34nem avaliar,
25:35eu acho, né,
25:36quais são
25:37as medidas
25:38e as proporções
25:40dessas perdas.
25:45A gente está falando
25:46mais de sociobiodiversidade,
25:47do quanto a floresta
25:48tem para oferecer
25:49para o mundo,
25:50mas você já está
25:51há muito tempo
25:51fazendo esse trabalho
25:53de formiguinha
25:54de mostrar
25:54que a floresta
25:56tem muito para dar,
25:57tem muito para oferecer
25:58para a sociedade
25:58na forma de produtos,
25:59de serviços,
26:00dentro de uma lógica
26:01saudável, né,
26:02regenerativa.
26:03Bia, conta para a gente
26:04qual foi a primeira
26:05experiência na Amazônia
26:06que você teve
26:07ligada a isso,
26:09qual foi esse seu
26:10primeiro clique
26:10de assim,
26:11tá, eu vou trabalhar
26:12com isso
26:12e tem muita coisa
26:13aqui para a gente
26:13fazer de legal.
26:14Eu vim trazer
26:15a minha contribuição,
26:16eu me coloquei
26:17a serviço da floresta,
26:19eu sabia fazer moda,
26:22né, e eu,
26:24como contei,
26:25quando o Chico
26:26foi assassinado,
26:27esse foi o meu chamado,
26:28né, eu vi que eu não ia
26:30salvar a Amazônia
26:32de Ipanema,
26:33eu digo salvar
26:34porque naquele tempo
26:35eu achava que eu podia
26:36pelo menos contribuir
26:38para salvar a Amazônia,
26:40eu hoje acho que a gente,
26:42tendo um olhar
26:43de que a gente se salva
26:44quando a gente vem
26:45para a floresta
26:47ou, né,
26:48a gente se envolve
26:49com ela
26:50e a gente respeita ela,
26:51eu acho que tem um,
26:52um,
26:53um,
26:53o benefício é muito
26:54mais nosso,
26:56né,
26:56é um reconhecimento
26:57de uma,
26:58uma,
26:59um pouco mais humilde,
27:01digamos, né,
27:01para a gente se salvar
27:03e salvar
27:04a nossa visão de mundo,
27:06a nossa,
27:07para que isso esteja
27:08mais de acordo
27:10e alinhado
27:10com essa força
27:11muito poderosa.
27:13Então,
27:13quando eu vim fazer
27:14a minha primeira pesquisa
27:16de produtos
27:17para o ecomercado,
27:18o ecomercado
27:19nasceu em 91,
27:20eu voltando
27:21dessa experiência
27:22da Amazônia,
27:23quando eu disse
27:23que eu queria sair da moda,
27:25eu vi que
27:26era o que eu sabia fazer,
27:29né,
27:29então eu vim
27:30saber o que que os seringueiros
27:32produziam naquele tempo
27:33por causa do Chico,
27:35eles tinham
27:35um artesanato tradicional
27:37dos seringueiros
27:37que é,
27:38eles davam banhos de látex
27:41em sacos,
27:42aquilo que chamavam
27:43saco encauchado,
27:44um artesanato tradicional
27:46dos seringueiros da Amazônia,
27:47e eu comecei
27:48um trabalho de adequação
27:49dessa matéria-prima
27:50para a indústria da moda.
27:52Então,
27:53é uma indústria
27:54que tem
27:55uma capacidade
27:57de agregar valor,
27:58de trazer,
28:00de entrar em nichos
28:03de mercado
28:04que são
28:04muito mais
28:06oportunos,
28:08para um produto
28:11diferenciado
28:12do que um pneu,
28:13o uso da borracha
28:15como ele era
28:16antes dessa,
28:17e ainda é,
28:19mas, enfim,
28:20foi um trabalho
28:20de adequação
28:21de um artesanato
28:22tradicional
28:23do seringueiro
28:23da Amazônia
28:24para a indústria da moda.
28:25Então,
28:26criamos uma linha
28:27de produtos,
28:28lançamos,
28:29vendemos,
28:29tivemos clientes
28:30como a empresa
28:31francesa
28:32Hermès Celiê,
28:34tivemos,
28:35enfim,
28:35Patagônia,
28:36Ralph Lauren,
28:37enfim,
28:37é uma trajetória bonita,
28:38tem um livro escrito
28:39sobre ela
28:40que se chama
28:41Amazônia e Vigésimo Andar,
28:42Amazônia e Vigésimo Andar.
28:44E depois,
28:45quer dizer,
28:46eu comecei,
28:48a partir dessa experiência,
28:50a ser uma militante
28:53e uma trabalhadora
28:56e uma militante
28:57dessa economia da floresta,
29:02como você disse.
29:03Então,
29:03muito depois,
29:05eu me formei
29:06em economia,
29:08eu sou economista hoje,
29:09me formei aqui
29:10na Universidade Federal do Acre,
29:12e venho trabalhando
29:14para pensar
29:16alternativas econômicas
29:18para comunidades
29:20e recursos
29:22desses territórios
29:24de uso coletivo
29:25na Amazônia.
29:26Trabalhei também
29:27numa empresa francesa
29:30que faz tênis
29:31no Brasil,
29:32a Veja,
29:34que produz
29:34e vende tênis
29:38com borracha,
29:39novamente,
29:40a borracha nativa
29:42dos seringais
29:43aqui do Acre
29:44e de outros estados
29:45da Amazônia.
29:46Fui eu que organizei
29:48toda a cadeia produtiva
29:49da Veja.
29:50Também trabalho
29:51com as mulheres
29:52Iauanauá,
29:53que elas têm uma parceria
29:54que eu acompanho.
29:56Eu fui convidada
29:56pelas mulheres Iauanauá
29:58em 2014
29:59para ajudá-las
30:03a organizar
30:04a cadeia produtiva
30:05do artesanato de miçanga,
30:06essas pulseiras
30:10que usam
30:13toda a riqueza
30:17de desenhos,
30:19de símbolos,
30:19de cores
30:20e da magia
30:22das mulheres
30:23e da cultura Iauanauá.
30:25E aí,
30:26a partir de 2017,
30:27criamos uma parceria
30:28com a Farm,
30:30que dura até hoje,
30:31então é um trabalho bonito,
30:33longevo.
30:34e tem muitas outras coisas.
30:38Quais são as premissas
30:40para se estabelecer
30:41uma relação com a floresta
30:42e uma relação com esses povos
30:44e essas comunidades
30:45que seja saudável,
30:46que seja de parceria
30:47e que não seja meramente
30:48extrativista,
30:49predatória?
30:50Eu acho que o principal,
30:53Vitor,
30:53é a gente estar
30:54novamente
30:55pensando
30:57na escuta,
31:00estar a serviço
31:02e escutar.
31:05Eu acho que precisa ter presença,
31:08diálogo,
31:10tempo,
31:12eu acho que são fatores
31:15bem importantes
31:17e, a partir disso,
31:20ir construindo
31:21relações
31:22de confiança
31:23dentro
31:25de uma lógica
31:27onde você
31:28reconhece
31:29diferenças
31:30e acredita
31:32que isso possa ser,
31:34essas diferenças
31:35podem ser
31:36complementares,
31:38cada um
31:39trazendo
31:39as suas potências
31:41e as suas propostas
31:42e as suas
31:43saberes,
31:45as relações
31:48comerciais
31:48e as relações
31:49produtivas,
31:50elas têm
31:52que partir
31:53desse princípio
31:53da troca
31:54e de que
31:55eu ganho,
31:56você ganha
31:57e a gente ganha
31:58junto
31:58e a gente avança
31:59e a gente
32:00coopera
32:01para ir
32:02para um
32:02estágio
32:03que traz
32:06benefícios
32:06para todos.
32:08Eu vejo
32:08que a gente
32:09tem essa
32:09bioeconomia
32:10que todo mundo
32:11fala muito
32:11hoje,
32:12e o meu
32:13recorte
32:14é a sócio
32:15bioeconomia,
32:15essa
32:16bioeconomia
32:18feita
32:19pelas comunidades,
32:21essa é a minha
32:21área de interesse
32:22e é dela
32:22que eu posso
32:23falar,
32:24ela tem
32:25características
32:27que ela
32:28não vai perder,
32:30a gente vai
32:30estar sempre
32:31lidando com
32:32desafios
32:32de logística,
32:34de escala,
32:36de preço,
32:38então,
32:38tentar
32:39reverter isso
32:42de alguma
32:43maneira,
32:43tentar resolver
32:44isso,
32:46eu acho
32:47que é
32:48um esforço
32:49meio
32:50em vão,
32:52eu acho
32:52que a gente
32:53tem que
32:53aprender a lidar
32:54com esses
32:55limites,
32:56com essas
32:56características
32:57e avançar
32:58a partir disso.
32:59dentre
33:01dessas
33:01oportunidades
33:03que eu
33:03enxergo
33:04com
33:04essa
33:07sociobioconomia
33:09e eu tenho
33:09falado também
33:10que a gente
33:11tem que avançar
33:12no conceito
33:13de cadeias
33:14produtivas
33:15lineares
33:16para
33:17redes
33:19de produção
33:20onde a gente
33:21tem processos
33:22descentralizados,
33:23sistêmicos
33:24e que envolvem
33:24muitas pessoas,
33:25muitas redes,
33:27muitos atores,
33:28muitos agentes
33:29e recursos
33:31e territórios,
33:32enfim,
33:34então,
33:34acho que
33:34essa mudança
33:36de visão,
33:38a gente
33:38precisa
33:39incorporar
33:40o valor,
33:42reconhecer,
33:44valorizar
33:45e remunerar
33:46os serviços
33:47associados
33:48a esses
33:48produtos,
33:49a essa
33:50forma de
33:51produzir,
33:52então,
33:52a gente
33:53estabeleceu
33:53com a Veja
33:54uma experiência
33:55muito inovadora
33:56que é o pagamento
33:57com serviços
33:58socioambientais
33:59além do
34:00pagamento
34:01do produto
34:02que é diferente
34:02de você ter
34:03um preço
34:04premium
34:04para um produto.
34:06Isso também
34:06é importante,
34:07você tem
34:08o produto
34:08que ele
34:09é pago
34:11com o preço
34:12justo,
34:13com o preço
34:14que ele
34:15de acordo
34:16com os seus
34:17custos
34:17de produção
34:18e seus valores
34:19agregados,
34:20mas também
34:21os serviços
34:22ambientais
34:24e sociais
34:25que estão
34:26associados
34:28ao modo
34:28de produzir
34:29e aonde
34:30esse produto
34:30está sendo
34:31produzido
34:33e esses serviços
34:34estão sendo
34:35gerados
34:36e providos.
34:37Então,
34:37acho que
34:37isso é um ponto
34:37super importante
34:38e o outro
34:40importante,
34:42a gente
34:42também
34:42pensar,
34:44acho que
34:44a gente
34:45está nessa
34:45era
34:45dessa tecnologia
34:47disso tudo,
34:48dessa economia
34:49criativa
34:50da floresta.
34:51Estou
34:52militando
34:53agora,
34:54esse é
34:54o meu esforço
34:56agora,
34:57de a gente
34:57pensar
34:57como
34:58a gente
34:58pode
34:59incentivar,
35:00como
35:00a gente
35:01pode
35:01promover
35:03essa
35:04economia
35:05criativa
35:05dos povos
35:06da floresta,
35:07essa economia
35:08autoral,
35:10essa economia
35:10da cultura,
35:11que é uma
35:11economia
35:12terene,
35:14que não precisa
35:14de ponte,
35:15que não precisa
35:16de estrada,
35:17ela precisa
35:17de conectividade,
35:19ela precisa
35:19de fortalecimento
35:20da cultura,
35:22ela precisa
35:22de territórios
35:23vivos,
35:23ela precisa
35:24da juventude
35:25e ela nos seus
35:26muitos espectros,
35:28desde a culinária,
35:29turismo
35:30ecológico,
35:33turismo étnico,
35:35a música,
35:36o canto,
35:39a música
35:40e o audiovisual,
35:43a gente está
35:43vendo muitos
35:44filmes
35:45incríveis
35:46sendo produzidos
35:47na floresta,
35:48com a floresta,
35:50a moda
35:50super bacana,
35:52pulsante,
35:53inspirando
35:54e agora
35:54vindo da floresta,
35:56a gente tem
35:57estilistas indígenas
35:59incríveis
35:59despontando
36:00no cenário,
36:02então,
36:02eu vejo que a gente
36:03tem uma oportunidade
36:04por conta
36:06dessa nova geração,
36:10tanto de ferramentas
36:12quanto de
36:13atores,
36:16agentes
36:17e interesse
36:18pela floresta
36:19de também
36:19fazer prosperar
36:21essa economia criativa
36:22que eu vejo
36:23muito promissora
36:24para trazer
36:25oportunidades
36:26para os territórios
36:28e também
36:29para os centros
36:30urbanos
36:31e comunidades
36:32urbanas.
36:38Quais são as dicas
36:39que você dá
36:39de leitura,
36:40de pesquisa,
36:42de relacionamento
36:42para as pessoas
36:44conseguirem se aproximar?
36:45Me espanta, né,
36:46Bia?
36:46Inclusive,
36:46a gente tem muitas pessoas
36:47do Brasil
36:47que nunca pisaram
36:48no território
36:49da Amazônia,
36:50né,
36:51então,
36:51é,
36:52ao mesmo tempo
36:53que é algo
36:53que é muito presente
36:54na nossa cultura,
36:55no nosso imaginário,
36:56ao mesmo tempo
36:57também é uma coisa
36:57relativamente distante.
36:59Quais são as pontes
37:00que você sugere
37:01para as pessoas
37:01estabelecerem,
37:02mesmo quando estão longe?
37:03Abra o seu coração,
37:05né,
37:05e procure,
37:06né,
37:07por esse canal,
37:11né,
37:11do coração
37:12se aproximar.
37:15Eu vou sugerir,
37:17é,
37:18claro,
37:18quem puder vir,
37:20né,
37:20não precisa vir morar,
37:21não precisa mudar de vida,
37:23basta,
37:24né,
37:24escolher,
37:25né,
37:25agora a gente está vendo aí
37:27os Estados Unidos,
37:29tão difícil,
37:30né,
37:30para você visitar
37:31os Estados Unidos,
37:32deixa eu ir para Nova York,
37:34vem para a floresta,
37:35né,
37:35vem conhecer a Amazônia.
37:37Isso é,
37:38obviamente,
37:39a melhor forma
37:40de você se aproximar,
37:41a Amazônia é enorme,
37:42tem muitos lugares
37:43maravilhosos,
37:45desde cidades,
37:47florestas,
37:48hotéis e praias,
37:51enfim,
37:51coisas belíssimas,
37:52agora a gente vai ter
37:53a Copa em Belém aí,
37:55que vai trazer aí
37:56uma exposição muito grande
37:57dessa riqueza
37:59da floresta
37:59para o mundo.
38:01Temos
38:02algumas iniciativas,
38:05né,
38:05que são super importantes,
38:06que têm
38:07informação,
38:08né,
38:09valiosa
38:10e de qualidade
38:10sobre a Amazônia.
38:14Eu sugiro
38:14o Selvagem
38:16Ciclo de Estudos
38:17sobre a Amazônia.
38:19Maravilhoso.
38:19É um canal,
38:20é maravilhoso,
38:22né,
38:22uma iniciativa
38:23da Dantes Editora,
38:24da Ana Dantes,
38:26com o Ailton Krenak,
38:28e que tem aí
38:29um acervo,
38:31né,
38:31lindíssimo,
38:32belíssimo,
38:33então tem o canal deles
38:34no YouTube,
38:36nas redes sociais,
38:37o site, né,
38:39Selvagem Ciclo,
38:41que tem ali
38:43uma riqueza
38:43de conteúdo
38:45disponível,
38:46gratuito,
38:48e muito bacana,
38:50de muito poder
38:51para quem tiver
38:52interesse
38:53nessa,
38:54dessa união
38:59da ciência,
39:00né,
39:01da ciência
39:01fina mesmo,
39:03da ciência
39:04melhor
39:05qualidade
39:07de ciência,
39:08tanto
39:09dessa ciência
39:10ocidental
39:11quanto
39:11a mais fina
39:14ciência
39:15ancestral,
39:16indígena,
39:16quilombola
39:17e dos
39:19povos
39:20da floresta,
39:21então isso é uma riqueza.
39:23E temos
39:24informações de qualidade,
39:27né,
39:27pelo
39:28Instituto Talanoa,
39:30Política por Inteiro,
39:32Infoamazônia,
39:34MapBiomas,
39:35uma consertação
39:36pela Amazônia,
39:36que também é um ambiente,
39:38eu sou colaboradora
39:40da uma consertação
39:41pela Amazônia,
39:42tem também
39:42o site,
39:43muitos estudos
39:45disponíveis,
39:46então acho que
39:47por aqui fico,
39:49acho que só
39:49essas
39:50essas
39:51já tem
39:51inflição de casa,
39:52já são
39:53estudos
39:55
39:55para muito
39:56tempo.
40:00E Bia,
40:01para fechar,
40:02a gente gosta
40:03de fazer com todos
40:04os nossos convidados
40:05aqui no podcast
40:05Futuro Vivo
40:06um ping-pong,
40:07aquelas perguntas
40:07clássicas que eu vou
40:08te pedir para não
40:09passar muito por filtro,
40:11papo assim,
40:12dizer o que vem
40:13no coração na hora.
40:15O que é vida
40:15para você,
40:16Bia?
40:16Amor.
40:17O que é a Amazônia
40:18para você?
40:19Paixão.
40:19O que que te dá medo?
40:21A burrice.
40:23E esperança?
40:24A floresta.
40:25Se você pudesse citar
40:26um ato da humanidade
40:28de todos os tempos
40:29que te orgulha,
40:32qual é?
40:33Eu sou muito orgulhosa
40:34da humanidade.
40:36Eu acho que a gente
40:37tem feito muita burrice,
40:39muita bobagem,
40:41mas eu acho que
40:42o ser humano
40:43é autenticamente bom.
40:45Na minha experiência
40:46enquanto ser humano
40:48que me orgulha
40:49são os meus filhos,
40:54é a minha relação
40:56com os meus filhos,
40:57a minha relação
40:58com a minha comunidade.
41:01Eu acho que eu tenho
41:03orgulho de ter feito
41:04as escolhas que eu fiz
41:05e de estar a serviço
41:09dessa floresta.
41:12tão...
41:14Isso aí é uma boa resposta.
41:15Talvez dê orgulho
41:16na humanidade
41:17que apesar dos pesares
41:18a gente continua
41:19tendo filhos
41:20e acreditando
41:20que eles podem
41:21melhorar os caminhos.
41:23E do outro lado, Bia,
41:25o que te vem à mente
41:26quando você pensa
41:27num ato da humanidade
41:28que te envergonha?
41:29Alguma coisa
41:30que você pensa,
41:31caramba,
41:31como a gente foi capaz
41:32de fazer isso?
41:34Minha experiência
41:34quando eu cheguei
41:35em Machu Picchu,
41:37que é uma Amazônia
41:38aqui vizinha,
41:38que eu vi aquela
41:42cidade tão potente,
41:45aquele lugar tão
41:46impressionante,
41:49vazio.
41:51Aí eu trouxe
41:52essa também,
41:53a gente estava falando
41:54dessa nova arqueologia
41:56da Amazônia
41:56que revelou.
41:58Isso me entristece muito
41:59da gente pensar
42:00que a gente já foi capaz
42:01de ter
42:03tanta riqueza,
42:07tanto conhecimento
42:09e de estar apagando
42:10aos poucos
42:11esse conhecimento.
42:14Então, isso me entristece
42:15e me envergonha.
42:17E eu quero muito
42:19que a gente seja capaz
42:21de fazer o ponto
42:26do retorno,
42:28a gente voltar
42:31e reconhecer
42:33que a gente tem aí
42:34um legado
42:37que a gente
42:38precisa conhecer.
42:39E para terminar
42:40o nosso pingue-pongue,
42:41Bia,
42:42essa aqui talvez
42:42seja a pergunta
42:43mais intrigante.
42:46Se você pudesse
42:46escolher uma só
42:47pessoa viva
42:49ou morta
42:50para jantar,
42:51qual seria?
42:52O Chico.
42:54Imaginei que seria
42:54a sua resposta.
42:57Então,
42:58é óbvio,
42:59mas é verdade.
43:00Eu não tive
43:01essa oportunidade,
43:03ele foi uma pessoa
43:04que teve tanto impacto
43:05na minha vida,
43:06mas eu nunca tive
43:07oportunidade de conversar
43:08com ele.
43:09É, e eu acho
43:10que ele ficaria
43:11muito orgulhoso
43:12de ouvir tudo
43:13que você construiu
43:13nesses anos.
43:14Eu aproveito
43:15esse gancho
43:15para fechar
43:16o nosso papo.
43:17É um prazer
43:18para a gente
43:18ter te ouvido
43:19e obrigado, Bia.
43:21Espero que tenha sido
43:22uma conversa gostosa
43:23para você também.
43:24Obrigada, Vitor.
43:25Obrigada a todos
43:26da técnica,
43:27de todo mundo
43:28que deu suporte
43:28para isso acontecer.
43:30E vamos em frente.
43:31boa Amazônia
43:33para todos.
43:34Boa Amazônia.
43:39O poema
43:39O Fim Que Se Aproxima
43:40do escritor Manoara
43:42Milton Ratum
43:42começa com o verso
43:44Amazonas,
43:45mito grego
43:46menos antigo
43:47que os mitos
43:47da Amazônia.
43:49Brincando com as palavras,
43:50ele nos lembra
43:51do quão sábia
43:51e anciã
43:52é a floresta amazônica,
43:54muito mais antiga
43:55do que os nossos
43:55imaginários eurocêntricos
43:56mais comuns
43:57de antiguidade.
43:58Em tempos de profundas
43:59crises causadas
44:00pela ação humana
44:01no planeta,
44:02um caminho promissor
44:03é escutar
44:04o que as nossas
44:04origens mais profundas
44:05têm a dizer.
44:07A Bia Saldanha,
44:07nossa convidada de hoje,
44:08ouviu esse chamado
44:09da floresta
44:10e nos inspira
44:11a, presentes
44:12fisicamente ou não,
44:14aprendermos
44:14e nos aproximarmos
44:15mais da Amazônia
44:16e das florestas
44:17nas nossas escolhas
44:18e atitudes.
44:19Agradeço a companhia
44:20de vocês,
44:21lembrando que
44:21o podcast Futuro Vivo
44:22está disponível
44:23no Portal Terra,
44:24no canal da Vivo
44:25no YouTube
44:25e nas principais
44:26plataformas de áudio.
44:27Até a próxima!
Seja a primeira pessoa a comentar
Adicionar seu comentário

Recomendado