O presidente americano Donald Trump pediu à Suprema Corte dos Estados Unidos que mantenha as tarifas globais. O pedido aconteceu após o tribunal considerar as sobretaxas ilegais. O editor de internacional Fabrizio Neitzke detalha o assunto. Acompanhe a análise de Thulio Nassa e Luana Tavares.
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00:00O presidente americano Donald Trump pediu à Suprema Corte dos Estados Unidos que mantenha as tarifas globais.
00:07Esse assunto é novamente para o Fabrício Neitzke, que vai entrar com a gente agora direto da redação.
00:13Fabrício, por que ele fez esse pedido? O que tem por trás? Porque Donald Trump não dá ponto sem nó, né?
00:20Márcia, a gente lembra que na semana passada o Tribunal de Apelações de Washington decidiu que as tarifas de Donald Trump aplicadas lá em abril eram ilegais,
00:28mas tinha dado para ele um prazo até 14 de outubro para entrar com recurso na Suprema Corte dos Estados Unidos.
00:34Suprema Corte, a gente lembra, de maioria republicana, né?
00:37Foi indicar, a maior parte dos juízes foram indicados por presidentes republicanos, George W. Bush e também Donald Trump no primeiro mandato.
00:46E aí ele tem uma preocupação muito grande para que essa questão seja analisada rapidamente,
00:52porque os Estados Unidos podem perder muito dinheiro envolvendo esse ponto.
00:57Ano passado, 2024, o último ano do governo Biden, a tarifa média nos Estados Unidos, Márcia, era de 2,5%.
01:05Com a chegada de Donald Trump, o tarifácio que ele promoveu, a tarifa média nos Estados Unidos pulou para 16%.
01:12E há um temor, ainda mais diante dos acordos comerciais que foram firmados com países, blocos como a União Europeia, por exemplo,
01:20que caso as tarifas sejam declaradas ilegais, até mesmo pela Suprema Corte, ele tenha que suspender isso tudo,
01:28que os Estados Unidos precisem reembolsar os países que foram afetados,
01:33e aí o governo americano ia perder bilhões e bilhões de dólares, ia ser uma conta muito grande para a Casa Branca pagar.
01:39E o presidente Donald Trump tem, pelo menos oficialmente, um discurso de aperto das contas, um discurso de austeridade.
01:46A gente lembra do Departamento de Eficiência Governamental, o DOJ, que era chefiado por Elon Musk.
01:52Então, para ele, isso não é nem um pouco interessante para os cofres públicos, também não é interessante,
01:57ainda que a queda das tarifas possa proporcionar uma retomada do comércio internacional.
02:02Isso é um outro aspecto.
02:03Falando internamente para Donald Trump, para a Casa Branca, não interessa nem um pouco.
02:07Por isso, essa necessidade de correr com esse julgamento na Suprema Corte,
02:13tinha o prazo até o dia 14, entrou oficialmente com recurso hoje,
02:17mas os juízes ainda têm que decidir se vão analisar ou não.
02:20Então, tudo pode ser um pouquinho lento para saber se a gente vai ter essa resposta até o final de 2025.
02:27A gente lembra, Márcia, rapidamente, que Donald Trump declarou as tarifas
02:32invocando a chamada Lei de Poderes Econômicos de Emergência Internacional.
02:35E o Tribunal de Apelações concluiu que, embora a lei exista, de fato,
02:41não cabe ao presidente dos Estados Unidos aplicar tarifas e impostos para países estrangeiros.
02:47Essa é uma atividade que compete única e exclusivamente ao Congresso.
02:51Então, talvez, Donald Trump tente fazer esse julgamento o quanto antes,
02:54para, se não der certo, tentar passar as tarifas no Congresso,
02:57a ver se o Congresso vai topar isso também.
03:00Fabrício, antes da gente passar para os nossos comentaristas, me tira uma dúvida.
03:03Como é que funciona na Suprema Corte essa situação?
03:07O Trump vai, recorre, eles têm um tempo para julgar,
03:11e aí depois ainda tem mais uma instância?
03:13Só para o nosso telespectador entender.
03:15A Suprema Corte é a última instância.
03:17Já é a última?
03:17É, mas, de fato, eles têm um tempo ali, limite,
03:20para receber o recurso, para analisar se vão julgar ou não,
03:24e aí sim partir para o julgamento.
03:26A questão é que, se o julgamento for feito só em 2026,
03:30as tarifas ficam um pouco indecisas nesse momento.
03:33Por enquanto, elas continuam válidas.
03:34O Tribunal de Apelações permitiu que elas continuem válidas
03:38até que seja julgado pela última instância,
03:40que é, de fato, a Suprema Corte.
03:43Mas, se o tempo passar e a Suprema Corte decidir contra os Estados Unidos,
03:48o preço dessa multa que a gente estava falando,
03:51que os Estados Unidos podem ser obrigados a pagar a outros países,
03:54ele aumenta.
03:54Conforme o tempo vai passando e as tarifas vão sendo aplicadas,
03:57isso vai aumentar como se fosse uma espécie de juros,
04:00vamos dizer assim, que os Estados Unidos teriam que pagar para esses outros países.
04:03O Brasil incluso, né?
04:05E existe uma chance da Suprema Corte ir contra o presidente?
04:09Ele lá dentro tem maioria republicana?
04:11Como é que funciona?
04:12Existe uma chance, sim, Márcia.
04:14Embora a maioria dos juízes tenham sido indicados por presidentes republicanos,
04:18como eu falei, o próprio Trump e George W. Bush,
04:20no governo Biden, por exemplo,
04:24o governo Biden decidiu, o presidente Joe Biden,
04:26através de uma ordem executiva,
04:28a perdoar o débito estudantil de milhões de estudantes universitários lá nos Estados Unidos.
04:34Quando isso chegou na Suprema Corte, a Suprema Corte falou,
04:36não, não, não é o presidente que decide isso,
04:39é o Congresso.
04:40E vetou a lei, vetou a ordem executiva,
04:43e o assunto foi no Congresso e lá ele está parado no Congresso até hoje.
04:46O débito não foi cancelado desses estudantes.
04:49Outros casos também do governo Biden,
04:51emissão de gás de carbono das empresas,
04:54enfim, uma série de questões onde a lei é clara
04:56que a competência da decisão é do Congresso
04:59e o presidente acaba assinando uma ordem executiva,
05:02geralmente esses casos são rejeitados pela Suprema Corte.
05:07A Suprema Corte devolve o assunto para o Congresso
05:09e derruba a ordem executiva.
05:12Pode ser que isso aconteça, sim.
05:13Não é uma certeza, só o tempo vai dizer de fato o que vai acontecer.
05:16Obrigada, Fabrizio Naitz, que pelas suas informações.
05:21Agora eu chamo os comentaristas para analisar isso aqui.
05:24A Luana Tavares e o Túlio Nassa.
05:26Começando pelo Túlio.
05:28Túlio, quando a gente vê toda essa manobra mundial
05:32feita por Donald Trump, um protecionismo,
05:35até uma chantagem econômica muito forte,
05:38se isso chega na Suprema Corte e dá realmente esse golpe,
05:42ia ser realmente uma história e tanto para o mundo contar depois.
05:47Olha, Márcia, realmente eu acredito que os liberalistas,
05:52os found fathers americanos devem estar se revirando no túmulo,
05:55porque o que Donald Trump vem fazendo não é nada que seja liberalismo.
06:01Então, agora tem uma outra camada nessa história,
06:04que é a questão jurídica, Márcia.
06:06Aí Donald Trump pode invocar uma chamada emergência comercial.
06:10Os Estados Unidos, nas últimas décadas, se desindustrializou.
06:13E o que gerou hoje uma balança comercial gigantescamente contra os Estados Unidos.
06:19São trilhões de dólares de déficit nessa balança comercial.
06:22Então, essas medidas, essas tarifas, elas vêm sendo pautadas,
06:26segundo a ótica de Donald Trump,
06:28por uma retomada da industrialização norte-americana
06:30e, portanto, teria aí um motivo de emergência comercial.
06:34Esse motivo de emergência comercial é que faria o recurso dele
06:37ser favorável no Supremo Tribunal Federal.
06:40Evidente que é uma matéria que vai comportar interpretação jurídica.
06:44E aí as questões políticas, as questões de geoeconomia,
06:48geopolíticas, influenciam bastante.
06:50Os últimos julgamentos, a Suprema Corte foi a favor de Donald Trump.
06:54Parece que vai seguir essa linha.
06:57É, até porque, Luana Tavares, é difícil, nesse momento,
07:00ir contra, com todo o poder que Trump está exercendo,
07:03até em órgãos como o FED, como a gente tem visto aqui,
07:06ele está batendo de frente muito forte,
07:09uma espécie até de intimidação contra quem vai contra ele.
07:14Exatamente, Márcia.
07:15Acho que os Estados Unidos estão passando por um período de provação muito grande
07:18as suas instituições, os seus legisladores,
07:22acompanhando as estratégias e as atuações autoritárias de Donald Trump.
07:28desde o início da sua legislatura, desse mandato, desculpe, novo,
07:33ele vem imputando ali medidas que não passaram
07:38por praticamente nenhum tipo de acordo ou de diálogo interno.
07:42Foram medidas que foram planejadas,
07:44muito bem planejadas para essa retomada dele no poder,
07:48e que foram implementadas ali por atos diretos e autoritários
07:53emitidos por ele e o seu grupo mais nuclear.
07:56Então, é uma tendência que essas medidas comecem a ser questionadas
08:00pela Suprema Corte, pelos órgãos judiciais dos Estados Unidos
08:07e também que comece a reacomodar as análises e impactos econômicos
08:12dessas medidas, como o Túlio colocou.
08:15Aqui no Brasil, por exemplo, ainda que as tarifas sejam retomadas
08:19para o patamar anterior, a gente já teve impactos diretos na nossa economia,
08:24mas também acabou gerando, né, Márcia, uma saída da zona de conforto.
08:30A gente sempre tem a oportunidade de olhar uma crise como uma oportunidade.
08:35Então, nesse caso, acho que o Brasil tomou realmente um chacoalhão
08:38para reduzir a sua dependência, sendo um dos países que geram superávit
08:43na relação com os Estados Unidos, como poucos países do mundo.
08:47Cerca de cinco países apenas têm essa relação positiva
08:50em relação à exportação e às transações comerciais com os Estados Unidos.
08:55Então, eles apostaram alto também do lado deles.
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