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  • há 7 semanas
Transcrição
00:00E nos Estados Unidos, vejam só, um embrião ficou congelado por décadas e agora esse bebê acabou de nascer.
00:09O caso gerou bastante repercussão, afinal, estamos falando de um recorde.
00:16Vamos conferir os detalhes na reportagem.
00:22O congelamento de embriões é um método bastante usado durante tratamentos de reprodução assistida,
00:29como a fertilização in vitro.
00:31Ele permite tentativas futuras de gravidez, possibilitando um planejamento familiar.
00:36Sabe-se que esse armazenamento pode durar anos, mas um caso registrado nos Estados Unidos surpreendeu até mesmo os cientistas.
00:44Um bebê nasceu de um embrião que ficou congelado por mais de três décadas.
00:50Vamos contar essa história do começo.
00:51Linda Archard, hoje com 62 anos, resolveu congelar seu embrião em 1994.
00:59A ideia era engravidar mais tarde, mas ela acabou se separando do marido e abandonou os planos.
01:05Como não quis destruir os embriões, decidiu doá-los.
01:08Essa escolha, no entanto, levou anos.
01:11Ela acabou escolhendo o casal Lindsay e Tim Peirce.
01:14Exatamente 31 anos depois, em 26 de julho, nasceu o bebê Taddeus Daniel Peirce.
01:21Em entrevista ao MIT Technology Review, a mãe contou que a história parecia algo saído de um filme de ficção científica.
01:29Ainda disse que tentou engravidar por sete anos e que não se importava com a idade do embrião.
01:34A grande vontade de ter um filho levou o casal a realizar o procedimento na clínica de fertilização in vitro no Tennessee, nos Estados Unidos.
01:42Não houve nenhum tipo de problema e o pequeno Taddeus nasceu saudável.
01:47O caso entrou para a história como o embrião que passou mais tempo congelado, pelo menos que se tem notícia.
01:54O recorde anterior era de um par de gêmeos nascidos em 2022.
01:58Naquela oportunidade, os embriões ficaram armazenados por duas décadas.
02:06E vamos repercutir esse caso aqui no Olhar Digital News.
02:11Para isso, vamos receber ao vivo o doutor Renato Fraieta, que é especialista em reprodução humana da Clínica Paulista de Medicina Reprodutiva.
02:22Vamos lá, deixa eu colocá-lo aqui na nossa tela.
02:26Vamos recebê-lo aqui ao vivo.
02:28Olá, boa noite, doutor Renato.
02:30Seja muito bem-vindo ao Olhar Digital News.
02:33Obrigada pela participação.
02:34Boa noite, Marisa.
02:37Boa noite a todos.
02:38Eu que agradeço e obrigado pela oportunidade.
02:42Doutor Renato, eu queria começar esse bate-papo aqui com o senhor explicando para a gente como que funciona essa técnica do congelamento de embriões.
02:53O congelamento, ele é muito bem estabelecido.
02:56Ele funciona no que mais é utilizado hoje, é o congelamento rápido.
03:01É uma questão tecnológica em que, na verdade, nós chamamos de vitrificação.
03:10E o que acontece é, as células que estão a 37 graus, que é a nossa temperatura do corpo humano,
03:16elas vão para menos 196 graus Celsius, que fica num tanque com nitrogênio líquido.
03:24Então, esses materiais biológicos, seja óvulo, seja espermatozoide, seja embrião, seja tecido ovariano,
03:34ou qualquer material biológico congelado para preservação,
03:39é colocado num tanque de nitrogênio líquido a menos 196 graus Celsius.
03:44E aí, assim, podem ficar por tempo indeterminado.
03:46Ou seja, esse embrião, ele bateu um recorde de 30 anos, mas poderia ficar mais tempo ainda?
03:56Poderia, pois é.
03:58É o que nós sabemos, né?
04:00É relativamente, isso é muito novo, relativamente falando.
04:05Há pouco tempo, como a própria reportagem mostrou,
04:07tinha caso de mais de 20 anos de embrião congelado,
04:11que resultou em gêmeos saudáveis, né?
04:15E agora tem esse caso também com mais de 30 anos.
04:18Ou seja, nós vamos aprendendo ao longo dos anos, né?
04:21O que tem congelado e, conforme a medicina vai avançando, o tempo vai avançando,
04:26nós vamos aprendendo mais.
04:27E podemos ter outros recordes aí pela frente.
04:30Pois é, agora é impressionante.
04:32Agora, assim, existe algum risco?
04:34Obviamente que nós sabemos, né?
04:36Que tudo tem, os óvulos envelhecem, os produtos congelados também têm validade, enfim.
04:44Existe algum risco adicional, ou para a mãe, ou para o bebê,
04:48utilizar embriões congelados assim por tanto tempo?
04:53A princípio, não.
04:55Porque assim, olha só que coisa.
04:57A princípio, enquanto está congelado a menos 196 graus Celsius,
05:03independente do tempo, é como se estivesse parado no tempo,
05:06Olha que beleza, se nós pudéssemos parar no tempo.
05:09Então, essas células ficam paradas, né?
05:12Sem metabolismo.
05:13Então, usar com pouco tempo, com muito tempo, não vai fazer diferença.
05:17Então, o congelamento em si, é claro que existe um estresse térmico
05:22de mais 37 graus para menos 196 graus Celsius,
05:28e o contrário, de menos 196 para mais 37.
05:31Então, existe o estresse térmico.
05:33Mas, aparentemente, esse estresse térmico,
05:36se o embrião, se a célula, o espermatozoide, o óvulo,
05:40ele tem um bom potencial,
05:42a princípio, ele não vai, pode existir uma perda nesse estresse,
05:47mas não vai afetar a qualidade genética.
05:49Não é de se esperar que afete a qualidade genética desses embriões ou células.
05:53Agora, doutor Renato, como é, no Brasil a gente sabe que é um procedimento bastante caro,
06:02como que é a demanda por isso, pelo congelamento de embriões,
06:06para uma decisão de uma maternidade futura?
06:09Tem uma grande procura ou ainda é algo muito restrito,
06:12por conta do custo dessa técnica de congelamento de embriões e óvulos?
06:18Acho que, assim, o que tem crescido cada vez mais
06:24é a procura para congelamento social de óvulos.
06:28O embrião, na verdade, já se congela desde o século passado,
06:36desde quando a primeira nascida de fertilização in vitro, em 1978.
06:42Então, embrião se congela desde os anos 1900 e até congelar embrião
06:51faz parte do tratamento de reprodução assistida ou de fertilização in vitro.
06:56Por quê?
06:58Nós, no Brasil, por exemplo, nós não podemos descartar embrião viável.
07:02Então, ao formar um embrião e ele é viável, ou se coloca no útero da mulher
07:08ou congela, você não pode descartar.
07:10E, é claro, como foi bem dito aí na matéria,
07:13esses embriões que sobraram ou que estão congelados,
07:17eles podem trazer uma, se não engravidar na transferência,
07:23na primeira transferência fresca ou nas tentativas anteriores,
07:26nas transferências anteriores, eles representam um possível sucesso
07:29para esse casal em transferências posteriores.
07:34Agora, acho que tem, então faz parte, controlar embrião faz parte do tratamento de fertilização in vitro.
07:42O que tem crescido muito, ainda bem, por sinal, é a procura para congelamento de óvulo.
07:49Pois, ainda assim, ainda nós recebemos mulheres de 38, 40, 42 anos que vêm para congelar óvulo.
07:57Mas não é o momento ideal para congelar, porque o óvulo, após 35, 37 anos,
08:04os óvulos, os ovários que têm os seus óvulos lá dentro,
08:09eles têm uma queda de quantidade e qualidade dos seus óvulos.
08:13Então, é importante quando congelar, congelar antes dos 35 anos.
08:16E, por tudo isso ter acontecido, né, então, divulgação em mídia, público médico, leigo,
08:25isso tem feito com que cada vez mais as mulheres planejem, como você bem disse,
08:31a sua maternidade para o futuro.
08:33Então, isso tem acontecido bastante, mas ainda assim é insuficiente,
08:38porque nós ainda recebemos mulheres de mais idade que vêm buscar para congelar,
08:43só que congela pouco e congela de menor qualidade.
08:47O que, quando for utilizado aí lá na frente, não é pela questão tempo,
08:51mas é porque já congelou pouco e congelou tarde.
08:54Então, a qualidade pode ser inferior.
08:57Agora, doutor Renato, e sobre os avanços da tecnologia e da medicina reprodutiva, não é?
09:03Até para ela se tornar algo, digamos assim, mais popular,
09:06ou que tenha um maior alcance para todos os níveis.
09:10Eu queria que o senhor comentasse um pouco dessa evolução da medicina reprodutiva.
09:16É, nós temos visto aí mesmo, né, várias matérias aí que são veiculadas,
09:22sempre a procura, claro, por sucesso e a procura por evitar doenças, né?
09:29Então, há pouco tempo houve aí uma, para evitar uma doença mitocondrial,
09:33mitocondrial, então a transferência de um núcleo de um embrião para um óvulo de uma mulher saudável.
09:41E a criança nascida saudável.
09:44Então, acho que existe, claro, né, uma preocupação em evitar doenças, então prevenir, né?
09:52Então, melhor do que tratar é prevenir.
09:54E eu vejo também outras doenças, porque nós não conseguimos ainda hoje afastar todas as doenças, impossível.
10:04Mas, quem sabe aí com os avanços, nós poderemos evitar outras doenças que hoje ainda não conseguimos,
10:14ou probabilidade de desenvolvimento de doenças para o futuro, isso cada vez mais tem se conseguido.
10:20ou até mesmo edições, né, correções de alterações genéticas para, de novo, transferir embrião saudável
10:29e que venha, né, ao mundo com saúde.
10:34Eu quero, seguindo só a linha do que eu respondi na questão anterior,
10:38acho que, assim, o grande ponto que nós temos, que seria um desafio, né, o que eu vejo,
10:44como eu falei, várias mulheres de mais idade querendo, né, ser mães,
10:49porque todo mundo quer engravidar mais tarde por questões pessoais, profissionais,
10:56só que a biologia não ajuda muito, né, então a mulher tem uma quantidade,
11:00nasce uma quantidade de óvulos e ela não renova ao longo da vida,
11:05ela só vai perdendo, né, o estoque vai diminuindo.
11:07Então, ainda assim, existem muitos estudos com relação a como você poder rejuvenescer, né,
11:16ou evitar essa perda, ou até mesmo trazer para um presente uma situação em que uma mulher,
11:29por exemplo, que tem uma falência ovariana, né, uma incisça ovariana, prematura,
11:32e aí não se consegue um óvulo.
11:37Então, claro que existe uma preocupação mundial de como...
11:42Porque se não for ou uma recuperação ou um rejuvenescimento, né, como eu estava dizendo,
11:50ainda nos resta congelar e congelar cedo, congelar antes dos 35 anos de idade.
11:55Tá certo. Agora, doutor Renato, para a gente encerrar,
11:58então o caso dessa criança que nasceu aí, de um embrião congelado por 30 anos,
12:04ele tem algum tipo de acompanhamento diferenciado ou não?
12:09Na verdade, acho que é claro que todos os holofotes estão sobre, né, a criança,
12:15mas é pouco provável que tenha alguma...
12:19Claro, como é fruto de uma fertilização in vitro,
12:22acho que vai acontecer um acompanhamento de perto.
12:26Mas não é de se esperar que agora, né, já nasceu, já passou por...
12:30Já implantou, né, já gestou, passou por toda a gestação, já nasceu,
12:36é pouco provável, claro que a gente vai ter que acompanhar, né,
12:39até para aprendermos, né, ao longo dos anos,
12:41mas é pouco provável que desenvolva algum outro problema.
12:45Claro que naquela época, 30 anos atrás, não se fazia biópsia de embrião.
12:48Então, não tem como saber alguma alteração possível.
12:56Mas, assim, vamos esperar e torcer que continue uma criança saudável e viva bem.
13:03Com certeza.
13:04Bom, nós conversamos aqui com o doutor Renato Fraieta,
13:07que é especialista em reprodução humana.
13:09Doutor Renato, muitíssimo obrigada por todas essas informações,
13:13foi muito produtivo aqui na nossa edição de hoje,
13:15e agradeço o seu tempo e espero encontrá-lo em outros momentos.
13:20Eu que agradeço, estou à disposição. Muito obrigado.
13:22Obrigada, boa noite.
13:24Tá aí, pessoal, espero que vocês tenham gostado de mais essa entrevista aqui
13:28no Olhar Digital News, trazendo informações bem interessantes, não?
13:32Obrigada, boa noite.
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