O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT-RJ) prepara um "pacotão" de políticas que mira a classe média e a periferia, buscando ampliar programas sociais e driblar resistências. As comentaristas Dora Kramer e Daysi Cioccari criticam as medidas, afirmando que Lula já mira as eleições de 2026 em uma "tentativa de recuperar votos". Cioccari também acredita que a esquerda se perdeu em políticas mais "populistas", e que isso já não "seduz" a população brasileira.
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00:00Olha, o governo está preparando um grande pacote de programas sociais de volta à Brasília com o repórter Igor Damasceno.
00:07Quais devem ser, então, os focos desse plano do Palácio do Planalto, Igor?
00:15Tiago, boa noite novamente a você e também a todos que nos acompanham.
00:19Olha, o presidente Lula já está de olho na corrida presidencial de 2026
00:23e para tentar resgatar a popularidade que estava perdida desde os últimos meses,
00:29o presidente Lula já prepara para este mês de agosto algumas medidas visando principalmente a classe média e as periferias.
00:38Entre os programas está, por exemplo, o Gás para Todos, que substitui o Vale Gás.
00:43Cerca de 16 milhões de pessoas devem ser beneficiadas.
00:47Eu apurei que o Palácio do Planalto vai distribuir um cartão para esses beneficiados
00:51e eles mesmos vão comprar o botijão de gás de 13 quilos.
00:56Até então, eles recebiam um dinheiro junto com o Bolsa Família, mas agora vai ser totalmente separado.
01:03O presidente Lula também está de olho em outro público, que são os motoristas de aplicativo e entregadores via delivery.
01:11Para esses profissionais, o Palácio do Planalto prevê o financiamento, uma ajuda para a compra de carros e motos.
01:19Quem está cuidando disso é o Ministério do Empreendedorismo.
01:22E agora, a classe média, ela deve ser beneficiada com um outro programa.
01:27O presidente Lula já vinha comentando sobre esse programa já há algum tempo.
01:31É ajudar esse público a reformar a casa.
01:35Na visão do presidente Lula, muitas pessoas não querem trocar de imóvel, não querem vender um para comprar outro.
01:41Muitas pessoas querem apenas fazer uma reforma e, às vezes, as condições financeiras não deixam.
01:47Então, para isso, o Palácio do Planalto vai estabelecer uma linha de crédito que varia de 5 mil a 30 mil reais.
01:55Todas essas medidas, elas já passam a ser estipuladas já para esse mês de agosto, há cerca de um ano das eleições.
02:04E são medidas justamente para que o presidente Lula resgate o público que foi perdido ao longo dos últimos meses.
02:11É uma disputa eleitoral já para 2026, viu, Tiago?
02:14É, a tentativa de melhorar a popularidade, Igor Damasceno, a gente volta às falas amanhã, vamos chamar a Dora Kramer.
02:20Dora, de uma certa maneira, esse é um projeto que visa, ou um pacote que visa, muitas pessoas de vários setores,
02:29de várias questões sociais, a periferia, como o próprio Igor falou.
02:34A pergunta é a seguinte, de onde vem o dinheiro, Dora Kramer?
02:38Ah, pois é, não sei, não sei te responder, Tiago.
02:42E é uma pergunta que vai ser feita, né, porque se tira as despesas, assim, para esses programas, estão sendo tiradas.
02:53Se for alguma coisa tipo a tal da economia criativa lá da época da Dilma, isso não dá muito certo.
03:00Mas vamos ver, claro, é uma tentativa de recuperar a popularidade, digamos assim, nada sutil, né?
03:09Ela é absolutamente assumida, aberta.
03:13A questão é, é se esse tipo de investida ainda rende, né, popularidade, rende voto, rende gratidão do público atingido.
03:26Porque o que a gente viu na reedição de muitos programas lá dos primeiros governos Lula foi que não deu certo,
03:34porque as pessoas acham o correto, que é obrigação do poder público fazer isso.
03:40E aí não tem aquela reação de devolução em voto, em popularidade, em aprovação, né?
03:48Então, claro que o governo quer surfar nessa onda boa, maré tá boa.
03:54Agora, a questão é, isso é sustentável?
03:57As pessoas são as mesmas, tem o mesmo tipo de mentalidade, de boa vontade que tinham lá atrás,
04:07com esse tipo de programa só de benefícios, assim, digamos, na veia.
04:12Essa é a questão, mas a gente vai ver lá na frente, aí pode dar certo, não tô dizendo que não vai dar.
04:19É só, e eu acho que não é uma receita, assim, sabe, aquela receita certinha, bolo de brigadeiro, é gostoso, vai dar certo, é uma delícia.
04:29Tá tudo certo, não sei, pode ser que dê ou que não.
04:33É, esse ponto é interessante.
04:34Isso não necessariamente, Deise, rende votos, mas o mundo mudou, a questão política mudou também, você concorda?
04:40Eu concordo, Tiago, e acho que tem um ponto que é fundamental aí.
04:44A esquerda, ela ainda não conseguiu entender essa classe que tá mudando, né?
04:51Então, quando eu falo que eles vão, o alvo deles vai ser, por exemplo, os motoristas de aplicativo.
04:58Esse é justamente o problema da esquerda hoje, né?
05:00A esquerda não entendeu essa mudança no modo de vida das pessoas, né?
05:04Ainda é uma esquerda que olha muito lá pra trás, é uma esquerda que entende que o Estado tem que ser o responsável pelo crescimento das pessoas, né?
05:15Então, por exemplo, se você é de uma classe C e D, só o Estado vai fazer você ascender pra uma classe B.
05:21E a esquerda ainda não entendeu que, por exemplo, esse motorista de aplicativo, que essas pessoas que hoje usam a tecnologia pra ascender, elas querem dar esse pulo sem depender do Estado.
05:33Sem essa coisa que a esquerda prega de, ah, você tem que trabalhar das oito às cinco da tarde, torcer pro PIB crescer, torcer pro Estado se fazer mais presente, porque daí você ascende.
05:42Então, essas medidas populistas, elas até podem funcionar num curto prazo, né?
05:46Um pragmatismo econômico, aí um populismo tático, mas do jeito que a sociedade mudou, eu não sei se vai ter o efeito desejado, não.
