Em entrevista à CBN, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, falou sobre as cartas enviadas pelo Brasil aos Estados Unidos com tentativas de negociação. Segundo ele, o governo está “engajado permanentemente”, mesmo sem ter recebido respostas até o momento.
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00:00Agora, inclusive, gente, a gente vai continuar falando sobre a política aqui no Brasil, porque em entrevista à rádio CBN, o ministro da Fazenda, o Fernando Haddad, falou também sobre as cartas de negociação do Brasil que já foram enviadas aos Estados Unidos. Vamos ouvir.
00:17A determinação do presidente Lula é que nós não demos nenhuma razão para sofrer esse tipo de sanção, uma verdadeira sanção que nós estamos passando, e a orientação dele é o seguinte, presidente Alckmin, vice-presidente Alckmin, Ministério da Fazenda e Itamaraty, nós estamos engajados permanentemente,
00:38mandamos uma segunda carta proposta na semana passada, em acréscimo a de maio, da qual nós não obtivemos resposta até agora, mas nós vamos insistir na negociação comercial.
00:54A gente chama novamente, então, o nosso comentarista, o Diego Tavares, sobre essa fala de Haddad, parece que o governo está muito alinhado nessa narrativa de que estão tentando.
01:04Eles tiraram aquela narrativa um pouco mais firme, um pouco mais radical, e disseram agora que sim, existe um canal de negociação, que uma carta já foi enviada,
01:15mas o Haddad admitiu também nessa entrevista, Diego, que é possível chegar até agosto sem uma resposta.
01:20Qual a sua análise dessa mudança de narrativa por parte do governo do nosso país?
01:26Márcia, na verdade, eu não vejo uma mudança de narrativa, eu vejo duas narrativas correndo em paralelo.
01:31Enquanto nós temos o ministro Fernando Haddad, o vice-presidente da República, com um discurso de fato pragmático, um discurso de negociação de quem quer chegar ao consenso,
01:40nós temos o presidente da República em diversas aparições públicas nas redes sociais, esticando cada vez mais essa corda.
01:47É quase que aquele esquema do policial bom e o policial ruim.
01:51O fato é que nós temos muitos interlocutores trabalhando em prol de uma possível negociação.
01:57Como eu disse há alguns minutos, temos o governador de São Paulo, temos o vice-presidente da República,
02:02os senadores que vão encaminhar uma comitiva até os Estados Unidos para negociação,
02:06e faltam desses atores um pouco de consenso, falta a união para que de fato uma pauta de Brasil seja levada aos norte-americanos.
02:15Nós já temos por parte dos norte-americanos uma declaração de que a mesa de negociações está aberta,
02:21ela está com a cadeira puxada para que o Brasil vá até lá, sente-se e coloque também as suas condições.
02:26O fato é que combater esse tarifaço tem se mostrado ao presidente da República algo importante do ponto de vista de sua comunicação.
02:35Combater o tarifaço se mostrou bom para alavancar a popularidade do presidente,
02:39que como eu disse também há alguns minutos, se encontra em decadência, em descendência.
02:44Agora, com o discurso contra o tarifaço, a popularidade do Lula voltou a subir um pouco.
02:49Talvez, pensando nas eleições do ano que vem, seja interessante para o presidente da República manter esse conflito contra Donald Trump e contra os norte-americanos,
02:57e em paralelo colocar o seu corpo técnico, o seu vice-presidente, seu ministro, para de fato negociar.
03:03Nós não podemos, como eu disse também há algum tempo, não podemos permitir que questões políticas interfiram nesse debate.
03:09É um debate que coloca muita coisa em jogo, coloca muitos empregos em jogo, muitos segmentos da nossa indústria, do nosso comércio, do nosso agro em jogo.
03:18Nós precisamos de uma solução diplomática para o caso desse tarifaço, para que essa taxa seja abrandada o máximo possível,
03:26e tal como aconteceu no restante do mundo, nós consigamos manter a boa relação que nós temos com os Estados Unidos.
03:31A gente já volta a repercutir, a analisar esse assunto, porque a gente continua também ouvindo essa entrevista do ministro Fernando Haddad,
03:41que voltou a comentar numa entrevista à rádio CBN sobre um risco ali de uma interferência de Jair Bolsonaro com relação aos anúncios do governo americano,
03:53inclusive a esse de 50%. Vamos ver.
03:56O que sobra, na verdade, para a manutenção dessa tarifa de 50%?
04:02A questão é individual da relação do Trump com o ex-presidente Bolsonaro.
04:08Então, do meu ponto de vista, é muito grave o que aconteceu.
04:11Você fazer do destino de uma pessoa que tentou efetivamente se manter no poder pela força,
04:21articulou as forças nacionais em proveito próprio,
04:25Como é que você vai lidar com esse assunto, sendo que o Brasil já se reuniu com as autoridades americanas neste ano mais de 10 vezes?
04:37Nós sabíamos que alguma coisa seria anunciada pela insistência da família Bolsonaro em prejudicar o Brasil em proveito do ex-presidente Jair Bolsonaro.
04:48Mas esta atitude que foi tomada, pela dimensão, pela escala, é algo que ninguém poderia prever.
04:57Hoje, antes da reunião com a oposição, o ex-presidente, em uma entrevista ao lado do seu advogado,
05:04disse que não tem conhecimento ou contato com autoridades americanas e que ele não conseguiria ter uma interferência nisso.
05:12E aí eu volto a ouvir o nosso analista Diego Tavares.
05:16Esse tipo de comportamento de Jair Bolsonaro, alegando que não tem um contato direto
05:22ou que não tem uma responsabilidade sobre esse anúncio de 50%,
05:27já seria uma orientação dos seus advogados?
05:30E uma pergunta que eu emendo.
05:32Esse anúncio é, de fato, responsabilidade de Eduardo Bolsonaro lá nos Estados Unidos, Diego?
05:37Olha, Bruno Pinheiro, eu acho que é muito mais uma orientação dos marqueteiros de Jair Bolsonaro
05:42do que, de fato, de seus advogados.
05:45Porque, realmente, as pessoas não concordam com esse tarifácio.
05:48Uma pesquisa Quest revelou que mais de 70% dos brasileiros discordam da conduta de Donald Trump.
05:54Agora, eu acho que o ministro Fernando Haddad também está surfando na narrativa.
05:58Está desconsiderando totalmente todas as falas do presidente da República
06:02na reunião da cúpula do BRICS, por exemplo, no qual o presidente tentou ali dar uma enquadrada
06:07no dólar como o grande moeda do mundo.
06:10E isso faz todo sentido porque, veja só, retomando o passado recente,
06:14nós tivemos o Bolsonaro dentro desse contexto de uma suposta perseguição judicial aqui no Brasil
06:20já há muito tempo, já tem anos, praticamente desde que o governo Lula começou,
06:24Bolsonaro reclama de perseguição judicial.
06:26Nós tivemos o ex-rede social de um dos principais apoiadores do presidente Donald Trump.
06:32Hoje, brigados, mas na época, grandes amigos do milionário Elon Musk.
06:35A rede social saiu do ar aqui no Brasil por alguns dias
06:38e também Trump nada fez em relação ao Brasil.
06:42E agora, alguns dias depois da reunião da cúpula do BRICS,
06:45no qual todo esse discurso reativo do presidente ao dólar ocorreu,
06:48aí sim, essa tarifa vem também em compasso com tarifas que foram implementadas
06:53sobre outros parceiros comerciais dos Estados Unidos, como Canadá e México.
06:57Ora, está muito claro que, analisando a linha do tempo,
06:59nós temos como principal culpado por esse tarifaço
07:02o alinhamento do nosso presidente com outras economias,
07:05com outras potências mundiais, como China e Rússia,
07:08notadamente as potências do bloco do BRICS.
07:11Então, faz todo sentido o que disse Jair Bolsonaro,
07:13não só do ponto de vista, como eu brinquei aqui,
07:16da sua imagem, por parte de seus marqueteiros,
07:18mas também do ponto de vista da realidade.
07:20Esse tarifaço está muito mais atrelado aos movimentos
07:23que o Brasil faz no tabuleiro geopolítico
07:25do que com questões internas aqui
07:28a respeito da rigidez das nossas instituições.