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Jairo Gund, diretor-executivo da Associação Brasileira das Indústrias de Pescado (Abipesca), concedeu entrevista ao Morning Show e falou sobre as indústrias de pescados que já começaram a cancelar contratos e o envio de contêineres para os Estados Unidos como consequência da taxa de 50% imposta pelo presidente Donald Trump às exportações brasileiras que entram em vigor em 1º de agosto.
Apresentador: David de Tarso
Entrevistado: Jairo Gund

Assista ao Morning Show completo: https://youtube.com/live/9Z34uQAbAoc

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Transcrição
00:00Agora, um dos principais segmentos afetados, impactados pelo tarifaço é o de pescados.
00:07Os Estados Unidos até representam 80% das exportações brasileiras do setor,
00:11com uma receita de 244 milhões de dólares.
00:15Já tem carga parada no Porto de Santos e em outros portos brasileiros
00:20por causa das compras que foram canceladas pelos americanos.
00:24A gente traz essa notícia porque realmente foi uma das que mais chamou a atenção
00:28porque o mercado americano, para ele receber essa mercadoria, demora até 25 dias.
00:34E como existe a previsão já das tarifas entrarem em vigor a partir do dia 1º de agosto,
00:40os compradores disseram, olha, pode deixar por aí porque a gente não vai comprar.
00:44E por isso que a gente até vai conversar com o diretor executivo da ABPESCA,
00:48que é a Associação Brasileira das Indústrias de Pescado, o Jairo Gund,
00:53para explicar melhor para a gente toda essa questão envolvendo o setor de pescados.
00:58porque tem mais de 1 milhão de quilos de filé de peixe, 3 milhões de quilos de lagosta,
01:04tudo que teria comprador e agora todo esse rumo é incerto, né?
01:09Muito bom dia.
01:11Muito bom dia, David, aquilo vem.
01:12Estamos realmente passando por um momento bem desafiador.
01:16Nós que nos últimos anos, que nos comemoramos o crescimento das exportações,
01:21o crescimento do setor, que vem se estruturando no país,
01:24com a atividade do agronegócio que mais vinha crescendo,
01:27a atividade mais sustentável na produção de proteínas,
01:30e agora a gente toma esse caldo aí, né?
01:34E estamos diante desse desafio aí pela frente, buscando essa reversão.
01:38Lembrando que é um mercado que nos representa 70% das nossas exportações,
01:44muito relevante na estruturação de toda a cadeia, com impactos diretos,
01:49especialmente nos pequenos, né?
01:51A agricultura, mais de 90%, é da agricultura familiar,
01:55que trabalha com a agricultura na posição, no caso da tilápia,
01:58e também a pesca artesanal, mais de 95% é na pesca artesanal.
02:02Por mais que a gente tenha uma visão, às vezes, romântica,
02:06na pesca artesanal, que é pequena,
02:08mas na verdade essa produção é de altíssima qualidade,
02:11muito valorada lá fora,
02:12e essa produção acaba destinando mercados como os Estados Unidos.
02:18E vocês não têm como absorver,
02:21o mercado brasileiro consegue absorver todos os pescados,
02:27toda essa quantidade daquilo que é produzido pelo Brasil,
02:30que é retirado do nosso mar, e dos rios também?
02:34Não, porque são produtos específicos,
02:36são produzidos com um direcionamento, um padrão de qualidade,
02:40não que seja uma qualidade melhor,
02:42mas há um padrão de qualidade em termos de tamanho,
02:45forma de embalagem,
02:47ela é montada, direcionada para cada tipo de mercado.
02:50Por exemplo, a lagosta, 98% é direcionada para as exportações,
02:55então não temos o hábito de consumo desse produto,
02:57assim como o próprio Pargo também,
03:0090% aproximadamente é direcionado para aquele mercado,
03:04a própria Tilapia, que vem crescendo muito no mercado nacional,
03:08mas ela também, ela vem alçando esse crescimento muito
03:11em função também das exportações,
03:13como aconteceu com o frango na década de 80, 90,
03:17que em virtude das exportações ganhou-se escalabilidade,
03:19com isso também ganhou-se competitividade,
03:24não só em termos de custo,
03:25mas também alçando um padrão de qualidade superior,
03:29fazendo com que um produto como o frango,
03:31antigamente era vendido vivo,
03:33passou a ter todos os tipos de cortes diferenciados, temperados,
03:37e isso foi alçado justamente em função das exportações.
03:41O pescado vem caminhando na mesma direção,
03:43vem caminhando na mesma direção,
03:45a gente também crescendo muito o consumo no mercado interno,
03:48mas em decorrente dessa escalabilidade
03:50que a gente vinha ganhando com as exportações.
03:53Nosso mercado-alvo sempre foi o mercado europeu,
03:57mas estamos desde 2017 suspenso para exportações naquele mercado,
04:01também por questões políticas,
04:03a argumentação inicialmente era sanitária,
04:06que já foi superada há alguns anos,
04:08e a gente também não consegue reabrir agora
04:10o segundo maior mercado de desejo,
04:12ou o maior mercado ativo, que é o mercado americano,
04:15agora a gente já recebe essa taxação que praticamente inviabiliza o mercado.
04:22Como é que a gente vai conseguir competir, por exemplo,
04:24com a tilápia, com os asiáticos,
04:26com um custo de produção incomparavelmente mais baixo,
04:29pelo custo do Brasil nosso,
04:31não só pela carga tributária,
04:33mas em comparação com questões ambientais.
04:35Trabalhista, então, nem se fala.
04:37Se fôssemos aplicar aqui no Brasil o que se faz lá,
04:41aqui pela legislação das leis seria considerado análogo à escravidão.
04:45Então, não se compara, não é que lá seja trabalho escravo,
04:48mas a comparação da legislação lá com aqui é muito distante,
04:51o custo disso é muito distante,
04:53e nós estávamos conseguindo crescer mesmo com esses desafios,
04:56crescendo o mercado americano,
04:57justamente por estarmos praticamente ao lado,
04:59a logística nos favorecia,
05:02e também pelo padrão de qualidade que nós conseguimos impor.
05:05Então, isso fez com que o Brasil conseguisse
05:07entrar nesse mercado e impor esse crescimento.
05:10Porém, com uma taxa de 50%,
05:13esse jogo volta, a estaca zero,
05:16e se torna impraticável.
05:17Então, o cancelamento desses contratos,
05:19desses containers, na verdade,
05:20não está nem sendo uma questão de governo,
05:22está sendo uma questão econômica,
05:23um impacto econômico direto.
05:25O que se embarcar agora já não chega lá,
05:28até de 1º de agosto,
05:30com a taxa atual,
05:32já chega com a taxa superior.
05:34Então, os próprios clientes estão preferindo
05:37declinar dos embarques aí,
05:41do que ter um produto que se tornará na mão deles,
05:44lá impraticável, a distribuição.
05:47Jess?
05:48Então, Jairo, obrigado por estar aqui,
05:51e dentro disso eu queria entender quais são,
05:53pensando e me solidarizando,
05:55porque é um absurdo mesmo essa taxação,
05:57ninguém está defendendo uma taxação dessa,
05:59que pena que a sua indústria,
06:00que estava em expansão, estava em crescimento,
06:02essa área que é tão importante,
06:03agora está passando por isso.
06:05Mas, pelo que eu entendi,
06:07os containers, eles estão parados hoje dentro do Brasil,
06:10e por conta do tempo de até 20 dias, 15 dias,
06:13eles devem chegar já com uma nova taxa,
06:16vivendo uma situação muito complicada,
06:17e o produto permanecendo aqui no Brasil.
06:19Eu queria entender,
06:20tanto em termos contratuais,
06:21mas em termos de buscar soluções,
06:23que eu imagino que é o que vocês estão tentando fazer,
06:25soluções que obviamente têm um custo,
06:27que vão realmente prejudicar a indústria da pesca brasileira,
06:31como que vocês pretendem relogiar,
06:34remanejar,
06:35ou até mesmo se vocês estão em busca
06:37de outros parceiros comerciais,
06:39ou estão pretendendo deixar isso no mercado interno,
06:41como que está a busca de solução
06:43para o mundo em que essa tarifa,
06:45no dia 1º de agosto,
06:46ela realmente bata os 50%.
06:48Muito obrigada,
06:49e que pena que vocês estão passando por isso.
06:52É, lamentamos muito,
06:53porque quando se fala em perdas de exportação,
06:56para o ouvinte,
06:58talvez quem não tenha um pouco de informação,
07:00sobre como funciona a dinâmica sobre isso,
07:02a gente não está falando que vai ser prejudicado
07:04somente a indústria exportadora,
07:06então a gente não está falando que o empresário
07:08vai perder a sua exportação,
07:10a gente está falando que vai ter perda de emprego,
07:12e isso é na cadeia toda,
07:13na produção primária,
07:14lá no campo,
07:15na pesca,
07:17como na cadeia de logística,
07:18como na indústria,
07:19e como no processo todo de distribuição,
07:21então se desdobra
07:22em todas as camadas da sociedade,
07:26que estejam envolvidos
07:27dentro das atividades,
07:28lembrando que existem regiões
07:29que vivem exclusivamente dessa atividade.
07:32Em termos de solução,
07:33o que nós estamos fazendo?
07:34Nós estamos articulando junto
07:35com o próprio governo,
07:37junto com o parlamento,
07:38a Bidasta faz parte,
07:39tem Sarágua também,
07:41que é a Cedia Frente Parlamentar da Agropecuária,
07:43para que a gente consiga
07:44manter a tradição brasileira da diplomacia.
07:48Nós temos uma tradição na nossa diplomacia
07:49que não é entrar em embates,
07:52nós procuramos evitar,
07:54isso é histórico do Brasil,
07:55e graças a essa diplomacia brasileira
07:58nós conseguimos vender
07:59para todos os mercados.
08:00A gente está com o nosso agronegócio
08:02em mais de 200 mercados.
08:05Então o que a gente espera
08:06é que essa mesma diplomacia
08:07prevaleça agora
08:09para que a gente possa discutir
08:10comércio e não ideologia.
08:13Sabemos das diferenças ideológicas
08:14entre um governo e outro,
08:15isso é natural,
08:16mas o que a gente espera
08:17que venha à mesa
08:18é a discussão comercial,
08:19precisamos fazer negócio,
08:20é com um negócio
08:21que a gente paga a conta,
08:22independente da ideologia
08:23e cada governo esteja descendendo.
08:26Então nós estamos procurando aqui,
08:28esperando que o governo brasileiro
08:29tenha essa serenidade
08:31e busque manter essa diplomacia
08:34na sua pauta.
08:36O que a gente espera de imediato
08:38é que o governo brasileiro
08:39consiga pelo menos
08:40uma extensão de 90 dias
08:41para entrar em vigor
08:42dessa taxa americana,
08:44para que com calma,
08:45com cautela,
08:47possa recomeçar essa condução
08:51e a gente voltarmos
08:53à normalidade.
08:55Seguindo mesmo
08:56a sua própria pergunta,
08:57isso é um pleito
08:58já desde 2017,
09:00que a gente vem cobrando
09:01o governo brasileiro
09:02para que coloque
09:03sua diplomacia também
09:04em relação
09:05à abertura do mercado europeu,
09:08que também é importante,
09:10seria não só o plano B,
09:12na verdade,
09:12esse seria o plano A,
09:13seria o mercado principal
09:14de interesse nosso,
09:16que, como já mencionei,
09:17está fechado desde 2017.
09:19Então, agora,
09:20da curva ABC,
09:20dos nossos clientes
09:22já estão comprovando
09:22na curva A desde 2017,
09:24agora,
09:25o cliente número B,
09:26na curva ABC,
09:27a gente está com esse cenário.
09:29Então, a gente espera,
09:30de fato,
09:31que o governo
09:31assuma a liderança,
09:33assuma essa postura diplomática
09:35para que a gente consiga
09:36trazer a normalidade aqui.
09:37Sem dúvida.
09:38Nós conversamos com o Jairo Gunde,
09:40ele que é o diretor
09:42da Associação Brasileira
09:43das Indústrias de Pescado,
09:45que agradeço demais
09:45a presença aqui no Morning Show.
09:46A gente que agradece
09:49e ficamos na expectativa positiva
09:50dessa reeleção.
09:51Um abraço a todos.
09:53Nós também,
09:53com toda certeza, né?
09:54Até porque é uma situação
09:55extremamente complicada.
09:57Obrigado.
09:58Bom, Diego Tavares,
09:59realmente,
10:00a gente vê, então,
10:0125 dias
10:02em relação
10:02a esse transporte
10:04e aí,
10:05outros países
10:06já conseguem
10:07abrir mercado também,
10:08porque se o Brasil
10:09fica mais caro
10:10lá para os americanos,
10:11automaticamente,
10:12outros países
10:13também podem mostrar
10:14as suas potencialidades
10:15e, às vezes,
10:15o Brasil nem conseguir
10:16recuperar esse mercado
10:18de pescado.
10:18Por isso que é,
10:19realmente, assim,
10:20de uma grande relevância
10:23que o governo
10:23consiga articular
10:25e consiga dialogar
10:26com o governo americano, né?
10:27Realmente, David,
10:28e é muito triste
10:29ver o mercado passar
10:30por isso,
10:31como está passando
10:32o mercado dos pescados.
10:34Enfim,
10:35mas,
10:35se de um lado
10:36existe essa crise
10:37imposta em razão
10:38do que está acontecendo agora,
10:40daquilo que decorre
10:42desse tarifaz
10:43do Donald Trump,
10:44eu acho que ainda
10:44é um pouco cedo
10:45para estimar
10:46as consequências,
10:47afinal,
10:47como nós já relatamos aqui,
10:49nós estamos acompanhando
10:50essa postura do Trump
10:51como um certo padrão.
10:52Ele impõe
10:53essas tarifas altíssimas
10:54como uma forma
10:55de chamar
10:56os países
10:57para a mesa
10:57de negociação
10:58e estima-se,
10:59eu vi um levantamento,
11:00não vou saber precisar agora
11:01exatamente onde eu vi,
11:03porque eu vi muita informação
11:04sobre isso ontem,
11:04mas estima-se
11:05que essa taxa
11:06deve ficar em média
11:07entre todos os países
11:08que estão sofrendo
11:08com esse tarifácio,
11:09entre 16% a 18%.
11:12Agora,
11:13fica a lição,
11:13por mais que seja triste,
11:15como eu disse,
11:15um mercado sofrer
11:16um colapso como esse,
11:18é muito complicado
11:19você ter tanta dependência
11:21de um mercado único,
11:22como nós demos
11:22o número aqui,
11:2388% das exportações
11:26brasileiras de pescados
11:27são para os Estados Unidos,
11:29lembra muito até
11:29o caso da Venezuela,
11:30que teve o seu
11:31grande crash econômico,
11:32porque dependia
11:33de um único produto.
11:34Também acontece isso
11:35quando nós dependemos
11:36de um único parceiro.
11:37Talvez seja
11:38uma expectativa de crise
11:39que gere aqui
11:40a necessidade de abertura
11:42de novos mercados,
11:43de fato,
11:44como ampliação,
11:45como foi dito,
11:46para a União Europeia,
11:47para o mercado chinês
11:48que já demonstrou interesse
11:49em ampliar as suas importações
11:51dos pescados brasileiros.
11:53Enfim,
11:53é momento de encarar
11:54essa crise,
11:54talvez,
11:55como a porta aberta
11:56de uma nova oportunidade.

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