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  • 08/07/2025
A autópsia de Casey Kasem não foi divulgada publicamente. Casey Kasem faleceu em 15 de junho de 2014, aos 82 anos, no Hospital St. Anthony em Gig Harbor, Washington. A causa imediata da morte foi relatada como sepse, resultante de uma úlcera de pressão. Ele sofria da doença de Lewy, que causa degeneração de células neurológicas e musculares. Seu corpo foi entregue à sua esposa

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Transcrição
00:01Ele estava nos noticiários recentemente por causa de uma disputa familiar, mas a lenda do rádio Casey Kasem morreu hoje aos 82 anos.
00:08Por quase quatro décadas, Casey Kasem foi a voz dos Estados Unidos.
00:13Eu sou Casey Kasem e essas são as músicas mais populares dos Estados Unidos.
00:17Sem dúvida o DJ mais querido de todo o país.
00:20Bem-vindos, vamos ouvir o Top 10 da América.
00:23Famoso pelo seu charme amistoso, seu Top 40 semanal era um evento imperdível para milhões de fãs da música.
00:30De todas as personalidades da história do rádio, o Casey era a maior delas.
00:35Às 3h23 da manhã, em 15 de junho de 2014, Casey Kasem morre em um hospital estadual de Washington.
00:43Ele tinha 82 anos.
00:47Mas no momento de sua morte, sua esposa Jean e seus filhos do primeiro casamento estavam brigando pelos seus cuidados.
00:54Semanas antes de falecer, Jean havia retirado Casey do hospital contra as advertências médicas.
01:03Uma caçada nacional começa.
01:06Não fazíamos ideia de onde ele estava, nenhuma. Estávamos em pânico.
01:10A certidão de óbito dele é muito incomum.
01:15Na causa da morte, eles colocaram pendente.
01:18Então, foi uma morte natural de um homem idoso?
01:22Ou será que algo mais sinistro aconteceu?
01:25O Dr. Michael Hunter é um renomado patologista forense.
01:43Ele já realizou mais de 4 mil autópsias para investigar e revelar a causa da morte.
01:52Hoje, ele é o legista-chefe de uma das maiores cidades dos Estados Unidos.
01:58Estes são os relatórios médicos do Casey Kasem.
02:01E eles irão me contar o que estava acontecendo nas semanas, dias e horas que levaram à sua morte.
02:079 da manhã, 6 de maio de 2014.
02:16Santa Mônica, Califórnia.
02:18Cinco semanas antes de sua morte.
02:22Com 82 anos, Casey Kasem está em um hospital particular se convalescendo.
02:28Faz cinco anos que ele gravou seu último programa de rádio.
02:31Ele está de cama e precisa de cuidados médicos 24 horas.
02:34A primeira coisa que percebi quando vi os registros médicos foi que o Casey estava sofrendo de diversas doenças.
02:42Ele tinha, por exemplo, artrite.
02:44Se fosse severa, poderia explicar a falta de mobilidade.
02:48Ele também tinha uma condição chamada anemia, que é uma quantidade abaixo do normal de glóbulos vermelhos no organismo.
02:54Ele também tinha hipotireoidismo, causado por problemas na tireoide,
02:58que podem estar associados à fadiga, assim como à depressão.
03:02Mas se tratado de forma correta, nada disso era anormal para um homem de 80 anos.
03:10Em 1953, enquanto o rock'n'roll está prestes a conquistar os adolescentes,
03:16Casey Kasem retorna da guerra na Coreia para começar no rádio.
03:21Assim que o Casey decidiu seguir carreira na rádio,
03:25virou uma paixão.
03:26Ele trabalhava de manhãzinha até a tarde da noite.
03:30Ele era perfeccionista.
03:32Basicamente, ninguém trabalhava mais que Casey Kasem.
03:36Nos anos 60 e 70, a carreira de Casey decola.
03:41E em 4 de julho de 1970, ele lança o programa que o tornaria famoso, o American Top 40.
03:48Eu sou o Casey Kasem e essas são as músicas mais populares dos Estados Unidos.
03:53O Casey não tinha voz mais grave.
03:56Ele não tinha voz mais forte.
03:59Mas ela se tornou incrível.
04:01Ela se tornou meio que a trilha sonora das nossas vidas.
04:04No auge, o American Top 40 alcança 8 milhões de ouvintes
04:08e torna a Casey famoso por todo o país.
04:11Estamos em mais de 100 estações agora, em todos os grandes mercados,
04:14e graças a Deus as coisas estão ótimas.
04:16No começo dos anos 80, o programa migra para a televisão.
04:21E ele também se torna dublador, famoso por fazer o salsicha
04:26no desenho de sucesso Scooby e Du.
04:28Scooby, você vai ter que ir atrás dele, meu filho.
04:31Nós também temos milhares de presentes espalhados.
04:33Ele dava 110% em tudo o que fazia.
04:36Fosse no trabalho ou com a família, ele era incrível.
04:40Por toda a sua carreira, Casey permanece devoto à sua família,
04:47que inclui seu filho, Mike, e as filhas Julie e Carrie.
04:50A família era a coisa mais importante para o meu pai.
04:55Os filhos dele, a mãe, o irmão.
04:58A gente nunca tirava férias, a não ser que fosse para ver nossa família em Michigan.
05:03A gente falava, pai, por que a gente não vai para outro lugar?
05:05Vamos para o Havaí, para algum lugar legal.
05:07Todas as crianças vão para o México.
05:09Mas todas as férias que eu tirei com o meu pai foram para Detroit, Flint, Fenton, onde toda a família morava.
05:17Ele era o pai ideal.
05:19Colocava a família em primeiro.
05:21Colocava os filhos acima de tudo.
05:23Ele era tão presente e tão dedicado a gente.
05:30Mas o preço do sucesso de Casey é o fracasso de seu casamento em 1980.
05:35Apenas seis meses depois, ainda lamentando a separação,
05:41ele conhece a atriz aspirante Jean Thompson, 22 anos mais nova.
05:48O Casey idolatrava a Jean e ele achava que ela era a melhor coisa do mundo.
05:54Mas estava claro para todos que havia problemas familiares entre as crianças e a Jean, a esposa dele.
06:01Em 1990, Casey e Jean têm uma filha, Liberty.
06:08Casey continua mantendo o contato com seus filhos do primeiro casamento.
06:12Ele os vê toda semana.
06:13Mas as relações familiares começam a se abalar.
06:17Oi, Jean, meu pai está aí?
06:18Quem é?
06:20É a Carrie.
06:25Toda vez que a gente ligava.
06:27A gente ficava tão confusos quando éramos crianças.
06:30Por que ela faria essas coisas maldosas?
06:33E eu queria tanto que ela gostasse de mim.
06:35Eu queria que ela gostasse de mim.
06:38No começo dos anos 90, Casey está ganhando 3 milhões de dólares por ano apenas como DJ.
06:44Mas em 2007, com 70 anos, seus médicos soltam uma bomba.
06:51Eu estou vendo que o Casey foi diagnosticado com mal de Parkinson.
06:56Essa é uma doença neurodegenerativa que afeta principalmente o sistema motor.
07:01Ela é muito séria.
07:02Mas às vezes os portadores podem viver uma vida confortável.
07:06E a progressão da doença pode ocorrer de forma gradual.
07:09Mas logo, a sua filha Julie, que também era sua cuidadora, percebe outros sintomas que não fazem sentido.
07:19Uma das coisas mais estranhas é que ele alucinava quando vinha até a nossa casa.
07:25E a gente pensava, nossa, isso não parece ser Parkinson.
07:29Deve ter outra coisa acontecendo.
07:31Os registros mostram que o Casey estava sofrendo de uma condição mais agressiva,
07:39chamada demência com corpos de Levy.
07:42Ela é causada por um acúmulo de proteínas, os corpos de Levy.
07:46Um neurorreceptor do cérebro que para a produção de substâncias vitais para habilidades mentais e físicas.
07:54Muitos dos sintomas são similares aos do Parkinson.
07:57Mas existe uma grande diferença.
07:59Os pacientes sofrem uma deterioração cognitiva bem mais rápida.
08:05Em 2009, fica claro que Casey não poderia mais apresentar o seu programa de rádio.
08:12Em 4 de julho, ele grava seu último Top 40.
08:16Ele encerra sua carreira assim como fez em todos os programas há quase quatro décadas, com seu famoso bordão.
08:23Mantenham os pés no chão, mas continuem mirando nas estrelas.
08:27Foi muito, muito difícil para ele.
08:30O trabalho era a vida dele.
08:32Isso é o que dava a ele tanta alegria e propósito.
08:39Em 2007, Casey dá à sua filha Julie o poder legal para cuidar de sua saúde.
08:45Mas conforme seu estado se deteriora em 2011, Jim alega que Casey passou o controle para ela.
08:56Uma alegação que se transformaria em uma grande rixa, quando Jim começa a negar que seus filhos o vejam.
09:02Ficou muito claro para mim quais eram os desejos dele.
09:07E falamos para o nosso pai.
09:09Estamos preocupados que se você ficar doente ao ponto de não conseguir tomar decisões médicas ou comunicar suas vontades, nunca mais vamos te ver de novo.
09:1711 da manhã, 6 de maio de 2014.
09:28Hospital Berkeley East, Santa Mônica.
09:33Casey está em um estágio avançado de demência.
09:35Ele não consegue mais andar e mal fala.
09:38Ele não vê as filhas Carrie e Julie há quatro meses.
09:46Elas não sabem o seu paradeiro até um site de fofocas dar uma pista.
09:53Elas fazem uma visita surpresa ao pai.
09:56Entramos no quarto dele no Berkeley East e ele literalmente se sentou um pouco e abriu um grande sorriso.
10:05Eu nunca vou me esquecer do olhar dele.
10:06Ele parecia ótimo.
10:11A pele dele estava rosada, ele tinha cor.
10:13Estava com as bochechas coradas.
10:16Tinha funcionários no quarto com a gente quando chegamos lá e eles disseram
10:19Minha nossa, nunca vimos ele tão animado e falando tanto assim.
10:25Após três horas matando a saudade das filhas, o horário de visita termina.
10:30Dissemos pai, temos que ir.
10:32A gente deu beijos e abraços nele e dissemos, a gente volta.
10:35Não, não.
10:36E ele falou bem alto.
10:38Quando?
10:39Dava pra ver ele quase em pânico.
10:43Tipo, quando?
10:45Quando vocês vão voltar?
10:48Ele parecia bem quando o vimos.
10:50Sim, ele estava doente.
10:52Mas ele estava muito bem.
10:53Analisando os registros do hospital, posso ver que, apesar de estar num estágio avançado de demência com corpos de Levy, o estado dele era bem estável.
11:06O peso dele, a condição da pele e as observações médicas mostram que ele estava saudável.
11:13Ele estava confortável e parecia estar sem dores.
11:15Não há nada aqui que sugira alguma ameaça iminente à vida dele.
11:19Então, minha pergunta é, por que apenas cinco semanas depois, ele morreu?
11:25Meia-noite 10, 7 de maio de 2014.
11:36Santa Mônica, Califórnia.
11:38A esposa de Casey, Jean Kaysen, chega ao hospital Berkeley East.
11:48De acordo com a enfermeira de plantão, Jean está preocupada, pois o hospital permitiu que Carrie, Julie e Kaysen vissem Casey no dia anterior sem consultá-la primeiro.
11:58Senhora Kaysen?
12:03Senhora Kaysen?
12:06Carrie Kaysen havia organizado uma vigília em frente ao hospital no aniversário de Casey dez dias antes.
12:15Jean acha que alguém do hospital Berkeley East está vazando informações para a imprensa.
12:20Alegando que o hospital não pode mais garantir a privacidade de Casey, ela avisa a enfermeira que está retirando o marido do local.
12:36A enfermeira avisa Jean que levar o Casey para casa vai contra as advertências médicas.
12:43Seus registros mostram o quanto ele dependia de cuidados médicos.
12:50Dá para ver que o Casey estava sofrendo de disfazia.
12:57Isso é comum em pessoas com estágios avançados de demência.
13:00Isso afeta os músculos do pescoço e causa dificuldade para engolir direito.
13:05Por causa disso, os médicos no Berkeley East estavam alimentando Casey através de um tubo gástrico, também chamado de gastrostomia.
13:13É um tubinho fino de plástico que passa pela pele e pela parede abdominal.
13:17E permite que nutrição líquida e medicações sejam administradas diretamente no estômago.
13:25De acordo com os registros médicos de Casey, Jean Cason foi informada sobre os perigos de desconectar esse tubo gástrico.
13:35Desconectá-lo da gastrostomia é algo que poucos médicos recomendariam.
13:39Isso o colocaria sob o risco de uma infecção, sangramento interno e possivelmente até a morte.
13:47Mas às duas e meia da manhã, após se recusar a assinar os papéis de alta, Jean retira Casey dos cuidados do hospital.
14:02Meu pai estava de cama e tinha um tubo gástrico.
14:06Se você for transportar alguém desse jeito, é preciso fazer numa maca com uma ambulância apropriada.
14:14Jean Cason coloca o seu marido em um SUV, auxiliada por uma cuidadora particular.
14:20Contra as ordens médicas, as enfermeiras implorando para ela não fazer aquilo e ela o colocou no carro e foi embora.
14:35Eu sabia que estávamos encrencadas e que ele também estava.
14:39De acordo com as suas filhas, essa não é a primeira vez que as ações de Jean põem em risco a saúde de Casey.
14:52Conforme a demência de Casey progredia, Jean começou a restringir o acesso de seus três enteados.
14:58Era uma desculpa atrás da outra.
15:02Ah, a mãe do motorista está doente.
15:04Ah, tá bom. Arranja outro motorista. A gente manda um carro pra ele.
15:10Ah, tinha sempre alguma desculpa. E aí uma hora a Julie me ligou falando...
15:15A Jean não deixa a gente ver ele.
15:17Gary começa a se preocupar com o impacto do isolamento na saúde de Casey.
15:21Em qualquer doença, um dos maiores benefícios pra te ajudar a lidar com isso, mesmo que não influencie diretamente na doença, é o apoio social, o apoio da família.
15:34Quando a saúde de Casey se deteriora de forma significativa em 2013, a situação se torna intolerável.
15:42Em outubro, oito meses antes de sua morte, Gary Julie não vem o pai há quase três meses.
15:49Então, Gary decide agir.
15:52Eu fiz um protesto. Eu queria que as pessoas soubessem o que ela estava fazendo.
15:56Era pra ser só eu, com o cartaz do lado de fora da casa, dizendo...
15:59Jean, por que você não deixou ver o meu pai?
16:03Mas aí eu pensei...
16:04Espera, ela não está deixando ninguém ver ele.
16:08Nem os irmãos, os primos, os tios, as tias, os amigos queridos.
16:14Ninguém podia ver meu pai.
16:15Eu vou convencer todo mundo a vir protestar.
16:19Estamos com o Gonzalo aqui, que foi o braço direito do meu pai por 27 anos.
16:24Temos a produtora do meu pai, a produtora do American Top 40 por 15 anos, a Lori Creamy.
16:29Eles almoçavam juntos uma vez por mês e agora ela não pode ver ele.
16:32Então, essas pessoas conhecem o meu pai há 30, 40, 50, 60 anos.
16:36Em resposta ao protesto, os advogados de Jean Kaysen entram com um acordo de visita.
16:43Ele limita os filhos a uma visita de 60 minutos a cada dois domingos.
16:48A minha irmã e meu irmão assinaram um acordo pra ver meu pai, mas quantas vezes eles o viram?
16:54Zero.
16:55A resposta de Jean Kaysen à visita não programada das filhas de Kaysen em 6 de maio de 2014 foi retirá-lo do hospital.
17:09O estado do Kaysen necessitava de um monitoramento contínuo por enfermeiras e médicos.
17:14Então, quando a Jean o tirou de repente desse nível de cuidado, ela o colocou sob um alto risco de complicações fatais.
17:26Mas a saga em torno da morte de Kaysen Kaysen ainda está prestes a ter uma reviravolta dramática, quando uma caçada nacional começa.
17:36Kaysen foi retirado da sua instalação médica particular na terça passada.
17:40Agora seus filhos estão atrás de respostas sobre seu paradeiro com a atual esposa dele.
17:44Não fazíamos ideia de onde ele estava nenhuma.
17:47É, estávamos em pânico.
17:49Ele voltou pra casa dele e foi transferido pra outra instalação?
17:52Não fazíamos ideia, mas sabíamos que ela não ia falar.
17:56Quando eu percebi que não poderia estar mais com meu pai, foi uma sensação devastadora.
18:02O sentimento era de raiva, muita frustração, impotência.
18:09Eu tinha que achar meu pai.
18:10Retirado dos cuidados médicos contínuos, agora ele corria o risco de desnutrição, desidratação e uma infecção que o levaria à morte.
18:22Mas os registros mostram que no dia depois da remoção, a Jean Kaysen contratou uma enfermeira pra cuidar dele.
18:28Então, o motivo exato da morte dele continua incerto.
18:3510 de maio de 2014.
18:38Beverly Hills, Califórnia.
18:42Kaysen está na mansão em que mora com a esposa desde 1989.
18:46Três dias após retirar Kaysen do hospital, Jean Kaysen está planejando uma viagem de carro com o marido doente.
18:57Em seus registros médicos, o Dr. Hunter encontra indícios que sugerem que as ações de Jean Kaysen podem ter levado à morte de Kaysen.
19:05O Kaysen estava sofrendo de fibrilação atrial crônica, uma condição cardíaca potencialmente fatal.
19:12A fibrilação atrial é a arritmia cardíaca mais comum.
19:17Se trata de um batimento rápido e irregular.
19:21Sinais elétricos desordenados fazem com que as duas câmaras superiores do coração, os átrios, batam muito rápido e fora de sincronia.
19:32Uma possível causa da fibrilação atrial é o estresse.
19:36Nos últimos seis meses, Kaysen foi colocado por sua esposa em seis instalações diferentes, até finalmente parar em Berkley East em fevereiro de 2014.
19:47Agora, cinco semanas antes de sua morte, Jean transfere o marido novamente.
19:52Isso acabou com todas as nossas esperanças.
19:55Foi um grande golpe.
19:57A fibrilação atrial aumenta o risco do desenvolvimento de coágulos nas câmaras do coração.
20:04E isso pode causar um derrame.
20:06Quando o fornecimento de sangue é cortado de certas áreas do cérebro, o risco de derrame pode aumentar cinco vezes.
20:14E quanto mais velho, maior o risco que corre.
20:17Pacientes com demência sentem benefícios através da rotina.
20:24Então, será que o estresse dessas constantes intervenções pode estar relacionado à morte de Kaysen?
20:32Eu não achei nenhum indício de que o Kaysen tenha sofrido uma parada cardíaca ou um derrame por causa da fibrilação atrial.
20:39O motivo da morte do Kaysen é outro.
20:42Começo da manhã de 11 de maio de 2014.
20:47Nevada.
20:50Quatro dias após ver seu pai pela última vez, as filhas de Kaysen ainda não fazem ideia de onde ele esteja.
20:56Elas contratam o detetive particular Logan Clark para encontrá-lo.
21:02Terrível. Era uma situação terrível.
21:03Ele precisava ser encontrado e precisava ser encontrado logo se ele quisesse viver.
21:08De acordo com os registros médicos e Kaysen, o planejamento de Jim para o transporte foi perigosamente inadequado desde o princípio.
21:17Os registros médicos mostram que o Kaysen estava sofrendo de contraturas de flexão.
21:22E isso estava encurtando e endurecendo os músculos e tendões, causando rigidez nas juntas.
21:27Contraturas podem ser extremamente dolorosas e requerem fisioterapia constante.
21:35O estado médico dele criava necessidade de um transporte ambulatorial.
21:40O Dr. Hunter também descobre um descuido possivelmente fatal.
21:44O Kaysen dependia da gastrostomia para alimentação e hidratação.
21:50Quando a Jim o retirou do Berkeley East, ela pegou a bomba de alimentação, mas levou só duas latas de osmólito,
21:57que é um suplemento nutricional rico em proteína, usado principalmente em pacientes que se alimentam por tubos gástricos.
22:05Num nível apropriado, essas duas latas durariam apenas alguns poucos dias.
22:10Uma das enfermeiras contratadas por Jim Kaysen revela outro descuido para o detetive particular, Logan Clark.
22:21A máquina que elas tinham para alimentá-lo ficou sem comida.
22:26Então, elas pararam em uma farmácia para comprar um complemento alimentar.
22:33Mas este complemento é para ser usado por pessoas que ainda podem comer.
22:38Ele é inadequado para alguém que está sendo alimentado por uma sonda.
22:43Ela jogou o complemento dentro da máquina.
22:46Ela jogou uns potes disso dentro da máquina e entupiu ela, é claro.
22:49Ela não era feita para isso.
22:51Então a máquina quebrou.
22:54Não dava para alimentá-lo.
22:56Sem o osmólito, o Kaysen corria o risco de desnutrição e desidratação.
23:01Cinco da manhã, 11 de maio de 2014.
23:10Hotel Vidara, Las Vegas.
23:13Cinco semanas antes de sua morte, Kaysen está na sua suíte.
23:16De acordo com os registros, a enfermeira contratada por Jim Kaysen examina a Kaysen.
23:24Após uma jornada de cinco horas de carro de Los Angeles, ela tem motivos para preocupação.
23:30Eu posso ver que a enfermeira descobriu fissuras perto do cóccix.
23:35E isso é um sinal clássico de escaras.
23:39Escaras, também chamadas de úlcera de pressão ou de decúbito,
23:43são ferimentos na pele e nos tecidos subjacentes causados por uma pressão prolongada.
23:49O Kaysen teve uma escara na mesma região no hospital várias semanas antes.
23:53Mas de acordo com os registros médicos, ela foi tratada.
23:57Depois de cinco horas no carro, essa escara surgiu de novo.
24:02Assim que uma escara se desenvolve, ela é muito difícil de tratar.
24:06Ainda mais num caso como o do Kaysen, que parecia não estar recebendo a nutrição adequada.
24:1512 de maio de 2014.
24:18Las Vegas, Nevada.
24:19Após uma noite no hotel Vidara, Jim Kaysen coloca Kaysen num avião ambulatorial e o leva para Seattle, Washington.
24:31De acordo com os registros médicos, há indícios de que a saúde de Kaysen esteja se deteriorando.
24:37A Jim Kaysen informou à equipe médica do avião que ele havia desenvolvido uma escara do tamanho de uma moeda.
24:43Ao aterrissar, Kaysen é transferido para uma ambulância.
24:49O motorista da ambulância ficou chocado pelo Kaysen estar num estado tão mal e tinha aquela máquina de alimentação presa nele.
24:58Então ele pensou, vamos levá-lo para um hospital.
25:03Mas Jim Kaysen o leva para a casa de um amigo de infância em Silverdale, a quase 100 quilômetros de Seattle.
25:10Com o cuidado dos 24 horas, a vida do Kaysen poderia ter sido prolongada.
25:16Mas em apenas quatro semanas, ele morreu.
25:2412 de maio de 2014.
25:27Silverdale, Washington.
25:28Após deixar Kaysen na casa, o motorista da ambulância está tão preocupado com seu estado que avisa as autoridades.
25:37O motorista da ambulância em Washington fez uma denúncia por maus tratos.
25:43E essa denúncia foi parar no departamento de polícia e nos levou até ele.
25:47Quando descobrimos onde ele estava, a gente só pensava, por quê? Como?
25:54Quando alguém vai intervir? Quando isso vai parar?
25:59Gary Kaysen recebe poder legal para cuidar do seu pai na Califórnia, mas essa decisão não é reconhecida em Washington.
26:09Em pânico pela preocupação do motorista da ambulância, ela sente que o seu tempo está acabando.
26:14A gente ia ter que passar por toda essa briga de novo.
26:18Eu tive que implorar para o juiz para me dar os cuidados do meu pai.
26:23Ela fez de tudo, sabe? Qualquer um teria desistido e dito, não tem como a gente vencer essa briga.
26:29Mas ela continuou a lutar.
26:31Os registros médicos e Kaysen revelam que a família estava lutando por um bom motivo.
26:37No dia seguinte, dia 13 de maio, o Kaysen recebeu a visita do doutor Donald Sherman.
26:42Ele é um médico contratado pela DIN.
26:45Ele percebeu que a bomba de alimentação do Kaysen não estava funcionando, ou seja, ele provavelmente estava desnutrido por causa disso.
26:53O impacto desse descuido é claro.
26:56No dia seguinte, um membro da empresa de enfermagem, contratada para cuidar do Kaysen, documentou uma escara num estágio avançado.
27:09Significava que essa escara havia se estendido para o tecido abaixo da pele.
27:13Não havia mais como tratar a pele.
27:15Uma semana depois, o doutor Sherman faz outra visita.
27:21A máquina de alimentação está funcionando, mas o estado de Kaysen parece pior.
27:27O doutor Sherman viu uma possível infecção secundária.
27:31As escaras precisam ser limpas todos os dias para que a infecção não entre na corrente sanguínea.
27:37Se isso acontecesse, poderia ser fatal.
27:3930 de maio de 2014
27:45Carrie Kaysen sai vitoriosa do Tribunal Estadual de Washington.
27:51A batalha de três semanas pelos cuidados do pai chega ao fim.
27:56Eu estava morrendo de medo, mas foi uma vitória.
27:58Ela corre para Silverdale, acompanhada por um guarda-costas.
28:02A gente chegou na casa e tinha aqueles motoqueiros da terceira idade cercando a casa como um paredão.
28:14E aí eu fui até eles e eles disseram, você não vai entrar aqui hoje.
28:18Temos uma ordem judicial, eu vou ver meu pai.
28:22Naquele momento eu estava tão calma e tão focada.
28:26E eu só tinha um único objetivo em mente, que era ver o meu pai.
28:32E nada iria me impedir.
28:39Eu entrei no quartinho que ele estava com uma TVzinha em preto e branco.
28:45Eu olhei para ele e ele me reconheceu na hora.
28:50É a primeira vez que Carrie vê Kaysen desde que ela o visitou no hospital de convalescentes três semanas antes.
28:56Eu falei que eu amava, abracei ele e eu disse, pai, você está bem, você parece tão jovem.
29:04E ele disse, eu sei.
29:07Mas no íntimo, Carrie está chocada com a aparência do pai.
29:11O meu pai não estava bem.
29:14Eu tinha certeza absoluta que ele estava piorando.
29:21Ele estava suando e gemendo.
29:24Ficava indo e vindo.
29:26Em Berkley, ele não ficava indo e vindo, ele ficava lá o tempo todo.
29:30Ele franzia a sobrancelha e eu falava, pai, você está com dor.
29:34Ele olhava para mim.
29:36Eu falava, pai, você quer alguma coisa?
29:38E ele nem conseguia responder.
29:40A investigação do Dr. Hunter revela a causa da dor de Kaysen.
29:48De acordo com os registros médicos, o Dr. Sharman pediu injeções intramusculares de antibióticos.
29:54E isso pode ser doloroso.
29:57E o mais importante, analisando esses registros médicos,
30:01é que eu não vi nenhuma prescrição de remédios para dor, como opióides,
30:05para tratar do desconforto das escaras, das contraturas e, num nível menor, das injeções intramusculares.
30:15Dois dias depois, os paramédicos chegam para transportar Kaysen para um exame num hospital, a pedido do tribunal.
30:23Eu estava toda arrepiada e só pensava, ai meu Deus, finalmente, finalmente o meu pai vai ser bem cuidado.
30:29Mas durante o caminho, na ambulância, a saúde de Kaysen piora.
30:34Foi o momento mais horrível da minha vida.
30:38A pressão sanguínea do meu pai caía e ele ficava indo e vindo.
30:42Eu fiquei tremendamente aterrorizada.
30:46Uma da tarde.
30:49Kaysen chega ao Hospital St. Anthony, em Gig Harbor, Washington.
30:54Seu estado é crítico e ele é examinado imediatamente pelos médicos.
30:59Os registros mostram que a saúde do Kaysen estava se deteriorando rapidamente.
31:10Além da escara em estágio avançado, ele também estava desenvolvendo uma infecção urinária.
31:15E isso não era nada bom para alguém naquele estado.
31:20O sistema imunológico dele estava desligando.
31:22E se a infecção começasse a se espalhar, ele poderia morrer.
31:29O seu pai não tem muito mais tempo.
31:32Eu só quero que saiba.
31:34Podem ser mais alguns dias ou podem ser alguns meses.
31:37Mas ele não está indo bem.
31:41De acordo com os registros médicos, posso ver que o Kaysen estava gemendo e reclamando.
31:46E isso pode ser resultado da forte dor que ele estava sentindo, associada à úlcera de decúbito e às contraturas.
31:54Os médicos deram a ele de 2 a 4 miligramas de morfina na veia para que ele suportasse a dor.
32:03Assim que eles fizeram isso, meu pai virou outra pessoa.
32:07O corpo dele se acalmou.
32:09Ele conseguia olhar para a gente e conseguia se comunicar murmurando um pouco.
32:183 de junho de 2014.
32:2112 dias antes da morte de Kaysen.
32:24Temendo o pior,
32:25Carrie pede aos médicos que façam todo o possível para salvar a vida de seu pai.
32:30Em resposta ao pedido da Carrie Kaysen,
32:33o Kaysen começou a receber antibióticos intravenosos para tratar a infecção.
32:37Ele também recebeu alimento através da gastrostomia e fluidos intravenosos para hidratação.
32:476 de junho de 2014.
32:50Kaysen está em um estado crítico.
32:53Posso ver que mesmo com o tratamento intenso com os antibióticos,
32:58o sistema imunológico do Kaysen estava em colapso.
33:01Havia indícios do acúmulo de fluidos nos pulmões.
33:03E se esses fluidos não fossem removidos, ele poderia ter uma parada respiratória.
33:10Não queria que ele morresse de sede, nem que morresse de fome.
33:13Mas ele estava se desligando.
33:17A cada hora, os médicos removem os fluidos dos pulmões de Kaysen.
33:21Eles colocavam os tubos na garganta dele e ele balançava a cabeça.
33:25Eu lembro dele balançar a cabeça,
33:26Tipo, querendo dizer, não faça mais isso comigo.
33:29O meu pai estava engasgando.
33:31E a minha irmã disse, para, para, para com isso.
33:34Era terrível.
33:35O meu pai estava sofrendo.
33:37No dia seguinte, os médicos recomendam que os fluidos e a nutrição sejam descontinuados.
33:42As filhas de Kaysen enfrentam uma decisão de partir o coração.
33:46Foi uma decisão que nós sabíamos que teríamos que tomar para ele morrer em paz.
33:5715 de junho de 2014.
34:00Kaysen tem minutos de vida.
34:03Ao seu lado estão suas filhas Julie e Carrie.
34:07O filho de Kaysen chega de sua casa em Singapura.
34:09Quando aquele dia finalmente chegou,
34:15Eu não aguentei
34:17Ter que ver meu pai, tentar respirar.
34:25Quando ele deu o suspiro final, nós estávamos todos de mãos dadas com ele.
34:29Ele morreu amado.
34:32Ele sabia que estávamos lá e sabia que estávamos com ele.
34:37Meu Deus.
34:39Três e vinte e três da manhã.
34:43Casey Kaysen é declarado morto.
34:55Nenhuma autópsia é feita.
34:57E a causa da morte de Casey continua oficialmente como pendente.
35:02Mas agora, o Dr. Hunter acredita que está perto de apontar o que aconteceu.
35:09O caso do Casey era complexo.
35:13É discutível um homem de 82 anos com demência avançada falecer tão de repente.
35:19E a morte do Casey foi só por causas naturais.
35:24Mas, quando Casey deu entrada no hospital em 1º de junho,
35:27Seu estado era crítico.
35:29Ele tinha uma escara infeccionada e uma infecção na vestígia.
35:33E sentia muita dor.
35:34Os médicos administram os antibióticos assim que Casey dá entrada no hospital.
35:42Mas, para o Dr. Hunter, esse tratamento foi tarde demais.
35:51E a origem do falecimento de Casey vem da época em que ele estava sob os cuidados da esposa.
35:56É impossível ignorar o período de tempo em que ele esteve sob os cuidados da Jim Casey.
36:02Ele precisava de cuidados médicos profissionais 24 horas.
36:08Num paciente saudável, qualquer ferida aberta é um risco.
36:14Mas, para Casey, com o sistema imunológico já comprometido,
36:17Sua escara era uma bomba relógio.
36:20O Dr. Hunter vê a primeira pista quando o Cary Casey corre com seu pai para o hospital.
36:27Enquanto ele estava na ambulância, ele estava perdendo a consciência e a pressão sanguínea dele caiu.
36:34Isso indica uma septicemia, quando uma infecção bacteriana se espalha pelo corpo.
36:40As bactérias, principalmente de ferimentos infeccionados, entram no corpo e liberam toxinas.
36:47Essas toxinas danificam pequenos vasos sanguíneos, fazendo com que eles liberem fluidos nos tecidos ao redor.
36:55Isso pode ter feito o sistema imunológico do Casey ficar sobrecarregado,
37:00reduzindo o fluxo sanguíneo para o seu cérebro, seus rins e seu coração.
37:07Na semana antes de Casey chegar ao hospital, enquanto estava sob cuidados da esposa,
37:13Sua escara precisou de atenção específica.
37:15Qualquer tecido morto ou infeccionado, dentro ou em volta da ferida,
37:21precisa ser desbridado ou raspado para evitar que as bactérias entrem na corrente sanguínea.
37:27Mas não há indícios disso ter acontecido sob os cuidados de Jim,
37:32ou mesmo que houvesse alguém qualificado para fazer isso.
37:35Em 4 de junho, os médicos percebem outra queda rápida na pressão sanguínea.
37:44A septicemia estava tão avançada que ele estava desenvolvendo um choque séptico.
37:48Ele estava prestes a ter uma falência múltipla dos órgãos.
37:53Para manter Casey vivo, os médicos injetam vasopressores,
37:57uma droga poderosa criada para contrair os vasos sanguíneos e aumentar a pressão do sangue.
38:03Em 6 de junho, os órgãos do Casey começaram a falhar.
38:08Os médicos registraram resíduos gástricos altos, sem movimentação.
38:13Ou seja, o corpo dele não estava mais processando nutrientes.
38:16Os fluidos intravenosos usados para manter Casey hidratado começam a se acumular em seus pulmões.
38:25O processo de falecimento já está ocorrendo.
38:28Agora era uma questão de tempo.
38:31Antes do coração parar e ele parar de respirar nove dias depois.
38:35Por fim, no momento em que a Jean Kaysen retirou Casey do hospital de convalescente Berkeley East,
38:56cinco semanas antes de sua morte, ela colocou a vida dele em risco.
39:00Com a falta dos cuidados médicos que ele precisava,
39:09ele desenvolveu infecções que aceleraram sua morte
39:12e encheram suas últimas semanas com sofrimento e dor desnecessários.
39:17Em maio de 2015, o procurador de Los Angeles decide que não há provas o suficiente
39:26para dar entrada em uma acusação de maus-tratos contra Jean Kaysen.
39:31Uma ação civil por abuso de idoso e homicídio culposo está em andamento.
39:38Mas ainda há uma reviravolta final nessa história trágica.
39:42Após retirar o corpo de Casey do hospital, apenas cinco horas após a sua morte,
39:48Jean Kaysen envia o corpo do marido para Noruega para ser sepultado.
39:54A gente fez o nosso melhor para evitar que isso acontecesse.
39:57Mas não tinha mais nada que pudéssemos fazer para impedir.
40:00Apenas Jean Kaysen pode explicar seus motivos.
40:05A Jean Kaysen não tinha nenhuma gota de sangue norueguês nas veias.
40:09O irmão dela falou com a gente e disse que ninguém tinha sangue norueguês na família.
40:14Ele está num túmulo não identificado, num lugar em que nunca esteve, numa terra onde ninguém conhece ele.
40:24Ele precisava estar aqui.
40:26Ele tinha que ter sido enterrado em Los Angeles, onde ele morou por 85 anos.
40:31Aqui ele teria tanta gente que adoraria visitá-lo.
40:39Em memória ao seu pai, Carrie Kaysen faz campanhas pelos Estados Unidos para mudar as leis
40:45e garantir que os filhos adultos tenham o direito de ver seus pais no fim da vida.
40:49O que aconteceu com a gente foi injusto e errado.
40:55E eu não vou deixar acontecer com mais ninguém.
40:58Eu sempre penso nisso.
41:01Ele dizia, continuem mirando as estrelas.
41:04Temos 50 estrelas na bandeira.
41:07A lei da visitação já foi aprovada em oito estados.
41:11Oito estrelas já foram e eu tenho mais 42 pela frente.
41:15Versão Brasileira Vox Mundi
41:20Música
41:26Música
41:27Música
41:28Legenda Adriana Zanotto

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