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O processo de eletrificação no Brasil enfrenta um "desequilíbrio tecnológico", aponta Igor Calvet, presidente da Anfavea. No Direto ao Ponto, ele detalha os desafios e as perspectivas para a transição energética no país, com a chegada de automóveis elétricos e híbridos, e transformações do “uso do carro” entre as classes sociais. Uma discussão essencial sobre o futuro da indústria automotiva e da infraestrutura nacional.

Assista na íntegra: https://www.youtube.com/live/Nehm72B2mdE

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Transcrição
00:00Vou te perguntar, presidente, como é que você encontra o cenário da indústria automobilística?
00:06Você que chega há poucos meses, desde abril, na presidência da Anfávia,
00:09qual é o cenário que você está encontrando?
00:13Olha, o cenário que a indústria automotiva está hoje não é só no Brasil, é no mundo,
00:19é um cenário bastante desafiador.
00:21Acho que hoje nós temos grandes tendências no Brasil e no mundo,
00:26que, primeiro, uma nova onda de tecnologias de propulsão,
00:30os veículos elétricos chegando, hidrogênio, células de combustível,
00:35e isso tem causado uma grande disruptura no mercado e redefinido as formas de competição.
00:42Uma outra grande tendência que tem mexido com o mercado é a questão da autonomia veicular.
00:48O avanço tecnológico, da conectividade, da inteligência artificial,
00:53tem feito com que os produtos, os automóveis, mesmo os ônibus, os caminhões, as máquinas,
00:59sejam cada vez mais inteligentes, por assim dizer.
01:03E isso gira em torno da sua autonomia, o quanto esses produtos conseguem interagir sozinhos
01:08com a infraestrutura, com os condutores ou sem condutores.
01:12Isso tem mexido muito, então é um cenário muito desafiador.
01:15E, por fim, eu diria que esse mercado tem também no mundo e no Brasil sido bastante confrontado
01:22com as questões relativas à propriedade dos veículos.
01:25Quem é propriedade?
01:27Quem quer ter a propriedade do veículo ou não ter a propriedade?
01:30Uma série de inovações surgiram, como, por exemplo, os carros compartilhados.
01:36Então, isso tudo tem ajudado na mobilidade,
01:38mas tem mexido com o setor automotivo no Brasil e no mundo.
01:41Então, é um cenário bastante desafiador e nós temos ainda a presença de novos entrantes também no mercado.
01:47Bem, você que está nos acompanhando, está vendo que o presidente Igor está lá em Brasília,
01:51nos nossos estúdios, lá ao lado do José Maria Trindade,
01:53por isso que estamos nesse cenário diferente hoje aqui.
01:57E, presidente, já que você falou dessa questão da tecnologia,
02:00dos desafios que você tem enfrentado neste ponto em específico,
02:04a gente já separa a primeira pergunta do Alex Rufo,
02:06que é apresentador aqui do Máquinas da Pan, comentarista também da Jovem Pan.
02:10Ele vai te fazer uma pergunta justamente nesse sentido.
02:12Alex Rufo.
02:14Bom, vamos lá, Igor.
02:15Desde a chegada dessa nova onda tecnológica da eletrificação
02:19e também, principalmente, das grandes green tags e novas marcas vindas da China,
02:24muito se falou sobre proteção da indústria local,
02:27da nossa indústria automotiva nacional.
02:29Como encontrar, então, uma solução para essa equação?
02:32Carros com pacotes tecnológicos e disruptivos,
02:36com custo mais competitivo que os oferecidos no mercado nacional,
02:39sem deixar de incentivar a produção local de automóveis.
02:45Alex, muito obrigado pela pergunta.
02:48Ela é fundamental nesse contexto novo do mercado.
02:51Você vê que nós temos um mercado que desafia a todo instante com inovações,
02:56sejam elas disruptivas ou inovações incrementais.
02:59Essa questão das tecnologias, as green tags que você comenta,
03:02elas vêm seguidas de maior conectividade, aliadas à propulsão.
03:07Nós temos, sim, nos últimos anos, uma entrada maciça de novos concorrentes,
03:12sobretudo asiáticos.
03:13Hoje, no Brasil, Alex, você tem pelo menos 10% dos veículos emplacados todos os meses,
03:21isso desde o ano passado, são dessas novas tecnologias.
03:24E esse número, ele é crescente, esse percentual vai crescendo.
03:29Quando nós, pelo menos a Anfávia, tem se posicionado para que as alíquotas do imposto de importação,
03:35que são essas novas tecnologias chegando,
03:37sejam equilibradas do ponto de vista competitivo,
03:41para que aquelas empresas que aqui estão no Brasil,
03:43e as que importam, nós não somos contra a importação,
03:46elas consigam concorrer de maneira equilibrada.
03:49E hoje, no Brasil, o nosso posicionamento é de que há um desequilíbrio competitivo,
03:55porque hoje é muito mais fácil você importar essas tecnologias.
03:59Ah, Igor, mas nós não temos essas tecnologias no Brasil.
04:02Todas as empresas, todas as empresas que estão hoje no Brasil,
04:05já possuem no seu portfólio global essas tecnologias,
04:09e poderão, e certamente farão, trarão essas tecnologias ao Brasil.
04:14Eu acho que o que nos interessa é que essas tecnologias sejam disponíveis aos nossos consumidores,
04:19mas, simultaneamente, sejam produzidas no Brasil,
04:23gerando o conhecimento, a tecnologia, no processo produtivo,
04:27que é muito mais sofisticado, aqui dentro do Brasil.
04:30Então, nós temos aqui, na verdade, uma equação,
04:33que ela não é tão simples, concordo com você, mas ela é necessária.
04:37Para você ter uma ideia, hoje nós, como setor automotivo,
04:40empregamos aproximadamente 1 milhão e 300 mil pessoas, direta e indiretamente.
04:46É uma cadeia muito longa, em nove estados do país,
04:50com mais de 29, quase 30 fábricas, em 50.
04:54Então, você tem um movimento para a economia muito importante.
04:58Hoje, nós falamos que a indústria automotiva é de uma cadeia muito longa,
05:03porque não é o veículo pronto apenas.
05:06No veículo pronto, tem a indústria têxtil representada,
05:10quilos e quilos de têxtil, você tem a indústria de vidro,
05:13muitos quilos de vidro, que tem origem lá, também tem a indústria da areia,
05:18você tem a indústria de couro, de eletroeletrônico,
05:21você tem uma série de pneus, borrachas, plástico.
05:24Então, é uma indústria de cadeia longa,
05:27que, de certa forma, ela é importante para toda a condução da manufatura no Brasil.
05:33Essa independência da manufatura brasileira,
05:35a sofisticação da nossa manufatura, ela é super importante,
05:39e eu acho que a equação para se resolver é,
05:42vamos dar igualdade ou equivalência competitiva para os produtos nacionais,
05:47para os produtos importados.
05:49E aí, todos nós que estamos produzindo o país,
05:52com os encargos que existem no país,
05:54poderemos fazer essa dimensão de tecnologia,
05:57conectividade e novas formas aqui para o nosso consumidor brasileiro.
06:02Presidente, a gente viu ali no seu breve currículo,
06:05na sua trajetória, que você tem essa formação em relações internacionais.
06:08trazer essa tecnologia para a produção nacional
06:12não depende de uma cooperação internacional de tecnologia?
06:16Estou falando de acordos bilaterais ou em blocos
06:19que autorizem essa transferência de tecnologia.
06:23Como o Brasil está hoje em relação a esses acordos
06:26que poderiam possibilitar essa vinda de novas tecnologias para a indústria brasileira?
06:33O mercado automotivo, ele é tradicionalmente um mercado
06:39que depende da interação entre o público e o privado,
06:43porque não são produtos, em geral, que são comercializados livremente no mundo inteiro,
06:51à exceção de alguns mercados.
06:52Então, o Brasil tem acordos automotivos, por exemplo,
06:56com a Argentina, com a Colômbia, com o México,
07:00com o país aqui da nossa região.
07:02Tem um acordo Brasil, aliás, Mercosul, União Europeia também,
07:06que pode ser assinado ou não, que envolve o setor automotivo.
07:10Então, há uma série de acordos que envolvem a troca de produtos.
07:14Mas nós temos aqui no Brasil, esse mercado é muito globalizado.
07:19Nós temos no Brasil uma base de empresas que são globais.
07:22Então, os projetos de desenvolvimento, de inovação,
07:27essas tecnologias, elas são trocadas também entre matriz
07:30e a sua unidade de negócio no Brasil.
07:33Então, eu poderia dizer que nós temos, inclusive, empresas no Brasil
07:37que exportam, fazem design, exportam tecnologias desenvolvidas no Brasil
07:41para outros países.
07:42A gente tem cada vez mais uma conexão entre a produção local
07:47com a produção global.
07:49Mas nós temos diferenças.
07:50Ah, Igor, mas nós temos diferenças entre produtos que estão nos mercados do Norte
07:55e outros mercados no Sul.
07:57Sim, nós temos essa diferença de produtos, inclusive,
08:00porque isso também é derivado da renda.
08:02Nós temos mercados que conseguem arcar com certos produtos,
08:05outros que não conseguem arcar com certos produtos.
08:08Então, não é necessariamente uma questão só de nós termos acordo.
08:12Sim, acordo é importante para acessar o mercado.
08:15Mas, do que diz respeito às tecnologias, nós temos um mercado de renda média para baixo
08:21que aceita determinados tipos de produtos, em que determinados tipos de produtos
08:25são mais vendáveis do que outros.
08:27A gente tem que pensar nisso também.
08:29O carro, o automóvel, aquele de passeio que nós convivemos com mais frequência,
08:35sejam os caminhões, os ônibus ou mesmo as máquinas agrícolas de hoje,
08:40elas são muito mais tecnológicas, com muito mais tecnologia embarcada
08:45do que há 10, 12, 13, 15 anos atrás.
08:48Isso é inegável o que nós temos hoje no mercado brasileiro.
08:52O que, de certa forma, a gente pode dizer assim,
08:55há diferenças, porque é uma diferença de acordo com a renda dos mercados,
08:58mas, do ponto de vista da capacidade tecnológica e desenvolvimento,
09:01nós temos, sim, nas nossas empresas, no mundo, essas mesmas tecnologias.
09:06Mas, nós precisamos, na verdade, é que trabalhar muito forte com o governo
09:11para acessar outros mercados.
09:13Eu vou dar um número, que você fez essa menção a outros mercados,
09:16que é super importante.
09:18Nós já fomos, Brasil, exportadores,
09:20e nós já chegamos a ter aproximadamente entre 20% e 25% do share
09:26no mercado na América Latina.
09:29Já foi nosso mercado.
09:31Hoje em dia, nós somos apenas 12% ou 13%,
09:34nós temos 12% ou 13% da participação no mercado latino-americano.
09:39Nesse mesmo período de tempo, uns 10 anos para cá,
09:42a China, que era pouco mais de 3%, 4% do mercado latino-americano,
09:47passou a ter um quarto do mercado, 25%.
09:49Nós invertemos a posição de participação com o novo entrante, que é a China.
09:54Então, nós temos que ter acordos para também,
09:56não só as questões tecnológicas de transferência,
09:59mas também para acessar esses novos mercados de maneira mais fácil,
10:03porque esse mercado, o mercado automotivo,
10:06em muitos lugares, ele funciona como um comércio administrado,
10:10não necessariamente um livre comércio entre as nações.

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