- 30/06/2025
Criticado após ordenar a retirada de circulação de quatro livros jurídicos que, segundo ele, definem a homossexualidade como "prática doentia" e "anomalia sexual", Flávio Dino reagiu em suas redes sociais.
O ministro do STF publicou no Instagram uma foto de uma resposta dada pela Meta AI, a ferramenta de inteligência artificial disponibilizada pela dona do Facebook, do Instagram e do WhatsApp.
“A liberdade de expressão não é absolutamente ilimitada. Embora seja um direito fundamental, ela pode ser limitada em certos casos para proteger outros direitos e interesses legítimos [...].”
Dino analisou um recurso do Ministério Público Federal contra decisão do Tribunal Regional Federal da 4ª Região que negou retirar de circulação os livros. O MPF apresentou a ação após alunos da Universidade Estadual de Londrina se manifestarem a respeito dos conteúdos.
O ministro do Supremo alegou que a decisão não representa uma censura prévia.
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“A liberdade de expressão não é absolutamente ilimitada. Embora seja um direito fundamental, ela pode ser limitada em certos casos para proteger outros direitos e interesses legítimos [...].”
Dino analisou um recurso do Ministério Público Federal contra decisão do Tribunal Regional Federal da 4ª Região que negou retirar de circulação os livros. O MPF apresentou a ação após alunos da Universidade Estadual de Londrina se manifestarem a respeito dos conteúdos.
O ministro do Supremo alegou que a decisão não representa uma censura prévia.
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NotíciasTranscrição
00:00Vamos falar do Flávio Dino, já que são vários exemplos que contrapõem esse discurso de defesa da democracia.
00:06Criticado após ordenar a retirada de circulação de quatro livros jurídicos, que segundo ele,
00:12ministro do STF Flávio Dino, definem a homossexualidade como prática doentia e anomalia sexual,
00:18o magistrado decidiu reagir.
00:21Dino publicou no Instagram uma foto de uma resposta dada pela Meta AI,
00:25a ferramenta de inteligência artificial disponibilizada pela dona do Facebook, do Instagram e do WhatsApp.
00:30Eis o trecho.
00:31Aspas.
00:32A liberdade de expressão não é absolutamente ilimitada.
00:36Embora seja um direito fundamental, ela pode ser limitada em certos casos para proteger outros direitos e interesses legítimos.
00:41Aqui estão alguns exemplos de limitações.
00:44Incitação à violência, expressões que incentivam a violência ou ódio contra indivíduos ou grupos são ilegais.
00:49Calúnia e difamação, acusações falsas que prejudicam a reputação de alguém,
00:53propaganda de ódio, expressões que promovem ódio racial, religioso, sexual, outras formas de discriminação.
00:59Fecha o ódio.
00:59Vocês estão vendo aí, deixa na tela o print de produção, que tem um monte de expressões aí,
01:05que obviamente são vagas em relação à sua aplicação.
01:10Quer dizer, quando elas estão configuradas, quem é que decide que elas estão configuradas?
01:15Quer dizer, é um juiz só e aí manda tirar de circulação obras inteiras?
01:21Então você tem uma série de problemas, porque não há aí uma especificidade que torne muito fácil de identificar o que quer que se encaixe nessa tese geral.
01:32E aí vai depender de interpretação.
01:34A interpretação pode gerar uma censura, pode ser uma interpretação de conveniência, que vai reduzir o espaço do debate público.
01:42Repito, criticar ordens de remoção, de censura, que sejam decididas de forma monocrática,
01:51em cima de livros que já estão circulando, estão à venda, em livrarias, etc.
01:58Não é o mesmo que concordar com o conteúdo dos livros.
02:03Às vezes tem conteúdos execráveis, tem ideias diferentes e tal,
02:07mas a defesa da liberdade de expressão, de crítica, de imprensa, se vê, na divergência se vê,
02:16quando se dá ao outro alguma margem para que ele coloque as suas ideias.
02:21E, eventualmente, você pode refutar aquelas narrativas, aquelas alegações, aqueles argumentos,
02:28com a sua participação no debate público, escrevendo outros livros, publicando nas suas redes sociais,
02:34artigos, fazendo comentários, etc.
02:36Quando vem de cima para baixo a força estatal para tirar de circulação,
02:41porque aquilo é uma afronta e a sociedade tem que ser tratada de uma forma paternalista,
02:47e as pessoas que lerem aquilo, num livro jurídico, elas podem sair cometendo crimes.
02:52Então, é preciso...
02:53Aí a gente precisa ver até que ponto vai isso.
02:57E essa é a discussão nesse momento.
03:00Não é adesão ao conteúdo.
03:03É a discussão sobre a censura.
03:06No espaço reservado ao texto da publicação, Flavidino escreveu,
03:09Fecho aspas.
03:38Você vê que, de um exemplo ao outro, pode ir uma distância imensa.
03:44A pessoa que grita fogo no teatro lotado e faz todo mundo sair correndo, se pisotear,
03:49ou gerar reações, três locais que podem gerar ferimentos e mortes, etc.
03:53É bem diferente de palavras que estão ali num livro jurídico
03:57e que não necessariamente tem uma difusão capaz de gerar isso e que precisam ser analisadas especificamente.
04:06Mas, só colocando aqui as nuances.
04:09O Dino analisou um recurso do Ministério Público Federal contra a decisão do TRF-4,
04:13que negou retirar de circulação os livros.
04:17Então, assim, o TRF-4 negou a censura, o MPF recorreu ao Supremo e o Dino autorizou a censura.
04:27O MPF apresentou a ação após alunos da Universidade Estadual de Londrina reclamarem dos conteúdos.
04:32O ministro do Supremo alegou que a decisão não representa uma censura prévia.
04:36Fecho aspas.
05:04Duda, são também expressões vagas as que ele usa nesse comentário.
05:11Quer dizer, fazendo um juízo de valor negativo, características depreciativas.
05:16Se você está censurando a liberdade das pessoas de fazerem considerações,
05:23inclusive depreciativas, sobre determinados grupos,
05:27você está afetando o debate público?
05:31Pense em outros grupos, em outros segmentos.
05:34Então, assim, não é uma questão de concordar.
05:38A gente precisa ver, caso a caso, o que é que foi dito e fazer a avaliação.
05:43De qualquer forma, de antemão,
05:46eu já considero grave que uma ordem de censura seja dada por um único juiz.
05:51De uma maneira monocrática no Supremo Tribunal Federal.
05:54No mínimo, algo desse tipo tinha que ser visto por uma decisão colegiada.
06:00Esse é o mínimo, esse é o começo.
06:01Quero ouvir suas considerações.
06:03Felipe, acho que a primeira coisa mais importante é dizer que censura é censura.
06:08Ele realmente mandou tirar esses livros de circulação.
06:13Teve uma justificativa ali.
06:14Não era só esse trechinho que precisa mudar.
06:17Só que o livro está impresso.
06:19Os livros foram publicados em 2008, 2009.
06:22Então, não é que nem entrar em uma página de internet e mudar um trechinho.
06:26Você tem que jogar esses livros no lixo e imprimir de novo.
06:30Então, você tem um custo grande para a editora.
06:34E isso daí, além da decisão de proibir a circulação desses livros,
06:40tem dois momentos ali da decisão que fala de multa.
06:44Uma é uma multa de 150 mil reais.
06:46e outra é uma multa de um milhão de reais.
06:49No mínimo, um milhão de reais.
06:50Agora, assim, que editora no Brasil?
06:52Era uma editora pequena, chama Conceito Editorial.
06:55Como é que vai arcar com esses valores de indenização para o Ministério Público?
07:01Então, você cria um efeito nas editoras dos livros.
07:07Que agora, qualquer editor de livro, antes de pensar em publicar ou não uma obra,
07:10vai pensar, poxa, será que daqui a 15 anos o ministro da STF vai querer,
07:16vai tirar isso de circulação e vai me multar em um milhão?
07:20É isso.
07:20Então, você cria aquilo que chama de chilling effect, né?
07:23Todo mundo fica meio pianinho, quietinho, com medo.
07:27E você cria a autocensura.
07:30Então, é um absurdo o Dino fazer esse tipo de coisa.
07:35E o outro absurdo é usar a inteligência artificial, né?
07:39O Dino deveria, como ministro da STF, a primeira coisa era levantar da cadeira,
07:45dar três passos e, na primeira instante, ir pegar a Constituição Federal.
07:51Eu suponho, né, Felipe, que cada ministro da STF tenha a Constituição Federal no seu gabinete.
07:58Posso estar, talvez, acho que eu espero, tá?
08:01É uma torcida.
08:02Mas, em vez de fazer isso...
08:04Ele está lá para enfeitar, em muitos casos.
08:05E se ele fizesse isso, ele ia pegar lá e ler a Constituição?
08:08Está lá, artigo 5º.
08:10As pessoas têm direito a acesso à informação.
08:13O artigo 220.
08:15Censura prévia é proibida.
08:18Não pode.
08:19É proibido.
08:20A Constituição autoriza a liberdade de expressão.
08:22Ele usa essa alegação, que foi a mesma do Alexandre de Moraes,
08:29quando ele não quis dar o braço a torcer ao desistir da censura à Cruzoé.
08:35Na verdade, ele censurou a Cruzoé, quando a Cruzoé deu uma notícia verdadeira,
08:39que era o codinome do Toffoli na Odebrecht.
08:42O Celso de Mello emitiu aquela nota contra a censura,
08:45era o, então, ministro mais antigo da corte,
08:47constrangeu o Alexandre de Moraes.
08:48Alexandre de Moraes revogou a própria censura,
08:50mas sem querer dar o braço a torcer, ele disse que não era uma censura prévia.
08:54Por que eles dizem que não é uma censura prévia?
08:56Porque o livro já está em circulação nesse caso,
08:58e a reportagem já tinha saído.
09:00Eles mandaram remover.
09:02Remover para eles não é censura.
09:04Então, assim, para fingir que não é censura,
09:06eles dizem que não é censura prévia,
09:08porque foi uma decisão de remoção
09:09depois que a matéria já tinha sido publicada
09:12ou que o livro já tinha sido publicado.
09:14No entanto, não deixa de ser censura.
09:16Seja antes ou seja depois.
09:17Você está tirando de circulação.
09:18Então, essas alegações, pelo pouco que eu vi,
09:22que envolvem o universo LGBT, que é IA+,
09:26ou como o Dino colocou ali,
09:29elas são rebatidas no debate público,
09:32são rebatidas por pesquisas acadêmicas.
09:35Você tem uma forma democrática de contestar alegações absurdas,
09:41ou abjetas, ou comentários depreciativos.
09:45As pessoas que são responsáveis por isso,
09:47elas vão ser criticadas no meio acadêmico,
09:50vão ser criticadas no debate público.
09:53E essa margem para que as pessoas
09:56deem esse tipo de comentário
09:59e sejam criticadas,
10:01e sejam refutadas no teor dos seus argumentos, etc.,
10:05isso caracteriza o debate público
10:08de um país democrático.
10:09O que caracteriza o debate público de uma ditadura
10:13é a proibição de tudo aquilo que não pega bem para o regime,
10:18na visão do regime.
10:20Então, não pode ser assim.
10:22A gente está cada vez mais vendo ministros do Supremo Tribunal Federal
10:26agirem e se acharem na condição de agir
10:29como editores do debate público.
10:32São eles que definem o que pode vir a público,
10:36o que não pode.
10:38Até decisões que não são exatamente sobre isso
10:41acabam tendo um pouco desse biés,
10:43como eu mostrei no caso do Gilmar Mente,
10:45de livrar o José Dirceu.
10:46Ele estava ali fazendo alegações,
10:48que é praticamente uma patrulha de pensamento
10:51da conversa que os procuradores têm
10:53no ambiente profissional.
10:56Os procuradores estão conversando
10:58sobre a formulação de uma denúncia.
10:59São profissionais, colegas de trabalho
11:02que estão conversando sobre uma obra conjunta.
11:05É claro que vai surgir, uma graça ou outra,
11:07vai surgir uma ponderação sobre o que vai acontecer,
11:11qual é o efeito, etc.,
11:13em meio às alegações
11:15de quais são os motivos que a gente tem para denunciar.
11:20Ah, tem o comprovante aqui
11:21do dinheiro ilícito, da origem, etc.,
11:24atuou no desvio.
11:26E aí, o Gilmar Mente começa a fazer toda uma patrulha.
11:29Ah, não, veja bem, ele disse isso.
11:31Olha, ele disse isso enquanto estava formulando a denúncia, etc.
11:34Ah, isso invalida tudo.
11:36Quer dizer, o que a pessoa diz até em privado,
11:39até em privado, mas que apareceu depois
11:41na troca de mensagem,
11:43inviabiliza todo o resto que ela fez
11:45por outras razões.
11:46É porque não podia nem ter dito em privado
11:48antes de publicar aquilo.
11:50Então, olha que nível chega
11:51a patrulha do pensamento.
11:53mesmo, como no caso do livro,
11:58que seja um pensamento abjeto.
12:01Mas é preciso ter alguma liberdade
12:03para que ideias abjetas
12:05sejam contestadas, refutadas,
12:08e que as ideias
12:09que realmente têm valor
12:11possam prevalecer
12:13em um debate público democrático.
12:15E tem um paralelo aí entre os dois casos.
12:17Você falou dessa patrulha do pensamento
12:19que vai lá e pega uma conversinha
12:21entre dois procuradores
12:22e usa isso para fazer
12:23todo o patrulhamento.
12:25Esses livros estavam escondidos,
12:28ninguém, numa biblioteca
12:29de uma universidade de Londrina,
12:32ninguém lia essas coisas, né?
12:33É feito Streisand.
12:34Aí, exatamente,
12:36aí eles vão lá,
12:37os alunos
12:38acionam o Ministério Público
12:40e a coisa cresce, né?
12:43E aí, quando o TRF4
12:46recusa o pedido
12:48para tirar os livros
12:49de circulação,
12:50a alegação é que, olha,
12:52esses livros aí
12:53não estavam incomodando ninguém,
12:54ninguém lia, né?
12:55Não oferecia perigo
12:57para essas pessoas
12:58que estão citadas, né?
13:00Ou para esses grupos
13:01LGBTQIAPN+.
13:03Olha aí, acho que eu falei certo.
13:05Mas não oferecia perigo,
13:08estava esquecido,
13:09mas aí tudo bem,
13:09aí o Dino vai lá,
13:12usa isso
13:13e a ideia é meio que gerar
13:16esse efeito que eu falei,
13:18que é todo mundo
13:18meio que se policiando
13:20para tomar cuidado
13:21com o que falar,
13:22porque senão depois
13:22vem o STF daqui a 15 anos,
13:24vai lá e proíbe tudo.
13:25É um efeito de intimidação.
13:27É nocivo isso
13:28para o debate público
13:29de um país democrático.
13:31É lamentável
13:32que os ministros
13:32do Supremo Tribunal Federal
13:33se sintam cada vez mais
13:36capazes
13:38de editar o debate público
13:40e dispostos
13:42a fazer isso
13:43sem a menor cerimônia.
13:44do Supremo Tribunal Federal
13:47Legenda por Sônia Ruberti
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