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  • há 3 meses
Lula indicou Gabriel Galípolo para a presidência do Banco Central. A escolha foi anunciada pelo ministro da Fazenda, Fernando Haddad, em coletiva nesta quarta-feira, 28.

Galípolo, que hoje é diretor de política monetária do BC, precisa ser aprovado pelo Senado para assumir o comando da autarquia. 

Se o Senado der aval para a escolha de Lula, Galípolo vai ocupar a cadeira de Roberto Campos Neto, que vai deixar o BC em dezembro, após cumprir mandato de 4 anos. 

Felipe Moura Brasil e Rodrigo Oliveira comentam:

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Transcrição
00:00Muito bem, a gente começa falando sobre o Banco Central. Lula indicou Gabriel Galípolo para a presidência do BC.
00:06A escolha foi anunciada pelo ministro da Fazenda, Fernando Haddad, em coletiva nesta quarta-feira.
00:10Galípolo, que hoje é diretor de política monetária do Banco Central, precisa ser aprovado pelo Senado para assumir o comando da autarquia.
00:18Ele vai ser sabatinado na Comissão de Assuntos Econômicos, CAE, como eles chamam, do Senado, e o passo seguinte é a análise da indicação no plenário da Casa.
00:26A votação é secreta. Se o Senado der aval para a escolha de Lula, Galípolo vai ocupar a cadeira de Roberto Campos Neto, que vai deixar o BC em dezembro após cumprir mandato de quatro anos.
00:37Lembrando que o Campos Neto foi indicado por Jair Bolsonaro, ainda, claro, no governo Bolsonaro, porque anos atrás houve essa decisão de serem mandatos não coincidentes do presidente do Banco Central e do presidente da República.
00:51Então, o presidente da República indica, fica dois anos no governo dele e dois anos no governo do seu sucessor.
00:58Então, a gente está chegando ao final desse período de dois anos do Campos Neto, no governo Lula, e entra no lugar o Galípolo.
01:05Nosso Rodrigo Oliveira, o Mr. R, diretamente de Ribeirão Preto, comenta para a gente essa pauta.
01:11Tudo mais do que esperado e, provavelmente, até porque a votação é secreta, não deve haver grandes obstáculos no Congresso Nacional.
01:19Boa noite, Rodrigo. O que você avalia?
01:20Boa noite, Felipe. Não, não deve ter nenhuma dificuldade para passar o nome do Galípolo no Congresso Nacional, no Senado, na CAI, Comissão de Assuntos Econômicos.
01:30Ele já participou de uma sabatina quando foi indicado a diretor de política monetária.
01:35Ele era secretário executivo do Ministério da Fazenda, o número dois do Fernando Haddad.
01:40Fernando Haddad que estava hoje ao lado dele nessa indicação, nessa oficialização da indicação, porque todo mundo já esperava o nome do Gabriel Galípolo.
01:49A reação do mercado financeiro, no entanto, é que foi um pouco até, de certa forma, uma certa surpresa.
01:58Você teve os juros futuros subindo aí cerca de 10 pontos nos vencimentos mais intermediários ali.
02:04Depois do ajuste, chegou a 17, ali para 26, os vencimentos de 2026, 2027, que é uma média dos juros, que eu estou falando, daqui até 2027.
02:18Então, você teve uma elevação dessa expectativa de juros.
02:20E o dólar também deu uma disparada, estava 5,53 na hora do anúncio, foi fechar o dia aí a 5,57 reais o dólar americano.
02:33E aí as coisas ficam um pouco mais confusas, porque isso já era esperado.
02:37Então, a ideia é que não houvesse muita movimentação.
02:40Tem uma parte do mercado que ainda não acredita na tecnicidade do Galípolo, não na competência técnica dele,
02:49mas se ele não vai ser um cara mais voltado a agradar o presidente Lula, que quer juros mais baixos.
02:57E, dessa forma, vai ser mais deniente no combate à inflação, deixando a política monetária um pouco mais trouxa.
03:04Isso, além do histórico do Gabriel Galípolo, como professor de economia e algumas ideias que ele falava antes de chegar ao governo,
03:15e por ter acompanhado o Lula durante a campanha.
03:18Além disso, você tem lá em maio uma decisão dividida do COPOM, do Comitê de Política Monetária,
03:24que acabou colocando o grupo indicado pelo Lula como um grupo mais permissivo à inflação,
03:32por ter votado naquela decisão por uma continuidade dos cortes de juros,
03:38foi o último corte até na época, em 0,5 ponto percentual.
03:42No fim, ganhou o grupo indicado pelo Bolsonaro,
03:46os cinco que foram indicados pelo Bolsonaro votaram juntos por um corte de 0,25,
03:51e esse que foi o último corte da Selic de ir lá para cá.
03:54Ela ficou parada aí nesse patamar de 10,5.
03:57Poucas semanas atrás, só para encerrar, poucas semanas atrás,
04:01o Galípolo começou a ficar mais eloquente, mais falante e bem mais duro,
04:06voz grossa, falando que não, vamos combater a inflação,
04:11sempre que for preciso a gente vai subir os juros se precisar,
04:14a gente não vai ter de versar e a gente vai ser combativo contra os juros.
04:19Nessa expectativa de tentar ganhar mais credibilidade com o mercado,
04:23o mercado inclusive começou a precificar altas de juros a partir já de setembro,
04:280,25 em setembro, 0,50 em novembro e 0,50 em dezembro,
04:33que vai levar a Selic de novo perto de 12%,
04:36mas tudo isso acontece antes do Galípolo assumir a presidência,
04:42que é em janeiro de 2025.
04:44E aí a gente vai ver realmente se o Banco Central com a maioria dos indicados
04:51sendo indicados pelo presidente Lula,
04:54se ele vai ser mais conivente com a inflação
04:57e aí fazer aquilo que o Haddad está fazendo com a meta fiscal.
05:01Vamos trabalhar ali no limite do que é a meta.
05:05Aí, de qualquer maneira, a gente vai ter que esperar para ver.
05:08Aparentemente, o nosso Gabriel Galípolo é um people pleaser,
05:13como o pessoal gosta de falar.
05:14Ele gosta de agradar as audiências
05:17e aí vai ficar difícil agradar mercado e petismo tudo ao mesmo tempo.
05:23Exatamente.
05:24Ele vinha, inclusive, votando junto com o Roberto Campos Neto.
05:27É uma parte que nós sempre comentávamos
05:29que o Lula, a Gleisi Hoffman, presidente do PT
05:32e demais petistas, ocultavam na sua retórica
05:35que tinha essa estratégia de colocar a culpa
05:39sobre qualquer problema econômico do país
05:41no Roberto Campos Neto,
05:42porque ele foi indicado pelo Jair Bolsonaro,
05:43nunca com uma avaliação de que o próprio governo
05:46não garante a responsabilidade fiscal,
05:49é um governo perdulário, é um governo gastador.
05:52Então, só para concluir rapidamente, Rodrigo,
05:54como é que fica o discurso do Lula agora?
05:57Ele perdeu o seu espantalho?
05:59Ele não tem mais em quem colocar a culpa?
06:01Ou será que ele vai ficar colocando pelos próximos dois anos
06:04a culpa na herança maldita do Campos Neto?
06:07Porque tem dois anos de governo e está acontecendo queimada
06:09e fica parecendo que é a herança maldita do governo Bolsonaro.
06:13Quer dizer, como é que vai ser daqui para frente?
06:16Está pegando fogo há três anos já.
06:19Mas eu acho que o Lula é extremamente criativo,
06:23então ele vai arranjar um outro culpado
06:25para as mazelas do governo dele, que não seja ele.
06:28Ou se o Galípulo realmente adotar uma postura mais dura
06:35na condução da política monetária,
06:39aí ele diz que o Galípulo virou a casaca
06:42e começa a bater no Galípulo mesmo,
06:44porque tanto faz como tanto fez.
06:45Afinal de contas, o Galípulo,
06:47em passando pela Sabatini e assumindo a presidência do BC em 2025,
06:51tem mandato até dezembro de 2028,
06:55só sai do Banco Central em 2029.
06:58Então não adianta o Lula espernear,
07:00vai ter que aceitar também se o Galípulo,
07:02por um acaso, o que eu acho improvável,
07:04assumir aí uma postura mais austera com a política monetária.
07:11É isso aí.
07:12A culpa é como o ar frio, ela é pesada e desce.
07:14Ela é sempre do subordinado, nunca do chefe.
07:17Valeu, Rodrigo Oliveira.
07:18É isso, até mais. Valeu, Felipe.
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