Simone Tebet (MDB) comparou Lula (PT) ao ex-presidente da Argentina Juan Domingo Perón, que governou o país por 10 anos no total em três décadas diferentes, para acusá-lo de querer se perpetuar no poder.
Ela deu a declaração em sabatina organizada pelo Estadão e pela Fundação Armando Alvares Penteado (FAAP) nesta segunda-feira (19).
"Eu não acredito no governo Lula. Por isso, eu sou candidata. Eu não consigo visualizar (apoio), a não ser o papel que nós temos de fortalecimento de um pacto a favor do Brasil que começa e não termina agora", disse Tebet.
"Vai ser um Perón", concluiu.
A presidenciável também negou a existência de negociações com a campanha do petista para apoiá-la em um eventual segundo turno contra o presidente Jair Bolsonaro (PL).
"Eu não converso com Lula. Sabe quando eu conversei com Lula, e até ele foi gentil em me cumprimentar e fazer uma brincadeira comigo, foi no dia do debate (da Band). Eu não tenho o celular dele e não sei com quem ele fala", relatou Tebet.
Cadastre-se para receber nossa newsletter: https://bit.ly/2Gl9AdL
Confira mais notícias em nosso site: https://www.oantagonista.com
00:00Eu acho que o que tem de interessante aqui para a gente falar do Lula, na verdade, é uma declaração da Simone Tebet. Simone Tebet falou hoje, põe aí, gente, por favor, numa sabatina que ela fez pela manhã, que o Lula, sendo reeleito, pode vir a ser o nosso peru. Vamos ver aí?
00:20O presidenciável é medebista, comparou o petista ao ex-presidente argentino, para acusá-lo de querer se perpetuar no poder.
00:35Está ali, né? Juan Domingo Perón governou o país por 10 anos, em momentos diferentes da história argentina.
00:47Foram dois mandatos seguidos, e depois ele voltou na década de 70, dois mandatos seguidos a partir de 53 ou 54, alguma coisa assim.
01:02Daí ele saiu do governo, daí ele volta na década de 70, e passa dois anos de novo no governo, mas morre, morre em seguida.
01:14E deixa como legado para a Argentina uma coisa com que ela está às voltas até hoje, que é o peronismo.
01:19A presidência hoje é peronista. O peronismo está lá desde 2002, com o Nestor Kirchner.
01:26Depois a mulher dele, a Cristina Kirchner, que o brasileiro louco tentou matá-la recentemente.
01:34E agora a Cristina está lá na vice-presidência, mas mandando muito, né?
01:44E o presidente, de fato, é um peronista.
01:46Aqui, ó. É muito interessante essa observação da Simone Tebet.
01:52O Lula pode ser o nosso peron?
01:54Eu estava conversando com o Duda Teixeira, que é muito mais sábio e safo quando se trata de política internacional,
02:02e ele estava fazendo uma observação interessante.
02:04O peron conseguiu virar o peron, porque quando ele começou a governar ali na década de 50,
02:11depois da Segunda Guerra, a Argentina estava muito rica.
02:15E daí ele conseguiu fazer o governo populista, que o transformou num personagem inesquecível para os argentinos,
02:25principalmente para os pobres argentinos.
02:28Então, assim, talvez o momento peronista do Lula já tenha acontecido.
02:33Foi lá em 2003, nos dois mandatos do governo Lula.
02:41Principalmente no primeiro mandato, em que ele surfou uma onda maravilhosa na economia,
02:47a economia mundial bombando, a economia brasileira bombando,
02:52e ele conseguiu criar os programas sociais que o tornaram conhecido até hoje.
02:59E, de fato, como diz um cientista social petista, que foi inclusive o André Singer,
03:08que foi inclusive porta-voz do Lula, mas ele fez uma análise, ele é um pesquisador político sério,
03:15fez uma análise e ele falou que tinha o petismo, mas depois do governo Lula surgiu o lulismo.
03:23Então, tem um lulismo que é diferente do petismo.
03:26É muito interessante.
03:29Talvez o momento peron do Lula já tenha acontecido lá atrás.
03:35Só que agora ele está voltando.
03:38Então, talvez a pergunta que a gente tenha que se pôr é
03:42o lulismo vai se perpetuar no Brasil e se transformar num fenômeno de,
03:49sei lá, agora 70 anos, talvez mais, como é o peronismo na Argentina?
03:57Será que se o Lula chegar à presidência de novo, ele vai criar condições para eleger e reeleger
04:07diversas vezes representantes da sua maneira de governar?
04:15Será que a gente vai ter mais 50 anos de lulismo barra petismo depois desse governo Lula?
04:24O que equivale a dizer?
04:2650 ou 70 ou sei lá, eu quantos anos, toque, toque, toque, de populismo de esquerda?
04:32Então, acho que a grande declaração do dia sobre o Lula foi essa, porque ela põe a gente para pensar.
04:42Lulismo, peronismo, populismo dos dois lados, estratégias para se preservar no poder.
04:51Os dois nasceram mais ou menos da mesma forma em momentos de grande riqueza do país
04:55e essa riqueza foi usada para conquistar uma base social de gente que precisa do governo, de fato.
05:03Muito interessante.
05:04Boa, Simone Tebet, gostei.
05:06É assim que devia ser campanha eleitoral.
05:10Bom, acho que é isso, né, gente?
05:13Olha aqui, eu errei.
05:14Eu tinha até anotado.
05:16O primeiro governo do Peron começou em 1946.
05:19Foi até 1952.
05:22Depois de 1952 a 1955.
05:25Daí eu não errei, ele volta em 1973 mesmo, fica até 1974.
05:31Ele morre.
05:32Logo em seguida, em 1974, quem assume a presidência da Argentina e fica até 1976?
05:38A mulher dele.
05:40A terceira mulher do Peron, Isabelita Peron.
05:42E daí, depois de 2003, de 2003 até 2022, 2003 até hoje, a gente tem um peronismo quase
05:52que ininterrupto no governo da Argentina.
05:55Só teve como exceção o governo Macri, que foi de 2015, 2016 até 2019.
06:03Ou seja, a Argentina, de fato, se tornou refém desse movimento político.
06:08Será que o Brasil, com a volta do Lula, se torna refém do lulismo?
06:16Do lulopetismo, sei lá eu como chamar esse treco?
06:19Ou será que a gente consegue escapar de novo, como aconteceu com a Dilma, no momento Dilma,
06:26que jogou a economia do país na terra?
06:38Ou seja, a Argentina, de fato, se tornou refém do país na terra?