- há 5 meses
- #claudiodantas
Em entrevista exclusiva a O Antagonista, o presidente da Petrobras, Roberto Castello Branco, analisa o cenário mundial de queda expressiva da demanda por petróleo, em consequência da pandemia da Covid-19, mas garante que a Petrobras “não vai quebrar”.
#GabineteDeCriseAntagonista #ClaudioDantas
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NotíciasTranscrição
00:00Legenda Adriana Zanotto
00:30Legenda Adriana Zanotto
01:00No mercado internacional ontem tivemos uma queda recorde no preço do barril do petróleo
01:07em função da queda da demanda, tudo aí decorrente dessa pandemia da Covid-19
01:12e obviamente que isso tende a impactar aqui o nosso mercado.
01:18Primeiramente gostaria de uma avaliação sua sobre esse cenário e como o Brasil está colocado nele.
01:25Cláudio, bom dia. É um prazer falar com você e com todos que nos assistem.
01:32Aparentemente nós vivemos a idade das pandemias.
01:35Se nós olharmos desde o início do século XXI, já tivemos vários surtos epidêmicos locais e globais até.
01:44Tivemos o SARS, a H1N1, o MERS, a Ebola, tivemos alguns que atingiram mais duramente o Brasil também,
01:57com a dengue, o zika vírus, a chikungunya.
02:01E simplesmente o mundo todo não estava preparado para isso.
02:05A nossa, como cidadãos, como os formuladores de política econômica, tiveram como única opção
02:15promover uma brutal recessão como medida de saúde pública.
02:20Então, a consequência disso é que nós temos uma das recessões mais severas da história econômica moderna.
02:27de acordo com as previsões do FMI, esse será um dos raros episódios nos últimos 120 anos,
02:36eu diria o sétimo ou oitavo episódio de redução do PIB global.
02:42O petróleo foi duramente atingido, eu acho que é a maior crise enfrentada pela indústria do petróleo nos últimos 100 anos.
02:53Só para ter uma comparação com colapsos de preços recentes, em 2008, com o choque financeiro global,
03:04os preços do petróleo, assim como os demais commodities, sofreram uma grande queda.
03:09Mas a redução de demanda foi relativamente pequena, a ordem de 3 ou 4 milhões de barris diários,
03:18o que representou, na época, menos de 5% da demanda global.
03:24Hoje, em 2014, nós tivemos outro colapso de preços, mas, desta vez, foi motivado pelo excesso de oferta,
03:34pelo crescimento significativo do shay oil, decorrente da revolução tecnológica nos Estados Unidos,
03:45que aumentou dramaticamente a produção de petróleo.
03:49Nessa ocasião, nós vimos apenas os preços caírem, a economia global não estava em recessão,
03:55estava crescendo, a redução de demanda foi mínima.
03:58Agora, no presente, com a Covid-19, nós temos a conjunção de dois fatores,
04:05os preços em queda e a demanda em queda.
04:08Para você ter uma ideia, a expectativa, pelo menos para este mês de abril,
04:15ou para o trimestre, nós deveríamos ter uma redução da demanda global,
04:21da ordem de 25 milhões de barris, significa 25% do consumo global.
04:29E o fato é que as empresas estão sofrendo muito com esse choque extremamente poderoso.
04:42O que se viu ontem foi um episódio que não deve ser generalizado.
04:49Embora o mercado seja global, aconteceu uma coincidência de dois fatores.
04:54Como é sabido, a capacidade de estocagem no mundo está próximo dos seus limites.
05:02Então, hoje é o vencimento de um contrato futuro, de maio,
05:06e aqueles que carregam os contratos futuros até o vencimento,
05:12os compradores de contratos futuros, recebem, são obrigados a receber o produto físico,
05:20onde o mercado financeiro e o mercado físico se encontram.
05:25E, simplesmente, não tem como estocar.
05:27Então, você está pagando para se livrar do petróleo,
05:31porque não há capacidade de estocagem.
05:33Nós, aqui no Brasil, na Petrobras, logo no início da crise,
05:38nós tomamos a decisão de, além de aumentar o colchão de liquidez da companhia,
05:45foi a primeira, além de preservar a saúde dos nossos empregados,
05:50foi preservar a saúde financeira da empresa.
05:53Então, aumentar o colchão de liquidez, nós fizemos isso rapidamente,
05:58tínhamos linhas de crédito chamadas revolvers,
06:02as linhas de crédito compromissadas,
06:04abastecemos o nosso caixa,
06:08nossa dívida foi bastante alongada,
06:12tem um prazo médio de 10 anos,
06:14então, não tínhamos grandes compromissos de vencimentos esse ano,
06:22a rolagem é relativamente fácil,
06:24e, por outro lado, reduzimos a produção,
06:30paramos aqueles campos que não são viáveis a preços tão baixos,
06:36nós nos preparamos para conviver com um cenário de preço médio,
06:41no ano, de 25 dólares.
06:42Essas medidas foram tomadas quando, exatamente?
06:46Essas medidas foram tomadas ainda em março.
06:49Ainda em março, ok.
06:50Ainda em março, então, reduzimos o nível de utilização das nossas refinarias,
07:00porque, para você ter uma ideia,
07:04as vendas de querosene de aviação em abril
07:08são apenas 6% do que eram no ano passado.
07:13Aqui mesmo, na minha casa, na serra,
07:19a gente escutava, de vez em quando, era normal escutar de vez em quando,
07:22o ruído de um avião.
07:24Lá em cima, a caminho do galeão.
07:26Hoje, é um silêncio absoluto.
07:28Só passarinho hoje, só passarinho.
07:31Não tem mais aviões.
07:33A gasolina está sobrando no mundo,
07:36então, houve uma queda de, eu diria, de 60% na demanda.
07:41Aqui, você senta aqui, no Brasil, no mundo está sobrando.
07:46Aqui, falando de estocagem,
07:48aqui a gente tem capacidade de armazenamento?
07:52Nós estamos com a capacidade de armazenamento ainda sobrando.
07:59Eu tenho observado, nossos estoques têm caído.
08:02Têm caído por quê?
08:03Nós aumentamos as exportações de petróleo cru,
08:09a economia chinesa está dando sinar de recuperação,
08:14então, foi capaz de absorver um bom volume de exportações.
08:20Estamos exportando também óleo, combustível e diesel
08:24para combustível marítimo,
08:26porque a Petrobras produz produtos para óleo marítimo,
08:33para combustível marítimo,
08:35com baixo teor de enxofre.
08:38Segue a regra que foi adotada pela International Maritime Organization,
08:44de combustível marítimo, chamado bunker oil,
08:48ter 0,5% apenas de teor de enxofre.
08:51Então, o nosso petróleo atende a essas exigências,
08:55isso começou a valer em 2020,
08:58então, estamos nos saindo muito bem.
09:00E o GLP, que a demanda até aumentou com as pessoas em casa
09:07e também, diria, com alguma demanda especulativa,
09:11motivada por agitadores que espalham boatos,
09:16que vai faltar gás de cozinha.
09:17Então, a situação no momento é essa.
09:21Eu lhe pergunto, justamente,
09:23dentro desse cenário no Brasil,
09:26a gente tem uma expectativa
09:29de que a queda do preço internacional
09:33também vai ter, como a gente vem acompanhando,
09:36normalmente vai ter uma queda aqui também
09:40no preço interno, na distribuidora, na bomba.
09:45Claro que o brasileiro, quando vê uma notícia dessa,
09:48já pensa assim,
09:48daqui a pouco o governo vai pagar para encher o tanque,
09:50do meu carro.
09:52Eu não posso sair de casa,
09:53mas vou sair com o carro só para andar um pouquinho.
09:55aquela coisa do brasileiro de tentar tirar alguma vantagem dessa situação.
10:03Mas, enfim, colocando a brincadeira de lado,
10:09a gente tem uma expectativa de queda.
10:11Até onde isso sustenta financeiramente a Petrobras?
10:17a partir de que limite mínimo você tem um problema?
10:21Porque, assim como não é possível você sustentar o preço lá em cima,
10:27também não é possível você intervir para sustentar o preço,
10:32para evitar que o preço caia.
10:34Também não é possível evitar intervir para que o preço suba
10:38e também não é possível intervir para que o preço não caia.
10:42sendo mais claro aqui, tem um limite, tem uma faixa,
10:49a gente, a Petrobras corre o risco de quebrar em função dessa crise?
10:53Não, definitivamente a Petrobras não corre o risco de quebrar.
10:57Se nós tivéssemos em 2015 e 2016,
11:02logo depois do assalto que a Petrobras sofreu por parte de uma organização criminosa,
11:08cujos efeitos ainda nós estamos lidando até hoje,
11:12as sequelas ficaram...
11:14É que é bom lembrar.
11:14Exatamente, diante da Covid-19,
11:17a Petrobras seria um paciente com todas as comorbidades,
11:21seria um paciente de alto risco,
11:23iria para a UTI e provavelmente, muito provavelmente, morreria.
11:27Hoje não, a Petrobras está mais saudável.
11:30No ano passado nós trabalhamos para que a Petrobras
11:34se mantivesse de pé a um preço médio de 40 dólares o barril de petróleo.
11:42Estamos aprofundando as medidas de redução de custo.
11:45Com a liquidez que nós temos,
11:47é possível passar o ano com um preço médio do barril de petróleo de 25 dólares
11:54e acabar o ano ainda com caixa superior ao mínimo.
12:00Então, temos a tranquilidade que a Petrobras não vai quebrar.
12:05E a nossa preocupação hoje é com a rentabilidade.
12:10A Petrobras não sofra um choque tão grande em termos de sua rentabilidade
12:17e não comprometa o seu futuro.
12:20Nós fizemos um corte de investimentos,
12:22o previsto para esse ano era 12 bilhões de dólares,
12:25recuamos para 8 mil bilhões de dólares,
12:28que em termos de despenho de caixa é um pouco menor,
12:33e sem cortar nenhum projeto que nós consideramos
12:37que vai trazer alto retorno para a companhia no futuro.
12:42Inclusive, projetos de pesquisa importantes,
12:45como nós temos um projeto chamado EXP100,
12:48que aumenta dramaticamente a probabilidade,
12:53ao se perfurar um poço,
12:56ele ter sucesso, a perfuração, encontrar petróleo.
13:01A probabilidade vai ser aumentada para quase 100%
13:06com o uso de inteligência artificial.
13:09Nós estamos promovendo uma transformação digital na Petrobras
13:13exatamente para poder reduzir custos
13:16e aumentar significativamente a produtividade.
13:21Então, a Petrobras não corre o risco de quebrar.
13:24Isso não me deixa acordado pela madrugada.
13:29Mas o preço da gasolina, por exemplo, vai cair,
13:34tende a cair mais do que já caiu?
13:36Nós estamos seguindo os preços internacionais.
13:40Até hoje, eu digo hoje porque entra em vigor
13:42um novo preço de R$0,91 o litro,
13:46nós reduzimos em 52,3% o preço da gasolina na refinaria.
13:52Lamentavelmente, eu não vejo isso chegar nas bombas.
13:57Isso é muito importante.
13:59Vamos ressaltar isso aí.
14:03Qual é essa queda desde que começou a crise?
14:06Quanto já caiu na refinaria?
14:11Caiu em 52,3%.
14:14Hoje, o litro da gasolina está sendo vendido
14:19nas refinarias da Petrobras a R$0,91.
14:22Mas se você for abastecer o seu carro com gasolina,
14:26chegar no posto, o preço será um múltiplo disso.
14:30Eu vi no início da semana, há poucos dias,
14:35aliás, no fim de semana, há poucos dias,
14:38gasolina comum a R$4,99.
14:42Então, há uma distância muito grande.
14:44Significa que houve alguma queda nos postos de gasolina,
14:49mas em relação ao preço da refinaria.
14:56Isso é importante.
14:58Eu lhe pergunto,
15:00aí depende, obviamente, da bomba, do preço da bomba,
15:05mas a tendência também,
15:08mesmo que os postos segurem por algum tempo,
15:10eles também não...
15:11Não é possível sustentar uma política
15:14porque a demanda naturalmente está caindo.
15:16Talvez, em alguns lugares,
15:19em função da retomada de algumas atividades,
15:23eles tenham conseguido sustentar.
15:25Aqui em Brasília, por exemplo,
15:26eu percebi que pelo menos caiu R$1.
15:29Estava sendo...
15:30Você tinha que...
15:31O litro da gasolina sendo vendido a R$4,70, R$4,80.
15:35R$1,79, R$4,89.
15:37E hoje está na base dos R$3,79, R$3,89.
15:41Há uma preocupação do impacto disso
15:44no resto da cadeia e em outros setores.
15:48Por exemplo, o setor sucroalcooleiro,
15:50em função do preço do etanol.
15:52Porque, naturalmente, as pessoas tendem a preferir
15:55se a gasolina cai muito
15:56e fica mais barata do que o etanol na bomba,
16:00todo mundo vai para a gasolina.
16:01E qual é o impacto que isso pode ter justamente
16:07na cadeia do setor sucroalcooleiro,
16:10uma vez que você pode ter uma redução drástica dessa demanda?
16:14Olha, no ano passado,
16:16o etanol hidratado
16:18teve seu consumo aumentado em 16%.
16:23A gasolina praticamente ficou estável.
16:27Não houve aumento de consumo de gasolina no Brasil.
16:30Esse ano, nós vamos ver uma queda significativa nos dois,
16:37no consumo de gasolina e de etanol.
16:39E acredito que o etanol será mais penalizado.
16:43Mas isso é o jogo do mercado.
16:47Eu creio que, se houver problemas,
16:50o governo, como tem feito,
16:52o governo brasileiro tem sido bastante ativo
16:55em desenvolver programas de assistência
16:59aos mais vulneráveis,
17:02aos setores da atividade econômica,
17:05está alerta quanto a isso
17:06e poderá efetivamente vir.
17:10Eu creio,
17:11eu não sou formulador de política econômica,
17:13só estou lançando uma hipótese
17:16que venha ajudar a indústria sucroalcooleira.
17:19socorrê-la.
17:23O senhor falava do ano passado.
17:25No ano passado, a gente também teve
17:26aquele mega leilão
17:29da sessão onerosa,
17:31do pré-sal.
17:33Duas questões.
17:35Nesta oportunidade,
17:36em função justamente da ausência
17:38das grandes petroleiras mundiais,
17:42a Petrobras acabou exercendo
17:45o seu direito de preferência,
17:46dobrou de tamanho
17:47ao adquirir esses blocos do pré-sal
17:51e agora vem essa queda
17:55do preço internacional.
17:57Isso não aumenta o risco justamente
17:59de colapso da empresa?
18:03Os ativos que nós compramos
18:06são o que se chamam de ativos
18:07de classe mundial.
18:09São grandes reservas
18:11custos de extração baixos,
18:15mais ou menos em torno de 4 dólares
18:18o barril de petróleo.
18:19É muito baixo.
18:21O risco exploratório é baixíssimo,
18:24porque nós conhecemos bem a área,
18:27já produzimos, inclusive,
18:29nessas áreas que foram adquiridas.
18:31Então, são projetos que vão entrar
18:35em operação daqui a quatro anos.
18:38Esse ano o investimento é pequeno,
18:42ele vai se acelerando,
18:45vai atingir um pico em 2022.
18:48Então, temos tempo até lá,
18:50são ativos realmente fantásticos,
18:53que vão mudar o perfil de produção,
18:58de custos da Petrobras
18:59e não se cogita de maneira nenhuma
19:03cancelar ou adiar esses projetos.
19:07O Brasil, infelizmente,
19:10sofre sempre com essa situação.
19:12Se o petróleo sobe,
19:15afeta a economia.
19:16Se o petróleo cai, afeta a economia.
19:18A Petrobras,
19:20ela tem algum tipo de plano de futuro
19:23para diversificar,
19:25realmente mudar a sua atuação?
19:29E ter menos impacto
19:33justamente na matriz econômica?
19:37O presidente de uma grande companhia de petróleo,
19:40há alguns meses,
19:42me perguntou qual o ativo que você gosta mais.
19:44Ativos de classe mundial.
19:47Diversificação por si só,
19:49não adianta nada,
19:50pode ser desastrosa.
19:51E a Petrobras fez isso no passado,
19:54passou até a produzir óleo de mamona,
19:56óleo de Dendê,
19:57se meteu em uma porção de negócios
20:00para perder dinheiro.
20:03Fertilizante, uma série de...
20:04Fertilizante, só perdeu dinheiro.
20:06O que a Petrobras sabe fazer bem?
20:09É explorar e produzir petróleo.
20:12E aí nós temos
20:13engenheiros de petróleo,
20:17geólogos,
20:17entre os melhores do mundo.
20:19Temos a tecnologia,
20:21temos capacidade de pesquisa
20:23e temos ativos.
20:24O pré-sal é uma província de petróleo
20:27extremamente rica.
20:29Então, o movimento que nós fizemos
20:32foi concentrar
20:34as atividades na Petrobras
20:37em exploração e produção de petróleo
20:40e gás,
20:42onde temos também
20:43perspectivas promissoras a médio prazo.
20:46e vender
20:49uma série de ativos
20:51que eram um peso morto
20:52na companhia,
20:53que só geravam,
20:55drenavam o caixa
20:56que era gerado
20:57pelas atividades de petróleo.
20:59Custava muito caro a companhia.
21:01Então, não é essa a intenção
21:03da Petrobras
21:04em diversificar.
21:05Nós vendemos,
21:07inclusive,
21:07diversificação geográfica.
21:10A Petrobras fez uma expansão
21:11comprando ativos
21:14ali e acolá.
21:17Comprando partido político.
21:19Exato.
21:20Até nos Estados Unidos
21:21se fala muito de Passadena,
21:24mas a Petrobras
21:25investiu no campo de petróleo,
21:27perdeu
21:28mais de 4 bilhões de dólares.
21:31As perdas totais
21:32da Petrobras nos Estados Unidos,
21:35com Passadena,
21:37mais esse campo de petróleo,
21:38somaram 6,3 bilhões de dólares.
21:40E aí, se fizeram,
21:42comprou refinaria no Japão,
21:45campo de petróleo na África,
21:49enfim,
21:50Argentina,
21:52Paraguai,
21:54Uruguai,
21:55Colômbia.
21:57Isso tudo
21:58foi um peso morto.
21:59Isso tudo tirou
22:00sangue da Petrobras.
22:04Então, quando se diz
22:05que as perdas
22:07da Petrobras
22:08com a corrupção
22:09foram 6 bilhões de reais,
22:12foi muito mais do que isso.
22:14Eu não sei te dizer o número,
22:15mas foi muito mais do que isso,
22:17porque
22:17a corrupção
22:18anda de mãos dadas
22:20com a má gestão.
22:20E má gestão
22:21foi uma coisa
22:22brutal
22:24na Petrobras
22:25nesses anos
22:26que passaram.
22:27Girou commodity, né?
22:29Exato.
22:30Eu lhe pergunto,
22:32dessa mudança
22:36que está acontecendo,
22:38de todo esse impacto
22:38no mercado internacional,
22:40o senhor prevê,
22:41por exemplo,
22:42algum impacto
22:43permanente,
22:46cito aqui,
22:47o senhor até abriu
22:48a nossa entrevista aqui,
22:49citando o Xisto,
22:51o mercado Xisto
22:51nos Estados Unidos.
22:53Há o risco
22:53de realmente
22:54de quebra
22:55e de fechamento,
22:56já que
22:57era uma fronteira ainda
23:00de exploração
23:01mais cara,
23:03mais dispendiosa.
23:05Há o risco
23:06de uma mudança,
23:08de alguma mudança
23:09geopolítica
23:11em função
23:11dessa queda brutal
23:14para países
23:14como Rússia,
23:15Arábia Saudita,
23:16Irã?
23:16Como é que o senhor vê isso?
23:18Eu creio que não.
23:19Os Estados Unidos
23:20vão se manter
23:20como um grande produtor
23:22de petróleo.
23:23A indústria do cheio
23:24nasceu
23:26como uma indústria
23:26de pequenas empresas.
23:29As características
23:30do cheio
23:31favorecem isso,
23:32porque o investimento
23:34no campo de petróleo
23:35demanda muito menos
23:37recursos
23:37do que o investimento
23:38em águas ruta profundas,
23:40como é o caso
23:41do pré-sal
23:43da Petrobras.
23:43E os custos
23:46de produção deles
23:47são altos.
23:48Gradualmente,
23:49numa crise
23:52é natural
23:53que as empresas
23:53alavancadas
23:54quebrem,
23:55mas os ativos
23:56fiquem.
23:57E numa crise
23:58várias vão
24:01desaparecer
24:01do mercado
24:02e já se nota
24:04já de alguns anos
24:05o interesse
24:06das grandes
24:07companhias de petróleo,
24:08aquelas que têm
24:08musculatura
24:09para enfrentar
24:10essas quedas
24:12de preços
24:13de petróleo,
24:14vão adquirir.
24:15Eu vejo
24:16companhias
24:16cortando
24:18investimento
24:18investimento
24:19e aumentando
24:20o endividamento
24:21para formar
24:21um tesouro
24:23de guerra
24:23e nesse tesouro
24:25de guerra
24:25está reservado
24:27algum dinheiro
24:28para comprar
24:29a preço baixo
24:31que a gente
24:31tiver falindo.
24:33Não é o nosso
24:33caso, né?
24:34Não,
24:35o nosso caso
24:35não é.
24:36Seguramente
24:37que não é.
24:38O senhor passou
24:39uma mensagem
24:40aqui na entrevista
24:41de tranquilidade
24:42em relação
24:43ao que está
24:44acontecendo.
24:45Olha,
24:45uma crise
24:46tem que ser
24:47enfrentada
24:47com calma,
24:48com frieza,
24:49com muita
24:49racionalidade,
24:51com coragem
24:54e com otimismo,
24:55otimismo moderado,
24:57é claro.
24:58Eu conversei
24:58com algumas pessoas
24:59da equipe econômica
25:00agora de manhã,
25:01não vou mencionar
25:02obviamente aqui,
25:03mas me passaram
25:04uma preocupação.
25:07Uma dessas pessoas
25:08também falou assim,
25:08bom,
25:08perdemos a oportunidade
25:09de privatizar a Petrobras,
25:11agora vamos morrer
25:12abraçados com ela.
25:13o senhor discorda
25:15absolutamente
25:16dessa afirmação.
25:18A privatização
25:19da Petrobras
25:20não esteve
25:21sob a mesa
25:22em nenhum momento.
25:24O que está
25:25sob a mesa
25:26e nós temos
25:26um portfólio
25:29de projetos
25:31de desinvestimento,
25:33vários deles
25:33são transações
25:34que já foram
25:35assinados
25:36os contratos
25:37de compra e venda,
25:38estão aguardando
25:40a satisfação
25:41de algumas condições
25:43precedentes,
25:44como a aprovação
25:44pelo Cade,
25:46que vão ser realizadas.
25:48Temos outros projetos
25:49que ainda estão
25:51na fase
25:52não vinculante,
25:53já ultrapassou
25:55a fase não vinculante
25:56das propostas
25:57para ter uma fase final.
25:59É o caso
26:00das refinarias,
26:01oito refinarias.
26:03Houve um interesse
26:04muito bom
26:05nessas refinarias.
26:07É a herança
26:07do PT, né?
26:10É.
26:10e vamos,
26:13vai,
26:14nenhum desses
26:15compradores
26:16potenciais
26:17chegou a nós,
26:18olha,
26:18desistir,
26:19perder o interesse,
26:20pediram apenas
26:21para adiar
26:22o prazo
26:23que nós tínhamos,
26:24que é natural.
26:25Então,
26:26eu acho que
26:27não vai haver
26:28a mudança
26:29permanente.
26:32Eu,
26:33por exemplo,
26:34na minha vida
26:34profissional,
26:35como economista,
26:36como executivo,
26:37já vivenciei
26:39várias crises,
26:40umas mais brandas,
26:42outras mais severas,
26:44como essa.
26:46E acho que
26:48a economia mundial
26:51vai sair dessa,
26:52o Brasil vai sair dessa,
26:54tão certo
26:56como
26:57o fato
26:59que amanhã
27:00de manhã
27:01o sol
27:01vai nascer
27:02novamente.
27:03Eu não sei quando,
27:04como os ingleses
27:05cantavam,
27:07we'll meet again,
27:09we don't know when,
27:11mas we'll meet again,
27:13sem dúvida nenhuma.
27:14E a Petrobras
27:15está,
27:16inclusive,
27:16numa crise,
27:17você tem que aproveitar
27:18as oportunidades
27:19de aprendizado.
27:20aprende-se
27:23várias lições
27:23para aplicar
27:24no futuro
27:25ou começar
27:26a aplicar
27:27imediatamente
27:28e sair dela
27:29mais forte.
27:30Perfeito.
27:32Roberto Castelo Branco,
27:32presidente da Petrobras,
27:33muito obrigado
27:34pela entrevista,
27:35pelos esclarecimentos,
27:36acho que vai acalmar
27:37muita gente
27:37no mercado,
27:39no governo
27:39e na imprensa
27:41também.
27:42Espero aqui,
27:43estou à disposição,
27:43estamos à disposição
27:44na próxima oportunidade.
27:46Obrigado,
27:47Cláudio.
27:48Um abraço,
27:49bom dia para todos.
27:50Tchau, tchau.
28:16Tchau, tchau.
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