PARA PAGAR DUDA, EMILIO USOU MESMA EMPREITEIRA DO INSTITUTO LULA

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Transcript

00:00Dia 14 de dezembro de 2016, Procuradoria-Geral da República, presente o colaborador Emílio Odebrecht,

00:11acompanhando seus advogados, presentes os membros do Ministério Público, reiterando as advertências

00:17já feitas em termos anteriores, passamos a tratar do tema contido no anexo 20, nominado

00:26como o Duda Mendonça. Esse termo de colaboração também é o de número 20. O que o senhor

00:35tem para dizer sobre esse tema que o senhor trouxe para esses pensamentos?

00:39Eu, na realidade, não tinha nada sobre isso. Quando eu coloquei, foi até uma provocação

00:44do senhor, quando da entrevista. Que, na realidade, foi que houve. Houve.

00:52Logo que Marcelo foi preso, só relembrando, eu fui procurado pelo Duda Mendonça, que tinha

01:02relação comigo, tinha sido meu contemporâneo, inclusive nos Maristas, se eu não me engano.

01:08E ele, vamos dizer, chegou para mim e disse, Emílio, tem aí um compromisso da Odebrecht

01:18comigo. Marcelo não está mais aí, não sei como é que está funcionando isso na organização.

01:25Eu estou sem cliente dentro da organização e queria receber aquilo que eu tenho direito

01:31a receber e foi acertado. E Marcelo estava preso? Marcelo preso. Eu disse a ele...

01:35Foi no ano passado isso? Foi no ano passado. Isso começou, foi logo, deve ter sido um mês

01:41ou dois meses depois de Marcelo ser preso. Então, nós estamos falando, é 15, julho, agosto

01:47de 2015. Aí eu disse a ele, olha Duda, você conhece a organização, se existe um compromisso

01:52com você, esse compromisso, nós vamos encontrar uma solução. Agora, deixa eu me situar, ver,

02:01porque eu não estou sabendo nada disso, não estou a par. Procurei me entrosar no processo

02:07todo. De fato, foi um programa de campanha, que ele era o recebedor disso. E eu mandei o pessoal

02:20verificar se existia essa dívida, tinha essa dívida. E aí, tinha sido encontrada uma solução

02:28para poder pagar a ele via um terreno que ele tinha no sul da Bahia, perto da praia, vamos

02:42dizer assim, que era uma forma de buscar, então, valorizar esse terreno e com isso ele

02:51receberia o dinheiro que ele tinha, vamos dizer...

02:54Superfaturado, o preço do terreno, pra dar mais do que o terreno vale e essa diferença

03:01seria o pagamento da dívida.

03:03Exato. Como a partir daquele programa do nosso companheiro, dia 19 de junho de 2015, quando

03:15eu, logo uma semana depois, oficializava a entrada do Newton como presidente substituindo

03:23o Marcelo e, ao mesmo tempo, definia uma série de regras dentro da organização, uma delas

03:31foi que daí pra frente, terminou o Caixa 2, zerava os compromissos que existiam morto, morrer,

03:44desfazer tudo, não existe mais. Eu precisava dar o exemplo na hora que constatou, mesmo assim,

03:51eu mandei devolver o terreno. Não, mas o terreno vale mais do que... não interessa.

04:00Devolve o terreno, desmancha, ele é que fica nos devendo. Eu prefiro que ele fique nos

04:06devendo um dinheiro que tem a ver com o ativo que a gente devolveu, que vale mais do que

04:12o compromisso que tinha com ele, mas eu não quero voltar ao sistema anterior. Foi isso

04:17que, na realidade, foi quando houve aquela provocação do senhor, se não me engano,

04:22naquela entrevista nossa. Foi por isso que foi feito esse relato, que é exatamente isso.

04:27Qual era o valor da dívida com o Duda Mendonça?

04:29Não tenho de cabeça agora. Eu lhe confesso...

04:32Estimado, o senhor tem estimado?

04:34Não tenho, não.

04:35O senhor tem.

04:36Se recorde que a dívida social é a campanha do Paulo Skaff?

04:40O Paulo Skaff.

04:41Não, eu piso para a campanha.

04:43A campanha de quem?

04:45Era do Paulo Skaff.

04:46O Skaff. Então, o Duda Mendonça prestou um serviço para a campanha do Paulo Skaff.

04:49Do Paulo Skaff e foi uma forma...

04:51E o Marcelo tinha assumido o compromisso de pagar...

04:53Exatamente a ele.

04:56...esse serviço.

04:57Então, aí o Marcelo assumiu o compromisso, mas acabou sendo preso, não pagou e ele recorreu o senhor.

05:02Agora, o senhor tem a ordem de grandeza do valor do terreno...

05:06É isso que eu não me lembro bem.

05:09Mas não foi nada significativo, não.

05:11Deve ter sido coisa aí de cinco, seis...

05:15De Marcelo, está isso?

05:17Será que o senhor não tem uma...

05:18Porque eu nem me interessei nisso.

05:21Eu disse, doutor Sérgio, eu não...

05:24Eu não olhei...

05:28Não quis nem entrar no mérito.

05:30Veja bem.

05:31Existe o acordo? Existe.

05:32Como foi feita a solução?

05:36Foi esta.

05:38Desmancha, devolve o terreno.

05:40Pronto.

05:41Foi isso que eu...

05:42Ah, mas o terreno vale mais.

05:45Fica esse crédito para a gente receber lá na frente.

05:48O que é que eu...

05:49Desculpa.

05:50Tem um documento de corroboração relacionado a esse, anexo específico,

05:53que é um contato, prestação de serviço, consultoria e gestão de crise.

05:57Sabe explicar o que é isso?

05:58É o seguinte, eu tenho que tentar agora...

06:01Posso tentar ajudar ele?

06:02A minha dúvida é se o valor do contrato é essa não.

06:04Não, isso aí foi a fome inicial.

06:06Por isso que ele foi...

06:08Ele caiu de paraquedas.

06:09A fome inicial de tentar saudar essa dívida de campanha com Paulo Schaaf.

06:14Como acabou não saudando com esse contrato, continua essa dívida, é que ele foi bater em cima de meu pai.

06:20Entendi.

06:21Então, esse documento de corroboração não ajuda a elucidar essa questão que a gente está falando.

06:25O valor da dívida, é esse o meu ponto.

06:26Não ajuda.

06:27Foi um parte, acho que parte foi parada com isso.

06:30Está no relato de Marcelo com o Pedro Edalho.

06:34Entendi.

06:35Você respondeu aqui para ele.

06:37O meu papel foi ser cobrado de Duda, saber que era um negócio ligado a Caixa 2 em campanha.

06:51E eu disse, como isso, eu já tinha tomado a decisão de anular, não tinha mais, desfaço o negócio.

06:59Pronto.

06:59Para mim, qual era o valor?

07:02Podia ser um real, como podia ser cem.

07:06A decisão era essa.

07:08Não sei se você me entende.

07:08Até porque eu não tinha mais dinheiro de Caixa 2.

07:14O Duda depois foi avisado que não foi.

07:19Ah, foi.

07:19Mas o senhor falou direto com ele ou mandou alguém falar?

07:22Mandei alguém falar, eu não me lembro quem foi que foi falar, mas eu também dei.

07:27Porque em vez em quando eu me encontro com ele, também falei com ele.

07:31Então ficou um dinheiro sem...

07:33Não, eu tenho um crédito.

07:34Então, mas juridicamente, como é que ficou esse negócio jurídico?

07:39Porque inicialmente seria uma compra de um terreno, seria uma compra e venda.

07:44Só que com valor superfaturado.

07:46Como o terreno não foi, ficou uma doação.

07:49Uma doação, mas também um crédito que não está registrado.

07:53Por isso que eu estou dizendo.

07:54Então, para mim...

07:56O senhor paga um pedaço do valor do imóvel e na continuidade se interrompeu, se devolveu

08:00o imóvel.

08:01Se interrompeu, devolveu o imóvel.

08:01Porque em tese ele deveria...

08:02Devolver, devolveu o dinheiro.

08:04É, mas eu não sei se isso está registrado ou não está.

08:06Eu não estou...

08:06Olha, o que eu quero dizer ao senhor, não estou certo.

08:09Que eu nem quis mais entrar.

08:11E ele?

08:11Para mim, o que eu queria...

08:12E qual foi a reação dele quando o senhor...

08:14Ele?

08:15Ele não tinha...

08:15Lógico, ele não foi o que ele gostou, mas também...

08:18Eu fiquei muito a cavaleiro, porque eu estava...

08:23Do ponto de vista econômico, patrimonial, eu estava ao contrário, dando um exemplo a ele.

08:28O compromisso Aldebrecht que assume, ele está pagando, ao ponto de estar lhe devolvendo um negócio

08:35que vale mais do que quer ser o próprio.

08:38Então, ficou difícil para ele, apesar de financeiramente isso não ter resolvido o problema dele.

08:44Porque o problema dele era financeiro, mas eu fiquei muito tranquilo do ponto de vista moral.

08:51É esse que é o ponto.

08:52Então, para mim, o importante era aquilo.

08:54O senhor sabe mais algum detalhe dessa campanha do Paulo Skaff?

08:59Como é que foi esse acerto com o Marcelo?

09:02Não.

09:03O senhor já teve...

09:04Não foi até...

09:05Paulo Skaff sobre esse assunto?

09:06Eu conheço o Paulo, claro, me dou muito bem com ele, nem sabia que existia isso com ele.

09:15Ele não pediu ajuda?

09:16A mim não.

09:17Dinheiro também.

09:18A mim não.

09:24Eu acho que isso constou da...

09:28O senhor não... vocês?

09:29O Marcelo.

09:29O Marcelo não foi?

09:32Essa parte toda...

09:33Quem apareceu como comprador do terreno nesse contrato do Duda Mendoza?

09:38Foi o Debrecht mesmo?

09:41Ah, não.

09:41Teve a DAG.

09:42A DAG também é a mesma?

09:44A DAG era que...

09:46DAG de engenharia.

09:46Exato.

09:47Aí, mais ainda, para eu desembrulhar isso, a DAG, devolva.

09:52Então, tirou...

09:54Resolveu o DAG, resolveu o Duda, resolveu tudo com a devolução.

10:00DAG é aquela mesma empresa do Instituto Lula.

10:02Exato.

10:02O terreno do Instituto Lula.

10:04Do amigo de Marcelo.

10:05Tá.

10:10A DAG...

10:12Pode fazer.

10:13Pode fazer.

10:14A DAG é subsidiária da Odebrecht?

10:17Qual que é a relação?

10:18Subsidiária?

10:19Não.

10:19É subcontratante.

10:20É subcontratante.

10:21Empresa subempreiteira, como a gente chama, né?

10:25Mas, assim, além da relação formal, existe uma relação informal entre a DAG e a Odebrecht,

10:32no sentido de confiança, de proximidade?

10:35Com a Odebrecht, não.

10:38Com o Marcelo, sim.

10:40Foram colegas de turma.

10:41Comigo, sim.

10:43Eu conheci o pai dele muito.

10:45Ele viveu lá em casa.

10:47Entendeu?

10:48Então, é uma relação de que eu jogava futebol com eles.

10:53Entendeu?

10:54Então, a relação é daí.

10:56Então, a relação é de Marcelo e do Emílio.

11:00Não é...

11:01Sendo que a minha é mais de outra geração.

11:05Agora, da organização, não.

11:08Ele está trabalhando como subempreiteiro da organização por causa de Marcelo e do Emílio.

11:12Qual o nome do DAG é da pessoa?

11:16De Merval Guzmão.

11:18Que é o mesmo nome do pai.

11:20É.

11:20A sigla DAG é ele?

11:21Que tinha uma empresa chamada Construtora Bahia.

11:25Ele era integrante dessa construção.

11:28Vocês lembram dele?

11:29Construtora?

11:30Sim.

11:30Não me lembro do outro lado.

11:32Tinha um lado da Sionis, que era Rio de Janeiro, e tem outro lado, que era Bahia.

11:37Era Construtora Bahia.

11:38Beleza.

11:40Mais alguma...

11:42Não.

11:44Vamos...

11:44É...

11:45Encerrando o termo 20, relacionado ao anexo 20, Duda Mendonça, dia 14 de dezembro de 2016...

11:53Não, 19.

11:54Oi?

11:55É 19.

11:56Esse aqui é o 20, não é?

11:57Esse é o 20.

11:57É o 20.

11:58É o 20.

11:59É o termo 20, Duda Mendonça, dia 14 de dezembro, colaborador Emílio Odebrecht.

12:03Obrigado.

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