Segundo o Ministério da Saúde do Irã, os ataques israelenses neste domingo (15) deixaram 224 mortos e mais de 1.200 feridos desde sexta-feira (13).
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NotíciasTranscrição
00:00Muito bem, informação que acaba de chegar agora, informações vindas do Ministério da Saúde do Irã.
00:07O Irã informando que neste domingo os ataques israelenses no país mataram 224 pessoas e feriram mais de 1.200 desde sexta-feira.
00:18224 pessoas mortas e 1.200 pessoas feridas.
00:23Eu quero acionar o Robinson Farinazo a respeito dessa informação que chega do Ministério da Saúde do Irã.
00:32Lembrando que é uma informação que vem da imprensa estatal.
00:38Eu quero saber a sua avaliação a respeito dessas informações prestadas pelo Irã.
00:44Robinson Farinazo.
00:47É o seguinte, como analista militar, não acredito em governos.
00:51Nem no governo do Irã, nem no governo do Israel.
00:53Todas as informações que vêm de governos a gente trata com uma certa ressalva.
00:58Porque se você quiser ter uma análise lúcida, precisa, transparente para o público, você precisa ter dados confiáveis.
01:05Então não dá para saber quem é que... se é tudo isso que o Irã está falando.
01:10Se Israel também atingiu todos os alvos que está alegando.
01:15O que a gente tem de um lado ou de outro são imagens de escombros.
01:19Lógico que dentro desses escombros há pessoas feridas, há pessoas que perderam a vida.
01:25É isso que a gente tem, mas não dá.
01:27É muito difícil a gente saber o que efetivamente aconteceu.
01:31Os governos precisam vender uma narrativa política.
01:37Então é difícil a gente saber o que efetivamente está acontecendo.
01:42Acho que vai levar um tempo ainda para essas informações decantarem e a gente ter um quadro mais claro da situação.
01:48Tem essa questão, né?
01:51Quero chamar aqui de volta o Irã na nossa tela.
01:53Tem essa questão justamente a respeito da credibilidade das informações.
01:57Porque quando a gente teve o início dos ataques de Israel ao território na faixa de Gaza,
02:02o próprio Hamas é quem dava os próprios números ali de feridos, de mortes.
02:09E agora a gente vê o próprio Irã também dando os seus números a respeito dos ataques de Israel.
02:15Exatamente.
02:16Eu acho que inclusive é uma maneira de você descredibilizar o Hamas em toda a questão de números.
02:22Porque Israel fez ataques relativamente fortes ao Irã.
02:25Além de demorar para ter um número fechado, um número certo desses desaparecidos,
02:30sobre escombros, mortos, feridos, são muito menores do que eram apresentados pelo Hamas.
02:35Claro que a gente está falando de um lugar muito mais densamente povoado que a Gaza.
02:39Mas como o colega comentou, é difícil de levar da credibilidade.
02:45Principalmente quando é uma instituição terrorista como o Hamas, ou a própria liderança iraniana.
02:51E a gente vê esse paralelo.
02:54A velocidade que o Hamas dava, o número de vítimas.
02:57A gente tem até o momento, o que aconteceu ontem em Batiam, não muito longe daqui,
03:04o prédio que desabou, a gente não tem confirmação de quantas pessoas estão mortas dentro dos escombros ainda.
03:09E a gente está falando de um país como Israel que tem capacidade de fazer uma busca mais assertiva.
03:15Então é bem complicado, mas infelizmente acontecem mortes de civis.
03:20São vítimas dessa guerra.
03:23E não tenho dúvida que esse número tende a aumentar tanto do lado iraniano quanto do lado israelense.
03:28Infelizmente, para ambos os lados civis, nós civis, acabamos pagando um preço por isso.
03:34Muito bem.
03:34Eu quero pedir para colocar essa imagem que nós temos ao vivo diretamente de Israel.
03:39A imagem que mostra ali a cidade de Jerusalém.
03:42Essa imagem, imagens em tempo real de Jerusalém.
03:46E eu peço para colocar essa imagem porque neste momento são 17 horas e 57 minutos no Brasil.
03:52E estamos a dois minutos da meia-noite lá em Israel.
03:57E isso marca o início da madrugada, que é um período em que há uma expectativa de novos ataques.
04:04As madrugadas são escolhidas para a intensificação desses ataques.
04:11A gente viu isso acontecendo nos primeiros dias, nesses dois primeiros dias de muitos ataques do Irã contra Israel.
04:18O maior número de mortos se dá justamente na madrugada.
04:23E a gente está com um morador de Israel aqui, o Ilan, que fala diretamente lá de uma cidade limítrofe de Tel Aviv.
04:31E eu quero saber, Irã, como é que você se prepara para essa noite?
04:37Atenção, você consegue dormir em paz?
04:40Você tem aí a sua tranquilidade para pegar no sono?
04:45Você tem aí os despertadores?
04:49Enfim, você deixa tudo para tocar?
04:51Eu quero que você explique aí na prática como é que você consegue dormir em paz sabendo desta possibilidade.
04:57Eu posso dizer que já é um meme aqui dentro da comunidade de Israel, é o fato de, desde que a guerra começou, as pessoas passarem um dia com sono.
05:07Porque é na noite que eles fazem mais ataques, duas ou três vezes, né?
05:12É muito recente, vai dar uma média certinha.
05:13Mas a gente vai dormir com o telefone perto da mesa de cabeceiro por conta dos alarmes que o governo de Israel manda à população.
05:22Tem um primeiro que tende a ser mais silencioso, mas o segundo, com dez minutos antes do míssil chegar, já é mais estridente.
05:29Não tem como não acordar com ele.
05:31E aí você tem dez minutos para se preparar.
05:34A gente costuma ir no toalete, preparar a mochila com os documentos.
05:38E descer para o bunker, no meu caso, que o bunker é compartilhado.
05:41Mas a gente tenta levar a rotina, a preparação para a noite a mais tranquila possível.
05:47Porque a gente sabe que está seguro.
05:51No fim das contas, a gente sabe que todos os que vieram a falecer até o momento, tiveram ferimentos mais graves, a informação que a gente tem,
05:59eram pessoas que não estavam seguindo o protocolo de segurança orientado pelo governo,
06:03de se abrigar em local seguro, de estar dentro do bunker durante o período do ataque e após ele.
06:09Então, a gente tem essa tranquilidade de dormir.
06:12A parte chata é só ter que acordar de madrugada com um barulho muito alto da sirene ou do alarme do telefone tocando,
06:20que é desconfortável para qualquer um, mas é parte da nossa rotina.
06:24E a gente entende isso, no fim das contas, como um remédio amargo,
06:28que, enfim, vai trazer um ótimo resultado para Israel no curto a médio prazo.
06:33O comandante Farinas, alguma explicação para que esses ataques se intensifiquem na madrugada?
06:41Eu não sei, não dá para dizer se talvez seja exatamente por isso,
06:47porque o alerta situacional do ser humano é sempre mais reduzido na noite.
06:53A gente não tem condições de saber isso daí, Koba.
06:56Mas o que o Irã busca, fundamentalmente, a estratégia do Irã,
07:01que é uma estratégia que já se revelou produtiva na guerra da Ucrânia,
07:06é a saturação das defesas aéreas de Israel.
07:10Eles buscam isso daí.
07:12Se vão conseguir ou não, eu não sei dizer.
07:16Mas o que acontece?
07:19Quando você lança uma série de mísseis e decóis também, que são iscas,
07:26você excita todo o sistema de defesa.
07:29Chega uma hora que o sistema não consegue dar conta de tantos alvos aí
07:33e pode vir a colapsar.
07:35Eu acho que é isso que o Irã busca.
07:38E a gente também não pode desprezar a precisão dos mísseis iranianos.
07:42Tem uma coisa chamada CEP, que é o erro circular provável,
07:47e o erro circular provável dos mísseis iranianos a 1.500 quilômetros
07:51deve estar em torno de 30 metros.
07:54É bastante preciso.
07:57Comandante Farinazo, aproveita e fala para a gente da qualidade do armamento iraniano.
08:04Você falou bem que eles apostam na sobrecarga do sistema de defesa
08:08para que se estresse a partir da quantidade de ataques,
08:12mas em relação à qualidade, há mais potência, há mais poder
08:16nesses armamentos iranianos contra Israel?
08:22Você não precisa provocar uma sobrecarga no sistema de defesa
08:27com armamentos muito potentes.
08:28Você pode jogar, inclusive, armamento inerte.
08:31Desde que você passe o seu adversário a gastar a munição dele,
08:34mesmo com armamento inerte, você já está ganhando.
08:37Agora, os mísseis do Irã são de reconhecida eficácia.
08:42O Irã vem desenvolvendo um projeto de uma família de mísseis e drones
08:46muito eficientes desde a guerra contra o Iraque, nos anos 1980,
08:51onde eles sofreram o diabo na mão do exército Saddam Hussein.
08:54O Saddam tinha uma família de mísseis Skand,
08:58que a União Soviética forneceu para eles, muito boa.
09:01O Irã viu que estava em deficiência.
09:03Quando acabou a guerra, foram atrás.
09:04Eles conseguiram esses mísseis com a Líbia, do Muammar Gaddafi,
09:08e depois conseguiram uma expertise junto à Síria do Hafez Assad,
09:13que era pai do Bashar.
09:15E a partir disso, eles foram desenvolvendo.
09:17E esses mísseis do Irã são extremamente precisos.
09:21E a grande prova de que a saturação desses mísseis é efetiva
09:27é que nós fomos lembrar que há pouco tempo atrás
09:29o presidente Trump retirou os porta-aviões americanos do Mar Vermelho
09:33porque duas salvas efetivas da guerrilha Ansarulá, dos Ruts,
09:39fizeram com que os americanos perdessem aviões ali dos seus porta-aviões.
09:44Então, a marinha americana ficou numa situação muito difícil.
09:46Os técnicos já discorriam exatamente sobre esse problema,
09:50que uma saturação poderia afundar o navio.
09:52Então, é um problema sério.
09:53Não é um problema assim que dá para desprezar, não.
09:56O que está sendo feito ali não é uma coisa desprezível, não.
10:01Agora, vamos ver como é que isso vai caminhar.
10:04Se aposta no esgotamento...
10:06Eu preciso lembrar uma coisa.
10:08Se aposta no esgotamento dos mísseis iranianos.
10:11Ponto.
10:12É uma premissa que cada um confia na premissa que achar melhor.
10:16Só que nós temos que lembrar que dois anos atrás,
10:18o pessoal da Ucrânia dizia que a Rússia estava ficando sem munição.
10:21Não foi o que aconteceu.
10:23Muito bem.
10:24Eu quero agradecer a participação conosco aqui do Ilan Rezikovics,
10:29que fala diretamente da cidade de Olom,
10:32que é a cidade limítrofe de Tel Aviv.
10:34Participou conosco nessa cobertura especial da Jovem Pan.
10:37Ilan, muito obrigado pela sua participação, pela sua contribuição.
10:40Muitas informações importantes que você nos deu.
10:44Eu quero agradecer e desejar que tudo vá bem com você,
10:47que nada de mal aconteça nem com você, nem com ninguém aí, Israel.
10:51Que não haja mais mortes, que não haja mais feridos e que tudo se resolva.
10:54Muito obrigado, Ilan.
10:56Muito obrigado.
10:57Agradecer a vocês pelo convite e que a gente tenha paz,
10:59tanto aqui como no Irã e no Oriente Médio como um todo.
11:02Nos falamos, provavelmente, tomar aqui em uma situação muito melhor.
11:06Muito obrigado, Ilan, diretamente de Israel.
11:09E eu quero receber o professor José Niemeyer,
11:12que chega agora e se junta ao nosso time nessa cobertura especial.
11:16Professor de Relações Internacionais, sempre conosco aqui na Jovem Pan,
11:20nos ajudando a entender todo o contexto deste conflito.
11:24Professor, seja muito bem-vindo.
11:26Uma boa noite para você que chega conosco agora nesta cobertura.
11:31Olá, Kubayashi.
11:32Como vai você?
11:32Um grande abraço.
11:33Um abraço também ao comandante Farinazo,
11:35que eu tenho a impressão que eu conheço pessoalmente.
11:37Acho que já nos encontramos.
11:38Professor Niemeyer, eu quero te perguntar a respeito de um anúncio
11:44que foi feito há pouco, que é a convocação de uma reunião de emergência
11:47na União Europeia, onde haverá um encontro de 27 diplomatas,
11:5327 representantes dos Ministérios das Relações Exteriores,
11:57uma reunião convocada de emergência sul,
11:59justamente para discutir a situação entre Israel e o Irã.
12:04O que podemos esperar desta reunião?
12:07Bom, eu acho que primeiro vamos entender o caráter simbólico desta reunião.
12:11É uma reunião da União Europeia e não uma reunião da OTAN.
12:15Isso me parece muito forte porque eu tenho dito,
12:19quando converso com você e com outras emissoras,
12:24que talvez um dos eventos mais importantes dos últimos anos
12:27tenha sido um certo distanciamento entre Estados Unidos e União Europeia,
12:32muito em função de uma aproximação, que ela é errática, mas ela ocorreu,
12:37acho que o comandante concorda comigo, entre Washington e Moscou,
12:41principalmente durante agora o governo Trump.
12:44Esses meses foram muito decisivos com relação a isso,
12:49nós chamamos isso em relações internacionais de um pet dependence,
12:52uma mudança na trajetória.
12:54Esse início de distanciamento e o governo Trump colocar a guerra da Ucrânia
13:01no colo da União Europeia, dizendo que a responsabilidade dos europeus,
13:04até por uma questão geoestratégica, me parece muito grave.
13:08E agora os europeus pegaram esta provocação, entre aspas,
13:13e estão aumentando o investimento em defesa.
13:15É claro, isso o comandante é muito mais especialista que eu,
13:18isso vai demorar muito.
13:19Eles querem chegar a quase um trilhão em gasto de defesa,
13:23os países europeus.
13:25Eles vão tentar colocar em ativação a política externa de segurança comum,
13:30que é a última fase do processo de união dentro do processo de integração europeu,
13:35que ocorre desde o Tratado de Roma no início dos anos 50, do século passado.
13:40E assim a Europa pode começar a pensar em ter uma farda europeia,
13:44meios militares disponíveis.
13:46Isso, inclusive, já estava sendo pensado num projeto chamado
13:50Bússola Estratégica dos Europeus.
13:52E agora essa reunião dos europeus, em particular, principalmente França e Alemanha,
13:58que são as duas potências centrais da União Europeia,
14:00também do ponto de vista militar, França, país nuclear, Alemanha não,
14:04mas a Alemanha hoje é um grande fornecedor de meios militares
14:08para todas as indústrias do mundo.
14:10Um país muito poderoso na sua capacidade industrial militar.
14:14Esses países e a União Europeia vão discutir a questão entre Irã e Israel
14:20a partir de uma perspectiva europeia.
14:22Isso me parece forte, até porque antes de ontem, no Conselho de Segurança,
14:27houve uma divisão clara entre Estados Unidos apoiando Israel,
14:32Rússia e principalmente China, que nunca se posiciona,
14:36se posicionou antes de ontem dizendo que criticava a ação israelense.
14:41Então, é um mundo muito dividido, é importante que a Europa se posicione também.