O tenente-coronel Marcelo Corbage, atual comandante do 22º BPM, assume o comando do Bope nesta quinta-feira (12). A mudança ocorre após a morte de Herus Guimarães Mendes e ferimentos em outras cinco pessoas durante operação policial no Morro Santo Amaro. Policiais envolvidos foram afastados e os comandantes, o coronel Aristheu de Góes Lopes do comando do Bope, e o coronel André Luiz de Souza Batista, do Comando de Operações Especiais (COE), exonerados pelo governador Cláudio Castro. Deysi Cioccari e José Maria Trindade comentaram. Reportagem: Rodrigo Viga Comentaristas: Deysi Cioccari e José Maria Trindade
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00:00Vamos ao Rio de Janeiro, o Tenente-Coronel Marcelo de Castro Corbage vai tomar posse como novo comandante do Batalhão de Operações Especiais da Polícia Militar do Rio
00:10em substituição ao Tenente-Coronel Aristeu de Góes Lopes, exonerado pelo governador Cláudio Castro.
00:18Rodrigo Viga chega ao vivo trazendo todas as atualizações desse caso, inclusive mostramos aqui no comecinho do Jornal da Manhã dessa segunda-feira.
00:26Bom dia, Viga, pra você. Boa terça.
00:30Tudo bem, Soraya? Bom dia pra você, pro Nonato, pro nosso ouvinte, espectador e internauta da Jovem Pão.
00:36O mais absurdo de toda essa história, é claro, o maior dos absurdos é a morte de um jovem inocente de 24 anos de idade, o office boy Eros Guimarães.
00:46Foi a informação que fluiu ao longo das últimas horas e que o comando da Polícia Militar do Rio de Janeiro não tinha conhecimento dessa operação realizada no último final de semana
00:58na comunidade Santa Mara, no bairro do Catete, na zona sul da capital.
01:02Uma operação realizada por duas forças, tropas de elite da PM do Rio de Janeiro.
01:06COI, que é o Comando de Operações Especiais, e pelo BOP, Batalhão de Operações Especiais da Polícia Militar do Rio de Janeiro.
01:12Pelo menos 12 agentes estavam envolvidos naqueles tiros disparados contra pessoas que estavam se confraternizando em uma quadrilha, no bom sentido, né?
01:22Numa festa junina que acontecia durante a noite e a madrugada nesta comunidade.
01:27Segundo o Comando da Polícia Militar do Rio de Janeiro, todos os protocolos pré-estabelecidos para uma operação policial não foram seguidos, não foram respeitados.
01:36E esses protocolos, minha cara é Soraya, Nonato, ouvinte e espectadores internados da Jovem Pan, tem uma base, tem uma espécie de tripé que fala sobre a avaliação de risco,
01:46fala sobre o princípio da oportunidade, né? Tudo tem a ver com o impacto, quais os reflexos que uma operação pode causar, e ainda a preservação de vidas.
01:57E essa, com certeza, foi uma das pernas desse tripé que não foi seguida, por isso, essa mudança no comando do Batalhão de Operações Especiais.
02:06Saiu o Tenente Coronel Aristeu Lopes para a chegada de Marcelo Corbajo, um profissional experiente e com anos de Batalhão de Operações Especiais,
02:16que chega com essa missão de tentar, de certa forma, diminuir a mancha, essa chamusca em cima dessa imagem, dessa importante corporação da Polícia Militar do Rio de Janeiro.
02:29Nas imagens das câmeras de segurança, né? Daquelas câmeras na farda dos policiais, já estão sendo disponibilizadas ao Ministério Público,
02:37a Corregedoria, que externamente vão, internamente, investigar o modo de operação, a atuação desse agente,
02:44que também tiveram as suas armas recolhidas e, por enquanto, estão fora das ruas, por medida de precaução e até mesmo de segurança.
02:53Tá certo, Viga, obrigada pelas suas informações. A gente volta a conversar daqui a pouco.
02:59Deixa eu acionar mais uma vez aqui os nossos comentaristas, a Deise Siocar e também o Zé Maria Trindade em Brasília.
03:06Zé, começando por você, o que significa, né, essa troca de comando do BOP?
03:12Pode significar também uma mudança de postura nas operações dentro de comunidades?
03:18Olha, isso forma cultura. A troca de comando é uma decisão administrativa, mas que, no meio militar, é grave,
03:27porque mostra que o comandante errou, ele não estava realmente comandando.
03:32Olha, Soraya, hoje eu defendo, de uma maneira muito forte, uma segurança jurídica muito grande para o policial.
03:40Quando ele entra para essa atividade complexa, né, perigosa, ele entra com risco de vida, ele sabe.
03:48A grande novidade dos últimos momentos, dos últimos anos aí, talvez da última década, é o grande risco jurídico.
03:56Se um policial comete um erro e é demitido aos 40, 45 anos, ele não sabe fazer absolutamente nada.
04:05Então, é um perigo muito grande para que ele caia exatamente para o outro lado, para o crime.
04:09Então, é preciso uma proteção legal muito maior.
04:13Na gestão, Sérgio Moro se tentou, através do governo passado, se criar uma proteção maior para o policial,
04:23que, numa operação desta, ele tem que decidir em segundos, né, em segundos e, às vezes, em milésimos de segundos,
04:31o que fazer, salvar sua vida ou os chamados efeitos colaterais.
04:37Mas é preciso treinamento e é preciso, sim, um comando. Por que o comando?
04:43O comandante que está mais distante, ele fica mais com cabeça fria, ele precisa ter a tropa na mão.
04:49Isso não pode acontecer, né, isso é um erro, não é a intenção da polícia e está parecendo que foi uma operação fora de controle.
04:59E é um erro localizado e a gente não deve debitar isso aí na conta da polícia, de uma maneira geral.
05:07No momento em que a segurança pública se tornou o principal debate da política e bate fortemente aqui em Brasília.
05:14Desde esse ocário, também queria te ouvir a respeito desse assunto, você chamava atenção para a questão do treinamento,
05:22que é algo que o Zé alertou aqui também, que deve-se ter para o policial e até as condições para que ele possa ter uma saúde mental também
05:29para encarar as situações difíceis do dia a dia.
05:33E, por outro lado, a gente tem a população, que muitas vezes fica vulnerável na mão também do traficante, do miliciano,
05:40se tratando de Rio de Janeiro, que são coisas mais ou menos corriqueiras.
05:45Como é que a gente pode equacionar isso tudo, hein, Deise?
05:49Nonato, eu acredito que enquanto a gente continuar tratando a segurança pública como força,
05:56enquanto o Estado se fizer presente somente através da força e não tratar a segurança pública como uma política,
06:03a gente vai continuar vendo episódios como esses acontecendo.
06:08A grande pergunta nesse momento é por que o Estado trata a segurança pública como algo militarizado
06:16e não como uma engrenagem de cidadania?
06:19Porque o Estado só se faz presente com o fuzil na mão.
06:23E aí, isso, obviamente, a consequência disso vai ser mais violência ainda.
06:27A segurança pública no Brasil, ela não é tratada como uma questão de cidadania.
06:31E aí, a gente volta para aquilo que eu estava falando.
06:34O policial não tem suporte.
06:35O policial, ele sobe o morro porque a política pública, ela não foi eficiente.
06:39Então, ele tem que subir com o fuzil na mão e encarar o que o Estado não conseguiu encarar.
06:44E, muitas vezes, sem o suporte necessário.
06:47O que aconteceu no Rio de Janeiro, de novo, foi uma tragédia.
06:50Não pode se repetir.
06:52Mas, enquanto o Estado continuar ineficiente do jeito que a gente tem visto,
06:55tratando segurança pública somente na base da força e como algo militarizado,
07:00a gente vai ver isso acontecendo outras e outras vezes.
07:02Porque segurança pública tem que ser tratada como cidadania.
07:06Política pública de cidadania, onde envolvam todas as partes da sociedade,
07:10não do jeito que tem sido tratada.
07:14Então, eu acredito que, enquanto não houver esse entendimento