O movimento "Ciência e Vozes da Amazônia na COP-30" foi lançado pela reitoria da Universidade Federal do Pará (UFPA) em fevereiro de 2025, para possibilitar que os atores locais tenham uma participação ativa no processo de negociações climáticas, ampliando a visibilidade das respostas ao aquecimento global gestadas na região. O reitor da Universidade, professor Gilmar Pereira, explica mais detalhes e avalia: "A COP na Amazônia, sem os amazônidas, não será uma COP bem-sucedida”.
REPORTAGEM: DILSON PIMENTEL
IMAGENS: GRAVAÇÃO NO ESTÚDIO DA REDAÇÃO INTEGRADA (por Karla Pinheiro)
REPORTAGEM: DILSON PIMENTEL
IMAGENS: GRAVAÇÃO NO ESTÚDIO DA REDAÇÃO INTEGRADA (por Karla Pinheiro)
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NotíciasTranscrição
00:00Olá, internautas do Grupo Liberal, eu me chamo Dilson Pimentel, sou repórter aqui do Grupo Liberal.
00:08Hoje nós vamos conversar com o reitor da Universidade Federal do Pará, o professor Gilmar Pereira.
00:14O reitor Gilmar vai nos falar um pouco sobre as ações que a UFPA tem realizado,
00:21já com vistas da COP30, que vai ocorrer em novembro deste ano em Berlim.
00:27O professor Gilmar, seja muito bem-vindo, é um prazer tê-lo aqui conosco.
00:33Professor, eu queria que o senhor começasse nos falando sobre o movimento Ciências e Vozes da Amazônia na COP30.
00:40O que significa esse movimento, quando ele foi lançado?
00:45Obrigado, Dilson. Bom dia aos nossos internautas.
00:49É uma alegria muito grande poder voltar ao Liberal para a gente conversar e, nesse momento, sobre a COP30.
00:57É uma experiência extraordinária da Amazônia.
01:02Talvez a nossa geração não tenha outra, porque eu penso que a COP com certeza não virá tão cedo outra vez para a Amazônia.
01:13Então, é um momento muito particular e importante para os povos da Amazônia.
01:18Tem gente que diz que a COP não é da Amazônia, é da ONU e que está na Amazônia.
01:24Mas a gente tem uma leitura que é uma leitura também cultural, que o que vem para cá é nosso também.
01:33E a COP, nesse sentido, também é nossa.
01:36Eu vou lhe falar dos Ciências e Vozes na Amazônia e falar para os nossos internautas, para a nossa comunidade, que é grande.
01:46Quando se decidiu que a COP seria na Amazônia, nós entendemos o papel que temos, enquanto ciência, enquanto estrutura física.
01:59Todos os grandes eventos realizados na Amazônia e no Pará, a universidade esteve por perto e atuando.
02:11E com a COP não será diferente.
02:14E a gente entendeu que precisávamos nos posicionar e criar uma dinâmica que apresentasse a universidade e o estado do Pará e a Amazônia como um todo.
02:27E aí a gente pensou em algo que é um discurso que a gente vem construindo, que a COP na Amazônia, na Amazônia, sem os Amazônias, não será uma COP bem-sucedida.
02:43E aí a gente tem articulado com a comunidade e fizemos o lançamento desse evento, Ciências e Vozes na Amazônia, na COP30.
02:55Que a gente tem o propósito de dialogar com os cientistas do Brasil e do mundo, sobretudo da Amazônia, mas também com as populações tradicionais.
03:07Quilombolas, indígenas, ribeirinhos e todas aquelas pessoas dos movimentos populares, sindicais,
03:15que estão na Amazônia ou fora dela e que entendem a importância de se pensar o planeta.
03:25Nós lançamos esse evento no dia 5 de fevereiro.
03:28Foi um grande evento.
03:30Teve presente mais de 1.500 pessoas.
03:341.000 presencial e mais de 500 online, que foi transmitido.
03:41Tivemos nesse evento representação de vários ministérios.
03:45A intervenção da ministra Marina Silva de forma online.
03:51E foi um evento muito significativo e demarcou, mobilizou a sociedade paraense.
03:57E tem sido elemento para dar continuidade a um conjunto de outros eventos importantes que a gente vem dialogando.
04:07A gente fez um evento, participou de um evento agora, há uns dois meses atrás,
04:13com um conjunto de jovens liderado pelo ex-vice-presidente dos Estados Unidos, o Al Gore,
04:22que fez um diálogo importante sobre a importância da juventude na COP.
04:29E temos dialogado com o resto do Brasil.
04:32Eu tenho feito falas na Associação Nacional dos Dirigentes das Universidades Federais.
04:40Essa semana a gente tem dois grandes eventos, um com os reitores chineses amanhã em Brasília,
04:48que eu devo falar e a minha fala sempre está ligada à Amazônia e às Ciências e Vozes.
04:55E quinta e sexta-feira, sábado, nós teremos um evento com os reitores dos BRICS,
05:01e que eu terei uma fala também para falar da pobreza e da fome.
05:05E, com certeza, neste momento também falarei da COP30 e do seu papel motivador e mobilizador para a Amazônia.
05:15Eu queria perguntar, o movimento Ciências e Vozes da Amazônia consiste em que são palestras,
05:20são debates, são reuniões com a comunidade mundial?
05:25Deixa eu lhe dizer, a gente começou criando uma comissão para dirigir a COP.
05:30Uma comissão, são cinco, seis cientistas que eu nomeei, que estão, que têm uma estrutura lá na área de internacionalização para dirigir a COP.
05:40E a gente, esses Ciências e Vozes da Amazônia, é um instrumento de mobilização da comunidade científica
05:47e da comunidade dos movimentos sociais e populares para atuar na COP30,
05:54e entender a COP30 a partir de três momentos.
05:57O primeiro momento é esse, é esse momento de mobilização, de diálogo, de preparação, de organização para a COP.
06:05O segundo momento é a COP, realmente, a presença dos presidentes, dos governantes do mundo inteiro.
06:15E o terceiro momento, que para nós é o mais importante, é o legado.
06:19O legado espiritual, espiritual não no sentido religioso, mas no sentido da reflexão, no sentido de entender o mundo de outra forma,
06:30que nos permita ensinar de forma diferente, que permita ao agricultor trabalhar a agricultura de forma diferente,
06:38que permita ao camarada da indústria entender a importância do respeito ao clima.
06:43Então, e aí, para nós, isso é uma questão perene.
06:47Então, a gente entende que esse movimento Ciências e Vozes na Amazônia deve ser algo que ocorra permanentemente,
06:56que tenha, nesse momento, o instrumento mobilizador e, depois, o instrumento documental para dialogar,
07:03para participar de alguma negociação durante a COP, mas que seja um instrumento para depois da COP.
07:09Professor, qual é a importância da UFPA na construção desses debates, já visando a COP?
07:15Olha, Dilson, a UFPA, eu digo, sempre disse que é a instituição mais importante da Amazônia.
07:24Se a gente tiver alguma dúvida com relação ao desenvolvimento da Amazônia e do Pará, particularmente,
07:31e o papel da universidade, imagine o estado do Pará sem a universidade.
07:36Se a gente vai nos cursos de medicina, a maior parte dos médicos saíram da UFPA.
07:42Se vai nos cursos de jornalismo, a maior parte dos jornalistas saíram da UFPA.
07:48Se vai nas escolas, a maior parte dos professores saíram da UFPA.
07:53Nas engenharias e etc.
07:54Então, eu entendo que a universidade, e a universidade participou de todos os grandes movimentos aqui da Amazônia,
08:03ela tem tido um papel importante.
08:06E eu acho que, nesse momento, a reflexão, que é mais fortemente a reflexão sobre o clima,
08:14mas é sobre o meio ambiente, mas é sobre a vida das pessoas e dos animais,
08:18da terra e das plantas também, o papel da universidade é central.
08:24Porque a gente tem uma quantidade extraordinária de laboratório,
08:29uma quantidade extraordinária de programas de pós-graduação que oferta mestrado e doutorado,
08:36e que cada um deles, de uma forma ou de outra, tem reflexões sobre a questão do clima,
08:43sobre a questão ambiental, sobre a questão do desenvolvimento,
08:47e que isso precisa ser aproveitado.
08:51Eu digo para os meus colegas do Brasil inteiro, e gosto que eles todos participem,
08:57mas eu digo, há uma diferença muito grande de qualquer um das universidades,
09:03porque a gente vive esse processo.
09:06A gente fala de ribeirinho, mas nós somos uma universidade ribeirinha.
09:10A gente fala do problema da floresta em pé, mas nós temos a floresta do lado.
09:18A gente fala do urbano e do rural, mas o nosso urbano e rural estão aqui do lado.
09:23Se você olhar depois aqui da Baía do Guajará, você tem a Ilha das Onças.
09:29Você olha lá na frente da universidade, você tem o cumbu.
09:33Então, é uma coisa eu falar disso do ponto de vista científico, e é legal e é necessário.
09:41Outra coisa é eu falar disso pisando nesse solo, lidando com o dia a dia dessas ações.
09:47Eu acho que é muito significativo.
09:49Professor, os especialistas falavam muito sobre mudanças que ocorreram no mundo,
09:54mudanças climáticas, e sempre projetando isso para daqui a alguns anos.
09:58Esse cenário já chegou agora, a gente está vivendo uma emergência.
10:01É legal isso disso, é legal e espantoso.
10:05Eu me lembro e lembro do Luiz Gonzaga cantando que o sertão vai virar mar, o mar virar sertão.
10:17De uma poesia, de um intelectual, e que o Luiz Gonzaga se apropria e canta maravilhosamente bem.
10:26E a gente achava aquilo uma coisa bonita, mas muito distante.
10:29E aí você vê, há dois anos atrás, a seca no Rio Amazonas, a seca nos rios do estado do Pará.
10:39A gente atrás de água para a população beber, porque não tinha água na região.
10:44Então, e a expectativa disso era para daqui a, sei lá, 20, 30 anos, e está acontecendo agora, sabe?
10:53Não precisa, é empírico, é diferente, porque uma coisa é o cientista falar.
10:58Porque quando a gente fala, as pessoas, qual é alarmismo?
11:01É coisa de cientista, tem exagero?
11:05Não, a gente está vendo, é empírico, está acontecendo.
11:10A cada dia é morte de peixe, é chuva fora de tempo, é seca.
11:17E você tinha isso muito desenhado.
11:19Nós da Amazônia sabíamos quando é que ia chover, quando é que ia chover muito,
11:24quando é que ia chover, mas chover em uma quantidade razoável,
11:28e quando é que ia ter sol.
11:30A gente não tem mais isso.
11:31A gente tem problemas de inundação, com chuva fora de época,
11:37e tem problema de seca na região que, extraordinariamente,
11:42é chamada de região das águas e das florestas.
11:45Professor, o senhor já declarou que deseja que a COP não seja apenas a conferência da floresta,
11:52mas um marco no respeito e inclusão dos povos e comunidades mais vulneráveis.
11:57O que é que o senhor falou?
11:58É, eu tenho chamado a atenção, nós somos uma universidade que hoje tem mais de 80% de meninos e meninas pobres.
12:08E são pessoas que têm um papel importante para o desenvolvimento das suas vidas, mas também da região.
12:19Eu não consigo perceber um evento dessa magnitude sem que esses povos estejam presentes e tenham a fala,
12:36e façam com que as suas falas sejam ouvidas.
12:40Então, eu imagino que o sujeito da floresta precisa dizer como é que ele mantém a floresta em pé.
12:48Os nossos ribeirinhos que, extraordinariamente, mantêm o ambiente praticamente como virgem,
12:59como foi deixado pelos seus ancestrais.
13:03Essas pessoas têm uma sabedoria extraordinária, inclusive sabedoria que nós precisamos aprender.
13:11Enquanto cientista, nós precisamos sistematizar isso no processo de ensino-aprendizagem,
13:18no processo de apropriação do conhecimento, na sabedoria sobre os medicamentos.
13:25Enfim, tem um conjunto de saberes e de informações que a sociedade se apropria a partir da leitura dessas populações
13:37e que precisa ser valorizado, sabe?
13:39Eu tenho um desejo muito grande que o povo que vem de outros países,
13:47as organizações como a ONU, como a Unesco e tantas outras organizações que virão aqui,
13:56entenda o que significa ser quilombola na Amazônia, o que significa ser indígena,
14:01o que significa ser ribeirinho, o que significa ser extrativista.
14:06Sim, porque os extrativistas também são pessoas que contribuem para manter a floresta em pé,
14:14para garantir a questão do pescado em quantidade que beneficia toda a população.
14:22Então, eu fico trabalhando e dialogando ao longo desse tempo
14:27com a necessidade do acolhimento, da reflexão dessas pessoas a partir das suas vivências.
14:35Professor, o que a sociedade deve fazer para garantir, de fato, que essas populações
14:42sejam verdadeiramente ouvidas na Copa 30?
14:45Eu acho que a primeira coisa é a gente se despir do preconceito,
14:52de que as pessoas são sábias, de que o conhecimento dessas pessoas é tão importante quanto o nosso,
15:00que não há conhecimentos que não sejam válidos, não é?
15:05Isso vale para as nossas autoridades, não é?
15:09E é que a gente precisa ouvir essas pessoas e fazer as coisas com elas e não para elas, sabe?
15:16Uma das coisas que normalmente me incomoda é você querer entender que você vai ensinar essas pessoas.
15:25As pessoas não precisam ser ensinadas, elas sabem o que devem fazer,
15:28Elas precisam trocar conhecimento.
15:31Tem maneiras de lidar com o conhecimento que nós temos que são diferentes delas.
15:37E tem maneira deles também lidar com o conhecimento que nós não sabemos.
15:42Então, eu acho que essa troca, ela é muito importante e, com certeza,
15:48nos permitirá avançar e apreender a realidade numa outra perspectiva.
15:54Eu espero que isso seja um instrumento de institucionalidade,
15:58que nós, das universidades, do governo federal, do governo do Estado,
16:04todos compreendamos o papel que têm os nossos povos para o desenvolvimento com paz social,
16:14com condições e com apreensão de uma realidade que seja justa e que acolha a todos.
16:22A gente, quando fala da cópia, a gente se volta muito para as obras físicas, né?
16:27O senhor falou agora há pouco do legado.
16:30Eu queria que o senhor falasse um pouco mais sobre que legado deve ficar.
16:33O senhor citou saldo espiritual.
16:35Eu tenho falado disso e tenho um cuidado muito grande.
16:40Eu acho que nós precisamos de obras físicas, né?
16:44Precisamos de ruas asfaltadas, precisamos dos canais drenados.
16:48E é bom que esteja acontecendo, porque a cidade é importante e precisa disso.
16:55Mas isso não é o mais importante, no meu entendimento.
16:59O mais importante é esse legado que eu chamo de espiritual,
17:03e quem for religioso pode dizer que é religioso, né?
17:07Mas eu estou falando de uma coisa mais ampla.
17:10Eu estou falando de compreensão da realidade.
17:14O legado que eu tenho como sonho é aquele que eu, como professor da área de educação,
17:23a partir da compreensão dessa realidade, possa ensinar numa outra perspectiva.
17:28Que o engenheiro que atua nas obras possa entender que, para além de fazer a obra,
17:36ele precisa fazer com que essa obra tenha um significado e um cuidado com a questão ambiental.
17:42Isso vale para todas as profissões, sabe?
17:46E, para além disso, que os nossos agricultores continuem entendendo o seu papel, né?
17:52Que os nossos pescadores continuem cuidando da questão ambiental.
17:57E que a leitura de floresta em pé não pode ser algo que pareça exagero por parte da população.
18:08Que seja um instrumento de compreensão da realidade, não é?
18:13E que a gente consiga entender, porque os pesquisadores já dizem que a floresta em pé tem mais valor do que no chão, sabe?
18:20Mas a comunidade ainda não entende isso.
18:23E é preciso que a gente trabalhe nessa perspectiva.
18:25Então, a minha ideia de espiritualidade, nesse sentido, é uma ideia de cuidado com o planeta.
18:33Cuidado com os homens e as mulheres, com os animais, com a floresta, com os nossos rios.
18:38Que nós, até pouco tempo, imaginávamos que eles não secavam e eles secaram.
18:44Com as nossas...
18:45Atenção para que a gente não tenha essa loucura de queimada.
18:50A cada ano que desespera todo mundo.
18:52Então, eu penso que é nesse sentido que a minha ideia de espiritualidade, a minha ideia de cuidado com o planeta e de legado.
19:02Professor, o que tem chamado a sua atenção nos debates sobre a COP?
19:06Porque muitas vezes tem uma ideia de que COP é festa.
19:09COP não é festa, né?
19:10Eu tive uma conversa com a ministra Marina e foi interessante, porque ela dizia...
19:17Professor, as pessoas pensam que COP é COP, né?
19:20E a COP é muito séria, né?
19:23É uma coisa importante, porque a gente vai encontrar todo mundo.
19:26Mas é algo extraordinário, desafiador.
19:32Que vai demandar da gente muita força acadêmica e força...
19:39Tal diálogo para construir esse processo.
19:42E aí as pessoas dizem assim, bom, mas você não vai estar na zona verde, na zona azul, sabe?
19:47Mas não é só isso.
19:48A COP, por si só, já está nos permitindo fazer esse diálogo.
19:53Já está permitindo que a gente faça os diálogos amazônicos.
19:58Está permitindo que a gente converse com os colegas do Brasil e de fora do Brasil sobre os problemas climáticos.
20:06Isso já é extraordinário.
20:07Se a gente fizer com que isso permaneça fortemente, já é uma conquista extraordinária, já é um espaço.
20:18E eu acho que tem uma coisa cultural e historicamente formidável, que é ser na Amazônia, né?
20:27Numa floresta tropical, a mais importante do mundo, com essa quantidade de rios,
20:33com uma riqueza populacional também extraordinária, né?
20:40Então, para nós, isso é fundamental e extraordinário.
20:45Professor, além dessas ações que a UFPA já está realizada, quais são outras que vão ocorrer até a realização da COP?
20:51Ok.
20:53Agora, em julho, 3 de julho, nós pretendemos fazer um evento do tamanho do que nós fizemos em fevereiro, no dia 3 de fevereiro.
21:02E aí, convidando também ministros de Estado, os movimentos sociais e populares, os cientistas do Brasil e do mundo que queiram participar.
21:13E queremos também participar de vários eventos.
21:19Tem planejado um evento que eu devo estar em julho, lá pelo dia 7 a 14 de julho, na Universidade de Lisboa,
21:31depois na Universidade de Coimbra e na Universidade do Porto, para a gente dialogar sobre a COP.
21:38Tem ainda uma conversa que a gente está desenhando para conversar com a Universidade de Paris 1, a Sorbonne,
21:45para fazer também um diálogo, porque a gente entende que, se a gente pensa nessa espiritualidade
21:52e entende a nossa universidade como uma universidade importante,
21:56o reitor precisa ser também um embaixador desse processo e precisa ter a disposição
22:00para fazer esse diálogo com os cientistas do mundo e com as comunidades dos movimentos sociais do planeta
22:10que a gente está esperando receber durante a COP, mas que a gente precisa dialogar com aqueles
22:15que, com certeza, não terão, não chegarão até aqui.
22:19Professor, qual é a mensagem que o senhor deixa para a população aqui do Pará, do Brasil e do mundo
22:24sobre a COP, nesse momento que a gente está vivendo?
22:26Olha, uma das primeiras coisas é que a gente precisa se valorizar.
22:33Eu sou um sujeito incomodado com a arrogância de muita gente de achar que nós não podíamos sediar a COP.
22:42Sabe, isso para mim é desrespeitoso com o povo do Pará e com os povos da Amazônia.
22:49Eu acho que os governantes precisam nos ver como nós somos, com as dificuldades que nós temos
22:59e com as condições que nós temos.
23:01E eu acho que nós temos um potencial extraordinário e precisamos valorizar esse potencial.
23:08E nos orgulhar do que nós somos, não é?
23:11Nos orgulhar das nossas instituições, da universidade, da nossa cidade, com as limitações que ela tem.
23:20Sabe, as pessoas têm que arrumar...
23:22Nós já fizemos aqui fórum social mundial com 30 mil pessoas e foi lá na universidade.
23:27Então, por que a gente não vai poder fazer a COP?
23:29Nós vamos fazer a COP e vamos fazer muito bem.
23:32Espero que as pessoas entendam isso.
23:36E a gente tem que se orgulhar da nossa região, do nosso estado.
23:39E se orgulhar da nossa região é entender que ela pode sediar a COP
23:43e que ela tem uma contribuição científica e acadêmica e popular para o planeta,
23:55para o desenvolvimento e para a questão ambiental no planeta.
23:59Eu penso nisso.
24:00Perfeito.
24:01Senhor Gilson, muito obrigado pela entrevista, por estar aqui conosco.
24:04E deixo o senhor terminar.
24:07Se o senhor quiser dar mais uma conversa.
24:09Ok.
24:09Obrigado, Gilson.
24:10Uma alegria grande voltar aqui para a gente falar desse tema.
24:14Falar da universidade, que é a minha paixão.
24:17E falar da universidade olhando para o mundo,
24:22entendendo que é uma universidade que pode dar uma contribuição.
24:26É muito importante.
24:28Eu queria mais uma vez agradecer ao Grupo Liberal pelo convite para essa entrevista.
24:34Eu fiz uma entrevista muito importante aqui,
24:37que a gente tem guardada com muito carinho quando eu assumi a reitoria.
24:41E falar agora da COP é muito importante.
24:46Eu queria encerrar convidando todo mundo para estar lá no dia 3 de julho,
24:51convidando a imprensa e, mais especificamente, o Grupo Liberal,
24:55para a gente dialogar e ajudar na construção desse legado que a gente quer para o nosso país
25:02e para a Amazônia, particularmente.
25:04Muito obrigado.
25:05Muito obrigado.
25:05Muito obrigado.
25:05Amazônia