Após ter ficado cinco dias preso, o funkeiro MC Poze do Rodo foi solto nesta terça (03) e festejou sua soltura com uma multidão que o aguardava na entrada do presídio de Bangu 3. O cantor é acusado de envolvimento com uma facção criminosa do Rio de Janeiro. A bancada do Morning Show opinou sobre o assunto.
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NotíciasTranscrição
00:00Já dando pontapé inicial, que dia ontem, que dias tem sido esses do Brasil,
00:04de inversões, de valores, de cenas dignas, enfim, de um apocalipse dos bárbaros, né?
00:10Vamos aqui tratar, assim, de cara, né?
00:14Acho que não poderia ser diferente, uma notícia que sinceramente beira o absurdo
00:18e ultrapassa os limites até pro Brasil, que cruza essas fronteiras dia após dia.
00:23Onde fãs do cantor Marlon Brandon, com ele o Couto, vulgo MC Pose do Rodo,
00:28não se contiveram, após a soltura do funkeiro acusado de fazer apologia ao Comando Vermelho.
00:34Ontem, a gente deu a notícia aqui, vocês acompanharam, de que ele tinha recebido o habeas corpus.
00:39Mas a saída do MC Pose virou um verdadeiro tumulto, um malgazar, assim, digna de bárbaros
00:45e o funkeiro sendo ovacionado como herói, parecendo um Mandela reencarnado,
00:50mas ali, claro, enfim, aclamado nos braços de um povo sem referências
00:55pra chegar a esse nível de exaltação e veneração a uma figura como ele.
00:58Mas o fato é que a polícia teve que dispersar a multidão com gás de pimenta,
01:02balas de borracha e, claro, muito simbolismo por trás dessa cena toda, né, Dias Peixoto?
01:07Qual foi a sua leitura?
01:08Então, aconteceu ontem, no Complexo de Jericenó,
01:11essa exposição gigante em favor do MC Pose, com figuras também já marcadas,
01:24querimbadas, que também geram muito debate público, como o Oruan.
01:28E a quantidade de pessoas, André, quem tá vendo nas filmagens aí é realmente assustador.
01:34É muita gente indo prestar seu apoio, sua solidariedade ao MC Pose.
01:39E, em dado momento, eles subiram em alguns carros, em alguns caminhões,
01:43em ônibus lá da região, e começou uma troca com a polícia de balas de borracha.
01:49Então, a polícia teve que entrar pra essa contenção.
01:52Ele foi ativamente, logo em seguida, criticar a ação da polícia
01:57e o confronto nessa visão de que a polícia é um inimigo ali
02:02tava muito presente e ficou bem evidente.
02:04Bom, assim, o fato é o dado tá posto.
02:08As imagens não nos deixam mentir.
02:10E, claro, ele, de uma maneira muito clara,
02:13representa um ícone cultural pra certas frações da nossa sociedade.
02:19Querendo ou não, é o que tá posto.
02:20Vamos tentar entender o porquê disso e o que revela mais amplamente
02:23dessa situação toda e o papel que o judiciário se prestou
02:27de mais uma vez na porta giratória e realmente não pestanejou
02:31em trazer de volta ao convívio social o MC Pose do rodo envolvido.
02:35Acho que talvez as acusações, Mano Ferreira, de apologia ao crime
02:38que podem se sustentar, apesar de ser passíveis de críticas e controversas,
02:42eu acho que é o menor dos problemas dele que tão rondando
02:45o MC Pose do rodo no momento, não é isso?
02:47Pois é, eu acho até que a questão da apologia ao crime
02:51é algo que acaba indo contra todo o resto da operação, na minha visão.
02:56Eu tenho até dificuldade, de um ponto de vista da minha compreensão
03:00sobre liberdade de expressão, de achar razoável o crime
03:04de ir à apologia ao crime.
03:07Na minha visão, isso já é um sintoma da nossa dificuldade
03:10de lidar com a liberdade de expressão no Brasil.
03:13Mas essas imagens me fazem refletir sobre como nós precisamos
03:18pensar a respeito do Brasil.
03:21Muitas vezes a nossa visão de Brasil fica muito influenciada
03:25pela bolha em que nós vivemos.
03:28Eu nunca fui um consumidor de funk, mas para entender o Brasil
03:32nós não podemos ignorar que o funk é o segundo gênero musical
03:37mais escutado no Brasil.
03:39Que nós temos figuras como MC Pose, como Oruan,
03:43entre os artistas mais ouvidos.
03:46Você pega qualquer plataforma de streaming de música
03:50e eles estão lá no top 10.
03:53Então, a gente precisa pensar a respeito desse fenômeno
03:56como parte do que é o Brasil.
03:59E aí tem outras questões muito importantes para essa reflexão.
04:03Há pesquisas, por exemplo, sobre qual o grau de confiança
04:06da população nas polícias.
04:08E, segundo o Datafolha de 2024, 51% dos brasileiros
04:14têm mais medo do que confiança das polícias.
04:18Na minha visão, são questões, fenômenos culturais
04:22que estão interligados.
04:24Se nós temos as pessoas com mais medo do que a confiança da polícia,
04:28se nós temos pessoas que não têm perspectivas de futuro melhor,
04:35muitas vezes por meio das instituições formais do Estado brasileiro.
04:40Nós temos milhões de trabalhadores na informalidade,
04:45ou seja, que são relegados à margem das instituições oficiais.
04:50Todo esse caldo de cultura, na minha visão,
04:54é o que nos ajuda a entender
04:55por que uma estética como a do MC Pose,
05:00como a do Oruan, acaba tendo tantos fãs.
05:03Porque, de alguma forma, o Brasil oficial
05:06não consegue criar um laço de pertencimento
05:10com parcelas expressivas das periferias brasileiras
05:14que se sentem muito mais pertencentes
05:16a uma estética que, para o Brasil oficial,
05:19acaba sendo ofensiva e incompreensível,
05:22como é o caso desses fãs de ostentação
05:25que flertam com esse mundo do crime.
05:30Aninha Beatriz, quero te ouvir aqui também,
05:32porque, enfim, para muitos,
05:33o Mano classifica como o Brasil oficial,
05:35mas, da mesma maneira que isso é uma fração do nosso país
05:38e tem que ser respeitado como sim, compatriotas,
05:41por mais que tenham seus próprios padrões de consumo cultural,
05:43tem outra grande parcela também que assistiu à tônita
05:46e acho que não há outra forma de colocar
05:48como uma espécie de invasão de bárbaros.
05:51A forma como ele foi aclamado,
05:52a presença até do Oruan ali de motoboy de treta,
05:55querendo, de alguma forma, se aproveitar
05:57de toda aquela algazarra, de toda aquela confusão,
06:00aquela baderna, para poder, enfim,
06:01de alguma forma, chancelar o que tinha acabado de ser feito.
06:03Só um parênteses rápido.
06:04Claro, com um prazer, mas sem antes mencionar aqui
06:08que tudo baseado na decisão do desembargador
06:10que o próprio Oruan, a planos pulmões, reconheceu.
06:12Esse aí é um dos nossos, esse aí é um dos nossos.
06:15Com uma decisão digna de panfleto do DCE,
06:18cheio de justificativas para essa barbárie toda
06:20que a gente presenciou.
06:21Eu achei a estética muito semelhante
06:23à de conquista de título em torcida de futebol, né?
06:27Como se fosse a consagração de campeões ali, né?
06:31Parecia a comemoração do Hexa, de certa forma.
06:33Pois é, era só isso aí.
06:34Mas, Aninha, vamos lá, são muitos elementos aqui.
06:37Lembrando, a própria esposa do MC Pose do Rodo,
06:40investigada por ali lavar dinheiro
06:42numa bagatela de 250 milhões de reais,
06:44uma investigação que até tem operador da Al-Qaeda envolvido,
06:48influência do FBI dentro desse circuito,
06:50que pode ter sido completamente comprometido
06:52por cenas comuns.
06:53André, mas você sabe que, para mim,
06:55tudo remonta à insegurança jurídica.
06:58Porque, veja, a gente está diante de uma prisão
07:01absolutamente midiática, acho que isso é incontroverso,
07:05mas na qual se levou em consideração
07:08muito mais quem está sendo preso
07:10do que propriamente a aplicação da lei
07:12e os fatos que estão dentro de um determinado processo.
07:15Isso leva a essa espetacularização
07:18e a esta polarização.
07:21Veja, a prisão de uma pessoa, quem quer que seja,
07:23não tem que ser avaliada de acordo com o aspecto ideológico
07:29ou com qualquer outra questão,
07:31à exceção daquilo que está naquele processo.
07:34Quando a gente vê uma mobilização gigantesca como essa,
07:38atrás do grande cantor que foi solto
07:41e a polícia é o inimigo,
07:43a gente alimenta uma polarização onde ela não tem que existir.
07:47Isso é uma construção histórica,
07:49não é o Pose ou o Oruan que criaram isso.
07:53Mas a verdade é,
07:54quando a gente coloca a polícia como inimigo
07:58desde o dia zero,
07:59essas Pose, Oruan,
08:02que cresceram com a polícia como inimigo,
08:04porque vivem numa comunidade,
08:06porque provavelmente foram acolhidos
08:08pelo Comando Vermelho
08:09numa falha do Estado,
08:12eu não estou dizendo que elas são vítimas também,
08:14mas o que eu estou dizendo é,
08:15quando a gente já começa qualquer julgamento
08:18e qualquer análise com a polícia
08:20sendo colocada como um vilão,
08:22a gente não vai chegar a lugar nenhum.
08:24E isso, para mim, é muito preocupante,
08:26porque a gente vive aqui noticiando
08:28fatos e episódios que levam a gente a crer
08:31que o Brasil está se tornando um narco-Estado.
08:33Se a gente já tem a premissa
08:35de que a polícia é o inimigo,
08:37aí, meu filho, realmente é melhor entregar
08:39mesmo para as mãos dos bandidos
08:40que eles se organizam melhor.
08:41A pergunta que as cenas lamentáveis
08:43que todos nós presenciamos ontem,
08:45acho que é a pergunta principal que se impõe,
08:48em que momento o Oruan,
08:49o seu pai, o Marcinho VP,
08:51até outros faccionados históricos
08:53como o Fernandinho Beramar
08:54e outros líderes bárbaros da nossa época
08:57vão finalmente colocar fim
08:59a esse faz de conta que a gente está vivendo,
09:01porque está muito claro
09:02que os bárbaros já venceram.
09:04E cenas como essa só reforçam
09:07essa dura, amarga conclusão
09:10que parece que esse é o colapso civilizacional
09:14que a gente vem assistindo,
09:15vendo essa exaltação,
09:16essa glamorização de quem está,
09:18de alguma, assim,
09:19na melhor das hipóteses,
09:21no mínimo,
09:22sendo apenas financiado
09:23pelo crime organizado
09:25e abertamente se referiu,
09:27se autorreferiu como faccionado,
09:28como foi o caso do MC Pozo do Roto.
09:30Então tem que ter clareza moral
09:31nesse momento pessoal.
09:32No momento que, claro,
09:33a perspectiva do humano
09:34enriquece o debate aqui,
09:36é antropológica,
09:37é sociológica,
09:37também não se furta
09:38e não se coloca uma venda
09:40para achar que isso aí é um Brasil,
09:41são espécies
09:43com as quais a gente precisa ter cuidado
09:44e são perigosas.
09:46Não, é o Brasil real
09:47que a gente precisa se defrontar.
09:48Eu acho que isso é um dado importante,
09:50um ângulo aqui
09:50que a gente precisa levar em conta.
09:52Às 10 horas e 13 minutos,
09:53que eu também quero trazer
09:53um outro ingrediente aqui,
09:54Jess, se você me permite,
09:55porque por falar em tudo isso,
09:57tem partido político
09:58entrando com uma representação
09:59no Ministério Público Federal
10:00para pedir a remoção
10:02de músicas que fazem
10:03apologia ao crime organizado,
10:05que estão nessas plataformas digitais,
10:07com um consumo estratosférico,
10:10como o Mano colocou.
10:11Que história é essa?
10:12Então, o grupo ali do MBL,
10:14na figura do Guto Zacarias,
10:15da Amanda Vettorazzo...
10:16Ou quase partido político, Pedro.
10:17É, quase partido, em breve.
10:19Mas Amanda Vettorazzo,
10:20o Guto Zacarias
10:21e o deputado federal também,
10:23Kim Kataguiri,
10:23eles entraram com uma representação
10:25ao Ministério Público,
10:26solicitando a remoção
10:27de determinadas músicas,
10:29de determinados conteúdos.
10:30Vale reforçar,
10:31não são todos os conteúdos
10:32destes cantores,
10:33mas em músicas que fazem
10:35apologia direta ao crime.
10:36Eles estão se baseando,
10:38e aí eu acho que existe um debate
10:39que é se deveria ser assim ou não,
10:41que é um debate que o Mano traz.
10:42Mas existe um segundo debate
10:43que é como é a lei de fato.
10:45Apologia ao crime no Brasil
10:46é crime,
10:47não tem discussão.
10:47Ah, eu acho,
10:49eu acho que não deveria ser.
10:50Não, tá lá no Código Penal,
10:52apologia ao crime
10:53é realmente um crime.
10:55Então,
10:55a partir deste momento,
10:57quando a gente vê
10:57a esta luz
10:58do nosso ordenamento jurídico,
11:00essa representação,
11:01faz total sentido
11:02que não seja possível
11:03e que a remoção
11:04seja acatada
11:05quando se há
11:06explícita apologia ao crime
11:07em várias dessas letras.
11:08Mas aí a gente vai entrar
11:10na discussão do Bebê Riborne,
11:11né?
11:11Porque apologia ao crime
11:13é o discurso
11:14da realidade
11:15ou da ficção.
11:16A música,
11:17ela,
11:18ao trazer
11:19numa obra de arte
11:20que você pode achar
11:21de péssima qualidade,
11:22você pode dizer que,
11:24ah,
11:24mas isso é uma arte
11:26tão ruim
11:26que nem arte
11:27deveria ser.
11:28mas,
11:29independentemente
11:30da qualidade,
11:31é uma obra de arte
11:32que está
11:33nas plataformas
11:35de música.
11:35Ou seja,
11:36é uma letra de música,
11:38não é um discurso político,
11:40não é um palanque,
11:42é um show, né?
11:44Então,
11:44o contexto
11:45de anunciação...
11:47Mano,
11:47se você me permite,
11:48é um show
11:48que abertamente,
11:50assim,
11:50literalmente exalta
11:51líderes faccionados,
11:53faz uma propaganda
11:54gratuita
11:55de exaltação
11:56e veneração
11:56de pessoas
11:57que têm
11:57um longo rastro
11:58de sangue
11:58e de mortes
11:59que subjugam
12:00diversas comunidades
12:01nesse reino
12:02de terror
12:02dia após dia.
12:03Isso está mais
12:04do que posto,
12:04fora o financiamento
12:05todo que propõe
12:06esse palco
12:08e a produção
12:08executiva
12:09e o beat
12:10para esse funk
12:11todo
12:11acaba tocando,
12:13com,
12:13muitas vezes,
12:14armas sendo empunhadas
12:15ali,
12:16enfim,
12:16em riste ali
12:16para todas essas pessoas.
12:18Então,
12:19é aqui que mora o perigo.
12:20Aí o pessoal diga,
12:21o direito penal é do fato.
12:22Dizem,
12:23o direito penal é do fato,
12:24não é da espetacularização
12:25midiática,
12:25mas agora os fatos
12:27são coisas teimosas,
12:28como diria
12:28o velho ditado, né?
12:30Ele atua,
12:30eu vou te perguntar aqui
12:31muito simplesmente,
12:33ele pôs do rodo,
12:33atua em eventos financiados
12:34pelo tráfico,
12:35sim ou não?
12:36Quem tem que dizer isso
12:37é a justiça.
12:38Ele atua como vetor
12:39de recrutamento simbólico
12:41para todas essas facções,
12:42sim ou não?
12:42Quem tem que afirmar
12:44essas perguntas
12:45é a justiça.
12:46Nós precisamos acreditar
12:47no devido processo legal.
12:49Com esse desembargador aí?
12:50Que ele,
12:50não é apenas
12:51esse desembargador,
12:53o judiciário
12:53tem diversas instâncias,
12:55ele vai ter direito
12:56a ampla defesa
12:57com seus advogados,
12:59o Ministério Público
13:00vai tentar trazer elementos
13:01junto com a polícia,
13:02o processo precisa
13:04funcionar adequadamente.
13:05Eu não sou juiz,
13:07o que eu estou trazendo aqui
13:08como jornalista
13:09é que a gente precisa
13:11separar os limites,
13:13porque somos um país
13:15que está prendendo
13:16o humorista
13:16para fazer piada.
13:17A gente está confundindo
13:19o que é ficção
13:20do que é realidade.
13:22Ou seja,
13:23se a gente tem elementos
13:24da realidade,
13:26de uma conexão real
13:28e não apenas simbólica
13:29entre o MC Pose
13:32e o Comando Vermelho,
13:33ele tem que ser processado
13:35e punido
13:35por esses elementos
13:37da realidade
13:38e não por letras de música.
13:41Esse é o meu ponto.
13:42E a gente precisa pensar
13:43no fenômeno cultural,
13:45ou seja,
13:46no aspecto
13:47do que faz
13:48essas pessoas
13:49que festejaram
13:51a soltura do MC Pose
13:52quase como se ele fosse
13:54o Neymar
13:55pós-Exa.
13:57A gente precisa pensar
13:59nisso
13:59de um ponto de vista
14:00cultural,
14:01porque simplesmente
14:02prender artistas
14:04artistas que
14:05de alguma forma
14:06conseguem gerar
14:07um senso
14:08de pertencimento
14:09em milhares
14:10ou até milhões
14:10de brasileiros
14:11não muda a realidade.
14:13A gente sabe
14:14que prisão cautelar
14:15como foi realizada
14:16contra o MC Pose
14:17do Rodo é a exceção,
14:18mas quando o acusado
14:20não representa
14:21ameaça concreta.
14:22Agora,
14:23sejamos sinceros,
14:24ou não,
14:24eu estou errado aqui,
14:25que o MC Pose
14:26do Rodo tem fortíssima
14:27influência social,
14:28como a gente viu
14:28as cenas dos bárbaros
14:30vencendo e aclamando
14:31ele ontem,
14:32tem fortíssimo
14:32poder econômico
14:33vide,
14:34os montantes,
14:35as cifras multimilionárias
14:36envolvidas até o talo
14:37ali com a esposa dele,
14:38rede de apoio criminal
14:39mais do que comprovado
14:40e poder de intimidar
14:41testemunhas também,
14:43que é algo que a gente
14:43com certeza vai ver
14:44numa espécie de revanchismo
14:45que ele,
14:46eu ouso dizer,
14:47que ele vai estar
14:48se engajando
14:49nos próximos capítulos
14:50dessa trama toda.
14:52Respondendo diretamente
14:52ao ponto humano,
14:53eu acho que aqui
14:54o que a gente tem que notar
14:55é que não necessariamente
14:56por ser arte,
14:57a gente está olhando
14:58para um trabalho ficcional,
15:00a arte é representativa
15:01da realidade também,
15:02mano.
15:03E quando a gente olha
15:04para esse caso,
15:04eu acho que não existe
15:05ali uma simbologia,
15:07não existe ali
15:08uma lógica
15:09de ficção,
15:12não é igual o caso
15:13de humorista,
15:14não é,
15:14porque neste caso
15:15não tem um aspecto
15:17do véu,
15:17da não realidade,
15:19é tido como real,
15:20ele canta a verdade,
15:21ele expressa
15:22o sentimento real
15:23que ele carrega,
15:25que é fruto
15:25de várias outras
15:26considerações,
15:27de várias outras
15:28situações sociais,
15:29que é fruto
15:29da vivência dele,
15:30mas que é representativa
15:31daquele momento,
15:32que é representativa dele.
15:33O sentimento não deve
15:34ser criminalizado.
15:35Mas não é sobre o sentimento
15:37ser criminalizado,
15:37porque ele não está sendo,
15:38o que está sendo criminalizado
15:39é que eu vivo
15:40num país
15:41em que apologia ao crime
15:42287,
15:43é crime,
15:44não cabe aqui,
15:46ah, mas
15:46num cenário ideal,
15:48por exemplo,
15:48se esse debate fosse
15:49nos Estados Unidos,
15:50os argumentos do Manos
15:50estariam corretos
15:52e dificilmente
15:52a gente conseguiria
15:54ter esse debate
15:55no ordenamento jurídico
15:56deles.
15:56Mas não é o nosso
15:57ordenamento jurídico
15:58e eu acho que esse
15:58é o ponto aqui,
15:59se fala tanto de respeitar
16:00a lógica do Brasil,
16:01a independência
16:02das nossas leis
16:03e isso está inserido também.
16:05E quando a gente
16:05olha para essa situação,
16:07nós precisamos entender
16:08que é panfletário,
16:10tem um termo para isso
16:11muito forte
16:12na América Latina
16:12que é
16:13narcocultura.
16:14Isso começa
16:15com o financiamento
16:16lá do Pablo Escobar
16:17em relação
16:18a vários artistas.
16:19Por quê?
16:20Porque a arte,
16:21ela passa uma mensagem,
16:23porque essa música
16:23passa uma mensagem
16:24que é panfletária,
16:26que faz ser legal,
16:27que faz ser cool.
16:28E não vamos fingir
16:29que quem é fã
16:30do Ori One
16:31ou do MC Pose
16:33é só pessoas
16:34que vivenciaram,
16:35às vezes,
16:36os traumas
16:37dentro de um complexo
16:38de uma comunidade.
16:39Não é não,
16:39tem muito playboy,
16:40playboy que não sabe
16:41nem o que está cantando,
16:42que faz apologia ao crime
16:43porque, pô,
16:44é massa,
16:45é legal,
16:46é da hora.
16:46Porque a gente
16:47está vivendo
16:47num estado
16:48onde a gente
16:49tem falado muito
16:49sobre as organizações
16:50criminosas
16:51financiarem
16:52novos negócios,
16:53mas é óbvio
16:54que elas também
16:54estão financiando
16:55cultura,
16:55é óbvio que elas
16:56estão financiando
16:56mensagem.
16:57Nós vimos até o caso
16:58deles influenciando
16:59ONGs
17:00a ter uma visão
17:01diferente
17:02para ter mais benefícios
17:03dentro desses presídios.
17:05Então a gente
17:05está jogando um jogo
17:06onde a cultura
17:07também é um ativo
17:08do crime organizado.
17:09E a gente não pode
17:10ficar vendo,
17:10assistindo,
17:11quieto e calado
17:12num país
17:13que tem o 287.
17:14Apologia ao crime
17:15é crime.
17:16E talvez possa
17:17até ter sua pena
17:19agravada.
17:19David Tarso,
17:20minha dupla David Tarso
17:21juntando a nós aqui,
17:22sempre no rastro da informação,
17:23entende muito
17:24sobre todas essas engrenagens
17:25da segurança pública
17:26e da violência.
17:27De fato,
17:28crime de apologia criminosa,
17:29artigo 287
17:30do nosso Código Penal,
17:31talvez possa até ter
17:32sua pena agravada
17:33considerando que prevê
17:34apenas detenção
17:35de três a seis meses
17:36ou multa.
17:37É claramente
17:38uma pena leve
17:39e...
17:40Mas de novo,
17:41tudo que está envolvido
17:41nesse amaranhado criminoso
17:43dessa...
17:44E a cultura
17:45da bandidagem
17:46que ele ajuda
17:46a perpetuar
17:47em volta do Pose,
17:48acaba que essa questão
17:49da apologia
17:49fica ofuscada
17:50até em certo grão, né?
17:52Não,
17:52e a apologia ao crime
17:53é tanta
17:54que ele até mesmo
17:54na fala
17:55disse o seguinte
17:57durante uma entrevista.
17:59Olha,
17:59quem que são
18:00os bandidos?
18:01Porque os meus fãs
18:03foram recebidos
18:03com bala de borracha
18:04e tudo mais.
18:05E se a gente observar
18:06na imagem
18:06do veículo
18:07que buscou o MC Pose
18:08na prisão,
18:10qual que era o veículo?
18:12Uma BMW
18:12que foi apreendida
18:13durante a operação
18:14porque justamente
18:15havia irregularidades
18:16quanto à documentação.
18:17Então,
18:18isso mostra,
18:19demonstra
18:19todo esse pano de fundo
18:21que ele quer
18:22enfrentar
18:23as forças
18:24de segurança
18:25e fazer apologia
18:26ao crime
18:27dizendo,
18:27olha,
18:27eu estou acima
18:28de todos.
18:29Esse é um recado
18:30muito claro
18:30que ele quis
18:31demonstrar
18:32por meio
18:33dessa soltura
18:33com essa
18:34espetacularização
18:35toda.
18:36E o que o Mano
18:37trouxe no ponto,
18:38porque eu estava
18:38escutando pelo rádio,
18:40contrariando um pouco
18:41a fala dele,
18:42existe uma diferença
18:43muito grande
18:44em relação
18:44à liberdade
18:45de expressão
18:45e apologia ao crime.
18:47A gente tem que saber
18:48lidar com isso.
18:49Esse debate
18:50não começou
18:50com o MC Pose
18:51do Rodo, né?
18:52O Bizerra da Silva,
18:54há 100 anos
18:55atrás quase,
18:56foi acusado
18:57de apologia ao crime
18:58por músicas
18:58como
18:59meu vizinho
18:59jogou uma semente
19:00no meu quintal
19:01e no eu lírico
19:03da música
19:03que nasce
19:04é um pé de maconha.
19:05E isso já foi tido
19:06como apologia ao crime.
19:08Hoje,
19:09o Bizerra da Silva
19:09é tratado
19:10como um fenômeno
19:11natural
19:12da cultura brasileira.
19:13É bem diferente.
19:13Lá atrás,
19:14ele era
19:15marginalizado também.
19:17Quando tivemos
19:18o lançamento
19:19do filme
19:20Tropa de Elite,
19:21eu participei
19:21de debates
19:22com pessoas
19:23de esquerda
19:23que diziam
19:24ah,
19:25o Tropa de Elite
19:25é uma apologia
19:26ao crime,
19:27é uma apologia
19:28à tortura policial,
19:30está normalizando
19:32abusos
19:33da polícia
19:34e naquela época
19:35a esquerda brasileira
19:36era a favor
19:37da proibição
19:38do Tropa de Elite.
19:40Na minha visão,
19:40um dos melhores filmes
19:42da cultura brasileira.
19:43Ou seja,
19:44o meu ponto
19:45é que independentemente
19:46do conteúdo,
19:47a gente precisa ser capaz
19:49de olhar para obras de arte
19:50e tentar refletir
19:52o que é que elas
19:53trazem
19:54a respeito
19:55da cultura brasileira,
19:56a respeito
19:57de parcelas
19:58da sociedade brasileira
19:59que muitas vezes
20:00nós não temos
20:01contato
20:02na nossa realidade.
20:03Desculpa, mano,
20:04mas falar que a tropa
20:05é CV
20:05do MC Pose
20:07em uma das músicas
20:08que a outra música
20:09também,
20:10Desde Menor
20:10Sou Comando,
20:11Nós é Relíquia.
20:13Falar que isso aqui,
20:13apologia ao crime,
20:14até onde eu sei,
20:15fora isso,
20:16você me permite,
20:17pode ser um ponto bom,
20:18mas vou trazer aqui
20:19até que nem que seja
20:19para ser contraposto,
20:21mas eu vou colocar aqui
20:21pelo seguinte,
20:22até onde eu sei,
20:23o Bezerra da Silva
20:24e o Zé Padilha
20:24e as suas respectivas esposas
20:26não tinham ali
20:27envolvimento até o talo
20:29em 250 milhões
20:30de lavagem de dinheiro
20:32e todos os agravantes
20:33são em torno deles
20:34e a periculosidade na prática,
20:35um longo rastro
20:36de cadáveres,
20:37um longo rastro
20:39de cadáveres
20:40por trás deles
20:41que colapsam
20:41os centros urbanos
20:42e que perpetua
20:43essa cultura
20:43da bandidolatria
20:45que a gente está vendo
20:45por aqui.
20:46Diversos sambistas
20:46brasileiros ícones
20:48estão conectados
20:49ao jogo do bicho
20:50por meio das escolas
20:51de samba.
20:52Esse é o país
20:52que nós temos.
20:53A gente precisa refletir
20:55sobre o Brasil real.
20:57O Brasil real
20:58que tem, sim,
20:59sambistas conectados
21:01com bicheiros
21:02que mataram muita gente.
21:04Isso é grave.
21:05Mas a gente precisa
21:07criminalizar o samba
21:08ou a gente precisa
21:09refletir a partir disso
21:10como lidar com o fenômeno?
21:12Na minha visão,
21:13o crime precisa ser combatido
21:14sobretudo por meio
21:16de um Estado
21:16que seja eficiente
21:17em combater
21:18o crime violento.
21:20A cultura,
21:21a gente precisa lidar
21:22no âmbito da cultura.
21:23ideia ruim
21:23se combate
21:24com ideia boa.
21:25Música ruim
21:26se combate
21:27com música boa.
21:28Essa é a minha visão
21:28de mundo.
21:29Vamos tocar Tchaikovsky
21:30ali na Vila da Penha.
21:32É isso?
21:32Pelo amor de Deus.
21:33Vamos trazer aqui,
21:34por favor,
21:34Jess Peixoto
21:35que ia trazer
21:35um contraponto
21:36até para enriquecer.
21:37Aninha,
21:38perdão,
21:38você está pacientemente
21:39esperando.
21:40Mas já vou contigo,
21:41prometo.
21:41Eu entendo a visão do Mano
21:43que é de um liberal,
21:44crítico,
21:45que ama a arte,
21:46mas é que eu acho
21:47que a gente precisa ver
21:47que tem uma diferença
21:48muito grande
21:49entre o Bezerra da Silva
21:50e o Tropa de Elite
21:51que não está para mim
21:52só no aspecto de ligação.
21:54E aí eu acho que o André
21:55tem um ponto.
21:55Quando a gente olha
21:56para aquela...
21:57Eu esqueci o nome da arma,
21:58perdão.
21:59Mas fuzil.
22:00Fuzil.
22:00É o fuzil lá no show.
22:02Um monte de fuzil
22:02e um show
22:03que está sendo assim
22:04com fortes indícios
22:05de estar sendo subfinanciado
22:07ali dentro de um lugar.
22:08Nós temos Glock,
22:09nós temos HK.
22:10Então,
22:10e eles estão interpretando
22:12essa música.
22:12Não tem uma crítica por trás,
22:15não tem uma ficção por trás.
22:17É um desabafo
22:18e um retrato da realidade
22:19que ele viveu
22:20e que ele está inserido.
22:22E eu não acho
22:22que a gente tem que
22:23criminalizar a realidade.
22:25A gente não tem que
22:26criminalizar a realidade.
22:27A gente sabe
22:28que essa é a vivência.
22:29Mas quando a gente olha
22:29para esse caso,
22:30a gente não pode ignorar
22:31o caráter panfletário.
22:33Isso está sendo financiado
22:35pelo...
22:35A ideia é financiada.
22:37É óbvio
22:38que para o Comando Vermelho
22:40o Pose é um ativo.
22:41É óbvio,
22:42é evidente.
22:43Porque passa
22:44uma mensagem
22:44de publicidade.
22:46Fortalece.
22:47Pensa que muito jovem hoje...
22:49Ah, mas aí é um desvio
22:50da sociedade,
22:51a gente tem que combater.
22:52Tem também,
22:52tem que educar,
22:53tem que trabalhar isso,
22:54tem que melhorar o Estado,
22:55tem que dar mais oportunidade.
22:56Mas tem jovem cantando
22:58na zona sul do Rio de Janeiro,
22:59na zona sul de São Paulo,
23:01que acha legal,
23:02porque acha que a polícia
23:03não presta,
23:04porque odeia,
23:05porque acha que o crime é massa.
23:06isso chama narco-cultura.
23:08E quando a gente olha para isso,
23:10não é sobre liberdade de expressão,
23:12é sobre o efeito sistêmico social,
23:15sobre os jovens,
23:16sobre as pessoas
23:17e como isso fortalece
23:19essas organizações.
23:20Hoje,
23:20no Congresso Nacional,
23:21nós estamos debatendo uma lei
23:22para categorizar,
23:23para ter dentro das categorias
23:25de organizações terroristas,
23:26essas organizações.
23:27Essa é a gravidade
23:29desse problema.
23:30Esse problema mata
23:31e tira a vida todos os dias.
23:32Um detalhe
23:33que eu quero deixar muito claro,
23:34isso não significa
23:34que eu estou defendendo,
23:36proibir o Pose,
23:37proibir o World One,
23:38proibir o show deles,
23:38não.
23:39Nós estamos falando
23:40de músicas em específicos
23:42que têm que ser vistas
23:43à luz de apologia ao crime.
23:45Só isso.
23:45Isso não significa
23:46que eles não têm direito
23:47a cantar e a falar.
23:49Mas quando faz apologia,
23:51aí é um problema.
23:51O Estado é um péssimo crítico de arte.
23:53O Estado é um problema