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Em entrevista ao Real Time, o economista César Bergo, professor da UnB, explicou os impactos do aumento do IOF para compras de dólar em espécie e remessas ao exterior. A alíquota subiu de 1,1% para 3,5%, afetando diretamente pessoas físicas.

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Transcrição
00:00A gente volta a falar nesse momento sobre as mudanças no IOF, especialmente com foco nos impactos para quem faz remessas de dólar ao exterior e para quem usa cartão de crédito internacional.
00:10Para isso, eu vou conversar agora com César Bergo, que é economista e professor de mercado financeiro da UNB.
00:16Bom dia, professor. Seja bem-vindo ao Real Time.
00:19Bom dia, Marcelo. É uma satisfação estar com você aí.
00:23Professor, apesar desse recuo em uma medida, o governo manteve o IOF mais alto para quem compra dólar em espécie, para pessoa física, assim como também para remessas de dinheiro para contas do exterior.
00:35Nesses casos, o imposto passou de 1,1% para 3,5%. Qual o impacto disso para o mercado brasileiro?
00:43Olha, Marcelo, é preocupante. A gente tem uma medida que foi dada pelo governo, anunciou redução de gastos, aí logo para seguir, aumento de impostos.
00:53E o mais preocupante é que depois, em função de algumas ligações, ele mudou a medida e tirou os impostos de alguns segmentos e manteve desses que você está mencionando.
01:03Assim, não mede as consequências. Você tem estudantes lá no exterior, você tem pessoas que necessitam, não é só viagens, né?
01:11Você tem remessa até para pessoas que estão doentes lá.
01:13Então, você aumentar praticamente quase 200% no IOF cria um impacto muito grande nas finanças dessas pessoas
01:20E o retorno, o ganho do governo com relação à arrecadação não me parece ser bom, porque o governo poderia optar por redução de gastos e optar por um aumento de impostos, sobretudo em causa de cartão de crédito.
01:32Então, as pessoas já estão endividadas. O cartão de crédito, a gente vê que está sempre na seara dos grandes endividamentos.
01:39Então, não é só o spread bancário. Agora, tem esse IOF aí realmente subindo de cerca de 1% para 3,5%.
01:46Então, é realmente muito preocupante, Marcelo.
01:49O ministro Haddad falou que essas mudanças foram feitas mais para calibrar o IOF e não com um motivo arrecadatório.
01:57Mas é difícil a gente não ver uma vontade de arrecadar mais aí, né?
02:01Porque se não tivesse essa arrecadação extra, que pode chegar a 60 bilhões até o fim de 2026,
02:07os cortes no orçamento teriam que ser muito mais profundos, não?
02:10É, na verdade, o que acontece é a expectativa.
02:14Gera uma insegurança no mercado, no ambiente de negócio, porque o governo fala que não vai aumentar imposto,
02:19não vai aumentar imposto, aí chega e cria e aumenta o imposto.
02:23Então, não é só porque as empresas que vão ter o imposto aumentado, vai repassar isso para as pessoas físicas.
02:29Quem sabe quem paga imposto aqui no país é as pessoas físicas.
02:32Então, aumento de custo da empresa reduz a competitividade das empresas, não só no Brasil, como internacionalmente.
02:38Mas o pior disso tudo é a questão da quebra do paradigma, né?
02:43Não vai aumentar imposto, aí você aumenta o imposto na calada da noite, o mercado fecha, você publica uma medida,
02:50depois de noite você muda essa medida de novo.
02:52Já imaginou, Marcelo, você como empresário, você não consegue planejar direito, você pessoa física,
02:58você tem lá um ente que está fazendo estudo lá no exterior, você tem que mandar dinheiro para ele todo mês.
03:03Então, você encarece praticamente, e eu acredito, eu, até por questões também que eu ouvi lá no comentário,
03:10de que conversou com o Banco Central, aí depois o ministro falou que não conversou.
03:14Então, fica essas idas e vindas.
03:16Obviamente, não pode interferir na condução da política pelo Banco Central.
03:20E ele disse que não conversou, mas aí fica no ar, né?
03:23Porque o secretário disse que conversou.
03:25Aí tem esse aspecto que você mencionou, né?
03:27Você tem o custo do negócio aumentado, as empresas ficam menos competitivas,
03:33afeta preço de papel, que a Bolsa hoje abriu punindo toda essa atitude.
03:38Obviamente, está recuperando um pouco, que as pessoas vão digerindo, analisando.
03:41Mas, Marcelo, é muito difícil essa questão de aumento de imposto,
03:45sobretudo num momento desse, que você tem todo um aspecto envolvido,
03:50e você encarece os custos das empresas, não tem a dúvida.
03:53A gente viu nos últimos anos, professor, muitas fintechs e até grandes bancos
03:57lançando um novo produto no mercado, que são aqueles cartões
04:00que você carrega em dólar para viajar para o exterior, né?
04:03Você faz a conversão para dólar e vai usando conforme a necessidade.
04:07E antes as pessoas pagavam 1,1% e agora vão pagar 3,5% para carregar esses cartões.
04:14Esse modelo de negócios pode ser afetado seriamente, não?
04:18Não tenho a dúvida, né?
04:19A gente está falando de um modelo criado num certo ambiente.
04:24Então, você vem...
04:25Por que, Marcelo?
04:26Às vezes o pessoal fala assim, não, mas aumentou de 1% para 3,5%.
04:29É muito!
04:30É muito, gente!
04:32Não é pouco, não.
04:34Então, assim, e às vezes o que o governo está prevendo arrecadar é pouco
04:38em termos das consequências que você acabou de mencionar.
04:42Você acaba transformando o ambiente de negócio numa insegurança, numa incerteza, né?
04:46E as próprias fintechs, no caso aí que você mencionou, acabam tendo que mudar os planos
04:51e perdem clientes, não tem a dúvida.
04:54Hoje, para você viajar para o exterior, vai ficar mais caro, sim.
04:57E você não tem a dúvida que isso tem um impacto direto nas decisões de investimento
05:02e nas decisões também com relação a viagens, a estudo no exterior, a compra de remédios,
05:08que você às vezes precisa remeter dinheiro para o exterior.
05:10Ou seja, eu acredito, é uma preocupação maior minha, é que não é medida as consequências
05:15desse ato.
05:16Então, como é que uma pessoa publica um decreto no diário oficial, depois muda o decreto
05:23e vai dizer que para não criar problemas no mercado?
05:25Gente, já criou o problema, né?
05:27A capacidade do governo de criar problemas onde não tem, ou seja, a coisa estava tranquila,
05:32você me fala em aumento de imposto, né?
05:34Lembra aquele caso de novembro, né, Marcelo?
05:37Você estava falando um negócio e de repente você solta o negócio do imposto de renda lá.
05:40Então, outra vez o governo peca na comunicação.
05:45Eu não estou dizendo que não sejam necessárias essas ações, não.
05:48O mercado até esperava alguma contenção de gastos, porque realmente o equilíbrio fiscal
05:52é importante.
05:53Mas através de aumento de imposto, Marcelo, você coloca uma situação muito delicada,
05:58que é essa das empresas que investiram, criaram o negócio e agora vão ter um negócio impactado,
06:04que quem sabe até o negócio deixe de desistir, né, em função da inviabilidade financeira.
06:09Professor, apesar dessas críticas que o mercado inteiro está fazendo, com essa arrecadação
06:15extra aí do IOF, dá para acreditar com um pouco mais de certeza que a meta fiscal desse
06:19ano vai ser cumprida?
06:21Sim, olha, a meta em si estava um pouco já encaminhada.
06:25Nós vimos todos os relatórios do governo, né, precisava uma contenção mesmo, ele anunciou
06:3131 bilhões.
06:32Mas agora fica assim, não, era 20, vai ser 18, eu vou ter que fazer mais contingenciamento.
06:38Então, joga no ar uma interrogação muito grande.
06:41Ou seja, o país estava caminhando para um equilíbrio, inclusive a inflação está
06:46sob controle, embora alta.
06:48Você tem a questão da taxa de juros.
06:50Mas o que preocupa mais é essa questão que foi colocada.
06:53Eles dizem, olha, é um recado para o Banco Central.
06:55Nós estamos pisando no freio aqui na política fiscal.
06:58Ora, não precisa mandar recado, né?
07:00A gente vê.
07:01Então, isso que você coloca, de fato, é importante que o governo faça as contenções
07:05dele.
07:06Mas a gente acredita que podia ter sido mais, eu diria, um pouco maior essa contenção
07:11sem precisar criar imposto.
07:13Então, você não criaria esse problema no mercado com relação a essa interrogação
07:18e essa insegurança, viu, Marcelo?
07:20Tá certo.
07:21Professor César Bergo, da UNB.
07:23Muito obrigado pela sua participação hoje aqui no Real Time.
07:26Bom dia.
07:27Estou sempre à satisfação.
07:28Um grande abraço e bom trabalho para você.
07:30Obrigado.
07:31Obrigado.

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