- há 4 meses
Diogo exige que Branca termine seu noivado com Xavier. Xavier manda um recado por Simão a Mão de Luva. Virgínia conta a Raposo que o livro de Tiradentes tem uma dedicatória para sua filha. Xavier e Branca dormem juntos. Bertoleza diz a Rosa que Rubião mandou alimentar os pobres para impressioná-la. Dionísia paga Malveiro para atacar Virgínia. Joaquina encontra Virgínia ferida
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DiversãoTranscrição
00:00Faça mais papelicos de maldizer depois de espalhar onde puder.
00:07O seu guarda-livros, senhor Taveira, infelizmente veio aparecer.
00:11Esse infeliz foi envenenado.
00:16O mesmo veneno que você usou com seu marido.
00:18Só fiz o que fiz com meu marido, porque ele era um monstro.
00:21Além do mais, ele não morreu.
00:23Eu não sou uma assassina.
00:24Esse livro é o livro do Tiradentes, que é o nome de uma mulher.
00:29Joaquina.
00:30É a filha dele.
00:31Pode dizer para ele que eu quero vender.
00:34Virgínia, nós precisamos recuperar esse livro.
00:36E o senhor não se envergonha de ser visto comigo, a indigna que anda na companhia de
00:40meritrizes?
00:42A mulher mais fascinante que já aportou para essas bandas.
01:02Eu não posso te respeitar da sua casa.
01:04É apenas um beijo.
01:06E o senhor não é desrespeitoso, por o contrário, sempre foi um cavaleiro.
01:09É um sinal de compromisso.
01:11E eu tenho muito respeito pelo seu pai.
01:13Eu jamais abusaria da sua responsabilidade.
01:23Senhor intendente.
01:26Senhora Dionísio.
01:29Fogo em vela.
01:33Não é muito tarde para uma visita?
01:35De certo que sim.
01:36Eu já estava de saída.
01:37Eu só vim apenas manifestar a minha solidariedade.
01:41O que fizeram com Rosa, com a senhorita Rosa.
01:45Foi inominável.
01:47E o senhor não vai fazer nada a respeito?
01:49A polícia da intendência já está investigando o caso.
01:52O intendente vai descobrir quem fez isso, tio.
01:54É bom que descubra mesmo.
01:56Antes que meu irmão o faça.
01:59Temo pela segurança dos caluniadores caso Raposo coloque as mãos neles antes.
02:07Um ladrão de sepulturas.
02:10Foi o couveiro que me disse, senhor intendente.
02:17Eles enterraram volta para disfarçar o crime.
02:20Mas dá para ver que a terra foi remexida.
02:25Desenterre.
02:31Arrancaram os dentes de ouro.
02:33Ninguém sabia que ele estava aqui.
02:38Há algo por trás disso.
02:43Enterre de novo.
02:48Nós precisamos conversar, Rosa.
02:51Sobre o intendente.
02:54Primeiro os panfletos de maldizer.
02:57Depois a visita noturna do intendente.
02:59Um homem solteiro.
03:00Você já viu o que o povo fala.
03:01Eu não o convidei.
03:02Mas o beijou.
03:04Ele é solteiro.
03:05Eu também.
03:06As coisas não são tão simples assim, minha filha.
03:10Você não tem mãe.
03:11Eu sou a única mulher dessa família.
03:13É minha obrigação alertar você.
03:16Tia, eu agradeço muito a sua preocupação, mas eu sei o que estou fazendo.
03:19Não sabe, não.
03:21Do contrário, não receberia o intendente aqui na sala.
03:23E não se encontraria com uma coveteira no meio da rua.
03:26É tudo que eu sei.
03:27E não se encontraria com uma coveteira no meio da rua.
03:29Minha tia, isso é uma questão...
03:30Eu estou falando, Rosa.
03:33Sim, senhora.
03:36A ausência da sua mãe.
03:38Eu preciso cuidar de você.
03:40O seu pai ama você mais do que tudo nesse mundo.
03:42Mas ele é homem.
03:43Ele não sabe lidar com esses assuntos.
03:45Não aconteceu nada.
03:46Um beijo é tudo.
03:48Rosa.
03:50Um beijo é uma promessa.
03:51É o prenúncio do casamento.
03:54Amanhã mesmo, eu e seu pai, vamos conversar com o intendente.
03:57Nem pensar.
03:58A senhora está exagerando.
04:00Ao vir aqui, ele assumiu o compromisso.
04:02Eu tenho certeza que não vai faltar com a palavra.
04:04Que compromisso, tia?
04:05Que palavra?
04:06Ele não me prometeu nada.
04:07Mas fez.
04:13Senhorita.
04:15Acabo de visitar o céu.
04:17Senhor, não fala assim, que é pecado.
04:20Ainda mais perto de mim, que sou mulher pura.
04:23É.
04:24Senhorita.
04:25Para mim, toda mulher pura.
04:28Principalmente, só daí que vive falando que é vixi.
04:32Até minha mãe dizia que é vixi.
04:35Que é vixi?
04:36É.
04:37Que é vixi?
04:39Ela não diz.
04:41Porém.
04:42Que é vixi?
04:43Essa é a última que eu vou dizer.
04:47Que é hora?
04:49Muito hora.
04:50Que é hora também?
04:51Tia, só dá uma descansada.
04:53Então.
05:09O lendário Roquei.
05:11O livro do Tiradentes.
05:14Esse livro não tem um menor valor.
05:17Exceto para nós.
05:19E para Coruca.
05:21Se a polícia da Coroa colocar as mãos nele,
05:24vai iniciar uma devassa.
05:26Ele é a prova da conspiração.
05:28Mas é apenas um livro.
05:29Será que eles vão dar tanta importância assim?
05:31Um livro pode mudar o mundo, Xavier.
05:33A Bíblia não fez isso?
05:35Roma não caiu em grande parte por causa do Novo Testamento?
05:38Eu não tinha pensado nisso.
05:40É o poder da palavra.
05:43O homem morre, mas o verbo é imortal.
05:46Nada pode deter um sonho.
05:48E ele sabe disso.
05:49É por isso que nós precisamos recuperar esse livro.
05:52Então ele é muito valioso para a nossa causa.
05:54Ele é fundamental.
05:56Ele foi entregue a nós pelo próprio Jefferson.
05:59E hoje a América é livre.
06:01Como nós seremos um dia nem que para isso tenhamos que pegar em armas.
06:05Vale mais.
06:07Virgínia, eu vou recuperar esse livro.
06:10Eu vou roubá-lo de volta.
06:12Nada mais justo roubar de quem roubou.
06:14Mão de louvo mataria, Xavier.
06:16Eu duvido que ele me venceria num duelo justo.
06:17Mão de louvo não tem nada de justo.
06:19Nós precisamos comprar o livro dele.
06:21É isso que ele quer.
06:23Ele quer dinheiro.
06:32Eu acho que eu sei onde conseguir.
06:34Outra vez aqui, meu pai?
06:36Não reclama não.
06:38Você bem que se divertiu da última vez.
06:41Obrigado.
06:43Xavier.
06:44D. Raposo.
06:46André.
06:50Por que você tanto conversa com Virgínia, rapaz?
06:52Cheio de carne nova aqui.
06:54Você vai escolher logo o bacalhau seco?
06:56D. Raposo, eu respeito quem diria.
06:58André.
07:00Eu acabo de descobrir que o seu pai tem um certo apreço por Virgínia.
07:04Sinal de bom gosto que ele faz questão de esconder.
07:08Olha aqui, rapaz.
07:10É sorte sua de hoje eu não querer questões, viu?
07:13Porque se não, ele dava um belo pontapé nos fundinhos.
07:15De novo.
07:17Pontapé.
07:19O senhor ainda tá com a marca da minha espada.
07:21Espada?
07:23Nós tivemos uma pequena altercação.
07:25Vocês cruzaram espadas no elo?
07:27Ah, que duelo.
07:29Duelo sempre termina de forma ridícula.
07:31Um tapa com luva de pelica, ou uma retratação,
07:33ou então um tiro de pistola sem pontaria.
07:35O que a gente teve foi uma bela de uma luta.
07:37Há muito tempo que eu não me diverti assim.
07:39Vocês, vocês não tem juízo?
07:40Os duelos são proibidos por lei.
07:42Pois então, vejo que fizeram as pazes.
07:45Ah, Virgínia.
07:47Você viu o mal que você causou à minha filha.
07:50Pode ficar tranquilo, D. Raposo.
07:52Não vou deixar que Rosa se dirija a mim,
07:54se eu a vi, eu a atravesso.
07:56Prometo.
07:58É bom mesmo.
08:00Divirtam-se.
08:02Senhora, senhora.
08:04Com licença.
08:06Apesar de sua sinceridade um tanto crude,
08:08o meu pai se desculpa.
08:10O meu pai está coberto de razão.
08:12A reputação da minha irmã ficou comprometida.
08:14André, se eu soubesse que as coisas iam tomar esse rumo,
08:18jamais teria me aproximado da sua irmã.
08:20Mas agora o mal está feito.
08:22Eu peço que me perdoe.
08:25Está perdoado.
08:27Não está, não.
08:29Divirtam-se.
08:31Aqui é um lugar de ter prazer,
08:33para esquecer as preocupações.
08:35Ah, mas eu vou me divertir, sim.
08:37Com carne fresca.
08:38Ao contrário do jovem Xavier,
08:40quem que gosta de uma comida em conserva, né?
08:43Existem conservas de finíssimo paladar.
08:48Não quis ser indelicado.
08:50Você,
08:52no seu tempo, causava inveja até a uma rainha.
08:55O meu tempo é esse, raposo.
09:02Mimi, Irlanda, quem trouxe vocês aqui?
09:04O chamado Simão.
09:06Deixou a gente na entrada da vila.
09:08Vamos.
09:38Branca.
09:40Oi, pai.
09:46Ué, por que a sua porta é trancada?
09:48Ah, me distraí.
09:50Ué, eu achei que você já estivesse dormindo.
09:53Não, estava rezando,
09:55lendo aqui meu livro de horas.
09:57Muito bem, filha.
10:01Branca,
10:03a sua mãe tem me falado,
10:05e eu não sei o que falar.
10:06A sua mãe tem me falado
10:08a respeito da sua insatisfação
10:10com o final de seu noivado?
10:12Meu noivado não acabou?
10:15Minha querida,
10:18eu e a sua mãe
10:20sabemos o que é melhor pra você.
10:22Um casamento com um rapaz almeida
10:24agora não vai levar a nada.
10:26E se eu não casar, fazer papel de idiota?
10:28Não, se você se casar com um moço bem melhor,
10:31de família bem postada,
10:33um fidalgo.
10:34Se o senhor está falando
10:36daquele André Raposo,
10:38pode tirar o cavalinho da chuva.
10:40Porque ele lá parece um bolo mofado,
10:42um pão empatumado.
10:44Eu não vou casar com ele mais de jeito nenhum.
10:46Chega!
10:48Você vai fazer o que eu mandar, Branca?
10:50Eu sou seu pai?
10:52Me respeite!
10:54Vai ficar trancada no seu quarto
10:56até me dar de ideia.
10:58Pai, o senhor não se atreva!
11:00Fechada a chave!
11:02Pai!
11:04O senhor percebeu que eu sofri no quarto hoje?
11:06Tô teiada!
11:09Trabalhei demais hoje!
11:13Não precisa entrar em detalhes, por favor.
11:15Desde...
11:1715...
11:1910...
11:21Não consigo nem contar nos dedos.
11:23Mais de 15 homens?
11:25Mais do que os dedos, pé e das mãos juntos.
11:27Mais de 20?
11:29É?
11:31Ah, é por isso que eu tô tão cansada.
11:32O senhor deve conhecer homens de todos os tipos.
11:36Mas...
11:38Quanta experiência a senhorita não deve ter.
11:41Se o senhor quiser, eu ainda aguento mais um.
11:44Não é preciso.
11:46Sente.
11:48Ainda tô com o cheiro deles.
11:57O seu corpo pode contar tantas histórias.
12:02Não.
12:12O senhor tá com nojo de mim porque eu deitei com todos eles?
12:15Não, não, menina, de jeito nenhum.
12:17Pelo contrário, não me entenda mal.
12:19O senhor tem nojo de mim?
12:21Claro que não!
12:23O senhor tem aço?
12:24Isso, menina...
12:26É o meu trabalho, se eu não deito, eu não como.
12:28Eu sei disso, não me entenda mal.
12:30O senhor só me despreza.
12:31Por favor, senhora.
12:32Saia daqui!
12:34Eu não vou sair.
12:36Não vou sair daqui enquanto a senhorita não me perdoar.
12:38Por favor, senhorita, não me entenda mal.
12:40Por favor.
12:43O senhor jura que o senhor não despreza a minha pessoa?
13:01O senhor tá querendo conversar.
13:03Preciso falar com ele de novo.
13:05Eu não sei do que o senhor tá falando.
13:07Tá querendo morrer, amigo?
13:11Depois de você...
13:13Eu vou morrer.
13:15Eu vou morrer.
13:17Eu vou morrer.
13:19Eu vou morrer.
13:21Eu vou morrer.
13:23Eu vou morrer.
13:25Eu vou morrer.
13:27Eu vou morrer.
13:29Eu vou morrer.
13:31Fala pro seu chefe que tem uma coisa que me interessa.
13:34O livro do Tiradentes.
13:37A patrulha?
13:39Continuamos aqui, seremos presos.
13:41Dessa vez você não vai poder se fingir de borracha.
13:43A gente vai se ver de novo, amigo.
13:45Fala pro seu chefe que eu quero o livro.
13:48O livro do Tiradentes.
13:50Polícia de sua majestade! Parados!
14:01Percebi que a senhorita não sabe contar.
14:04Por acaso sabe ler?
14:06Claro que não.
14:08Quem havia de me ensinar?
14:10Era eu.
14:12O senhor é professor de letras?
14:14Não, mas acredito que toda pessoa decente tem o direito de saber ler.
14:20O senhor acha que eu sou uma pessoa decente?
14:23De certo que sim.
14:25Você é uma mulher como as outras.
14:27Sou?
14:29Não.
14:31Não?
14:35Não.
14:37Como as outras, não.
14:41O seu corpo, Mimi,
14:43parece uma escultura
14:45de Michelangelo,
14:47de Leonardo.
14:50Eu não conheço.
14:52Eles nunca vieram aqui pro bordel.
14:55São artistas.
14:56Da Renascença.
14:58Eu conheço um artista.
15:00É?
15:02É um galego chamado Malakias,
15:04mas ele cheira mal
15:06e não trata muito bem as mãos.
15:10Deixa eu ver você mais uma vez.
15:26Monty,
15:28a senhorita é perfeita.
15:33O senhor não sente nada?
15:37Sinto
15:39um deleite estético.
15:42O senhor não me vê com esse palavreado que eu não conheço?
15:45Sei muito bem que o senhor tem nojo de mim,
15:47porque eu sou uma mulher da vida.
15:48Mimi!
15:49Fala a verdade!
15:51Monty...
15:56Você continua linda.
16:00Você disse que eu era velha
16:02e preferia carne fresca.
16:06Eu menti.
16:08Raposo,
16:10isso me dá cócegas.
16:14Isso me traz lembranças.
16:18Virgínia,
16:20quanto tempo que a gente se conhece, hein?
16:22Mais do que a gente se conhece.
16:23Você,
16:25por acaso,
16:27está
16:29envolvida
16:31com esse rapaz almeida?
16:33Se você está falando de Xavier, a resposta é não.
16:35Então por que tantos encontros furtivos
16:37entre você e ele?
16:39Isso não lhe diz respeito?
16:42Sabe lutar, esse menino.
16:44Sabe?
16:46Ele é um médico,
16:48um fisiculturista,
16:50um cientista,
16:51ele é um médico,
16:53um físico formado,
16:54não é um mero arroaceiro como você foi.
16:56Aliás,
16:57quando eu te conheci,
16:58você não valia nada,
16:59agora...
17:01Homem de respeito.
17:04Está olhando o quê?
17:08Você pode ter mudado tanto, raposo.
17:11Se tornou um homem conservador,
17:13amargurado,
17:15tem desprezo por tudo aquilo
17:16que acreditou um dia.
17:18Se você está falando
17:19da independência, mulher,
17:21eu criei juízos.
17:23O que é esse Brasil?
17:25País imenso, sem fronteira,
17:26cheio de burro, de escravo.
17:28Nós íamos ser governados por esse povo?
17:30É isso?
17:31Nossa bandeira tem a imagem
17:32de uma bananeira?
17:34Você não acredita de fato
17:35nas sandices que fala?
17:37O que você chama de sandice,
17:38eu chamo de razão.
17:41Você acha certo
17:42tratar sua filha como bibelô?
17:44Ela merece conhecer a herança do pai?
17:47Que herança?
17:48O patíbulo?
17:49A foca?
17:52A liberdade?
17:53O sonho?
17:55Sonho, sonho.
17:57Isso é um pesadelo, Virgínia.
17:59Olha aqui.
18:01Não é porque eu tive uma recaída,
18:04porque eu caí feito inseto
18:05nessa sua teia de aranha ardilosa,
18:07que você vai vir me dizer
18:08o que eu tenho que fazer.
18:10O que eu vou lhe dizer é o seguinte,
18:11afaste-se da minha filha.
18:18Eu não quero o seu dinheiro.
18:21É o seu trabalho, não é?
18:29Perdeu o juiz, mulher?
18:31Um de luva teve aqui
18:33pra vender o livro do Tiradentes.
18:35O quê?
18:36E tem outro,
18:37o livro que ele roubou há tantos anos.
18:40Não é só um livro.
18:42Não.
18:43Ele tem uma dedicatória
18:45pra sua filha.
18:47E quem disse?
18:48Eu nunca soube disso.
18:49Eu vi.
18:52Mas ninguém tem como provar
18:53que ela é filha do Tiradentes.
18:55Esse livro pode despertar suspeitas,
18:57acender de novo
18:58a desconfiança da coroa.
19:00E a coroa não vai querer
19:01que esse livro
19:02fique circulando por aí
19:03despertando o sentimento
19:04patriótico do povo.
19:06Ainda mais agora
19:07que a corte se mudou pra cá.
19:09Pense nisso.
19:11Porque se esse livro
19:12for parar na mão do intendente,
19:13a sua Joaquina,
19:15o Rosa,
19:17como você a batizou de novo,
19:19estará correndo perigo.
19:23Por exemplo,
19:24suponha que você
19:25tinha cinco laranjas
19:27e comeu duas.
19:29Com quantas você ficou?
19:32Cinco.
19:34Não, Mimi.
19:35Preste atenção, Mimi.
19:36Faça um esforço.
19:37Se você aprender matemática,
19:38jamais será enganada
19:39por outro cliente.
19:40É que isso
19:41é muito difícil pra mim.
19:42Preste atenção,
19:43você tinha cinco...
19:45Ô, pai?
19:47Vambora.
19:57Mas o que é que o senhor tem?
19:58Não disse uma palavra
19:59pra mim todo.
20:00Eu posso saber
20:01o que o senhor estava fazendo
20:02dentro do quarto
20:03com uma mulher
20:04vestida dos pés à cabeça?
20:06Nós já tínhamos acabado.
20:08Você...
20:09Você estava dando aulas a ela?
20:12Ei, vocês vão acordar
20:13a casa inteira.
20:14Com licença.
20:17Aconteceu alguma coisa?
20:19Aconteceu.
20:20Aconteceu que eu descobri
20:21que aquele salteadorzinho
20:22de estrada
20:23está de posse de algo
20:24que pertenceu a seu pai.
20:26Um mão de luva?
20:27O que é?
20:29Esse livro é perigoso,
20:30o mão de luva.
20:31Quase levei bala
20:32por causa dele.
20:34Ó.
20:35Suponha que esse livro
20:36é valioso.
20:37Vale muito ouro, ó.
20:39Do jeito que eu quis saber
20:40desse livro
20:41é bandido que nem eu e você.
20:42Dava na cadeia comigo.
20:44Não tem mais jeito
20:45de tratar desse livro.
20:47Bandido sem vergonha?
20:50Malditos malfeitores.
20:53Sujeito honesto.
20:54Luta para ganhar
20:55seu pão de cada dia
20:56e vem alguém
20:57querem morder?
21:02A gente tem de ficar
21:03de olho aberto, chefe.
21:08Eu achava que o Roqueiro
21:09era uma lenda.
21:11Não é lenda, não.
21:12Ele existe.
21:14Infelizmente, ele existe.
21:15Porque esse livro
21:16é uma sentença de morte.
21:17Qualquer pessoa que o possuir
21:18já está condenada a foca.
21:20É só um livro.
21:21É só um livro
21:22que está no índex
21:23dos livros proibidos da coroa.
21:24O livro que fomentou
21:25a conjuração.
21:27O símbolo da inconfidência.
21:29O que o senhor vai fazer?
21:31Pegar esse livro e destruir.
21:32Destruir?
21:33Esse livro é a única recordação
21:34que eu posso ter do meu pai.
21:35Ele é perigoso.
21:36Não, esse livro
21:37é muito importante.
21:38Esse livro é perigoso demais
21:39para ficar por aí.
21:41Eu vou recuperar esse livro
21:42e vou queimar
21:43folha por folha.
21:45O senhor ganharia muito mais
21:46se ao invés de queimar
21:47os livros, os lesse.
21:51Pronto.
21:53Silêncio.
21:54Pararam de brigar.
21:57Primeiro, Rosa,
21:58procura aquela alcoveteira.
21:59Agora esse livro condenado.
22:01As coisas estão de pernas pro ar.
22:02Mas por que um livro
22:03pode ser tão perigoso?
22:04Eu não entendo.
22:05Um livro não é
22:06tão perigoso assim.
22:08Mas o que ele representa
22:09é como...
22:11como a imagem de um santo
22:12para quem tem fé.
22:13Tem muito valor.
22:15Mas como é que a polícia,
22:16caso coloque as mãos no livro,
22:17pode ligar a minha irmã?
22:18Meu pai está fazendo tempestade
22:19de um copo d'água.
22:20Seu pai sabe o que faz.
22:22E a culpa é toda
22:23daquela maldita Virgínia.
22:24Essa mulher tem que sair
22:25do nosso caminho.
22:26Ela está colocando
22:27caramiolas na cabeça de Rosa.
22:29É como colocar pólvora
22:30numa fagulha.
22:32E a Rosa está mudada.
22:34Ela fica levantando assuntos
22:35que deveriam estar enterrados.
22:38Isso vai acabar mal.
22:39Conspiração
22:40é crime de ilesa majestade.
22:42Ela pode acabar
22:43condenada por isso.
23:09Eu te amo.
23:11Eu também te amo, pai.
23:14Minha rainha!
23:15Pai!
23:16Minha rainha!
23:28Você precisa comer, minha filha.
23:31Vai dormir de barriga vazia.
23:33Vou definhar até morrer.
23:35Tudo isso por causa de Xavier.
23:36Por causa do meu noivo!
23:38Ou eu caso com o Xavier
23:39ou eu morro seca!
23:52Branca!
23:55Branca!
23:56Xavier!
23:57O que aconteceu?
24:00A polícia está atrás de mim.
24:01Deixa de falar baixo
24:02com uma pessoa em casa!
24:03Branca, quando...
24:04Quando eu ouvi o sonho
24:05daquelas balas passando
24:06no meu ouvido
24:07eu só pensava em você.
24:09E eu ouvi uma voz aqui dentro
24:10me dizendo
24:11que eu preciso casar
24:12com a Branca antes de morrer.
24:14Mas por que você está
24:15fugindo da polícia?
24:16Não importa.
24:18O que importa
24:19é que eu e você
24:20estamos juntos.
24:23Xavier!
24:30Acorda.
24:32O quarto
24:33de uma donzela
24:37da minha amada
24:42é mais bonito
24:43do que eu imaginei.
24:46Parece com você.
24:50Linda.
24:57Oi, Xavier.
25:00Oi, Xavier.
25:02Oi.
25:04Não, não, não.
25:07Se nós fizermos isso
25:08você vai esquecer de mim?
25:09Nunca.
25:10Nunca.
25:12Branca, você é um sonho.
25:14Eu sonho com você
25:15todos os dias.
25:17Eu também.
25:19Eu te adoro.
25:25Não, não, não.
25:26Não.
25:28Não posso.
25:29Eu não posso.
25:32Não posso.
25:38Xavier, eu esperei
25:39muito tempo por isso.
25:41Ninguém vai separar a gente.
25:49Não mais.
26:02Não mais.
26:05Não mais.
26:07Não mais.
26:09Não mais.
26:11Não mais.
26:13Não mais.
26:15Não mais.
26:17Não mais.
26:19Não mais.
26:21Não mais.
26:23Não mais.
26:25Não mais.
26:27Não mais.
26:29Não mais.
26:30Não mais.
26:32Não mais.
26:34Não mais.
26:36Não mais.
26:38Não mais.
26:40Não mais.
26:42Não mais.
26:44Não mais.
26:46Não mais.
26:48Não mais.
26:50Não mais.
26:52Não mais.
26:54Não mais.
26:56Não mais.
26:58Não mais.
27:00Não mais.
27:02Não mais.
27:04Não mais.
27:06Não mais.
27:08Não mais.
27:10Não mais.
27:12Não mais.
27:14Não mais.
27:16Não mais.
27:18Não mais.
27:20Não mais.
27:22Não mais.
27:24Não mais.
27:26Não mais.
27:28Não mais.
27:30Não mais.
27:32Não mais.
27:34Não mais.
27:36Não mais.
27:38Não mais.
27:40Não mais.
27:42Não mais.
27:44Não mais.
27:46Não mais.
27:48Não mais.
27:50Não mais.
27:52Não mais.
27:54Não mais.
28:00Um dos homens do bando de mão de luva
28:03falou sobre um livro.
28:05Pode falar, soldado?
28:07Eles falavam de um livro, senhor.
28:09Eu então me aproximei, sem fazer barulho.
28:11Vá direto ao assunto.
28:13Eles falavam do livro do Tiradentes, senhor.
28:14Você sabia que havia uma conspiração
28:17em curso na minha cidade?
28:19Um crime de lesa majestade.
28:21E se achou no direito
28:23de esperar o dia seguinte
28:25para vir até aqui.
28:27Perdão, senhor, perdão.
28:29Eu não queria acordar o senhor,
28:31nem o coronel,
28:33nem a senhora,
28:35nem a senhora,
28:37nem a senhora,
28:39nem a senhora,
28:41nem a senhora,
28:42nem a senhora.
28:44Perdão, eu não queria acordar o senhor nem o coronel.
28:47O senhor não merece usar essas dragonas.
28:50Inútil.
28:53Franque esse animal num calabouço.
28:56Coronel,
28:58temos uma conspiração em curso na cidade.
29:00Precisamos ficar atentos.
29:03Precisamos capturar esses rebeldes
29:05e matar um por um.
29:09Depois pendurar a cabeça de todos
29:10de todos na praça principal.
29:12Sim, senhor.
29:19Ficou claro?
29:21Sim, senhora.
29:24É pra matar?
29:25Não, não precisa.
29:28Eu quero que essa pisa de relhos seja só um aviso.
29:32Mas, se a infeliz morrer...
29:36Pior pra ela.
29:38A sua licença.
29:57Eu posso saber aonde você vai?
29:59Não.
30:01Ah, pois não.
30:02Nós precisamos conversar. É sobre Rosa.
30:04Agora não.
30:08Mas o que é isso?
30:09Você vai se vestir pra guerra?
30:12Raposo, o que você está pretendendo?
30:15Proteger minha família.
30:17Usando esse troço?
30:18Esse troço que vai me manter vivo.
30:21Já funcionou outras vezes.
30:26Onde é que está seu irmão?
30:27Não precisa nem dizer.
30:29Já saiu de luva, não é que eu sei.
30:30E o senhor, aonde é que vai?
30:32Vou recuperar o livro do Tiradentes.
30:34Você vai enfrentar sozinho o bando de mão de luva?
30:37Leva alguém com você.
30:39Mas a gente só vai me atrasar e chamar atenção do mão de luva.
30:42Raposo, é perigoso.
30:44Você vai sozinho enfrentar um bando de malfeitores.
30:47Eu vou com o senhor.
30:58Raposo?
31:00Você enlouqueceu?
31:01Por quê?
31:03Meu filho é homem.
31:05Pode ajudar a defender a família.
31:23Isso é tudo, Rosa?
31:24Podemos ir?
31:25Um pouco.
31:27Essa gente tem fome.
31:35O que é isso?
31:36Comida.
31:37Que o senhor intendente mandou para nós.
31:43Rubião.
31:45Mandou comida para o povo.
31:48Uma atitude nobre.
31:50Aposto que o senhor intendente fez isso para impressionar você.
31:54Deve ter visto quando estávamos vindo para cá.
31:58E o que o amor não faz, Rosa.
32:05Mandou entregar os mantimentos da cidade baixa.
32:07Sisca, eram raios entregados à tropa.
32:10Não servia nem de lavagem para os porcos.
32:12Que morram aqueles miseráveis.
32:15Agora vamos ao que interessa.
32:17O bando de mão de luva está envolvido com os rebeldes.
32:20E eu quero ser o primeiro a botar as mãos no livro do Tiradentes.
32:24Pegue duas arrobas de farinha.
32:26Pegue feijão, que minhas meninas têm fome.
32:27É o mar?
32:28Sim, senhora.
32:31Me corte um pedaço aqui da carne.
32:32Vou fazer tempero.
32:51Não temos nada de valor.
32:53Só comida.
32:56Mas o que foi isso?
32:58O que foi que aconteceu?
33:02O que foi que aconteceu?
33:32Soldados.
33:34Hoje nós vamos localizar o mão de luva.
33:37Custe o que custar.
33:40Até a próxima.
34:02Há tempos que esse bandido vem assolando os nossos sertões.
34:05Mas isso acabou.
34:08Quem me trouxer o mão de luva vivo...
34:12será um homem rico.
34:22Está feito, senhora.
34:30Ótimo.
34:32Obrigado.
35:02O que nós vamos fazer quando encontrarmos o mão de luva?
35:05Pegar o livro do Tiradentes?
35:07E se ele resistir?
35:08Eu mato.
35:21Quer dizer que o intendente te beijou e a dona de Armisia viu?
35:26Ele foi um perfeito cavaleiro.
35:28Aquilo lá é um corpo?
35:30É um corpo caído no chão.
35:32Para, Kawaji!
35:33Rosa, o que você vai fazer?
35:34Para!
35:36Rosa!
35:42Virginia!
35:44Virginia!
35:45Fala comigo, Virginia!
35:46Não dá nem pra encostar nela!
35:48Virginia!
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