A Poesia e o Poeta O poeta sonha no alto do monte uma flor. Dela brota densa e sentida translúcida lágrima, Como um rio manso a desfazer-se no rosto, Caindo doidejante por entre os sulcos da face. Cálido rosto coberto de desejos e de dor.
Como tiras de seda bordadas de fino ouro, Dos olhos cerrados fluem imagens do tempo Em que o brilho do dia era nítido, azul, cristalino E as manhãs banhadas de sol, um tesouro.
Sempre lhe pertenceu, assim como o vento, A virtude de ter tentado cem vezes, sem tréguas Alcançar o véu fluídico da distante quimera Que fizera do seu fardo de rimas um tormento.
Mas do vento, essa invisível figura onipresente, Chama-lhe uma voz pelo nome: Poeta... Poeta... "A voz dos rodamoinhos na mente simplória" Do artista que rima e canta versos somente.