No quadro Por Dentro do Clima, o agrometeorologista Marco Antônio traz a previsão do tempo para a próxima semana, com foco nas regiões agrícolas do país. Ele analisa o ritmo das chuvas que influencia diretamente a maior safra brasileira, a de soja, destacando o cenário esperado para Rondônia, Mato Grosso, Goiás e o Matopiba, além de comentar a tendência de tempo mais seco no Sul e o que os produtores gaúchos podem esperar nos próximos dias. Uma atualização essencial para quem depende do clima para planejar o trabalho no campo.
00:00A Companhia Nacional de Abastecimento, a Conab, divulgou no dia 4 de dezembro o último levantamento da safra brasileira de café referente ao ano de 2025.
00:10De acordo com os dados, o Brasil fechou a safra com a produção de 56 milhões e 500 mil sacas de café de 60 quilos, que é aí o padrão, né? Os 60 quilos são o padrão.
00:22E esse é o terceiro melhor resultado, então, da série histórica, ficando atrás somente dos anos de 2020 e 2018, segundo a Conab.
00:32E com a colheita encerrada, o volume, então, ficou 4,3% acima do registrado na safra anterior.
00:41Para falar sobre esses dados, para a gente entender como é que funciona esse levantamento, nós vamos conversar com o Fabiano Vasconcelos,
00:47que é gerente de acompanhamento das safras da Conab.
00:51Bem-vindo ao Hora H do Agro, Fabiano. Obrigada pelo seu tempo, pela sua disponibilidade.
00:58Eu queria, então, que você trouxesse mais compreensão um pouquinho desses números que eu trouxe, né?
01:02Porque mesmo em ano de bienalidade negativa, a produtividade em média cresceu 5,5% quando a gente olha para o país como um todo, né?
01:11Quais fatores foram determinantes para esse desempenho positivo?
01:16E esse desempenho positivo, ele está mais no Conilon do que no Arábica, se eu não me engano.
01:22Mas queria que você também trouxesse essa explicação, por gentileza.
01:26Olá, Mariana.
01:27Bom, é isso. O Brasil, ele produz as duas espécies.
01:30O Arábica, o país é o maior produtor de Arábica do mundo.
01:32E o café, ele tem essa especificidade aí, fisiológica mesmo, é uma planta perene,
01:40que principalmente o Arábica, ele sofre com a bienalidade em que em um ano ele consegue produzir bem,
01:47no outro ele acaba, a planta acaba se preservando ali,
01:53funcionando a parte mais vegetativa para voltar a produzir bem no ano seguinte.
01:56Então, esse ano era um ano de bienalidade negativa, em que naturalmente as produtividades,
02:02principalmente do Arábica, elas reduzem em função disso.
02:06E o Conilon é uma planta mais robusta, enfim, que tem uma condição um pouco melhor.
02:11Ela não sofre tanto com a bienalidade, o clima é que impacta mais.
02:15E aí, para o Conilon, o clima foi muito bom.
02:19A região do Conilon, o principal estado produtor é o Espírito Santo.
02:22Depois a gente tem Bahia e Rondônia também como os principais estados produtores do Conilon,
02:27e o clima foi bom.
02:29Já para o Arábica, além da bienalidade, em Minas Gerais, que é o principal estado produtor,
02:35e em algumas regiões a gente teve excesso de calor, enfim,
02:39uma condição um pouco não tão boa, que também acabou impactando nessa produtividade.
02:46Mas assim, de uma maneira geral, somado às duas espécies aí,
02:49o Conilon teve, de fato, um rendimento muito bom,
02:53e isso acabou favorecendo a produção brasileira para esse terceiro melhor resultado
02:59na série histórica da Conab.
03:01Era isso que eu ia falar.
03:02A gente faz esse comentário de que é a série histórica,
03:07uma comparação aí, então, 2020, 2018 sendo anos melhores do que 2025,
03:13mas, de fato, um resultado muito positivo.
03:14Só que essa série histórica, ela é desde quando?
03:17Eu queria entender se desde a série histórica, como um todo,
03:21vocês sempre mapearam da mesma forma as regiões.
03:24Como que é, inclusive, essa metodologia para vocês fazerem esse tipo de comparação?
03:30A Conab passou a fazer levantamento de safra de café em 2002,
03:35então por isso que a gente fala da série histórica,
03:36porque o país produz café desde lá de trás.
03:38Então, assim, a gente sempre frisa na série histórica da Conab,
03:41porque é nesse recorte a partir de 2002.
03:44E o acompanhamento de safra da Conab, para café,
03:48a Conab vai a campo quatro vezes ao ano,
03:50e aí é uma rodada de, é um levantamento que envolve
03:54conversa com o produtor, enfim, cooperativa, todo o setor cafeeiro,
03:59porque é um dado rápido, né, de tempestivo,
04:03essa primeira informação,
04:05mas a gente vai ajustando com levantamentos através de imagens de satélite,
04:09tanto para a área, como também para ver a condição dessas lavouras,
04:12e ao final também até um cheque ali,
04:15como é que, de fato, o rendimento ali,
04:18quando essa produção, ela acaba indo para as beneficiadoras,
04:23enfim, até para a gente ter esse final da colheita,
04:27que aí a gente faz algum ajuste,
04:29como geralmente acontece no quarto levantamento,
04:31algum ajustezinho,
04:33já que a colheita, ela termina ali em volta de,
04:36a grande parte ali em volta de setembro.
04:38Entendi, eu te perguntei isso,
04:40porque a gente postou,
04:41assim que a Conab soltou esses números, né,
04:44a gente, eu fiz um comentário no Jornal da Manhã aqui,
04:47da Jovem Pan News,
04:48sobre esses números,
04:49a gente levou esse vídeo para o Instagram,
04:53e a gente teve alguns comentários,
04:55que eu quero, inclusive, trazer aqui para a gente conversar,
04:57porque eu acho que o papel do jornalismo é esse, né,
04:59a gente aproximar também o público de quem faz esses estudos,
05:04quem está no campo,
05:04o Daniel Carleto, por exemplo,
05:06ele falou que não vai ter café no mercado,
05:09porque a safra do ano passado
05:10teve uma quebra muito forte no Conilon.
05:13E o Willer, ele contou,
05:15eu espero que esteja pronunciando certo,
05:19ele contou aí, abre aspas,
05:21a tendência do Conilon na minha região é cair a produção.
05:25E tem outros comentários também,
05:27que eu fui, a gente foi selecionando ali,
05:30falando, questionando essa coisa de,
05:32de onde a Conab tira esses números,
05:33aqui na minha região, no Espírito Santo,
05:36vai ter quebra.
05:38Existe, parece que,
05:39uma descrença, inclusive, dos números,
05:41desse levantamento.
05:42Por isso que eu te perguntei,
05:44como que funciona, então, você falou, né,
05:46são quatro visitas ao longo do ano,
05:48os levantamentos, eles vão se ajustando
05:51ao longo dessas visitas, né,
05:54mas, de qualquer forma,
05:55eu queria entender um pouco mais disso, assim,
05:59quando vocês estão no campo,
06:01vocês conversam com os produtores,
06:03essa parte técnica,
06:04essa visita técnica,
06:06ela ouve o produtor,
06:08a dor dele,
06:09ou a Conab, de alguma forma,
06:10faz um levantamento muito mais técnico
06:12e não leva em consideração
06:14área por área,
06:16até porque eu imagino que, né,
06:17assim,
06:18não é impossível fazer isso,
06:19com o número de pessoas,
06:21mas o quanto que os números da Conab
06:24estão olhando para a safra,
06:25mas também se preocupam em conversar
06:27com o cafeicultor e entender a realidade dele.
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