Embaixo do Viaduto Francisco Sales, na Região Centro-Sul de BH, um cenário inusitado: barbeadores, tesouras, pincéis, uma poltrona confortável, chão quadriculado, espelhos e até o característico enfeite giratório de listras azul, vermelha e branca. Esses são elementos que compõem a Barbearia Coroa Boladão, apelido de Julio César Vieira da Silva, de 53 anos, dono do negócio.
Desde 2020 no local, o barbeiro trabalha sob o lema: “Quem pode fortalece, quem não pode agradece. Chega feio, sai bonito”. Julio César não cobra um valor fixo pelos serviços, o cliente paga o que tem condições, o inegociável é a qualidade do serviço, que vai além do corte. O “Coroa Boladão” conta que o atendimento é praticamente uma terapia, ele gosta de “trocar ideia”, escutar e aconselhar os clientes.
Reportagem: Leandro Couri e Laura Scardua Imagens: Leandro Couri/EM/D.A Press
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00:00Então, como eu já estive no mundo das drogas, ficava dias e dias fumando crack, fazendo coisas erradas,
00:11e para a honra e glória do Senhor Jesus, todo dia, há mais de 10 anos, eu estou vencendo, eu estou vivendo.
00:30Meu nome é Júlio César, conhecido aqui na região do bairro, como Coroa Boladão, em homenagem ao meu eterno professor e mestre de barbearia, Queco Boladão.
00:46Eu comecei cortando cabelo aqui no albergue, com pestobaba, com espilo quebrado, e eles ainda me pagavam 5 reais.
00:55Comecei a cortar cabelo aqui desde 2020, eu me encontro aqui cortando cabelo, e o slogan é,
01:05quem pode fortalece, quem não pode agradece, e chega feio e sai bonito, que eu corto todo mundo.
01:11Ajudar as pessoas também que não tem condições, cortar o cabelo, dar uma roupa, uma palavra.
01:25Eu sei como que é, eu estive lá.
01:28Então, como eu já estive no mundo das drogas,
01:31Eu já fui chamado, infelizmente, de noiado desgraçado.
01:39Ficava dias e dias fumando crack, fazendo coisas erradas.
01:45E para a honra e glória do Senhor Jesus,
01:48todo dia, há mais de 10 anos,
01:53eu estou vencendo.
01:55Eu estou vivendo atrás de sonhos.
02:02Fiz aniversário agora nesse que passou.
02:05Mais um ano de vida.
02:07Quantos anos?
02:08Eu fiz 53.
02:10Nossa, 53 anos.
02:14Mas eu aprendi que só envelhece quem está vivo.
02:19Enquanto há vida, há esperança, há lutas, há sonhos, frustrações.
02:28E eu estou aqui na luta.
02:29Estou vivendo, buscando a Deus, pedindo força, sabedoria, inteligência.
02:36A me aprender a lidar com as pessoas, lidar no convívio social,
02:42porque as placas estão ali.
02:45Eu venho do sistema prisional.
02:47Eu sou um ressocializando.
02:54Buscando meu espaço, na sociedade, na minha vida.
03:05E eu estou amando, amando isso aí.
03:08Trabalhar, interagir com as pessoas.
03:17Ó, fico muito emocionado.
03:22Porque agora,
03:26para a honra e glória do Senhor Jesus,
03:30que eu me sinto, que eu sou um vencedor,
03:34o meu único filho
03:36viciou no crack.
03:38e está para as ruas lá fora.
03:43Não sei o que fazer para ajudar ele.
03:56Eu procuro ajudar aqui algumas pessoas aí.
03:58falando isso, né?
04:02O meu próprio filho está lá.
04:07Graças a Deus, como ter misericórdia de mim.
04:09Ajudar ele também, né?
04:16E eu abri aqui,
04:17porque eu estava morando aqui no albergue.
04:20Eu cheguei a ter uma barraca aqui na rua.
04:24Eu cerquei um passeio ali, coloquei uma barraca,
04:26falei, é meu lote.
04:28E ficava morando ali.
04:29Porque eu,
04:32quando eu resolvi parar,
04:34mudar de vida,
04:36eu não tinha lugar para ficar.
04:38Aí eu comecei a ficar no albergue
04:40e também coloquei uma barraca na rua ali para mim.
04:46Eu estava de tornozeleira eletrônica,
04:48eu não podia sair daqui,
04:50mas também não podia ficar na rua, né?
04:52Aí eu fiz uma cabana ali,
04:53uma barraca,
04:54e comecei a viver ali também.
04:58Ai, gente!
04:59Comecei a viver ali.
05:02Tanta coisa aqui,
05:03eu vivi,
05:03e ninguém é mais feliz do que eu aqui de baixo,
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