- há 19 horas
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Categoria
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TVTranscrição
00:00A CIDADE NO BRASIL
00:30Assim que terminar esse maldito quadro, vou embora deste país e volto para o velho e civilizado mundo.
00:37O resort vai ocupar a represa.
00:39Basta uma assinatura dessa mãozinha tão delicada,
00:44você nunca mais entra no rio com os seus canoços.
00:49Quer dizer que a madame é durona.
00:53Ela que deu branca.
00:54Está me estranhando, companheiro.
00:55Lá tem o cara de homem que toma esculacho de mulher.
00:58É, por acaso sou casado com uma Sancha e me chamo Romeu?
01:04Respeito, criança.
01:06Até que o faturamento da pousada tem sido razoável, apesar de tudo o que aconteceu.
01:11Mas o grande problema continua sendo as dívidas.
01:13Mas o que você precisa para quitar todas elas?
01:16Dobrar a grana que entra.
01:18Isso não acontece da noite para o dia, né, meu amor?
01:20A gente vê uma nota preta do faturamento.
01:21Se você não abaixar o tom, eu vou costurar a tua boca.
01:25O Tito não é idiota, ele vai perceber.
01:27Ninguém vai descobrir nada, ninguém vai perceber coisíssima nenhuma.
01:31A gente vê uma nota muito grande, não tem como não perceber.
01:34Olha aqui, o Tito não entende nada de contas.
01:36E depois ele está com a cabeça em outro lugar.
01:38Eu sei o que eu estou fazendo, tá?
01:40Eu sou profissional.
01:41Ninguém vai descobrir nada.
01:43Eu estou achando uma batia!
01:47Fala quem é, Nicolau, fala!
01:48Você está maluco!
01:50Quem você pensa que é?
01:52Fala.
01:54Fala quem é.
01:55Quer saber por quê?
01:57Que diferença faz para você?
01:59É o mínimo que você me deve, Nicolau, fala.
02:03Carlos!
02:09Carlos, vocês aprontaram, está maior confusão.
02:11Depois a gente fala disso.
02:13Agora, responde rapidinho.
02:15Você está sabendo, Guilherme?
02:16Está na casa dele, eu acho.
02:17Mas e você?
02:18Está fazendo o que aqui?
02:19Responde primeiro.
02:20O que está rolando com ele?
02:22Bom, que eu sei que aquele cara lá do cartó
02:24disse para os pais dele que viu vocês dois se beijando.
02:26É verdade isso?
02:27Não, claro que não.
02:28Pode até ser mentira, só que está todo mundo comentando, né?
02:31Caramba!
02:32O Guilherme se ferrou por minha culpa.
02:33Me diz o que aconteceu de verdade, tia.
02:36Bom, eu estava mesmo achando vocês dois esquisitos.
02:38Que esquisito, que elarque de bobeira.
02:40Não aconteceu nada.
02:42Escuta.
02:42Você tem que me ajudar.
02:44Eu?
02:45Ajudar como?
02:46Não posso fazer nada, cara.
02:48Minha mãe proibida de eu chegar até perto de você.
02:53Ih, meu amor.
02:54Chegue.
02:54Você não vai fugir daqui por causa daquele sedento.
03:14A gente vai na polícia e denuncia ele.
03:16Pronto.
03:17Polícia.
03:18Aí é que eu me ferro de vez.
03:20Ah, então quer dizer que você está fugindo da polícia, né?
03:24Finalmente você se entregou.
03:25O que é?
03:29O que é?
03:30Posso entrar?
03:31Entra.
03:34O que está rolando agora, hein?
03:36Não está rolando nada, não.
03:38Isso.
03:39Estamos com uma dúvida e queremos sua opinião.
03:41Qual é a dúvida?
03:42Filho, a gente está querendo saber.
03:44O que você acha?
03:45Se você quer ir para o colégio ou se você prefere ficar em casa?
03:48Ficar em casa por quê?
03:49Claro que eu vou.
03:50E se alguém vier com alguma piadinha, enfia a mão na cara.
03:53Não tem essa, não.
03:53Mas eu acho melhor você faltar aula hoje.
03:56Seu pai tem razão, filho.
03:58Olha para mim.
03:59Vamos esperar essa poeira baixar, vamos.
04:00É importante agora a gente esclarecer esse mal-entendido.
04:03Não tem mal-entendido nenhum, não, pai.
04:05Isso é mentira.
04:10Você sabe onde está o Tião?
04:12Não.
04:14Não sei, não.
04:16Bem que eu queria saber.
04:17Hora dessa aí deve estar bem longe daqui.
04:30Hora dessa aí deve estar bem longe daqui.
05:00O senhor está atrasado meia hora.
05:26Meia hora não, vinte minutos.
05:28A não ser que Madame Monet esteja cobrando juros no relógio.
05:31Não seja insolente.
05:33Nunca ouviu a expressão time is money?
05:36Tempo é dinheiro.
05:38No mundo empresarial, dez minutos podem fazer a diferença entre a fortuna e a ruína.
05:47Já aqui continua tudo igual, é ou não é?
05:50A senhora está aí, eu estou aqui, as tintas estão aqui.
05:54É bem coisa de brasileiro mesmo, incapaz de respeitar um compromisso.
06:00Qual é?
06:00O que a senhora tem contra o Brasil?
06:02Esse tipo de atitude.
06:03Ou melhor, esse tipo de gente como o senhor, sem a menor responsabilidade.
06:08Seguinte, eu vim aqui para pintar.
06:10Se a senhora vai ficar me insultando, eu vou embora agora mesmo, tá?
06:13Existe uma grande diferença entre insulto e constatação.
06:18Mas fique.
06:19Eu só estou aqui no Brasil até agora para terminar esta porcaria.
06:24Quanto mais depressa terminar este suplício, melhor.
06:28Se para isso eu tenho que aturar o senhor, paciência.
06:33Paciência precisa para aguentar a senhora.
06:35Entra, Carmen.
06:42Ai, filha.
06:44Que saudade.
06:45Que beijo.
06:46Senta aí, conta tudo.
06:49Como é que estão as coisas?
06:51Está tudo bem.
06:53Quer dizer, está o maior clima lá em casa.
06:56Você soube o que andam dizendo do meu sobrinho, Guilherme?
06:59É, eu soube por alto, porque o povo dessa cidade fofoca que você sabe, né?
07:03Mas o que aconteceu?
07:04Aquele seu nozinho.
07:05Que andou inventando histórias sobre o menino.
07:07Coitado.
07:08Ai, eu te disse, seu nozinho é um imbecil, né?
07:11Que nojo que eu tenho dele, credo.
07:14É, você lembra quando eu quase fatiei ele inteiro que nem pipi?
07:18Ai, claro que eu lembro.
07:20Você tinha que ter denunciado o cara à polícia, né? Por assédio.
07:23O cara me cai na real.
07:24O cara trabalha no cartório, a polícia daqui.
07:27Enfim, você sabe.
07:27É, eu sei.
07:30Mas o meu cunhado não deixou por menos.
07:31Mentira.
07:32Ah, ele foi tirar a satisfação e quase quebrou a cara do safado.
07:36Ai, que bom.
07:38Que pena que ele não acabou com a raça daquele miserável de uma vez.
07:41Me lembra de oferecer ao Silvio um chope quando ele passa no bar.
07:44Que ele é meu herói.
07:45Ah, eu passei aqui pra te mostrar uma coisa.
07:50Que coisa?
07:51Olha.
07:52O que você tem a ver comigo, cara?
07:54Ah, ele é aqui, ó.
07:56A Patrimônio Eterno tem o prazer de presentear Ribeirão do Tempo com um programa de incentivo à cultura e arte local.
08:02Inaugurando o projeto, foi contratado Querencio, o mais popular pintor da cidade.
08:09O artista vai fazer o retrato de Madame do Real, presidente internacional da empresa,
08:13em visita a Ribeirão do Tempo e as obras do seu resort.
08:16É.
08:19E aí, gostou?
08:20Ah, claro, né?
08:22O problema é que agora ele vai ficar todo dentizado.
08:25Desnome no jornal e tudo.
08:27Ninguém segura aquele cabeça de vento.
08:28Ah, então é verdade mesmo.
08:30Ele vai pintar o quadro da chefone.
08:32Ah, é o que parece, né?
08:35Que desanimo é esse?
08:36Ela vai pagar, não vai?
08:37É, se ele terminar o serviço, né, Carmen?
08:40O problema é que do jeito que tá andando, eu não duvido nada que meu pai enfie um pincel no olho daquela madame.
08:45Ai, meu Deus do céu.
08:47Mas esse seu querência não é fácil também.
08:49Eu que o diga.
08:50Conhecendo o pai que eu tenho, eu já perdi a esperança de ver ele ganhando esse dinheiro, viu?
08:55Mas em o quê?
08:56Ei, pensa positivo.
09:02O senhor é casado?
09:04Viúvo.
09:05Era de se esperar.
09:07O que a senhora disse?
09:08Nada.
09:09Continue, então.
09:10Se a madame calar a boca, é melhor.
09:12Eu só estou tentando ser educada, perguntando pela sua família.
09:17Minha família sou eu e a Filomena, minha filha.
09:19Filha?
09:20Coitada dessa menina.
09:24Triste destino dela, como pai, como senhor.
09:27Quer saber?
09:28Cansei.
09:29A madame não tá afim de quadro nenhum.
09:31O que a senhora quer é confusão.
09:33Ah, desculpe.
09:34Eu não sabia que o senhor era um artista assim tão sensível.
09:39Eu vou embora antes que meu saco exploda.
09:42A dor é mais irritante do que unha arranhando o quadro negro.
09:45E o senhor é insuportável.
09:47Não há que aguente tanta estupidez.
09:50Com licença.
09:52Com licença.
09:54Eu espero não estar interrompendo nenhum momento criativo.
09:58E dá pra criar algo que preste com essa madame aí me provocando o tempo todo?
10:02Eu provocando?
10:03O senhor é que não sabe conduzir uma conversação civilizada.
10:07Meu negócio é conduzir o pincel.
10:09Não ficar escutando as abobrinhas que a senhora diz.
10:12Abobrinhas?
10:12Eu que não vou mencionar aqui os absurdos que costumam sair da sua boca.
10:17Por favor, por favor, senhor Querencio, Eleonora.
10:22Às vezes é normal que se crie essa tensão entre modelo e artista.
10:28Dizem até que essa energia toda valoriza uma obra.
10:34E eu sinceramente espero que, se os senhores se concentrarem,
10:39o resultado será magnífico.
10:41Que tal se eu pedir pra Elza servir um cafezinho?
10:49Um refresco?
10:51Uma água pra acalmar os ânimos.
10:54Cadê o delegado?
11:08Ele ainda não chegou?
11:09Você pode falar comigo mesmo.
11:11Eu vim dar uma queixa.
11:12Pois não?
11:13Onde é que se trata?
11:14Eu fui agredido por aquele aviador de meia tigela,
11:16lá da turma dos paraquedistas, um tal de Silvio.
11:19O camarada invadiu meu cartório, me agrediu.
11:21Eu caí e quase quebrei a costela.
11:23Dá uma olhadinha.
11:24Dá uma olhada na situação, tá?
11:25E por que ele fez isso?
11:27Por quê?
11:28Porque eu descobri que o filhinho dele tem uma relação pervertida
11:33com um moleque que mora no mato que anda aí pela praça.
11:37Um pivete desgraçado que já tentou me assaltar.
11:39Aliás, se a polícia fizesse o trabalho dela direito,
11:44esses vagabundos não ficavam por aí circulando impunemente, né?
11:46Olha aqui, seu Nazinho, se você veio até aqui
11:49pra falar mal da polícia.
11:50Você veio num lugar errado.
11:52Não, não, não.
11:54Vim apenas como um cidadão que paga seus impostos em dia,
11:58inclusive até pra manter a própria polícia, né?
12:02Quero registrar minha queixa.
12:04Pois não.
12:05Sente-se ali.
12:06Agora, por favor, se contenha.
12:09E me conte direitinho essa história.
12:16É agora ou nunca.
12:29É agora ou nunca.
12:59O que é isso?
13:03Eu entrei escondida.
13:04Eu preciso falar com a senhora.
13:05O que você quer?
13:06É muito importante.
13:07Então diz logo o que você quer e vai embora.
13:09Eu estou trabalhando.
13:10Vou atrás de mim, tia.
13:11Eu não posso dar morte.
13:12Quem tá atrás de você?
13:13Eu vou explicar.
13:14A senhora precisa me ajudar.
13:16Então, rapazinho, me conta o que foi que você aprontou.
13:19Olha, se você roubou alguma coisa, eu vou logo avisando.
13:22Não vou proteger trombadinho.
13:24Eu não roubei nada, eu juro.
13:25Por favor, tia, acredita em mim?
13:27Então me conta.
13:28O que que tá acontecendo?
13:29Quem tá atrás de você?
13:31Deu tudo errado.
13:33Não era pra nada disso ter acontecido.
13:34Me ferrei geral.
13:36Droga.
13:36Eu tô perdida, tia.
13:38Perdida?
13:39Eu não sou nada disso que a dona tá vendo.
13:42Não?
13:42Não.
13:44Meu nome não é tia, eu me chamo de Ana.
13:46Coisa gostosa na tela se dá, que simpatia tem.
14:00E coisa louca também, antipatia tal.
14:03Eu entro pela novela que empatia tem.
14:06Saio na vida real, é fantasia tal.
14:08Vejo na tela você, dá que cardia dá.
14:11Dizendo a cena final, a vida como ela é.
14:14Eu quero ver, bato o pé, pra botar moral.
14:18Trambique, politiqueiro, telecomunica.
14:20A coisa fica pior, telecomunicó.
14:23Mas o que vai dar o nó, telecomunicó.
14:25É nosso amor vira pó, telecomunicó.
14:28Pois somos dois em um só, telecomunicó.
14:31Até a terra virar, teleco.
14:33Nosso xodó.
14:34Uma menina.
14:44É, eu deixei todo mundo pensar que eu era um garoto, mas eu sou uma garota.
14:48Eu só fiz isso pra me proteger.
14:50Meu Deus.
14:52Me enganou direitinho.
14:54E você sabe que olhando você, agora sim.
14:58Claro que é uma menina.
14:59Mas por quê?
15:01Por que que você se passou por um menino, vivendo feito um pivete?
15:05Não dá pra explicar agora.
15:07O lance é que eu dei o maior vacilo e acabei ferrando que eu não tinha nada a ver com isso.
15:11Como assim?
15:12Quem?
15:13Não, um garoto, um amigo meu.
15:15Bem que eu avisei pro cara que eu era a maior roubada, eu avisei.
15:18Ficou na bola geral.
15:19Deu a maior confusão.
15:21Calma, senta.
15:22Senta e me explica essa história direitinho, porque eu não estou entendendo nada.
15:26Quem é esse menino?
15:27A gente era amigo, sabe?
15:28Ele me deu a maior força quando eu cheguei na cidade.
15:31Me arrumou uma barraca.
15:32Uma barraca?
15:33É.
15:33Eu tava morando na floresta.
15:35Deus do céu, menina.
15:37Mas que perigo.
15:39Tá bom.
15:40Tá bom, vai.
15:41Continua.
15:41Esse meu amigo descobriu que eu era menina.
15:44Mas ficou na dele, não contou pra ninguém.
15:47Só que...
15:49A gente sabe.
15:51Vocês o quê?
15:52Ele entrou no número de que tava afim de mim.
15:55Acabou rolando um lance e a gente se beijou.
15:57Vocês se beijaram.
15:59E foi só isso?
16:00Foi.
16:01O Guilherme é um cara bacana, tia.
16:02Foi só um beijo.
16:03Ah, então...
16:05Então tá tudo bem.
16:07Por que que você tá tão angustiada?
16:09Porque é um desgraçado.
16:10Um de um filho da mãe que tava querendo me ferrar, viu a gente se beijando.
16:13E pensou que fossem dois meninos.
16:15Entendeu a confusão que deu?
16:16Eu tô começando a entender.
16:25Escuta, por que que você acha que o André tá namorando, né?
16:29Pelo jeitão dele.
16:31Jeitão?
16:32Jeitão não quer dizer nada.
16:34Lá vem você com as tuas intuições.
16:36Uma intuição, Lico.
16:38É que eu ouvi uma conversa dele no telefone que me parecia que ele tava falando com uma namorada.
16:44Mas e se for?
16:45O que que tem?
16:46Qual é o problema?
16:47Problema nenhum, Lincoln.
16:50Meu Deus, eu...
16:52Eu não tô preocupada pelo fato de ele tá namorando.
16:55Eu só pelo fato de ele tá escondendo isso.
16:58A gente sempre deu tanta liberdade pro André de...
17:01de falar absolutamente sobre tudo.
17:04Eu acho que não tem cabimento.
17:05Ele...
17:05Ele...
17:06Ele manter segredo sobre uma coisa tão simples.
17:09Até que você deixou o André levar a vida dele como ele quiser.
17:12O jeito dele.
17:13Da natureza dele.
17:14Afinal de contas, nós já temos tantos problemas.
17:18Realmente.
17:20Problema é o que não nos falta, não é mesmo?
17:22O que que tá acontecendo, hein?
17:26Solidão, Lincoln.
17:27Lá vem você de novo com essa ladainha.
17:29Solidão, sim.
17:31Não tem ninguém pra conversar, pra...
17:34Pra compartilhar problemas, dúvidas.
17:38Até alegrias.
17:41Você pensa que é fácil pra mim conviver com alguém?
17:45Pra quem eu sou um estorvo?
17:46Você quer discutir a relação.
17:48Aliás, esse parece que é o seu programa predileto.
17:52Discutir a relação.
17:53É ou não é?
17:54Bom, pela tua maneira de falar, eu...
17:56Eu já vi que não tem mais relação nenhuma pra gente te discutir.
17:59Quem optou por solidão foi você.
18:01Porque eu trabalho o dia inteiro dentro daquele jornal pra botar comida dentro de casa.
18:05Eu cumpro com as minhas responsabilidades.
18:08E quando eu chego dentro de casa, eu encontro o quê?
18:11Isso aí.
18:12Isso.
18:14É o que eu sou pra você.
18:15Isso.
18:16Olha, fica tranquilo.
18:19Eu não vou mais aborrecer você com as minhas lamúrias.
18:23E quanto ao André, se ele tiver namorando uma drogada, uma piranha...
18:29Tudo bem.
18:30Tudo bem.
18:36Obrigado.
18:45E aí?
18:47Vem cá, você acha que o cara merece mesmo todo esse movimento?
18:50Merece.
18:51Claro que merece.
18:52Situação mais absurda.
18:54O cara descobre uma conspiração política.
18:56Em vez da polícia ir atrás dos assassinos, não.
18:58Vai lá e prende o cara.
18:59Por que, hein, garota?
19:00Você é contra o movimento?
19:01Não.
19:01Nem contra, nem a favor.
19:02Só fiz uma pergunta.
19:03Ah, tá.
19:05Entendi.
19:10E aí, meu amor?
19:11Tudo bem?
19:11Passei aqui pra te ver.
19:13Então você sabia que eu tava morrendo de saudade, né?
19:15Eu também.
19:17A gente tem que segurar onda.
19:18Não tem que segurar onda o quê?
19:19A gente precisa achar algum lugar tranquilo pra gente ficar juntinho numa bolsa e ninguém pra encher o saco.
19:23Só por milagre.
19:25Milagre nada.
19:28O que foi?
19:29Sujou.
19:30Teu pai tá vindo aí.
19:34Vai, vai, vai, vai, Sônia.
19:35Se mete aí no meio da galera e disfarça.
19:41E aí, Sérgio?
19:43Mais um, você só.
19:44Pouca gente.
19:45Não, quase 100, quase 100.
19:50E aí?
19:52E aí, filhão?
19:54E aí, paizão?
19:54Como é que tá o movimento?
19:55É, tá indo.
19:56Ontem foi meio mais ou menos, mas hoje tá bem melhor.
19:59Mas é assim mesmo.
19:59A opinião pública é uma senhora caprichosa que muda de humor sem mandar aviso.
20:04Tem que ter paciência.
20:06Me diz uma coisa.
20:06Quem é aquela menina que tava conversando com você?
20:08É uma garota, pai.
20:09É uma reacionária aí.
20:10Fica enchendo o saco aqui todo dia.
20:11Engraçado, eu tive a impressão de conhecê-la.
20:14Ela é filha de quem mesmo, hein?
20:15Não, pai, não sei.
20:16Pentelha desse jeito deve ser filha de algum chatão, caretão, né, pai?
20:20Pô, vamos ao que interessa aqui, velho.
20:22Já consegui quase 100 assinaturas.
20:24Só?
20:24Mas eu esperava muito mais.
20:26O que é isso, pai?
20:26Você acha que é fácil?
20:27Eu não tô dizendo que seja fácil.
20:28Eu tô dizendo que eu esperava mais.
20:30Você fala isso porque no seu tempo era moleza, pai.
20:32Mas hoje em dia, é difícil fazer alguma pessoa pensar em outra coisa que não seja no próprio
20:37umbigo ou futebol.
20:38Então você tem que mudar a estratégia, reúne o teu pessoal pra mudar a forma de
20:42mobilização, cria, inventa, não fique esperando a banda passar conversando com essas
20:47sirigaitas.
20:49Você tem que ter criatividade.
20:51É um tijolinho em cima do outro, é assim que se faz.
20:53E quem é que te disse que na minha época era fácil?
20:55Sim, porque a gente com uma banquinha dessa aqui enfrentava polícia, tortura, grupo
21:01tudo.
21:04Aí eu consegui fugir, mas eu acho que pegaram, Guilherme.
21:06Pegaram?
21:08E fizeram o que com ele?
21:08Pois é, não sei.
21:09Eu fui procurar um amigo nosso, o Carlos.
21:12Ele disse que o Guilherme tava em casa, mas a história do beijo se espalhou pela cidade.
21:15A mãe do Carlos até proibiu ele de falar com o Guilherme.
21:18O povo adora uma fofoca.
21:20Pois é.
21:22Mas o Guilherme foi legal, não me dedurou não.
21:24Deve estar segurando a maior barra, com todo mundo pensando que ele é...
21:27Sabe o que, né?
21:28Esse seu namoradinho parece ser um rapaz muito corajoso.
21:32Ele deve gostar muito de você.
21:34Eu não sei se a gente tá namorando, foi só um beijo.
21:37Mas ele é bacana, sim.
21:39Bom, e o que você quer fazer?
21:41O Guilherme não merece que eu deixe ele nessa roubada.
21:44Eu vou abrir geral.
21:45Vou dizer pra todo mundo que eu sou menina.
21:47Eu só não sei como.
21:49Tá boa, eu tô com medo.
21:50Bem que você podia me ajudar, né?
21:52Por favor.
21:53Eu?
21:54Mas por que eu?
21:55Eu nem conheço direito as pessoas na cidade.
21:57É, por favor, tia.
21:58Eu sei que você é durona, mas também é legal.
22:01Porque senão eu não ia dar mole pra farinha, como dá?
22:03Eu não dou mole pra ninguém.
22:05Deixa de bobagem.
22:06Não sei se eu devo me envolver nessa história.
22:08Por favor, tia.
22:10Por favor.
22:11Tudo bem.
22:13Valeu.
22:13A primeira coisa a ser feita, mocinha, é a gente segurar esse camarada aí, esse tal de nazinho.
22:18Ele não pode perseguir uma criança como você.
22:21Tem que agir dentro da lei.
22:22Ele já tava um tempão na minha cola.
22:23Se me pegar, nem sei o que faz comigo.
22:25Ele não vai fazer nada.
22:26Que absurdo.
22:27A gente vai até a polícia denunciar esse covarde.
22:30Na polícia?
22:31É.
22:31Nós vamos na polícia, você conta tudo, se livra desse camarada e todo mundo fica sabendo
22:37que você é uma menina.
22:38Pronto.
22:38Não, polícia não.
22:40Não vai jantar nada.
22:41A tia acha que vão acreditar em quem?
22:43Num pivete de roda, aquele otário que trabalha no cartório.
22:46Eu vou com você, não se preocupe.
22:48Tem que ter outro jeito.
22:49Polícia não rola, não.
22:50Escuta aqui.
22:56Diana, não é?
22:58Você tem que se abrir comigo, Diana.
23:01Por que que você passou esse tempo todo fingindo que era um menino?
23:06Onde estão os seus pais?
23:08E esse medo todo de ir na polícia?
23:10Olha, se você não me contar toda a verdade, eu não tenho como te ajudar.
23:16Então, o que vai ser?
23:19Vai querer a minha ajuda ou não vai?
23:21Você sabe que eu fiquei decepcionado com o movimento do abaixo-assinado.
23:31Aqueles meninos não conseguiram coletar nem sem assinaturas.
23:34Não é por falta de empenho.
23:36A galera fica aí, ó, noite e dia.
23:37Mas fica, fica, querida.
23:38Mas fazendo o que?
23:39Coletando assinaturas ou namorando?
23:41Ou ficando, seja lá o que diabos por isso.
23:45Eles dão um duro danado, gente.
23:47Você passa o dia lá pra saber se eles dão um duro ou não?
23:49O dia todo não, porque, como você deve saber, eu trabalho aqui, né?
23:52Ah, é?
23:53Mas sempre que eu tenho uma folga, eu vou lá, sim.
23:55E fique você sabendo que eles estão dando massa.
23:57É esse povo que não tá nem aí.
23:58O André falou a mesma coisa que você.
24:00É esse povo.
24:01Esse povo virou uma manada.
24:03Hoje em dia, sim.
24:05Cada um por si e o resto que se exploda.
24:09Falando em opinião, o que que é essa página inteira do resort?
24:13Não, eu nunca vi anúncio tão grande.
24:15Tudo bem, eles estão promovendo a arte e a cultura local.
24:18Mas precisava ser tão grande?
24:19Escuta, o que que você tá querendo insinuar?
24:20Eu não tô entendendo, minha querida.
24:22Não, eu não tô querendo insinuar nada, chefe.
24:24Mas esse anúncio ia ter custado uma fortuna, né?
24:27Ah, é? Você acha mesmo?
24:28E você acha também que o jornal vive de quê?
24:30O teu salário vem da onde?
24:32O salário dos funcionários vem da onde?
24:34Do mundo maravilhoso das ideias?
24:35Ora, por favor.
24:37Vem da verba dos anunciantes.
24:39Então, não seja irônica, não é?
24:41Porque enquanto você foi uma vez, eu já voltei mil vezes.
24:44Agora deixa eu te dizer o que que nós temos que fazer.
24:46Procurar saber se o pessoal do Patrimônio Eterno
24:49tá cumprindo aquilo que prometeu.
24:51Financiar os artistas locais.
24:54Promover os eventos.
24:55Que eu saiba, a única coisa que tá acontecendo de arte regional
25:00é o seu querêncio pintando o quadro da Madame do Réu.
25:04Volta pro seu serviço, Carmen. Por favor.
25:05É pra pintar essa cara que a Madame tá fazendo?
25:15Eu não vou responder a esta pergunta.
25:18Então eu vou fazer outra.
25:21Dizem por aí que a senhora nasceu no Brasil.
25:24É verdade?
25:26Infelizmente.
25:27Se eu tivesse nascido em algum outro país,
25:29eu não estaria aqui posando para o senhor.
25:33Nasceu em que cidade?
25:34E o que é que lhe interessa?
25:36Faz alguma diferença para o quadro?
25:38Faz, sim. Pode fazer muita diferença.
25:41Dependendo de onde a pessoa nasceu,
25:42ela é assim ou assado.
25:44Um mineiro é diferente de um aratá.
25:46Limite-se a pintar o que está vendo.
25:49E com certeza não está vendo onde eu nasci.
25:52A senhora que enche a boca pra falar de arte
25:54devia saber que uma pintura não é uma foto.
25:57O artista tem que botar a alma da pessoa no quadro.
26:01Anota aí.
26:02Deixe a minha alma em paz
26:04e pinte apenas o que está vendo.
26:10O que eu estou vendo...
26:13Deixa pra lá.
26:14É melhor não falar.
26:16Se eu fosse pintar a alma,
26:18ia faltar tinta preta.
26:20Ah,
26:21as suas gracinhas não têm a menor graça.
26:24Ah, madame,
26:25até que essa foi boa, vai.
26:27Tudo bem, eu vou ficar na minha.
26:32E a senhora fique na sua.
26:34Agora, se puder melhorar essa cara,
26:36eu agradeço.
26:39E foi assim que eu vim parar aqui.
26:46Você é danadinha, hein?
26:49Tive que aprender a me virar, né?
26:51Eu estava numa boa até dar essa confusão toda.
26:53Diana,
26:54você não estava numa boa.
26:58A gente tem que resolver isso.
27:00Então,
27:01você concorda em ir comigo até a polícia?
27:03Tudo bem, eu vou.
27:04Você não tem outro jeito.
27:06Mas a senhora promete fazer o que eu pedi, né?
27:08Agora que eu já estou envolvida nessa história,
27:10não tem jeito.
27:12Não se preocupe, eu prometo.
27:14A tia não vai se arrepender.
27:15A farinha vai ficar super contente quando souber.
27:18Tô pouco me lixando pra esse indivíduo.
27:20Aliás, por que você chama ele de farinha mesmo?
27:22Sei lá.
27:22Ele que tem a maior cara de farinha d'água.
27:24É.
27:26Não dá pra dizer o contrário.
27:28Olha,
27:29eu não queria abusar, mas...
27:31Será que tem como eu dar um telefonema antes da gente ir?
27:33Pra quem?
27:34Pro Guilherme.
27:35Ele deve estar mal pra caramba.
27:36De repente tá pensando que eu me mandei e deixei ele nessa roubada.
27:39Só queria dizer que eu vou limpar a barra dele.
27:42Tá bom.
27:43Pode ligar pro seu namoradinho.
27:44Eu já disse que não sei se a gente tá namorando mesmo.
27:47Ok, desculpa.
27:49Então vai.
27:50Liga logo pro seu amigo.
27:52Pra gente ir na delegacia.
27:53Valeu.
28:05Guilherme.
28:09Filho.
28:10Tem uma pessoa no telefone querendo falar com você, filho.
28:16Quem é?
28:18Disse que era um amiguinho da escola.
28:20Mas pela voz eu acho que é o Tião.
28:23O Tião?
28:24Alô?
28:30Guilherme?
28:31Sou eu, Diana.
28:32Oi.
28:33Oi.
28:34Você tá bem?
28:35Tô.
28:35E você?
28:36Eles conseguiram te pegar?
28:38É, não teve jeito.
28:39Mas tá tudo bem.
28:40Não esquenta por minha causa não, viu?
28:42Claro que eu esquento.
28:43Eu fiquei preocupada.
28:44Ficou, é?
28:45Aham.
28:46Mas pode deixar que eu vou resolver essa parada.
28:48Como?
28:48Eu vou na polícia.
28:50Vou denunciar aquele panaca.
28:52Mas você não tinha medo da...
28:53Tinha.
28:54Escuta, eu tô com pressa.
28:56Depois a gente se fala, tá?
28:59Não dá pra contar tudo agora.
29:01Tá bom.
29:01Mas você quer que eu vá com você?
29:03Não precisa.
29:04Olha.
29:05Muito obrigada por não ter me deturado, viu?
29:08Você vai lá sozinho?
29:09Eu vou com você.
29:10É só você me dizer onde que tá que eu vou até aí.
29:12Não, não precisa.
29:13Fica aí.
29:15Eu vou com uma amiga minha.
29:17Ah, mas você vai dizer pra eles que...
29:19Vou.
29:20Não dá mais pra esconder.
29:22Toma cuidado, viu?
29:23Pode deixar.
29:27Olha...
29:28Você é um cara muito bacana, sabia?
29:32Tchau.
29:32Boa sorte.
29:33Tchau.
29:35Então, Guilherme.
29:42Você vai me contar direitinho que conversa estranha é essa?
29:50Doutor Bruno, eu quero que o senhor me represente na reunião dos empreiteiros.
29:54Eu tenho um problema pessoal pra resolver exatamente na hora agendada.
29:58Ah, mas claro.
29:59Vai ser um prazer.
30:00E alguma recomendação especial?
30:02Não.
30:03Não, o senhor conhece a posição e os interesses da empresa.
30:06Por favor, não saia da pauta.
30:08Ah, não, não saio não.
30:09Claro, deixa comigo.
30:10Muito obrigada.
30:11Doutora Arminda.
30:14Desculpe a minha indescrição, mas eu tô te sentindo meio tensa.
30:17Esse seu problema pessoal.
30:19Existe alguma coisa que eu possa fazer pra ajudar?
30:21Não, muito obrigada.
30:22Aliás, não é propriamente pessoal.
30:26É...
30:27Eu acho que eu me expressei mal.
30:29É um problema de uma outra pessoa que eu fiquei de ajudar.
30:31Mas não vamos perder tempo com explicações inúteis.
30:34Tá bom, então.
30:34Deixa comigo.
30:35Só podia parar de cantar, olhar, achar me desconcentrando.
30:57A senhora gosta de mandar, eu não é.
30:59O problema é que eu não gosto de obedecer.
31:02A senhora tem filho?
31:06Por que perguntam isso?
31:08Porque se a senhora tem filhos, coitado deles.
31:12Tem ou não tem?
31:14Com licença.
31:16A que horas deve mandar servir o almoço?
31:18Pode mandar servir agora mesmo, eu estou morta de fome.
31:22Sim, senhora.
31:26O senhor quer almoçar conosco?
31:29Seria melhor para ganharmos tempo.
31:32Não, não, não.
31:32Eu não estou acostumado com comida de rico.
31:35Pode fazer mal.
31:37Nesse caso, perderíamos tempo.
31:40Sua falta de educação é admirável.
31:43Obrigado.
31:46O senhor almoça onde?
31:49No Jaera, o bar do meu amigo Lorota.
31:51Tem um prato feito de primeira lá.
31:54Jaera, Lorota.
31:55Muito interessante.
31:58Como preferir.
31:59Aqui realmente não costumamos servir P.Fs.
32:03A senhora devia experimentar o rango do Lorota.
32:06Deve ser um manjar dos deuses.
32:08Eu sei que a senhora está de gozação, mas se quiser, estou convidando.
32:12Muito obrigada.
32:13Mas eu acho que vou ficar aqui, em casa, comendo a minha comidinha de rico.
32:21Vou esperar o senhor daqui a duas horas.
32:24Está bem assim?
32:26Por favor, não se atrase.
32:28Eu nunca me atraso para trabalho.
32:31Quer dizer, quase nunca.
32:33Duas horas está de bom tamanho.
32:41A gente vai de carro?
32:43A delegacia é pertinho.
32:45Entra.
32:46É mais seguro.
32:47Beleza.
32:47Eu nunca andei no carro um desses.
32:58Caramba, maior luxo.
33:04Eu dormi aqui dentro numa boa.
33:06Ah, é muito melhor dormir aqui dentro do que dormir numa barraca no meio do mato.
33:12O Guilherme falou que tem carro que dá para assistir filme dentro, é verdade?
33:16Vamos.
33:20Isso não é assunto para hora de almoço.
33:23Para você, nunca.
33:25Nunca é hora de falar disso, né?
33:26Vou te dizer um negócio, meu.
33:29Eu não aguento mais esses dois aqui dentro de casa.
33:32Você ouviu?
33:34Ouvi.
33:35Eles já disseram que vão sair.
33:37Dia de São Nunca, três horas da tarde.
33:39Chancha, são nossos amigos.
33:40Na necessidade, tem que ter paciência.
33:44Eu tinha assim, ó.
33:46Gastei todinha.
33:47E eu estou perdendo a fome.
33:49Já sei.
33:50Vou marcar uma data.
33:52No dia seguinte, boto para quebrar.
33:54É isso.
33:54Tá certo.
33:57Marca a data e me diz.
33:59Tom.
34:00Que aí eu mesmo aviso a eles.
34:02Tchau.
34:03Por que eu posso lhe ajudar?
34:28Por favor, eu preciso falar com o delegado.
34:32A senhora não é a dona Arminda que trabalha no resort?
34:35Exatamente.
34:36Me desculpe, eu não me lembro de ter sido apresentada à senhora.
34:39Não, na realidade nós não fomos.
34:41É que faz parte do meu trabalho saber quem são as pessoas.
34:44E a senhora é uma figura muito importante na cidade.
34:46Muito obrigada.
34:48Dona?
34:49Marta.
34:49Prazer.
34:50Meu nome é Marta.
34:51Bom, e o que eu posso lhe ajudar?
34:53Algum problema?
34:54Esse rapaz e eu viemos aqui prestar uma queixa.
34:57E esclarecer um mal entendido.
34:58Uma queixa?
34:59Mas contra quem?
35:00O que aconteceu?
35:01É uma longa história.
35:02Dona Arminda?
35:04Na minha delegacia?
35:05Mas que honra.
35:07A senhora...
35:09Aconteceu alguma coisa?
35:10Esse pivete aí por acaso tentou te assaltar?
35:13Não, não se trata disso, delegado.
35:15Esse rapaz aqui não fez nada.
35:16Muito pelo contrário.
35:17Se o senhor tiver um tempinho pra escutar, ele vai explicar tudo.
35:21Claro, claro.
35:22Você vai contar toda a história, delegado, como nós combinamos, não vai?
35:26Vamos lá pra minha sala.
35:28Dona Marta progrede-se um café pra gente.
35:30Pode deixar.
35:33Tia, será que vai dar pra ver o farinha da água?
35:37Menina, a gente veio aqui resolver uma coisa muito mais importante do que se preocupar com esse traste.
35:42Por aqui, por favor.
35:44Vamos.
35:44Vamos.
35:47Mais umazinha pra rebater.
35:59Calma, calma.
36:00Cada coisa de uma vez.
36:02Mas, querido, você recusar almoço naquele palácio...
36:07Precisava ver a cara da perua quando eu disse que preferiu ter um P.E.F.
36:11Na certa, ela achou que eu ia cair de joelhos e agradecer no convite.
36:15Depois eu digo onde a madame pode enfiar o rango dela.
36:18É, mas eu jamais ia recusar o almoço com aquela véia rica.
36:22De jeito nenhum.
36:23E muito obrigado por você divulgar.
36:26Esse simpático já era, meu amigo.
36:29Por conta disso, a boca devia ser livre hoje.
36:32Vou pensar no teu caso.
36:33Eu sou um homem simples, Dorota.
36:36Minhas raízes estão entranhadas na nossa terra, no povão.
36:40O que uma mulher como aquela pode entender da minha arte?
36:45Ela tem mais cultura do que aguenta.
36:48Sabe muito e não entende nada.
36:50Aí fica vazando.
36:51Só sai besteira, sacou?
36:56É o mal dos ricos, a ignorância dourada, a hipocrisia, a insensibilidade.
37:04Dinheiro?
37:04Cega, meu amigo.
37:07Cega.
37:08Bota mais uma aí, vai.
37:11Rico é pobre de sentimento.
37:14Sacou?
37:17Mas esse querêncio é surpreendente, não é mesmo?
37:21Preferir um prato feito num pé sujo ou essa comida maravilhosa?
37:25Pois a mim não me espanta nada.
37:26É por isso que esse povinho não vai pra frente.
37:29Contentam-se com qualquer porcaria.
37:31Ah, mas pensando bem, eu acho que ele não aceitou o convite pra poder tomar lá seus
37:35engasgagatos à vontade, né?
37:38O que não acha, Elza?
37:40Aquele, ele não larga a cachaça por nada.
37:43É, isso também é verdade.
37:46Também tem disso.
37:47O camarada tem um bafo de bode que nem o próprio bode aguenta.
37:52Eu pensei em comprar uma máscara pra ele.
37:56Faz isso pra mim, Walter.
37:58Com licença.
37:59Mas sabe o que eu...
38:03Eu tava pensando aqui...
38:05Me desculpe, mas...
38:07A senhora já pensou que esse querêncio
38:09poderia perfeitamente ser o filho que a senhora tá procurando?
38:15Volta, pelo amor de Deus!
38:19Volta, pelo amor de Deus!
38:21Olha o susto que você me deu!
38:23Ah, eu às vezes eu fico pensando que você e a Amida me odeiam!
38:28Não, primeiro me obrigam a pousar para esse pintor bêbado.
38:33E agora, ah, olha isso!
38:36Olha que pela idade ele poderia perfeitamente ser.
38:40Não, Walter, não hipótese nenhuma.
38:44Meus genes são melhores do que isso.
38:46Depois, eu já acabei com essa loucura de busca de filho.
38:51A única coisa que quero atualmente é ir embora daqui o mais rápido possível.
38:56Só estou aqui por conta desse maldito quadro que vocês inventaram.
39:04Delícia de comida.
39:07Ai, você ainda não me contou como é que foi o tal do jantar.
39:10Ai, há muito tempo que eu não passava horas tão agradáveis.
39:15Uma comida ótima, um lugar lindo, mas o melhor da festa você nem imagina.
39:20Ah, não mesmo.
39:21Nosso senador estava lá.
39:23O Nicolau?
39:24E a gente tem outro senador, Zuleide?
39:27E ele estava sozinho?
39:29Não, estava muito bem acompanhado.
39:31Com quem?
39:32A tal Arminda do resort.
39:34Babado forte, amiga!
39:36Eles foram simpaticíssimos com a gente, acredita?
39:41Mas peraí, o Tito e o Nicolau são amigos?
39:43Que amigos que nada, Zuleide.
39:45O Tito e o Nicolau têm uma bronca antiga, uma encrenca de terras.
39:49É mesmo?
39:50Mas aí é que vem o mais interessante.
39:53Do nada, chega um garçom com uma garrafa de champanhe francês que eu nunca provei nada igual.
39:59E adivinha quem foi que ofereceu?
40:00A poderosa do resort.
40:02Não!
40:03O senador.
40:04Tá brincando.
40:06Diz que era pra fazer as pazes.
40:09Mas e aí?
40:10Aí pesou, né?
40:11E o Tito não queria aceitar, disse que o cara era inimigo.
40:15Fechou a cara e ia devolvendo a garrafa.
40:17Mas eu não deixei, né?
40:18Olha, menina, foi um sufoco.
40:20De um lado o Nicolau levantando o brinde, do outro o Tito soltando fumaça.
40:25E a poderosa?
40:26Com aquela cara de paisagem.
40:29Mas me fala, como é que acabou o faroeste?
40:32Ai, com o fim do tiroteio.
40:34A paz na terra aos homens de boa vontade.
40:37O Tito foi até a mesa do Nicolau, agradeceu o champanhe e ficou tudo numa boa.
40:42Então quer dizer que os machões se seguraram.
40:45Amiga, sabe que eu nunca tinha prestado muita atenção?
40:51Mas o Nicolau é um gato, né?
40:53E muito louco.
40:55Ficou sorrindo pra mim o tempo todo na cara do Tito, pode?
40:58E você?
40:59Eu sorri também, né?
41:01Não ia ser grossa aí.
41:02Sei lá.
41:03Mas me fala uma coisa, Karina.
41:06Você acha que o senador e a tal poderosa estão tendo um caso?
41:11Hum, conversinhas, cochichos, olhares.
41:15Mas caso, caso mesmo?
41:17Não sei, não.
41:18Não tinha, assim, um clima de paixão, sabe como?
41:22Parecia mais um encontro de amigos.
41:24Por quê?
41:26Tá interessada, é?
41:28Ah, quem não está?
41:33É, pode ser.
41:35Mas eu só vou à Brasília semana que vem, mãe.
41:37Ô, Nicolau, sem querer ser intrometida, hein?
41:41Conta pra sua mãe.
41:42Como é que foi o jantar com a moça lá do resort?
41:45Ah, eu também estou doida pra saber.
41:47Pelo visto, as duas andaram tricotando a vida alheia, né?
41:50Ah, só um pouquinho.
41:52E a Beatriz falou que ela é uma moça muito prendada.
41:57Prendada, mãe?
41:58Coisa do século passado, mulher poderosa.
42:00Administra uma grana preta, manda em centenas de funcionários.
42:04A senhora vem dizer que ela é prendada.
42:05Mas eu não falei a palavra prendada, Nicolau.
42:08Ah, tá bom.
42:08Não, não falei, não.
42:09A Larissa me irrita, viu?
42:11Ela tem mania de botar palavras na minha boca.
42:13Larissa, pela última vez, hein?
42:14Eu não sou boneco de ventríloco, né?
42:17E o que eu falei é que essa moça, a dona Arminda,
42:20é uma pessoa de muito valor.
42:23Você quer dizer bom partido, né?
42:24Eu não tinha pensado nisso, né?
42:26Mas já que você pensou...
42:28Quem sabe, não é?
42:29Quem sabe?
42:30Mas me diz uma coisa.
42:33Vocês acham a Arminda...
42:36Você acha que ela tem jeito pra mulher de senador?
42:38Cara, ela tem, né?
42:40O resto, quem sabe?
42:42Bom, o resto, eu sei.
42:44E tem o mesmo valor que a cara, hein?
42:51Oh, detesto esperar.
42:53Ainda mais por um desqualificado como aquele.
42:57E já é a segunda vez.
42:59Será que duas horas não dá pra almoçar?
43:02Deve estar em algum bar por aí, enchendo a cara naquele...
43:06Como é que é?
43:07Já foi?
43:07Já era.
43:08Já era, já foi, já voltou, é tudo a mesma coisa, não é?
43:14Olha quem eu encontrei quando eu tava saindo.
43:17Aí eu resolvi acompanhar o nosso amigo aqui.
43:20Até que enfim.
43:22Boa tarde.
43:24Almoçou bem.
43:27O senhor está atrasado.
43:30Estou lhe esperando há mais de uma hora.
43:32Que isto não se repita.
43:37Além do mais, o senhor...
43:38O senhor deve estar cheio de cachaça.
43:40Sem condição nenhuma de trabalhar.
43:42Tomei só umazinha, hein?
43:45Mesmo que tivesse tomado dez.
43:47A cachaça é a chave da minha inspiração.
43:49Já devia ter percebido isso, hein?
43:53Realmente.
43:55Eu já me convenci de que o inferno é sobre a terra.
43:59E este senhor faz o papel do caldeirão fervente.
44:04Bom, o artista está entregue, não é?
44:08Eu espero que vocês tenham uma excelente sessão de pintura.
44:10Você quis dizer de tortura, não é?
44:19Você disse que enganou todo mundo se fazendo passar por um menino.
44:25O que é que você fez isso?
44:40O que é que você fez isso?
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