O governo do Distrito Federal virou réu em um procedimento administrativo movido pela Comissão de Valores Mobiliários. A medida serviu para apurar as operações financeiras feitas entre o Banco de Brasília e o Banco Master. De acordo com as investigações da Polícia Federal, essas operações chegaram a quase R$17 bilhões. Reportagem: Igor Damasceno
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00:00Para Brasília, com informações aqui do Igor Damasceno, o Igor está acompanhando o caso do Banco Master.
00:05E a gente tem atualizações em torno desse assunto nesta manhã de quinta-feira. Pois não, Igor?
00:13Donato, mais uma vez, ótimo dia a você e a Paula, também a todos que nos acompanham.
00:17O governo do Distrito Federal virou réu em um procedimento administrativo movido pela Comissão de Valores Mobiliários.
00:25Isso para apurar as operações financeiras feitas entre o Banco de Brasília e o Banco Master.
00:33De acordo com as investigações da Polícia Federal, essas operações chegaram a quase 17 bilhões de reais.
00:39Para ser mais exato, 16 bilhões e 700 milhões de reais movidos do BRB ao Master do ano passado para cá.
00:49As investigações iniciais apontam que essas movimentações foram feitas por camaradagem, ou seja, BRB repassando dinheiro para o Master por camaradagem.
01:01E foi isso que motivou o afastamento do presidente do BRB, o Paulo Henrique Costa, que inclusive vai ser demitido pelo governador do Distrito Federal, Ibanez Rocha.
01:13O atual presidente, presidente interino, Celso Eloy, servidor de carreira da Caixa Econômica Federal e também superintendente executivo do BRB, vai assumir definitivamente o comando do BRB por causa dessa situação.
01:28Então, a Polícia Federal investiga crimes como, por exemplo, organização criminosa, gestão fraudulenta e gestão temerária.
01:37A APF quer descobrir o real motivo desse repasse bilionário do BRB ao Banco Master do ano passado para cá.
01:46E por isso, o governo do Distrito Federal virou réu nesse processo administrativo.
01:52Lembrando que o GDF é o acionista majoritário do BRB.
01:56Quase 70% do BRB é de responsabilidade do governo do Distrito Federal.
02:02Nos bastidores, o que se fala é que a classe política já está temendo os desdobramentos dessa operação da Polícia Federal.
02:12Então, muita gente está de olho no que vai acontecer daqui pra frente.
02:17Diante dessa situação, o Conselho Administrativo do BRB aprovou uma auditoria particular,
02:24ou seja, uma auditoria totalmente à parte para investigar essas operações
02:31e também a compra do Banco Master feita pelo BRB, compra esta que foi barrada pelo Banco Central.
02:40Então, essa auditoria que vai ser contratada pelo Banco de Brasília
02:44vai analisar não só os repasses bilionários de quase 17 bilhões de reais,
02:49mas também essa tentativa de compra do Banco Master em março deste ano.
02:55Todos os desdobramentos a gente segue acompanhando.
02:59Volto com vocês aí no estúdio.
03:00Igor Damascena, em Brasília.
03:02Muito obrigado, Igor.
03:03É assunto pra gente tratar aqui com os nossos analistas de hoje,
03:06Cristiano Beraldo e também o Túlio Nassa.
03:08Vou começar essa rodada contigo, Beraldo.
03:10À medida em que o Igor falou uma frase ali que eu vi em uma série de análises
03:14das pessoas que estão envolvidas com esse tema.
03:16Camaradagem, que talvez se não tivesse ocorrido,
03:20boa parte das operações teriam sido realizadas pelo Master, né?
03:24Ô, Leonardo, camaradagem é o que a gente viveu na escola, né?
03:29Entre amigos, aí você arruma ali um amigo que te ajuda a resolver um problema, né?
03:33Faz um ato de camaradagem com você e a vida segue.
03:37Nesse ambiente político e empresarial brasileiro não existe camaradagem.
03:41O que existe é interesse.
03:43E quando a gente olha o que estava acontecendo com o Banco Master,
03:48não exigia uma avaliação muito sofisticada pra entender que tinha alguma coisa errada.
03:54Como é que pode um banco que, em cinco anos, ou até menos de cinco anos,
03:59se torna esse monstro em que o seu dono vai ao mercado oferecer retorno maior
04:06do que os outros bancos, ou seja, ele está abrindo mão de um eventual retorno
04:13que ele teria pra remunerar aqueles clientes que estavam comprando os títulos do banco.
04:19Então, o que sobra no final das contas era menos, era menor do que os seus concorrentes,
04:25mas mesmo assim, em cinco anos, ele passa a viver uma vida de multibilionário internacional.
04:32Não é compatível uma coisa com a outra.
04:35Se fosse tão fácil assim, tantas outras pessoas e grupos estariam fazendo a mesma coisa.
04:42Não se pode observar essa vida de absoluto luxo.
04:47Dois jatos intercontinentais, casa em trancoso de 300 milhões de reais,
04:53aí compra o time de futebol de Belo Horizonte,
04:56e aí compra a casa de 40 milhões de dólares em Orlando
05:00e ilhas paradisíacas e aluga o maior barco do mundo
05:04e vive uma vida de fantasia.
05:07Isso não é razoável.
05:09E ninguém percebeu.
05:11Todo mundo achou que estava tudo certo.
05:13E aí, agora a gente constata o óbvio.
05:17Que, na verdade, Daniel Vorcaro é o Bernie Madoff, o Madoff brasileiro.
05:22Só que, nos Estados Unidos, quando o Madoff deu o seu golpe,
05:26fez a sua estrutura de pirâmide, o maior golpe já dado nesse ambiente de investimento nos Estados Unidos,
05:32ele fez isso dentro de casa.
05:34No Brasil, não, ô Nonato.
05:36Para que Daniel Vorcaro tivesse condições de se tornar esse personagem,
05:41precisou de ajuda de muita gente importante do universo político.
05:46Agora, Túlio, como que você vê a ligação do Master a políticos?
05:50Como que isso deve afetar a vida política de cada um?
05:58A gente está sem o áudio do Túlio, né?
06:02A gente está sem o áudio do Túlio Nácio.
06:04Ele vai providenciar isso para a gente, para que possa analisar o tema.
06:06Vai lá, Túlio.
06:08Desculpa.
06:09Vamos lá, gente.
06:11Olha, como muito bem disse o Beraldo,
06:13nada disso seria possível se não houvesse uma ligação forte
06:16entre Daniel Vorcaro e a política.
06:18Como diria Clarice Lispector, o óbvio é a verdade mais difícil de se enxergar.
06:23Esses critérios de investimento no Banco Master, eles deveriam ser técnicos,
06:27deveriam ser rigorosos.
06:29Quem é que investe num banco com títulos tão podres,
06:33com títulos até falsos, sem observar toda a legislação,
06:37toda a regulação que envolve esse assunto?
06:39Evidentemente que esse investimento, então,
06:41foi feito por um critério político,
06:43muitas vezes inconfessável, do que é um critério técnico.
06:47Por essas e por outras, é preciso verificar também
06:49se esse Banco Master não foi mais ou menos um Marcos Valério dos anos 2000,
06:54ou seja, se não foi um canal de distribuição de propina.
06:58Vamos olhar para as últimas eleições,
07:00para ver a participação desse Banco Master
07:02em relação a eventuais doações de campanha.
07:05Eu diria que isso daí é igual uma caixa de Pandora, viu, Paula?
07:09A hora que a gente abre, vai sair um monte de monstro
07:12e depois você não controla mais.
07:14É esperar para ver.
07:15E eu acho que o resultado não vai ser nada bom para os políticos.
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