00:00No mês passado, a vítima de 48 anos procurou a delegacia da mulher com a denúncia de ter sido abusada sexualmente por um policial militar do Batalhão de Polícia Rodoviária, o BPRV, no momento em que foi parada em uma blitz na PS60 no Cabo de Santo Agostinho.
00:18A motorista estava com duas filhas e uma amiga quando foi parada. Em depoimento à polícia, ela disse que o policial obrigou que ela descesse do carro e o acompanhasse até o alojamento.
00:31Segundo ela, lá dentro aconteceu o estupro. Para os colegas de farda, o PM teria dito que a vítima iria tomar água.
00:39Aí ele pediu para eu descer do carro. Fui na direção com ele para o posto. Ficamos lá na parte externa. Havia lá dois policiais do lado, sentado conversando.
00:51E ele começou a me fazer perguntas sobre quem eu era, meu nome, minha profissão. Logo em seguida, ele comunicou para os outros dois PMs que eu iria beber água. Só que em momento algum, eu solicitei água.
01:05O PM recebeu voz de prisão cinco dias depois, enquanto se apresentava no comando da polícia militar no bairro do Derbe.
01:13Ele permanece preso no Centro de Reeducação da Polícia Militar, o CREED, na cidade de Abreu e Lima.
01:20Para a advogada da vítima, as divergências dos depoimentos apresentados pelo policial aumentaram a veracidade do relato feito pela vítima.
01:29A gente recebe a notícia com muito entusiasmo, porque mesmo que o inquérito não tenha sido concluído ainda, o Ministério Público minimamente já compreendeu que o que se tem ali até então já é suficiente para a autoria e uma suposta materialidade do ocorrido.
01:47Então, na medida em que ele tem essa compreensão, ele oferece a denúncia e a gente inicia a ação penal, de fato, a gente vai discutir se o crime ocorreu ou não em termos jurídicos.
01:58A defesa da vítima também não descarta o consentimento dos outros dois policiais militares, já que eles não questionaram a permanência da mulher e do policial dentro do posto por mais de 40 minutos.
02:13Nós fizemos uma petição, fazendo requerimento ainda no inquérito, para que fosse apurada a conduta dos outros dois policiais,
02:21porque a gente entende que a omissão deles foi imprescindível para que os atos acontecessem.
02:27Porque já que eles tinham conhecimento que um civil não adentra no posto e que não havia ali motivação para que ela, segundo o próprio depoimento deles,
02:36se permanecesse lá por tempo indeterminado, eles deveriam ter ido até lá para saber o que estava acontecendo.
02:41A vítima ainda deve ser ouvida no mês que vem, no processo administrativo, aberto pela Corregidoria da Polícia Militar.
02:50Uma mulher abalada que carrega traumas pelo que aconteceu.
02:53A violência, ela vai se prolongando para além do ato em si, né?
03:00Tem todas as consequências de você ficar enfrentando o assunto, de você ficar enfrentando muitas vezes a opinião pública
03:06que coloca em dúvida a palavra daquela mulher, de você ficar, durante todo esse trâmite administrativo mesmo, processual,
03:13de escuta e vai para um lado, vai para o outro.
03:16Então, existem vários elementos ali que fazem com que essa mulher reviva de maneira reiterada o que aconteceu.
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