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NotíciasTranscrição
00:00A gente segue porque a cúpula de líderes realizada entre quinta e sexta-feira deixou recados políticos claros antes do início da COP30.
00:09É preciso acelerar a transição energética que nos falou a Patrícia Costa.
00:14Além disso, fortalecer o financiamento climático e proteger as florestas tropicais.
00:19Para a gente entender os desafios e contradições da COP30 no Brasil, eu converso agora com o João Alfredo Lopes Niegrai,
00:26que é professor do curso de Negócios Internacionais e coordenador do Observatório de Negócios Internacionais da PUC do Paraná.
00:34Professor, bem-vindo, boa tarde, um prazer te receber.
00:38Boa tarde, Kouaiá. Chama a alegria estar aqui e uma boa tarde super especial aos nossos espectadores.
00:43Já quero te fazer essa pergunta a respeito dos desafios da COP30.
00:48O que esperar desse encontro que está acontecendo aqui, ineditamente em Belém do Pará, com lideranças do mundo todo?
00:56Bom, antes, se me permite, gostaria só de fazer um comentário sobre a força dessas mudanças climáticas todas
01:06que vem fazendo com que livros de geografia precisem ser reescritos.
01:11Isso é algo que eu venho já dizendo há bastante tempo.
01:14E aí nós tivemos, entre ontem e hoje, um tornado no interior do Paraná,
01:19lá na cidade de Rio Bonito do Iguaçu, que deixou aí muitos mortos, enfim,
01:24numa prova dessas mudanças climáticas todas.
01:28E, de forma direta e realista e analítica,
01:32a gente pode dizer que a COP30 em Belém não será uma conferência transformadora,
01:37mas que deve, sim, terminar com um resultado híbrido.
01:40Uma combinação de avanços simbólicos e técnicos em florestas e em financiamento climático,
01:45acompanhados, por outro lado, de frustrações nas metas de redução de emissões
01:52e na transição energética global.
01:54Então, nós podemos ter, aí sim, um resultado final positivo em forma,
01:59mas limitado em substância.
02:01E eu acredito, para finalizar a minha primeira resposta,
02:04que o principal resultado concreto deve ser o lançamento operacional
02:08do Fundo Florestas Tropicais para Sempre, o TFFF,
02:13que é uma criação brasileira que, se bem implementada,
02:16representará o maior instrumento permanente de financiamento climático
02:21voltado à conservação de florestas tropicais já existentes.
02:25Professor, eu vou trazer para a nossa conversa o João Belucci,
02:27que vai te fazer a próxima pergunta.
02:29Professor, a pergunta seria justamente nesse ponto final da sua resposta,
02:33do TFFF, que pela apresentação do projeto,
02:37ele seria um fundo que ele traria rendimentos aos países,
02:40não seria necessariamente você aporta o dinheiro no escuro,
02:43ele, em tese, renderia dividendos futuros a depender da atuação de cada país
02:48ali nas metas estabelecidas na COP.
02:50Eu queria que o senhor destrinchasse um pouco melhor para a gente
02:53o funcionamento desse fundo.
02:54Com certeza.
02:57Esse fundo é o elemento mais sofisticado da nossa estratégia.
03:02Ele se trata de um fundo de endowment de até 125 bilhões de dólares,
03:07que, como você falou, ele é desenhado para render.
03:09E é desenhado para render cerca de 4 bilhões de dólares anuais
03:13em pagamentos a países florestais,
03:15em função de hectares preservados,
03:18com o Banco Mundial como administrador
03:20e pagamentos atrelados a resultados monitorados por satélite.
03:24Do ponto de vista técnico, o diagnóstico está correto.
03:27É um modelo baseado em doações fragmentadas,
03:30porque doações imprevisíveis não funcionam.
03:33Então, o TFFF tenta transformar florestas em ativo financeiro de longo prazo,
03:38remunerado para quem preserva e penalizando quem desmata,
03:42com multas equivalentes a 100 vezes o valor que seria recebido.
03:46Digamos assim, 400 hectares por dólar,
03:49400 dólares por hectare desmatado.
03:53Então, isso é uma forma mais dura de condicionalidade climática,
03:56algo que, em teoria, faz sentido no mundo de recursos escassos.
04:01Mas é impossível a gente ignorar um componente político.
04:04O TFFF é a grande entrega de Lula na COP30,
04:09e o governo vende o fundo como um fundo Amazônia Global,
04:13com o Brasil, Noruega, Indonésia e outros países,
04:16já acenando com aportes e metade da meta de 10 bilhões de dólares para 2026,
04:22supostamente encaminhada.
04:23O problema é que, sem coerência interna,
04:26esse protagonismo pode rapidamente ser lido com uma chamada prática de greenwashing,
04:31que a gente vem criticando um mecanismo elegante de financiamento
04:34para pagar pela floresta, enquanto, em paralelo, se flexibiliza licenciamento.
04:39E a gente não pode esquecer que o próprio presidente Lula e a primeira-dama
04:43estão aí hospedados num navio que vem queimando cerca de 5 mil litros de diesel
04:51no período que vai estar lá ancorado,
04:53e que, recentemente, o Brasil permitiu a exploração e o estudo do petróleo
04:58na Foz do Rio Amazonas,
04:59que acaba sendo aí o calcanhar de Aquiles da narrativa climática do Lula da Silva.
05:04Professor, e sobre isso, você acredita que o presidente, o governo brasileiro,
05:08vai ser cobrado?
05:10Vai ter ali uma cobrança de coerência,
05:13tanto pelo exemplo que você cita do navio que está ali atracado,
05:18quanto, principalmente, pela exploração de petróleo na Foz do Amazonas?
05:25Mas, com certeza, porque nada expõe mais a contradição de Lula e do PT na COP30
05:31do que a disputa em torno da exploração do petróleo na Foz do Amazonas,
05:34que é a chamada margem equatorial.
05:36O Ibama já havia, inclusive, negado licença com base em parecer técnico bem robusto,
05:42citando riscos à fauna, à costa amazônica e a territórios indígenas e costeiros
05:46que são extremamente vulneráveis.
05:49Mesmo assim, Lula passou meses criticando publicamente
05:52o que ele chamava de excessiva rigidez dos órgãos ambientais,
05:56defendendo a necessidade de, entre aspas, ao menos saber se há petróleo ali.
06:01Repetindo uma retórica típica de governos produtores de commodities fósseis.
06:06Desde líderes indígenas que eram aliados ao Lula da Silva,
06:10como o cacique Raoni, até vários outros,
06:13eles já declararam oposição a essa perfuração,
06:16alegando risco às comunidades amazônicas
06:19e cobrando coerência de um presidente que se elegeu,
06:22prometendo proteger a Amazônia
06:23e que não entregou grandes números até agora.
06:27E a gente não pode esquecer que, mais recentemente,
06:28a Petrobras falhou justamente na parte mais sensível
06:31do teste de licenciamento,
06:33que é o plano de resgate de fauna em caso de vazamento,
06:37que foi considerado inadequado pelo Ibama,
06:39reforçando a percepção de que esse processo está sendo politicamente empurrado.
06:44Então, com certeza, haverão críticas internacionais
06:47que deverão ser feitas ao presidente Lula e a essa política
06:51pelos próximos dias, conforme a COP se inicie e se encaminhe.
06:55Professor, mais uma pergunta do João Belut.
06:58Professor, nesse tema do ambiental,
07:00a gente tem muitos heróis, muitos vilões,
07:02e não necessariamente os heróis e os vilões que são apontados
07:04são necessariamente heróis e vilões,
07:06principalmente o agro, que seria o grande vilão,
07:09e os defensores do meio ambiente, que seriam os heróis.
07:11Então, como que faz essa construção de pontes,
07:13especialmente entre esse setor do agro e o setor ambiental,
07:17que o que nos parece é onde há as maiores dificuldades
07:20na construção dessas pontes?
07:22É uma excelente pergunta, meu caro Chará, meu caro João,
07:27até porque a grande dificuldade é a gente conseguir conciliar
07:30desenvolvimento e preservação.
07:33E é bem interessante entender como muitas pessoas criticam tanto o agro,
07:37mas existem outros setores que são tão poluentes quanto,
07:41e às vezes até mais nocivos ao meio ambiente,
07:44como é o caso do setor têxtil e o setor da fast fashion.
07:47E embora, inclusive, membros do atual governo critiquem profundamente o agro,
07:53em 2024 o Brasil teve a maior área queimada desde 2019,
07:57com mais de 30 milhões de hectares.
07:59Em 2025, os focos de calor na Amazônia atingiram níveis recordes desde 2010.
08:05E embora o governo Lula tenha aí alguns méritos, como reforço de brigadas,
08:10a verdade é que o país ainda não tem uma política robusta de preservação
08:14e de manejo integrado à altura dos desafios do clima.
08:17E aí, quando a gente pensa nas questões de desenvolvimento
08:21versus preservação ambiental,
08:24esse antagonismo é não apenas brasileiro,
08:27mas é um antagonismo entre países já desenvolvidos,
08:30que já fizeram a sua cota de exploração de recursos naturais,
08:34e países em desenvolvimento, como é o caso do Brasil.
08:36E é justamente essa disputa entre países com perfis econômicos distintos
08:42e estágios de desenvolvimento diferentes
08:45que vem colocando à prova e vem tornando tão difícil
08:49qualquer grande acordo climático que seja efetivamente abrangente.
08:53Então, me parece que isso extrapola o agro em si
08:56e acaba respingando em tantos outros setores da economia,
09:00não apenas brasileira, mas também global.
09:02Professor, já que a gente falou no agro,
09:04Será que esse lançamento do TFFF
09:08foi um assunto que sobrepôs o potencial
09:12do assunto do mercado de crédito de carbono,
09:15que poderia ser um dos principais assuntos
09:18levantados pelo Estado brasileiro, principalmente,
09:21pelo que poderia beneficiar não só o poder público brasileiro,
09:24mas também e principalmente a iniciativa privada
09:27e o agronegócio brasileiro,
09:29com tudo que a gente está vendo de tecnologia,
09:31de sequestro de carbono, enfim,
09:33e com o potencial gigantesco que a gente teria em relação a isso?
09:38Eu me parece que sim,
09:39que o fundo das florestas tropicais para sempre,
09:42eu acho que ele acabou sendo aí o centro das atenções,
09:47porque essa é a iniciativa mais promissora e mais palpável.
09:50Em especial, por ser dirigido pelo Banco Mundial
09:53para recompensar países tropicais,
09:56com a meta aí de até 125 bilhões de dólares
09:59e pagamentos anuais por hectare preservado.
10:02E além disso, esse fundo já tem compromissos concretos.
10:05Por exemplo, a Noruega anunciou cerca de 3 bilhões de dólares para o fundo.
10:11Espera-se outros anúncios recentes da Alemanha
10:14e anúncios próximos ainda de outros países europeus.
10:17E o Brasil, como anfitrião e país da floresta,
10:20está colocando a proteção de florestas tropicais
10:22no lugar central da agenda.
10:24O que por si só é bastante significativo
10:26para o meio ambiente global e não só para o Brasil.
10:29E eu vejo que há também avanços na linguagem da conferência
10:32com a discussão de roadmaps
10:34para eliminação progressiva de combustíveis fósseis,
10:36o que não é fácil efetivamente de ser feito.
10:40Então a COP30, ela pode aí aprovar ou formalizar diretrizes
10:44para a conservação de florestas tropicais
10:46e essa pauta certamente acaba fazendo sombra nas demais,
10:51como aí os créditos de carbono e a própria questão dos combustíveis fósseis,
10:54que foi discutida na COP29 no Azerbaijão
10:58e na COP28 nos Emirados Árabes.
11:01Mais uma pergunta do João Bellucci.
11:03Professor, como fazer essa questão dessa espécie de imposição
11:08dessas diretrizes que são estabelecidas
11:11e que serão novas nessa COP30
11:13com relação especialmente aos Estados Unidos,
11:15que está fora dos acordos, como deixou bem claro.
11:18A China também, que seria o maior poluente,
11:21o maior emissor de CO2 e também está fora.
11:23E você tem também a Rússia, grande produtora de petróleo,
11:26dois estados de exceção, não são democracias.
11:28E ainda no mundo árabe, você tem também ali
11:30grandes produtores de petróleo poluentes
11:32que não são democracias liberais.
11:33Então, há grandes dificuldades, inclusive,
11:35em saber se os dados que eles fornecem,
11:37ou que nós temos, são os corretos.
11:39Podem ser que sejam até bem piores.
11:41Como lidar com esses dois mundos em paralelo,
11:42as democracias liberais?
11:44Grande parte delas aderente a essa pauta,
11:45uma outra parte não aderente,
11:47ainda esses estados de exceção,
11:48que têm números certamente mais expressivos de poluição.
11:52Essa é a grande dificuldade.
11:54Além desse que você comentou,
11:55eu incluiria, por exemplo, a Índia,
11:57que é um dos grandes focos de poluição dos rios e dos mares
12:00e é também produtor de petróleo,
12:02eu incluiria países como Bangladesh,
12:04países como Indonésia, enfim,
12:07que são aí...
12:07Indonésia está entrando agora na TFFF,
12:10mas aí que são grandes incógnitas.
12:12A ausência desses países,
12:14veja, Trump não veio,
12:15Xi Jinping não veio,
12:17o Mohammed bin Salman da Arábia Saudita
12:19também não veio,
12:21Nari Andra Modi da Índia não está presente.
12:23Essas ausências são muito significativas
12:27porque a falta de compromisso desses países,
12:30que são grandes poluidores,
12:31acabam colocando uma sobrecarga nos demais países
12:34que estão se comprometendo com pautas
12:37e com metas climáticas bastante amplas
12:40e bastante audaciosas.
12:42Então a ausência de um acaba tendo que ser conduzida
12:46ou tendo que ser lidada
12:48como uma necessidade de maior entrega
12:50por parte dos demais países presentes.
12:53E isso acaba sendo um grande ponto de frustração,
12:57eu diria,
12:58em relação a todos aqueles países
13:00que participam desse tipo de evento
13:03sobre questões climáticas.
13:05E quando a gente fala de preservação ambiental
13:08e quando a gente fala das COPs,
13:10é cada vez mais necessário gerar um esforço
13:12e uma entrega conjunta por parte dos países.
13:15Então a gente tem aqui dois antagonismos,
13:17o que eu mencionei anteriormente,
13:18dos países desenvolvidos
13:21versus os países em desenvolvimento e emergentes
13:23e dos países que estão presentes na COP
13:26dispostos a fazer alguns sacrifícios
13:28e fazer as suas entregas
13:29daqueles que não estão presentes,
13:32que vêm levantando pautas negacionistas,
13:34como é o caso dos Estados Unidos,
13:36ou mesmo daqueles que não vêm se comprometendo
13:37como deveriam,
13:38como é o caso de Rússia, Índia, China,
13:41da Arábia Saudita
13:42e de mais tantos outros
13:44que acabam tendo nos combustíveis fósseis
13:46a sua principal fonte de renda.
13:48Muito bem, conversamos aqui com João Alfredo Lopes Negrai,
13:52que é professor do curso de Negócios Internacionais
13:54e coordenador do Observatório de Negócios Internacionais
13:58da PUC do Paraná.
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