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00:00:00Como que é essa história aí, se eles tinham alguma informação?
00:00:03Porque antes desses caras, tinha os vikings, né?
00:00:06Os vikings vieram antes, que também eram um bando de malucos, né?
00:00:10Que entravam também nos barcos e iam embora.
00:00:13Até queria saber de você, existe alguma coisa, algum documento que fala
00:00:17se eles tinham ou não alguma informação?
00:00:20Porque o pessoal fala assim, ah não, os caras vieram pra cá,
00:00:22eles já sabiam que tinha isso aqui.
00:00:24Não foi aquele negócio, ah, tô navegando aqui, o vento virou e eu cheguei, né?
00:00:28Como que é a interpretação aí?
00:00:31Cara, deixa eu te falar uma coisa.
00:00:33Assim, a galera sabe, que me acompanha.
00:00:36Se tem um grupo, uma galera do passado que eu sou fanboy,
00:00:41são desses caras aí, sabe?
00:00:44Os navegadores, a gente não aprende isso na escola.
00:00:47Por isso que eu sempre falo, e é uma das coisas que mais abriu os olhos da galera.
00:00:50Você pode falar sobre todos os erros de Portugal, cara.
00:00:54Sabe, dizer tudo que Portugal explorou aqui, a escravização, sabe?
00:00:58Tudo isso faz parte da história e precisa ser lembrado mesmo.
00:01:01Inclusive, nos meus vídeos eu lembro disso.
00:01:03Eu fiz um vídeo da escravidão, inclusive, dizendo claramente,
00:01:05Portugal foi um dos responsáveis principais pela tragédia que foi a escravização.
00:01:11Ao mesmo tempo, eu lembro, não foi o único.
00:01:14Os chefes africanos também participaram desse processo traumático.
00:01:19Não foi os portugueses sozinhos.
00:01:22Isso nós temos documentado, isso é consenso acadêmico.
00:01:24Mas quando você diz isso hoje, tipo, existe um embate, né?
00:01:29Infelizmente, a gente vive numa era polarizada.
00:01:31Você não pode ter um consenso, sabe?
00:01:34Um meio termo em dizer que Portugal participou da escravização ativamente.
00:01:38Sabe?
00:01:38Foi um culpado, assim, majoritário.
00:01:44Mas, ao mesmo tempo, você não pode dizer que os líderes africanos também foram um culpado majoritário.
00:01:48Porque foram.
00:01:48As principais obras de referência, inclusive, uma professora que é considerada uma professora progressista.
00:01:54A Lília Schwartz, ela escreveu um livro sobre a biografia do Brasil, lançado há pouco tempo.
00:01:59Ela deixa claro isso.
00:02:01Embora os portugueses precisam ser acusados, de fato, por terem trazido esse mal para o Brasil,
00:02:06isso é um fato?
00:02:07Novamente, a gente está trabalhando com fatos, sabe?
00:02:10Evidências históricas.
00:02:10Não há o que se discutir que os chefes e os líderes africanos e os seus soldados, os seus subordinados,
00:02:18participaram ativamente nesse processo.
00:02:21Aí, sabe o que vai ter de corte depois?
00:02:24Tiago está dizendo que os próprios escravizados é que pediram para os portugueses irem lá escravizar eles.
00:02:31Então, a gente está nesse meio, sabe?
00:02:32Da internet, maluco.
00:02:33Onde você dizer que os chefes e os líderes africanos participaram ativamente,
00:02:38significa que você está dizendo que os escravos, os escravizados, é que queriam ser escravizados.
00:02:43Então, você tem essa loucura, né?
00:02:45Mas só para a galera entender.
00:02:46Então, você tem esse contexto.
00:02:49Estudar a história é algo muito mais complexo do que uma mera simplificação, cara.
00:02:54Fulano é vilão, mocinho é...
00:02:57Fulano é vilão, cicrano é oprimido.
00:03:00Opressor e oprimido.
00:03:01Sabe, essa dualidade maniqueísta, ela não funciona na história.
00:03:04Ela não funciona na história.
00:03:05Porque os povos que são considerados os oprimidos, diante de alguns, eram os opressores de outros.
00:03:12Ah, sim.
00:03:13Quando a gente fala do reino de Nidongo e Matamba, que são os atuais, que é o que virou depois Angola,
00:03:18a gente fala de povos que conquistavam outros povos para vender para os portugueses.
00:03:23A gente tem o reino do Congo, que foi o primeiro reino que Portugal ativamente colaborou e participou com o apoio do rei Afonso I, cara.
00:03:30Que se converteu.
00:03:32Eles tinham escolha.
00:03:34Eles participaram porque eles viram que com a chegada dos portugueses eles podiam conquistar outros povos.
00:03:39E é isso que a galera precisa entender.
00:03:41Não se trata de...
00:03:42Ai, nós estamos aqui oprimidos pelos portugueses.
00:03:45Agora só resta a gente a fazer o quê?
00:03:47Escravizar milhões.
00:03:48Mas a gente não quer isso.
00:03:50Como assim?
00:03:51Isso não se sustenta na materialização histórica.
00:03:53É isso que eu mostro para a galera.
00:03:54Os coitados são os africanos que foram escravizados.
00:03:59Esses são os grandes coitados.
00:04:01Agora, dizer que não houve uma participação intensa em um monopólio por parte desses povos é uma falsificação histórica.
00:04:10Porque esse é consenso, Serjão.
00:04:12Eu cito para a galera aqui um historiador fantástico chamado John Thornton.
00:04:15Ele escreveu uma obra chamada Africanos e África.
00:04:19Isso em inglês.
00:04:19Não tem em português, infelizmente.
00:04:21Muitas dessas obras de referência a gente não tem em língua portuguesa.
00:04:24Ele escreveu essa obra.
00:04:26Africanos e África no processo da escravização atlântica.
00:04:31E mostra como os africanos estavam lá participando ativamente.
00:04:35Ativamente mesmo para manter o monopólio.
00:04:38Então é isso.
00:04:38Nós temos o podre de todos os povos do mundo que precisam ser contados e lembrados.
00:04:44Muito bem.
00:04:45Então só para fazer essa observação.
00:04:46Isso não quer dizer que os portugueses fizeram coisas impressionantes como as navegações, cara.
00:04:52Ah, sim.
00:04:53Uma coisa tem nada a ver com a outra.
00:04:54Mas a gente não aprende isso na escola.
00:04:56A gente aprende o que eram as grandes navegações, cara.
00:04:59Não aprende.
00:05:00Como professor eu posso dizer, não aprende o espaço dado ao currículo.
00:05:04E eu entendo também, principalmente agora com o lance do ensino médio, o currículo é muito pequeno, cara.
00:05:08A gente não tem esse tempo e espaço para explorar o que representou cientificamente, cara, as grandes navegações.
00:05:17Eu sei.
00:05:18Eu estive lá no Museu do Galileu agora, até mostrei.
00:05:19Eu fiz uma live de lá para a galera, até mostrei.
00:05:22Esses caras aí, o conhecimento astronômico que eles tinham.
00:05:26Cestante.
00:05:27Como que eles navegavam, né, cara?
00:05:28Impressionante.
00:05:29Como que eles navegavam pelo nada, né?
00:05:31Vamos começar por Colombo.
00:05:33Você falou de Colombo?
00:05:34Deixa eu te dizer uma coisa, Sérgio.
00:05:36Colombo não era nada.
00:05:39O que foi Colombo, cara?
00:05:42De ir da Espanha até as Bahamas, que foi onde ele chegou.
00:05:47Quantos dias Colombo levou, cara?
00:05:49Para ir da Espanha até as Bahamas.
00:05:52Quanto?
00:05:53Não faço ideia.
00:05:5337 dias.
00:05:56Então, um meizinho.
00:05:57Um meizinho.
00:05:596 mil quilômetros.
00:06:01Virtualmente em linha reta.
00:06:03Porque se você olhar no mapa, é linha reta.
00:06:04É claro que pode ter havido desvios, né?
00:06:06É óbvio.
00:06:07Mas a gente está falando de uma linha reta.
00:06:08Uma caravela, a gente tem que lembrar que uma caravela, ela podia navegar contra o vento.
00:06:13E aí a gente tem uma outra tecnologia desenvolvida por Portugal.
00:06:16Quando a gente fala de caravelas, cara, a gente aprende caravela é o barquinho, né?
00:06:21É um barquinho português.
00:06:23Os portugueses entraram lá no barquinho, vieram navegando, acharam o Brasil, cara.
00:06:27É isso.
00:06:28Isso é o que representou as grandes navegações.
00:06:31Só que a tecnologia que foi desenvolvida, e aí eu fiz essa brincadeira contigo em relação
00:06:38às naves espaciais e tal.
00:06:39Você imagina navegar contra o vento?
00:06:43Não, isso aí, para mim, isso aí é óbvio, cara.
00:06:45Até que os caras estavam no estado da arte da tecnologia.
00:06:49Exatamente.
00:06:49No estado da arte da época, é isso mesmo.
00:06:51Eles eram os caras que estavam...
00:06:54Era a vanguarda, né?
00:06:55Então, era a vanguarda.
00:06:56Eu ouso dizer que é igual hoje a gente tem.
00:06:58A gente já teve Estados Unidos e União Soviética.
00:07:00Hoje, Estados Unidos e China.
00:07:01Na época, era Portugal e Espanha.
00:07:04Ou Inglaterra também, né?
00:07:05Que tinha uma navegação muito forte.
00:07:06Quem dominava aquilo ali.
00:07:08Eles é que dominavam.
00:07:09Isso aí não tem como.
00:07:10Isso aí é mesmo.
00:07:11É um fato, né?
00:07:12Consolidado.
00:07:12Só que a gente não aprende nas riquezas dos detalhes, né?
00:07:16E é uma época tão interessante, né, cara?
00:07:18Cara, você imagina, né?
00:07:20É por isso que, assim, o próprio nome, ó.
00:07:22A Grande Era dos Descobrimentos.
00:07:24De novo, se politiza esse termo.
00:07:26A Grande Era dos Descobrimentos.
00:07:28Esse termo, Descobrimentos, por si só, é um termo político.
00:07:31Que despreza a realidade dos indígenas no Brasil.
00:07:35Como isso, cara?
00:07:37Descobrimento para os europeus, cara.
00:07:39Então, assim, quem escreveu aquilo ali foram os europeus.
00:07:42E quando os índios encontraram os europeus pela primeira vez,
00:07:45não foi um descobrimento também, cara?
00:07:47Não, claro.
00:07:48É óbvio, porque eles não conheciam.
00:07:49Então, foi um descobrimento para os dois lados.
00:07:51Não precisa se politizar um termo.
00:07:53Hoje, se politiza termos, sabe?
00:07:56Estúpidos.
00:07:56É, e também a gente, todo mundo sabe que, cara, o Brasil já existia.
00:08:00Claro.
00:08:00Já tinha um monte de gente morando nisso aí, o pessoal já sabe.
00:08:02O que que Pero Vaz de Caminha fez, cara?
00:08:05O primeiro escrivão do Brasil, ele falou sobre o que aqui?
00:08:07Encontramos uma terra vazia, não tem ninguém.
00:08:09É nossa.
00:08:09Nós encontramos isso aqui, não tem nada.
00:08:11Nós descobrimos tudo.
00:08:12Fomos os primeiros a pisar aqui.
00:08:14Claro que não, pô.
00:08:15Claro que não.
00:08:16Mas isso aí, mas isso aí, as pessoas já sabem, né?
00:08:18Sabe?
00:08:19Sabe?
00:08:19Bom, deveria saber, né, Sérgio?
00:08:21Porque hoje a gente tem até os negócios lá,
00:08:23a gente encontra vestígios de cidades antigas da Amazônia e tudo.
00:08:27O pessoal que estuda isso aí fala que, cara, moravam talvez milhões de pessoas na Amazônia.
00:08:32O Pero Vaz de Caminha fez um...
00:08:34É que na hora que os caras chegaram aqui pela costa, os caras estavam lá na Amazônia, cara.
00:08:39Os caras chegaram na Amazônia, sei lá, 200, 300 anos depois, entendeu?
00:08:42Não, mas você sabe que a maior parte dos indígenas moravam na costa.
00:08:46Ah, sim.
00:08:47A maior parte.
00:08:48Os indígenas eram costeiros mesmo.
00:08:50Poucos moravam mais pra dentro.
00:08:52Claro que moravam, mas não tantos assim quanto os que estavam na costa.
00:08:55Mas aí entra meio naquilo do seguinte, o cara chegou aqui, lógico que ele vai escrever que ele chegou e não tem ninguém e é nosso, né?
00:09:00Mas ele não escreveu, Sérgio.
00:09:01Ah, ele escreveu isso.
00:09:01É isso que eu tô querendo dizer.
00:09:03Ah, tá.
00:09:03Pero Vaz de Caminha falou sobre os indígenas aqui, pô.
00:09:06Ó, encontramos aqui, eles não conhecem a vergonha, eles estão nus, né?
00:09:12São povos, faz vários elogios aos povos indígenas e tudo.
00:09:15Então, assim, não foi uma falsificação da história pra dizer que, não, nós encontramos uma coisa nova que não existe.
00:09:21Não tem isso.
00:09:22Ah, então, porque agora eu tô lembrando.
00:09:23Isso aí é coisa fácil, cara.
00:09:24Você vai em Porto Seguro.
00:09:25Eu já estive lá em Porto Seguro e você conversa lá com o pessoal, você vai naquela primeira igreja lá em cima e tal.
00:09:32E eles falam mesmo, né?
00:09:33E eles falam até que os índios eram curulés pra caramba.
00:09:36Claro, pô.
00:09:37Tem ali de cima...
00:09:38Os botocudos, né?
00:09:39Eles jogavam as pessoas, isso.
00:09:40Eles jogavam os outros ali, entendeu?
00:09:42Claro.
00:09:43Então, é isso mesmo.
00:09:44Então, tinha, né?
00:09:45Tinha essa coisa aí.
00:09:46Mas e o lance deles, tipo, Colombo...
00:09:49Você acha que Colombo já tinha alguma informação prévia?
00:09:51Não, nenhuma.
00:09:52Não tinha?
00:09:53Não.
00:09:53Em relação a chegar num continente novo, zero.
00:09:57Novamente.
00:09:57Ele se jogou na aventura.
00:09:59Ele queria chegar na Índia.
00:10:00Tá.
00:10:01E vamos lembrar um detalhe importante.
00:10:02Por que a gente tá falando de Portugal?
00:10:04O pioneirismo das grandes navegações, assim como os Estados Unidos foram pioneiros em começar a desenvolver,
00:10:09Estados Unidos, né?
00:10:10Estados Unidos foram os pioneiros.
00:10:11A União Soviética chegou lá primeiro, mas quem pisou na Lua foi os Estados Unidos, né?
00:10:16Então, assim, a gente tem esse embate em questão de alcance.
00:10:21Não há dúvida que os Estados Unidos chegaram primeiro, né?
00:10:23Isso é consenso.
00:10:24Isso é consolidado.
00:10:25No caso de Colombo, cara.
00:10:27Colombo queria chegar nas Índias.
00:10:29Tá.
00:10:30Isso em 1492, quando a navegação dele foi feita.
00:10:33Quando ele começou a navegar pra oeste.
00:10:35Quando ele chega em um continente novo, quando ele chega em terra, ele acha que chegou na Índia.
00:10:42Ele não acha que chegou num continente novo.
00:10:44Tanto que passou-se a chamar aquelas pessoas que moravam ali de índios.
00:10:49Então, na verdade, foi um fracasso.
00:10:52A navegação de Colombo foi um fracasso do ponto de vista de intenção, de projeto.
00:10:59Porque ele chegou lá e não tinha nada.
00:11:00Foi uma viagem vazia.
00:11:02Porque chegar na Índia era encontrar o mundo, cara.
00:11:06A Índia, a riqueza das especiarias da Índia, ia mudar o jogo.
00:11:09Mas aí ele não estranhou, não?
00:11:10Na hora que ele chegou e não tinha nada?
00:11:11Ou seja, tinha só os índios ali?
00:11:13Sei lá, os...
00:11:14Ninguém nunca tinha chegado na Índia.
00:11:15Tirando Marco Polo, né?
00:11:17Que chegou na China e conhecia através dessas...
00:11:20Da Rota da Seda, indo pelo Mediterrâneo e depois a Rota da Seda até a China, né?
00:11:24Então, a China e a Índia tinham um caldeirão ali muito grande de fluxo de pessoas.
00:11:30Mas era desconhecido...
00:11:31A gente está falando de Colombo, do século XIII, né?
00:11:35Colombo é século XIII.
00:11:37A gente está falando de século XV, né?
00:11:39Final do século XV, na verdade.
00:11:411492.
00:11:42Então, a gente tem ali uma dúvida no ar, né?
00:11:45Peraí, será que são povos novos dentro do continente indiano?
00:11:49Não se fazia ideia de que era um novo continente.
00:11:51A ideia do novo continente só vem depois com Américos Vespuço, né?
00:11:53O tio dele, inclusive, né?
00:11:55Se eu não me engano, é tio.
00:11:56Ah, então ele chegou e ele não sabia que ele tinha chegado no novo lugar.
00:11:58Não sabia que tinha chegado no novo lugar.
00:11:59E detalhe, Sergião.
00:12:01A gente está falando de 1492, certo?
00:12:04De novo, as distâncias, é interessante a gente entender.
00:12:07A gente está falando de 37 dias e de 6 mil quilômetros.
00:12:12E uma caravela que já era capaz de navegar contra o vento.
00:12:16Por quê?
00:12:16A caravela latina, redonda, a gente está diante de uma maravilha da engenharia.
00:12:22Porque, na época, a caravela latina, ela tinha dois panos triangulares.
00:12:26Certo.
00:12:26Se o Christian, eu não sei se eu coloquei na imagem, Christian, aí.
00:12:30Dá uma olhada, por favor, se eu coloquei.
00:12:32Se eu não coloquei, depois você bota só aí no Google.
00:12:35Caravela portuguesa.
00:12:37Que aí vai aparecer o primeiro exemplo para a gente.
00:12:40Essa engenharia foi fantástica.
00:12:42Por quê?
00:12:43Não foi que os portugueses criaram do nada.
00:12:45Sentaram aqui, chamaram os arquitetos, os engenheiros.
00:12:47Vamos criar uma coisa nova?
00:12:48Não.
00:12:49Tinha os barcos nórdicos, que navegavam nos mares nórdicos.
00:12:54Que eram barcos maiores, mais pesados.
00:12:57E tinham as velas latinas que eram usadas no Mediterrâneo.
00:13:01O que os portugueses fizeram?
00:13:03Um híbrido aí.
00:13:05Olha aqui.
00:13:06Essa aqui, por favor.
00:13:07Isso.
00:13:08Essa aqui é uma reconstrução lá em Portugal, inclusive.
00:13:10Baseada em vestígios arqueológicos que foram encontrados no Aveiro e no Tejo.
00:13:15Olha isso aqui.
00:13:16Duas velas.
00:13:17Essas são chamadas de velas latinas, triangulares.
00:13:19Está vendo?
00:13:20O que que essa vela fazia?
00:13:22Essa aí não conseguia ir contra o vento.
00:13:24Essa que conseguia ir contra o vento.
00:13:25Ah, essa que conseguia.
00:13:26Essa que foi a grande sacada dos portugueses.
00:13:28Por quê?
00:13:29No Mediterrâneo se usavam principalmente galés.
00:13:31Que eram navios mais rasos.
00:13:34De...
00:13:34Calado.
00:13:35Convés calado mais raso, exatamente.
00:13:38E mais largos.
00:13:39Então não eram navios apropriados para o mar.
00:13:42Então o que que os portugueses fizeram?
00:13:43Pegaram o exemplo nórdico e adaptaram, subindo mais eles.
00:13:47O calado deixou mais alto.
00:13:49Criaram um castelo de popa.
00:13:52Como a gente pode ver nessa imagem aí.
00:13:54Que podiam ter dois conveses, geralmente.
00:13:56Dois andares, né?
00:13:57O castelo de popa.
00:13:59De proa, perdão.
00:14:00Proa.
00:14:01Popa.
00:14:01Traseira, né?
00:14:02Popa traseira.
00:14:03Isso.
00:14:04E adaptaram essa vela latina para esse projeto.
00:14:07E essa vela latina, junto com a quilha, que a gente está falando do desenvolvimento da
00:14:12quilha nesse momento, fazia com que o vento batesse na parte traseira da vela e fizesse
00:14:18com que ele fosse cambaleando contra ele.
00:14:21Tá, tá.
00:14:21Entendi.
00:14:22E aí a quilha ia equilibrando o barco.
00:14:24Porque o vento não podia bater totalmente reto na quilha, na vela.
00:14:28Na vela.
00:14:29Senão o barco ia para o lado.
00:14:31Isso é uma baita tecnologia mesmo.
00:14:32Porque eles tinham que colocar a vela, sabendo onde estava o vento, colocar a vela no ângulo
00:14:37certo.
00:14:37Exatamente.
00:14:38Para ele ir batendo e eles conseguirem navegar.
00:14:40Isso é interessante, né?
00:14:41Porque eles estavam acostumados a navegar no Mediterrâneo, que é um lugar fechado, né?
00:14:45Exatamente.
00:14:45E o mar mais raso.
00:14:46Mais e mais raso.
00:14:47Isso aí pegaram a ideia dos caras do norte, que eles estavam com o mar aberto.
00:14:51Exatamente.
00:14:51Que é bem diferente mesmo.
00:14:52Porque os vikings, por que essa tecnologia é tão importante?
00:14:55Os vikings, eles descobriram, por chegar na Inglaterra, por exemplo, chegaram na Groenlândia
00:14:59muitos séculos antes.
00:15:00Mas, no caso dos vikings, foi literalmente um acidente, cara.
00:15:06Eles ouviam falar através de pescadores, através de mercadores, que se perdiam no mar, que
00:15:11tinham terras a oeste.
00:15:13Os caras eram loucos mesmo.
00:15:15Eles iam com tudo, com aquela tecnologia que eles tinham, para chegar lá.
00:15:20Porque ouviam falar que era uma terra e tanto, verdejante, de grandes riquezas, que
00:15:25era o caso da Inglaterra.
00:15:26Então, eles foram de pontinho em pontinho também, o que foi um grande feito.
00:15:29A gente também não pode tirar esse lance do grande feito dos vikings.
00:15:32Mas os vikings foram muito mais as cegas.
00:15:35Ah, Tiago, mas os vikings não chegaram primeiro na América?
00:15:37Não chegaram primeiro no Canadá?
00:15:39O fato.
00:15:40Existe uma colônia, inclusive, que foi encontrada pelos arqueólogos lá no Canadá.
00:15:44na terra de Vinland.
00:15:47O Vinland Saga, tem até um anime que a galera curte muito, que fala justamente sobre essa
00:15:52navegação, né?
00:15:53Entendi.
00:15:53De Leif Erikson, que chegou lá e tal, depois o Torfinho.
00:15:56Então, formalmente, os vikings foram os primeiros a chegar.
00:15:58Foram os primeiros a chegar.
00:15:59Só que esse conhecimento foi perdido.
00:16:02Tá.
00:16:03Os vikings, depois de um tempo, perceberam que não valia a pena, a distância era muito
00:16:06grande.
00:16:07Acabou esse assunto para os vikings.
00:16:10A gente está falando do século VIII antes de Cristo.
00:16:11Então, do século VIII até o século XV, cara, os vikings, literalmente, abandonaram
00:16:17esse empreendimento e caiu no limbo.
00:16:20Portugal, Espanha, não se falava sobre isso.
00:16:23Até porque o cristianismo começou a tomar conta da região da Escandinávia e aí passou
00:16:30a ficar, a ter aquele lance de, não, a gente tem que, sabe, consolidar o nosso cristianismo
00:16:38aqui, então para que fazer essas explorações?
00:16:40Então, o conhecimento foi perdido.
00:16:41Foi literalmente perdido.
00:16:42Quando Colombo, Vasco da Gama, todos esses navegadores começam a navegar, é do zero.
00:16:47É como se tivesse ido do zero mesmo.
00:16:49Então, o Colombo que chega aí não sabia de nada.
00:16:51Nada.
00:16:52Ele pensou que ia chegar na Índia.
00:16:53E essa caravela aqui, Colombo navegou com um projeto português.
00:16:58Em nome da Espanha, mas com um projeto de embarcação, de engenharia.
00:17:03Colombo foi treinado em Portugal.
00:17:06Aí ele copiou.
00:17:07É, porque Portugal, na verdade...
00:17:09A China faz com os Estados Unidos, agora ele copia os sujeitos.
00:17:11Exatamente.
00:17:12E, rapadão merdeiro, quando você fala isso também, ainda não?
00:17:14Isso agora é porque é para o pessoal entender que isso aí não é de agora, né?
00:17:17Não é de agora.
00:17:18É assim mesmo.
00:17:19É assim mesmo.
00:17:19Faz parte do processo humano, né?
00:17:22Então, Colombo, que era espanhol, foi lá e ele navegou numa dessa aí, com vela
00:17:26triangular.
00:17:26Na verdade, Colombo era genovês.
00:17:29Colombo não era nem espanhol, né?
00:17:30Mas isso é que é interessante, porque...
00:17:32Mas ele navegava pela Espanha.
00:17:33Navegou em nome da Espanha.
00:17:34Porque Portugal não levou a sério que havia uma rota a oeste.
00:17:41Portugal, desde 1415...
00:17:43A gente está falando aqui de 1492 com Colombo.
00:17:45Portugal, desde 1415, sabia que tinha alguma maneira de navegar a sul.
00:17:51Não a oeste.
00:17:52Porque o lance era vir descendo pela África ali, fazer a volta e chegar lá, né?
00:17:56Perfeitamente.
00:17:57É isso aí.
00:17:57Esse é o lance.
00:17:58Então, para Portugal, isso sempre foi possível, por um detalhe muito importante.
00:18:03Experiência marítima de pesqueiros.
00:18:06Então, os pescadores portugueses, e aí eu falo até com certo orgulho, porque meu pai
00:18:11sempre foi pescador a vida inteira.
00:18:13Meus avós, pescadores.
00:18:14Meu pai é português, madeirense.
00:18:15Então, assim, o desenvolvimento da tecnologia portuguesa através dos pescadores, durante
00:18:22os séculos, foi muito importante.
00:18:24Os pescadores, no século XIII, já chegavam em Terra Nova, no Canadá.
00:18:28No século XIII, cara.
00:18:30Entendi.
00:18:30Porque era onde tinha uma concentração de bacalhau, e o português sempre curtiu
00:18:33bacalhau, né?
00:18:35Então, tipo assim, a galera ia navegando mais a oeste, ia navegando mais a oeste.
00:18:37Então, muito do mapeamento oceânico passou a ser feito também com...
00:18:41Isso foi importante para caramba.
00:18:42Mas aí, os portugueses, eles iam descendo aqui, de tempo em tempo, e começaram a mapear
00:18:47ali a costa da África.
00:18:48Exatamente.
00:18:49Sabendo que tinha uma rota por ali.
00:18:51A gente está falando de 1415.
00:18:52Mas para o oeste, não.
00:18:53Para o oeste, não.
00:18:54Não se pensava em navegação oeste, não, em 1415.
00:18:57Tá.
00:18:58Em 1415, só para você ter uma ideia, aí o lance das distâncias é muito interessante.
00:19:02Você sabe que, de Portugal...
00:19:04Abre o mapa, por favor, Christian, do...
00:19:07O mapa que tem aí da...
00:19:08Com duas linhas de navegação para a galera entender, ó.
00:19:11Olha que incrível.
00:19:11Isso, esse aí mesmo.
00:19:13Esse.
00:19:13Isso aí.
00:19:15É o seguinte.
00:19:17Portugal, de Lisboa, que era onde partiam as grandes navegações, era essencialmente
00:19:22Lisboa, né?
00:19:22Olha aí, para a galera entender.
00:19:24Lisboa aqui em cima, ó.
00:19:25Tá vendo?
00:19:26Aqui em cima mesmo.
00:19:27No meio de Portugal, basicamente, né?
00:19:28Certo.
00:19:29Lisboa é a região central.
00:19:31Aqui embaixo a gente tem Algarve.
00:19:32Para o norte, a gente tem Porto.
00:19:33Daqui de Lisboa até aqui no Cabo Verde.
00:19:40Na verdade, antes do Cabo Verde, a gente está falando aqui em cima, no Cabo Bojador.
00:19:44Já ouviu falar desse cabo?
00:19:45Cabo Bojador.
00:19:46Um cara, um português navegador chamado Gil Eanes, conseguiu cruzar esse cabo aqui.
00:19:53E detalhe, o fim do mundo era aqui.
00:19:55Era aí.
00:19:56Aqui, Sérgio, a gente está falando de Lisboa aqui, o fim do mundo conhecido marítimo
00:20:02era aqui, no Cabo Bojador.
00:20:04Por isso que o Luiz de Camões fala que além do Cabo Bojador haveria muita dor.
00:20:13Porque eles levam cerca de 30 anos, cara.
00:20:1730 anos para chegar aqui.
00:20:20De 1415 até 1440, 50.
00:20:24Mas aí a tecnologia era diferente também, né?
00:20:27Os barcos e tudo.
00:20:28Eles não navegavam contra, né?
00:20:30Exatamente.
00:20:30Tudo isso.
00:20:31Aqui, nessa época, eles usavam uma tal de barca.
00:20:34Que era um navio super simples.
00:20:36Que naufragava para um caramba isso aqui.
00:20:40Sabe?
00:20:41Essa tal de barca.
00:20:42E aí, então, com essas navegações de Gil Eanes, o grande Dom Henrique, que é o infante
00:20:49Dom Henrique, que foi o pai da navegação moderna, português inclusive também, filho de
00:20:53Dom João I, ele desenvolve uma escola.
00:20:57Que não se sabe se exatamente essa escola existiu enquanto um objeto físico.
00:21:01Mas que existiu na teoria, pelo menos, sabe?
00:21:03Houve uma expansão do conhecimento marítimo de maneira intensa em Portugal a partir desse
00:21:09momento.
00:21:09Em 1415.
00:21:11A partir de 1415.
00:21:13E aí, então, começou-se a desenvolver novas tecnologias.
00:21:16A se pensar, sabe?
00:21:18Para avançar mais ao sul, a gente precisa de uma coisa diferente.
00:21:20Exatamente.
00:21:21Senão nós vamos morrer tudo aí no meio caminho.
00:21:23E aí que veio o lance da caravela, então.
00:21:24Juntando as tecnologias, criando tecnologias novas, chegou na caravela.
00:21:27Com a caravela, Gil Eanes, a partir desse ponto aqui, ele descobriu que não dá para
00:21:32a gente descer reto aqui.
00:21:34É porque nessa ilustração não dá para a gente entender muito bem.
00:21:37Se a gente segue reto, é cheio de lajes aqui, é raso, pontas de rochas, os navios
00:21:42afundavam.
00:21:43Então eles tiveram que fazer uma movimentação chamada volta do mar.
00:21:47Que eles tiveram que fazer um contorno.
00:21:50E esse contorno, meu camarada, era um quilômetro de mar adentro.
00:21:54Sem tecnologia, mar aberto.
00:21:56Descobriu-se, então, essa nova passagem e atravessou-se o carro bojador.
00:22:00Então, a partir do carro bojador, meu amigo, só foi sucesso.
00:22:03Só que o sucesso era o seguinte, cara.
00:22:06Só para você ter uma ideia.
00:22:07Aí a gente vai para 1500.
00:22:111498, Vasco da Gama.
00:22:12Maior navegador de todos os tempos, sem dúvida.
00:22:15Vocês estão mais caindo, né?
00:22:16Ah, com certeza.
00:22:17Isso aí pesa bastante.
00:22:18Eu não sou nem um pouco tendencioso, tá?
00:22:20Mas tem que honrar o símbolo, né?
00:22:23Vasco da Gama, cara, ele chega em 1498 na Índia.
00:22:271498.
00:22:28Vindo daqui por baixo, né?
00:22:29Vindo daqui por baixo, ó.
00:22:30E olha a quantidade de anos que foram passando de 1415,
00:22:34quando começou a primeira navegação,
00:22:36até 1498.
00:22:38Chegar lá na Índia.
00:22:40O destino final.
00:22:41Eles vieram descendo isso aqui tudo.
00:22:42Bartolomeu Dias foi o último cara a conseguir chegar aqui.
00:22:46Cabo das Tormentas virou Cabo da Boa Esperança.
00:22:49Por quê?
00:22:50Descobriu-se a passagem desse cabo aqui.
00:22:53Não era mais o...
00:22:54O novo lado, né?
00:22:54O novo lado.
00:22:56Só que pra chegar nisso aqui, olha quantas movimentações foram necessárias de ser feitas.
00:23:00Não dava pra vir cocheando, cara.
00:23:02Porque os ventos são contrários aqui, da costa.
00:23:06Jogavam os barcos pra fora.
00:23:08Eles perdiam o rumo.
00:23:09Eles iam cada vez mais pra oeste.
00:23:10Cada vez mais pra oeste.
00:23:11E foi numa dessa que o Pedro Álvares bateu aqui.
00:23:14Exatamente.
00:23:15É não só Pedro Álvares Cabral.
00:23:16Na verdade, a gente não tem uma ciência exata em que ponto do tempo,
00:23:21de 1415 até 1498,
00:23:24soube-se de fato que havia um continente pra baixo.
00:23:28Pra baixo, principalmente.
00:23:29Porque aqui em cima, na América do Norte,
00:23:30já tava começando a rolar.
00:23:32Tem ilha ali, sabe?
00:23:33Tem continente ali.
00:23:34Tem coisa aqui nova.
00:23:35Porque não é Índia, de fato.
00:23:36Só que esse lance de descer pra cá,
00:23:39a gente tem um pinzón,
00:23:40que era um espanhol,
00:23:41que também a Espanha começou a navegar nesse período.
00:23:43Que chegou aqui meses antes de Cabral, em 1500.
00:23:47Só que em 1498, cara,
00:23:49teve o Duarte Pacheco Pereira,
00:23:51um grande navegador português,
00:23:53que escreveu uma crônica chamada
00:23:54In Citus Orbis, em latim e tudo,
00:23:57que ele descreve a costa brasileira também.
00:24:00Isso em 1498.
00:24:02Antes de Cabral.
00:24:02Dois anos antes de Cabral.
00:24:04Então, sabe, a gente tem aí, nesse período...
00:24:07É, um período nebuloso.
00:24:08Nebuloso, um desencontro de informações.
00:24:10O que a gente sabe, sim.
00:24:11Pinzón pisou antes de Cabral aqui no...
00:24:15Ah, é?
00:24:15É, aqui no sul.
00:24:17Só que a gente já tem registros e crônicas antes...
00:24:20Mas sabe aonde ele pisou, aonde ele chegou?
00:24:22Cara, eu acho...
00:24:22Foi na mesma região ali, irmão?
00:24:23Foi no Norte, foi no Nordeste.
00:24:26Entendi.
00:24:26Exatamente onde eu não me lembro.
00:24:28Não me lembro realmente.
00:24:29E por que Cabral que levou toda a fama aí?
00:24:31É, só que...
00:24:31Porque ele era o mais poderoso, mas o quê?
00:24:34É, porque é o seguinte, ó.
00:24:35Antes disso, em 1496, 1493 e 1496, tiveram os tratados entre Espanha e Portugal.
00:24:45Tratado de Alcaço, mas depois o Tratado de Tordesilhas, o famoso Tratado de Tordesilhas, né?
00:24:50E aí, então, nesse período, Portugal exigiu do Papa um avanço da linha.
00:24:55Isso antes das navegações virem para baixo.
00:24:59Um avanço da linha.
00:25:00Não, olha só, a linha passava aqui no meio do oceano.
00:25:02Aqui, mais ou menos, é próximo à costa, mas não chegava na costa.
00:25:07Aí, com esse avanço, ela entrou pelo Brasil ou fora, né?
00:25:09Então, sabe por que Dom João II na época?
00:25:13Não lembro qual foi o rei na época, ou Dom João III.
00:25:16Por que essa insistência com o Papa, muitos anos antes de se descobrir o Brasil,
00:25:20para jogar essa linha tantos graus a oeste, que passaria exatamente em cima aqui do Nordeste,
00:25:26e chegando no Sudeste?
00:25:28Por que essa insistência?
00:25:29Se não tinha nada?
00:25:30Só para navegar no meio do mar?
00:25:32Vazio?
00:25:32Puro?
00:25:33Afinal de contas, o Tratado de Tordesilhas dizia o quê?
00:25:36É reivindicação de terras.
00:25:38Não era reivindicação de mar.
00:25:39Só tinha água.
00:25:40Só tinha água.
00:25:41Então, sabe, a gente tem essas incongruências que vão fazer a gente acreditar que havia muito
00:25:46mais do que Portugal queria informar.
00:25:49Porque a gente está falando de dominação, cara, poder.
00:25:52Mas aí você acha que o Pedro Alves Cabral, ele já tinha informação, então?
00:25:55Já tinha.
00:25:55Ele já tinha, né?
00:25:56Isso não há dúvida.
00:25:57Isso não há dúvida.
00:25:58O objetivo de Cabral não era vir para o Brasil de fato.
00:26:01Era tentar fazer uma rota mais para lá, para fugir dos ventos e tudo.
00:26:05Isso, exatamente.
00:26:06Essa rota aqui era obrigatória.
00:26:07Todos os navegadores...
00:26:08É porque eu vejo o pessoal falar que a gente aprende na escola que foi acidente, né?
00:26:12Sim.
00:26:13Ele estava vindo, o vento virou e bateu aqui.
00:26:15Sim, sim.
00:26:15Mas não deve ter sido assim também.
00:26:17É, a história é muito mais complexa do que isso.
00:26:20É isso que eu falo para a galera.
00:26:21Por isso que a gente tem que ir em estudos especializados mesmo, né?
00:26:24Que falam sobre navegação e tal.
00:26:26Falando disso aqui, o Jex Gilst mandou dezão aqui.
00:26:29Ele falou, Tiago, é verdade que o comandante chinês Zheng He descobriu as Américas em 1421?
00:26:35Putz, cara, pergunta top demais.
00:26:37Fala um pouco dos juncos chineses.
00:26:39Isso aí.
00:26:39Os juncos chineses é o seguinte.
00:26:40A gente está falando das maiores embarcações que a humanidade já viu até aquele período.
00:26:45Zheng He era um almirante de ascendência, se não me engano, árabe ou islâmica, que de fato começou a desenvolver embarcações poderosíssimas, os chamados navios de tesouro chineses.
00:27:01Só que eram embarcações tão grandes e tão ineficientes para o aspecto de navegação de mar aberto que eles não saíam da costa.
00:27:09Então, sabe, a navegação chinesa nesse período eram navegações para diplomacia e para projeção de poder.
00:27:16Tanto que tinham bombardas, tinham canhões e tal.
00:27:19Então, o Zheng He vinha só pela África.
00:27:21Esse lance do descobrimento das Américas, isso aí é uma fake news do século XVII, cara.
00:27:29De um mapa que foi encontrado com uma suposta assinatura de Zheng He.
00:27:33Não tinha nem ouvido falar disso aí, não.
00:27:35Não, eu já pesquisei muito a fundo isso também, porque eu já ouvi.
00:27:37Tem mitos de que...
00:27:39É o que eu ouvi, assim, de leve, assim, não, cara, pô, os caras sabiam que tinha alguma coisa.
00:27:43E aí vieram, falei, caramba.
00:27:45Aí não sabia, né?
00:27:46Acho que não.
00:27:46Não, não, não.
00:27:47Em relação aos chineses, não existe esse debate.
00:27:50O que existe é, assim, essa lenda por causa de um mapa, de novo, do século XVII.
00:27:58É um mapa de 300 anos depois de Zheng He, cara.
00:28:01Zheng He, 200 anos depois.
00:28:03Zheng He é de 1415, nesse período, do início do século XV.
00:28:07Idade média ainda.
00:28:08Então, esse mapa surge...
00:28:10Mostra o quê?
00:28:11Aí, nesse mapa do século XVII, tem uma suposta assinatura de Zheng He.
00:28:16Mostrando a América.
00:28:18Ah, mas o mapa já é do século XVII.
00:28:19Mas o mapa é do século XVII, ele foi forjado.
00:28:21Então, de certa forma, era...
00:28:23Porque, cara, foi um avanço, uma descoberta tão impressionante, essa passagem das Índias,
00:28:28o lance de descobrir a América, que os povos começaram a querer reivindicar aquilo pra si.
00:28:33Só que naquela época, você não tinha datação, você não tinha meios científicos de comprovar documentos.
00:28:38Então, não existe...
00:28:40Respondendo a pergunta do nosso amigo, não existe essa possibilidade dos chineses, embora fossem grandes navegadores.
00:28:47Os juncos chineses, cara, eram coisas assim de dez vezes maiores do que os maiores navios portugueses do século XVI.
00:28:53E a caravela, né?
00:28:54Lá em Porto Seguro, quanto fez 500 anos aí o Brasil, né?
00:28:58Da descoberta.
00:29:00Tem uma representação.
00:29:01Ela não era um barco tão grande, né, cara?
00:29:03Exatamente.
00:29:03A gente tem a impressão, ou às vezes desenha nos livros de história, que era um negócio giganteiro.
00:29:08Quando você olha, caramba, cara, dá até uma decepção, né, que era pequenininha, né?
00:29:12É, é porque é o seguinte, as caravelas, é assim, foi o primeiro barco oceânico do mundo, oceânico, pra navegar oceanos mesmo.
00:29:22De novo, quando a gente fala dos juncos chineses, eles não foram projetados pra navegar oceanos.
00:29:27Eles foram projetados pra ficar próximo à costa.
00:29:29E aí, Cris, tem uma imagem do junco aí?
00:29:31Isso.
00:29:31Junco chinês, só pra gente ter uma ideia de como que é o barco do Ilhas.
00:29:35E, inclusive, tem até comparações com caravelas.
00:29:37Ah, é? Põe aí no Google aí, cara.
00:29:39Dá uma olhada.
00:29:39Se botar em inglês, você acha bem.
00:29:42Chinese Junks, né?
00:29:43E Caravels.
00:29:45Você vai ver que vai encontrar fácil aí.
00:29:48Chinese Junks.
00:29:50É J-U.
00:29:52Isso.
00:29:54Aí bota Caravels.
00:29:55Do lado, que aí deve aparecer uma...
00:29:57Caravels.
00:29:58Deve aparecer alguma comparação aí, sim.
00:30:00Isso.
00:30:02Tá bom, sim.
00:30:02Acho que o Google já vai corrigir.
00:30:05Deixa eu ver se...
00:30:06Aqui.
00:30:06Pronto, ó.
00:30:07Coloca isso aqui embaixo.
00:30:10Isso.
00:30:10Pra galera ver.
00:30:11Olha isso aí.
00:30:13Caramba, Caravela não era nada, cara.
00:30:15Tá vendo?
00:30:16É isso.
00:30:16É claro que...
00:30:18Isso aqui é 440 pés, né?
00:30:19Isso, de tamanho.
00:30:22É porque uma Caravela, uma Caravela, ela tinha 30 metros, 25, 30 metros em média.
00:30:27Uma Caravela.
00:30:27É pequena, quando você vê assim, né?
00:30:28Só que os navios portugueses foram aumentando ao longo do tempo também.
00:30:31Ah, aqui é o Zing Re Chip.
00:30:32Zing Re, tá vendo?
00:30:33É os navios de tesouro.
00:30:34Só que tem vários problemas em relação a essa interpretação.
00:30:37Por quê?
00:30:38A gente tá falando de desenhos.
00:30:40Ah, sim.
00:30:40A gente não tá falando de nenhum achado arqueológico.
00:30:42Não tem nenhum achado disso?
00:30:43Nada.
00:30:44De junco?
00:30:44Não tem nada?
00:30:45Nada, nada.
00:30:45Pra gente encontrar junco...
00:30:47É baseado em desenhos?
00:30:48É baseado em desenhos e em proporções de documentos que foram encontrados na época.
00:30:52O cara podia estar exagerando.
00:30:53Podia estar exagerando.
00:30:54Não há dúvida.
00:30:55E mesmo que fosse...
00:30:56Vamos dar o crédito, né?
00:30:57Vamos dizer que fossem realmente navios desse tamanho aí.
00:31:02Esses navios gigantescos desse jeito, imagina o poder, não só de vento, quanto de
00:31:09homens, pra fazer navios desse navegarem no oceano aberto.
00:31:14É por isso que, sabe?
00:31:16Nenhum pesquisador marítimo consegue entender ou consegue acreditar, mesmo levando em consideração
00:31:21o tal do mapa do Zeng Re, do século XVII, que seria simplesmente impossível essa navegação
00:31:28transoceânica pra chegar à América.
00:31:31Por causa dos problemas logísticos de desenvolver um junco desse.
00:31:35Mas de qualquer forma, independente disso, não.
00:31:37Não existe nenhuma evidência desses navios terem chegado na América.
00:31:42A única evidência que existe são esses mapas do século XVII falando sobre isso, né?
00:31:49Mas aí no século XVII já tinha muita gente que já tinha chegado aqui.
00:31:52É, já virou bagunça aqui.
00:31:54Aqui já veio francês, já veio inglês.
00:31:56Aqui já virou a casa da Mãe Joana, por assim dizer.
00:32:00Sabe?
00:32:00Tava todo mundo aqui.
00:32:01Então, seguindo nesse raciocínio, a caravela foi o primeiro protótipo.
00:32:06Depois vieram novos navios.
00:32:07Porque a caravela não era autossuficiente pra navegar a grandes distâncias.
00:32:12Ela era eficiente pras primeiras navegações.
00:32:14Depois desenvolveu-se navios maiores.
00:32:18Os chamados grandes naus.
00:32:21As famosas naus portuguesas, exatamente.
00:32:24E as carracas também, sabe?
00:32:26Existe um debate sobre o que é uma nau e o que é uma carraca.
00:32:31Entende-se que são essencialmente as mesmas coisas.
00:32:34São nomes diferentes pra o propósito, o mesmo.
00:32:37Qual era o propósito das carracas e das grandes naus?
00:32:40Levar mais tripulantes e mais especiarias e mais mantimentos pra longas distâncias.
00:32:48A caravela que descobria.
00:32:50E depois as naus é que faziam o trabalho de trazer mais gente.
00:32:54De começar a levar coisas de um lado pro outro.
00:32:56Isso aí.
00:32:56Os escravos, então, devem ter vindo tudo de nau.
00:32:59Sim, sim. Não há dúvida.
00:33:01E quando a gente fala de escravos mesmo, os primeiros navios negreiros,
00:33:06a gente fala de final do século XV.
00:33:08Entendi.
00:33:09Portugal chega...
00:33:10Diogo Cão, que foi o primeiro português a chegar na costa onde é o reino do Congo.
00:33:17Ele foi o primeiro a chegar lá.
00:33:18E aí ele encontra justamente Afonso I, que era Nivemba Nzinga, o nome dele em africano.
00:33:25E aí o encontro deles é um encontro super amistoso.
00:33:29Todas as crônicas mostram um encontro amistoso.
00:33:32Não houve conflito.
00:33:34Não houve, sabe, nenhum tipo de tentativa de dominação nesse momento dos portugueses ali na costa da África.
00:33:42O que havia naquele momento era literalmente descoberta.
00:33:45E, cara, quando você vai para o lance empírico, você não tem como chegar a outra conclusão, Sérgio.
00:33:52Detalhe.
00:33:54Quanta gente morria nessas navegações, cara?
00:33:57Ah, não. A gente pra caramba.
00:33:58A gente está falando... Sabe o que a gente está falando aqui?
00:34:01A maior frota da história portuguesa foi a frota de Cabral, cara.
00:34:05Foi a maior frota.
00:34:05Foram quantos?
00:34:06Foram dezenas de navios.
00:34:08E 1.500 homens.
00:34:10Foram... Dezenas não.
00:34:12Exatamente a quantidade eu não sei.
00:34:14Mas a quantidade de homens foi a maior.
00:34:151.500 homens, cara.
00:34:17A gente está falando de 1.500, Sérgio.
00:34:191.500.
00:34:20Sabe quantos homens morreram nessa viagem de 1.500 com 80 anos de experiência já?
00:34:25Desde 1.415 até 1.500.
00:34:28Quantos homens morreram nessa viagem de Cabral, cara?
00:34:301.000.
00:34:311.000, é.
00:34:32Eu ia falar mais ou menos isso.
00:34:332.000 terços da tripulação morreu na viagem, cara.
00:34:36Aí você acha que Portugal ia chegar lá e que a boss, né?
00:34:40Tipo assim, eu quero tudo de vocês aí entrando África dentro, que não conhecia, cara.
00:34:46Morrendo de malária.
00:34:48Escorbuto.
00:34:49O escorbuto foi descoberto nesse momento das grandes navegações, cara.
00:34:54Porque a galera ficava isolada no meio do mar.
00:34:57Aí os portugueses eram o quê?
00:34:58Superheróis?
00:34:59Tipo, a galera pensa que os portugueses eram, sei lá, os primeiros Avengers, né?
00:35:04Eram mutantes dos X-Men.
00:35:06Os caras chegavam esfarelados nas costas.
00:35:09Ah, não, isso aí a gente é.
00:35:11E ainda tinham capacidade de invadir a África.
00:35:13Aí você subestimar demais o povo africano, cara.
00:35:16O povo africano eram povos extremamente poderosos.
00:35:20Bélicamente falando.
00:35:21Eles conheciam o continente, cara.
00:35:23Eles tinham alianças políticas com outros povos.
00:35:24Então, ganhar na força, sabe?
00:35:28A gente está falando de mais de 100 anos depois.
00:35:30150 anos depois, para o bicho começar a pegar, de fato, na África.
00:35:35Então, nesse período, a gente está falando de proximidade entre os dois, realmente, né?
00:35:39Ok.
00:35:40Ó, o Ciber BFPV mandou 10zão.
00:35:42Boa noite, Tiago, Sérgio.
00:35:43Beleza?
00:35:43Tiago, alguns artigos dizem que o cânhamo foi fundamental para as grandes navegações.
00:35:50Que era a melhor matéria-prima para os cabos e velas marítimos.
00:35:54Isso procede?
00:35:55Putz, sobre esse lance do cânhamo, cara.
00:35:56Eu já ouvi falar, mas eu não sei de fato.
00:35:59Sobre a produção das velas, né?
00:36:01Eu não sei, realmente, se o lance da produção dos materiais.
00:36:06Isso eu vou dever aqui, nesse momento.
00:36:07Mas, assim, não há dúvida de que todos...
00:36:09Ah, você sabe uma coisa que foi fundamental para a navegação?
00:36:11Pegando o gancho do comentário do nosso amigo.
00:36:14A calafetagem, cara.
00:36:16A calafetagem dos navios.
00:36:18Você sabe como que os navios começaram a ser calafetados com chumbo?
00:36:25Com linhas de chumbo?
00:36:26Por quê?
00:36:27Baseado no quê?
00:36:28Nas fortalezas que começaram a ser desenvolvidas também pelos portugueses a partir do século XV.
00:36:32As fortalezas ficavam...
00:36:33Tentavam imitar no navio, né?
00:36:35Isso aí.
00:36:35Por quê?
00:36:36Entrava água.
00:36:37Quando batia onda, entrava água, caíam blocos de pedra.
00:36:40Então, peraí, a gente tem que calafetar isso aqui.
00:36:42Por que a gente não replica isso nos navios?
00:36:45Daí veio o lance da calafetagem, que foi tão importante.
00:36:46Fazer uma fortaleza ambulante.
00:36:48Uma fortaleza ambulante, Sergião.
00:36:50É isso aí.
00:36:51É isso aí, cara.
00:36:52Não, é demais.
00:36:52Aquelas grandes navegações...
00:36:54Me interrompe sempre que você precisar ir com a galera, porque falar de navegação
00:36:57é igual você falar de foguete na cara.
00:36:59Não.
00:36:59Eu não paro, não.
00:37:00Eu tenho certeza, mas eu acho que eu já fiz até essa comparação aí, viu?
00:37:03Uma vez.
00:37:04Sabia?
00:37:05E faz muito bem.
00:37:05E eu falo, cara, Pedro Alves Cabral pra mim, esses caras e todos eles eram o Elon Musk,
00:37:11Jeff Bezos e o Brunson da época, cara.
00:37:13Mas tem vários...
00:37:14Cada época tem a sua, né?
00:37:16Tem vários historiadores que fazem essa comparação, cara.
00:37:18Historiadores renomados no mundo.
00:37:20Roger Crowley, Charles Boxer, grandes historiadores ingleses, cara.
00:37:24Todos fazem essa comparação.
00:37:25O Vasco da Gama.
00:37:26Esses caras foram escolhidos, né?
00:37:27Eles eram...
00:37:28A dedos, cara.
00:37:29Era o top ali, né?
00:37:30Era a nata da sociedade, né, cara?
00:37:32É isso aí.
00:37:32É isso aí.
00:37:33Então os portugueses foram desenvolvendo essa linha de embarcações.
00:37:37Aí depois veio as naus, como a gente falou.
00:37:39E os galeões.
00:37:40E os galeões.
00:37:41Aí a gente chega nos galeões.
00:37:42Os galeões são equipamentos, fortalezas flutuantes de fato.
00:37:48Foram os primeiros navios modernos de guerra.
00:37:52Ah, porque aí eles eram de guerra, né?
00:37:54Eles eram essencialmente navios de guerra.
00:37:55As naus não tinham armamento?
00:37:57Tinham.
00:37:57Tinha, mas não eram...
00:37:59Eles não eram especializados.
00:38:00Isso aí é consciência também de vários historiadores.
00:38:03De novo, Roger Crowley, Charles Boxer, Alfred Mayer.
00:38:05O objetivo dela era transportar mercadoria e pessoa.
00:38:08O máximo possível.
00:38:10Caravelas ainda eram usadas para entrar em rios, por exemplo.
00:38:13Você sabe que o primeiro cara...
00:38:14A caravela era a primeira, né?
00:38:14Manda a caravela, ela vai descobrir, ela vai entrando.
00:38:16Era desbravadora.
00:38:18Desbravadora.
00:38:18Isso aí.
00:38:19Era como se fosse o batedor.
00:38:20Sim.
00:38:20A caravela é tipo o batedor, né?
00:38:22Você sabe que o primeiro cara aí entra na tua área também a fazer um estudo sistemático
00:38:27do efeito das marés e da lua.
00:38:30Foi em português também, inclusive.
00:38:31De novo, a gente tem vários estudos científicos que mostram isso.
00:38:33Esses historiadores apontam para isso.
00:38:35Roger Crowley, Charles Boxer, o George Modelsky, que é um polonês que fez, assim, talvez um dos maiores estudos
00:38:41desde o Alfred Mayhem, britânico, sobre a arte da navegação, né?
00:38:45Dos últimos 500 anos.
00:38:48Duarte Pacheco Pereira, cara.
00:38:50Duarte Pacheco Pereira foi primeiro a...
00:38:52Justamente porque eles precisavam adentrar os rios da África, porque por terra demoraria muito,
00:38:58eles estavam despreparados, desarmados, né?
00:39:01Então eles tinham que usar o navio para se proteger também.
00:39:04Então Duarte Pacheco Pereira começou a fazer o estudo da relação entre as marés e a lua.
00:39:10Então ele ficava aguardando, isso, em determinados momentos, peraí, subiu a maré.
00:39:14Na maré cheia, vamos entrar aqui.
00:39:16E aí ele começou a fazer anotações científicas.
00:39:19Então os galeões, eles foram essencialmente navios de guerras especializados.
00:39:24Só que quando a gente fala de galeão, a gente fala século XV, perdão, século XVI, 1500 e em diante.
00:39:31Porque antes não tinha batalha naval, cara.
00:39:34Os portugueses vieram descendo a África...
00:39:35Mas aí quem especializou em galeão foi mais a Inglaterra ou não?
00:39:38Não, Portugal.
00:39:39Portugal também?
00:39:40Portugal, de novo eu cito essa obra.
00:39:41E eu acho que a Inglaterra entra no lance de ser...
00:39:43Século XVIII, pô.
00:39:45Uma grande potência marítima.
00:39:48Século XVIII, XIX.
00:39:50Até lá era Portugal e Espanha.
00:39:52Exatamente.
00:39:53Esse estudo que eu falei para vocês é Sea Power in Global Politics.
00:39:57Que é um dos mais referenciados e um dos melhores estudos que falam sobre isso.
00:40:01Que faz essa comparação dos últimos 500 anos.
00:40:03É a evolução de potências marítimas e como que a arte da guerra marítima foi o fator determinante para a projeção de poder global.
00:40:14E aí então...
00:40:16A geopolítica da época, né?
00:40:16Isso aí.
00:40:17Até hoje, na verdade.
00:40:18Se a gente for para os conflitos hoje, ainda porta-aviões, navios, são a principal forma de projeção de poder.
00:40:26Porque a gente quando fala de bomba atômica, cara, bomba atômica não é uma questão.
00:40:30Bomba atômica é mais o que se chama em inglês do deterrence, que é dissuasão.
00:40:35Você tem uma bomba atômica para dissuadir o seu inimigo.
00:40:38Não para atacá-lo.
00:40:40Sim.
00:40:41Esse é o lance da bomba atômica na geopolítica.
00:40:43Pressionar, né?
00:40:44Para pressionar.
00:40:45Para pressionar.
00:40:45Tipo assim, eu tenho, me deixa quieto.
00:40:47O navio não, né?
00:40:48Você para ali, decola os caças e tudo.
00:40:50Exato.
00:40:50Você não só transporta pessoas, quanto transporta equipamentos, quanto transporta comida, quanto tem porta-aviões que transportam aviões.
00:40:58Então ainda a geopolítica global é determinada pelo poder marítimo, pela marinha.
00:41:03Então Portugal entendeu isso quando chegou lá no século XVI.
00:41:07Portugal pensou assim, cara, aqui nesse mar novo, hostil, só com navios de guerra.
00:41:14Só que o lance curioso é que de cara eles não quiseram guerra.
00:41:18Porque Portugal era meia dúzia de gente ali naquele mar todo.
00:41:21O lance era de 18 lá na Índia, cara.
00:41:23Corta o dobrado lá de negociação.
00:41:26Fica esperando semanas e semanas e semanas para conseguir encher uma embarcação e voltar para Portugal.
00:41:33Sabe?
00:41:33Então assim, o Portugal não chegou já tirando não.
00:41:35Por quê?
00:41:36Sabia que se fizesse isso, ia dar muito ruim.
00:41:38E o rei Dom Manuel, que é o tal do venturoso, o grande empreendedor desse lance dos descobrimentos do século XVI.
00:41:44Ele falou, não, é diplomacia.
00:41:46Vamos chegar lá sem estresse, negociando.
00:41:48Isso é documentado também.
00:41:50É, porque ele também não tinha, você fala assim, ele não tinha poder para encarar os caras.
00:41:54Não tinha.
00:41:54Então vamos no papo que a gente vai conseguindo.
00:41:57Se a gente encarar eles aqui, nós vamos nos ferrar.
00:41:59Exatamente.
00:42:00A gente está falando de um formigueiro de gente.
00:42:03A Espanha era muito mais poderosa.
00:42:06Longe disso.
00:42:08A Espanha nessa época não era nada.
00:42:09Ah, não era nada?
00:42:10Não era nada.
00:42:11É por isso que eu estou falando.
00:42:11É importante a gente entender esse lance da geopolítica global.
00:42:13Tem um livro da professora Patrícia Cid chamada Cerimônias de Posse no Novo Mundo.
00:42:20Também um livro extremamente referenciado.
00:42:21Ela mostra que primeiro holandeses e depois ingleses fizeram o mesmo projeto de navegação português, cara.
00:42:31O que Portugal criou de fortalezas, de entrepostos comerciais em toda a Ásia e África,
00:42:37a Holanda que veio depois fez igualzinho nas Índias Orientais, na Companhia das Índias Orientais.
00:42:44E depois veio os ingleses também, substituindo os holandeses.
00:42:49Então a gente tem Portugal como uma potência hegemônica no mar Atlântico e Índico durante todo o século XVI, praticamente.
00:42:56O bicho só pega em 1580.
00:42:59Então a gente está falando de 1415 até 1580, uma hegemonia global portuguesa, cara.
00:43:06Novamente, eu não estou falando aqui de uma teoria, sabe como a galera agora está usando o jargão, o revisionismo.
00:43:14Agora tudo é revisionismo, igual o lance de fascista, fascismo, você discordou de mim, você é fascista e tal.
00:43:19É o que a galera agora usa o lance do revisionismo, é um termo de abuso.
00:43:22Sabe para dizer que eu não concordo com o que você está falando, logo eu vou te atacar como revisionista para quebrar o teu argumento.
00:43:28Mas isso aí tem documento, tem tudo, né?
00:43:30É estudo acadêmico, o meu canal está cheio de referências acadêmicas das mais relevantes.
00:43:35Então assim, é só blá blá blá mesmo de pessoas que querem se credibilizar.
00:43:39E por que a Inglaterra se desenvolve tanto, então?
00:43:41Então, porque a Inglaterra era uma potência terrestre.
00:43:44Inglaterra passou por uma série de guerras.
00:43:47Estava rolando ainda a Guerra das Rosas, sabe?
00:43:50Poucos anos antes, tinha acabado de terminar a Guerra dos 100 anos com a França.
00:43:55A França ao mesmo tempo, sabe?
00:43:56Então, o caldeirão geopolítico ali, europeu, cara, estava uma desgraça para a Inglaterra se preocupar e navegar.
00:44:05Então, Portugal tinha já expulsado os mouros, os muçulmanos, já tinha reconquistado toda a Península Ibérica, os europeus, né?
00:44:12Os europeus já tinham reconquistado toda a Península Ibérica.
00:44:14Então, a partir daquele momento, Portugal só tinha o quê?
00:44:17O mar.
00:44:18Por quê?
00:44:19Espanha estava colada nele.
00:44:20Espanha sempre foi um rival, de certa forma, também.
00:44:23Espanha não tinha desenvolvido a tecnologia, por quê?
00:44:26Espanha só se torna um país mesmo, Espanha, em 1492, com a conquista de Granada, né?
00:44:33E a união do reino de Castelo e Leão.
00:44:35Entendi.
00:44:36Aí surge Espanha, né?
00:44:37Enquanto uma nação independente.
00:44:39Portugal já era independente desde 1200 e pouco, 1249, com a conquista do Algarve lá embaixo.
00:44:47Entendi.
00:44:47Então, Portugal já estava, sabe, assim, olhando para o mar há muito tempo.
00:44:51Só que desenvolvendo a tecnologia, sabe?
00:44:53Séculos e séculos até chegar lá.
00:44:57Então, Espanha, Sergião, Espanha nunca se tornou uma potência global.
00:45:03É isso que a gente precisa entender.
00:45:04Uma coisa é uma potência regional, marítima.
00:45:07Outra coisa é uma potência global.
00:45:09A Espanha, com a União Ibérica, em 1580, ela começa a assumir muitos desses entrepostos portugueses.
00:45:17Mas a assumir hereditariamente.
00:45:20Não a desenvolver o seu projeto marítimo.
00:45:22Espanha, o negócio da Espanha era América.
00:45:25Estavam felizzões pra caramba aqui na América.
00:45:28Pronto.
00:45:28Essa era a preocupação de Espanha.
00:45:30Portugal estava lá na Índia.
00:45:31Quando os holandeses se separam dos espanhóis, cara, aí, meu amigo, os holandeses estavam com sangue nos olhos, com a cara quente.
00:45:39Eles partiram pra cima de Portugal.
00:45:42Por quê?
00:45:43Eles entenderam que Portugal agora era Espanha.
00:45:45Embora nunca foi.
00:45:47Felipe herdou o rei lá da Espanha.
00:45:49Ele herdou o reino porque ele era filho de uma portuguesa quando um rei de Portugal morreu lá no Marrocos.
00:45:54Não tinha mais descendentes ali pra assumir a coroa.
00:45:58Opa, é minha vez.
00:45:59Eu sou filho de uma princesa portuguesa.
00:46:01Logo, o reino de Portugal é meu.
00:46:03Mas nunca virou uma coisa só.
00:46:05A gente chama União Ibérica só como uma convenção, assim, sabe?
00:46:08Mas Portugal tinha um rei, que era Felipe I, e Espanha tinha o seu rei, que era o mesmo rei, Felipe II.
00:46:14Mas dois estados independentes.
00:46:15Entendi.
00:46:16Então a Holanda, sabe, depois que consegue essa independência, meu camarada, a Holanda vai com tudo pra cima das posses de Portugal.
00:46:24Tanto que chegou aí, né?
00:46:25Tanto que chegou aqui.
00:46:26Recife, né?
00:46:27Recife e tal.
00:46:28E você sabe um detalhe interessante nisso?
00:46:30Tem muitos historiadores que dizem que, e aí o Charles Boxer é um deles, que a guerra luso-holandesa foi considerada e pode ser considerada a verdadeira Primeira Guerra Mundial.
00:46:42Por quê?
00:46:42Porque aconteceu em todos os continentes.
00:46:46Aconteceu na Europa, aconteceu na América, aconteceu na África e aconteceu na Ásia.
00:46:52Porque a Holanda e Portugal vieram brigando pra todos os lados.
00:46:56Tudo que era lugar.
00:46:56E os povos ali, os reinos ali, foram se alinhando também, uns a portugueses, outros a holandeses, sabe?
00:47:02Então eles foram alterando a geopolítica do local com o apoio das elites locais também, pra guerrearem entre si e também conseguirem o avanço dos seus espaços.
00:47:13Muitos reinos africanos se tornaram poderosíssimos, derrotaram outros reinos africanos.
00:47:18Então, sabe?
00:47:18O interesse dessas elites foram se tornando aguçados também com a presença dos europeus ali.
00:47:24Então esse lance da Primeira Guerra Mundial é interessantíssimo a gente pensar por esse prisma, né?
00:47:27Que, de fato, em 1600 houve uma guerra global realmente pela dominação.
00:47:33Portugal venceu aqui no Brasil, na Batalha dos Guararapes, né?
00:47:38Nas duas Batalhas dos Guararapes, na metade do século XVII.
00:47:42Empatou na África, no Teatro da África.
00:47:44Ganhou Angola, ganhou Moçambique, mas perdeu outros entrepostos também.
00:47:49E na Ásia perdeu.
00:47:51Então a gente tem duas derrotas e um empate aí no meio, né?
00:47:54E se... e se tivesse perdido aqui, ganho aqui?
00:47:58Aliás, perdido, né? Portugal.
00:47:59Cara...
00:48:00O que você acha que ia ter sido diferente? Muita coisa?
00:48:02Na história, você perguntar o C é um problemão, hein, Sérgio?
00:48:06Pra ciência exata, o que pergunta é braba de você responder, cara?
00:48:10Porque o C pra história é o grande problema.
00:48:13Não, mas eu falo fazer igual àquela série que eu falo pro pessoal do Fora Humankind,
00:48:16que conta a história, a União Soviética ganhando.
00:48:19Sim, sim.
00:48:20Imagina se a Holanda tivesse ganho aqui.
00:48:22É, você consegue traçar alguns paralelos com a União Soviética,
00:48:25porque a gente fala de uma geopolítica muito moderna, né?
00:48:28É agora, século... metade do século XX, então você tem muitos mais dados.
00:48:32Mas com certeza teria sido muita coisa diferente.
00:48:34Teria mudado muita coisa.
00:48:35Porque, assim, o português, ele tinha um, vamos dizer assim,
00:48:38um apego muito maior à terra brasileira, de maneira geral.
00:48:41Tá.
00:48:42Ele encarava muito mais como uma coisa deles.
00:48:45Então, os portugueses que moravam aqui, de maneira geral, encaravam isso aqui.
00:48:49Não é nisso.
00:48:50No início, tinha uma certa resistência.
00:48:52Mas depois os portugueses começaram a entender isso aqui como terra deles mesmo,
00:48:55como, sabe, um apego territorial.
00:48:58Os holandeses sempre encararam muito como comércio, cara.
00:49:01Como lance.
00:49:02Tanto que o capitalismo, por assim dizer, surge com a Holanda, né?
00:49:05Com essas grandes navegações holandesas.
00:49:07E as empresas privadas tomam conta de todo negócio holandês.
00:49:12Entendi.
00:49:12Pagando impostos para a coroa.
00:49:14Já Portugal não, era o Estado mesmo.
00:49:16O Estado é que fazia empreendimento.
00:49:19Então, tinha esse lance da posse, né?
00:49:22Da terra, de viver aqui.
00:49:24Embora a exploração tenha acontecido também, como toda colônia aconteceu, né?
00:49:29Mas, então, é isso.
00:49:30Eu acho que seria uma outra realidade do ponto de vista de envolvimento.
00:49:33Talvez a Holanda explorasse mais até.
00:49:37Por quê?
00:49:38Por causa desse lance de comércio, né?
00:49:40Entendi.
00:49:41De empresa.
00:49:42E não como um projeto de local, né?
00:49:45De ficar aqui.
00:49:47Porque o lance de ficar aqui na América era um projeto que já existia desde 1600, cara.
00:49:51Desde o iniciozinho de 1600.
00:49:53Entendi.
00:49:531500 e pouco, já se discutia isso.
00:49:55Uma possível vinda da Família Real para o Brasil e tal.
00:49:58Tem documentos que atestam isso.
00:50:00Para dominar mesmo.
00:50:00Já, já para ficar, né?
00:50:02Porque é engraçado, você vai para Recife, por exemplo, cara, você nota uma diferença
00:50:05muito grande.
00:50:07Por exemplo, na minha área, na astronomia, a astronomia lá em Recife é super desenvolvida.
00:50:12É por causa de uma origem muito da colonização holandesa, entendeu?
00:50:15Ah, é?
00:50:15Mas você acha que tem a ver com isso?
00:50:17O pessoal lá que eu converso fala que tem, entendeu?
00:50:20Eu convenci com professores lá na universidade e tudo, eles falam que tem, porque existem
00:50:25muito livro e tem muita coisa e meio que eles foram herdando ali alguma coisa que sobrou
00:50:31e hoje, será que seria diferente?
00:50:33Fica aí a dúvida.
00:50:34Mas é uma pergunta interessante, sabe por quê?
00:50:36Portugal sempre foi muito inovador de 1500 até 1600.
00:50:41Depois de 1600...
00:50:42É porque a gente faz aquela zoeira, né?
00:50:43Que a gente está assim porque foi Portugal, né?
00:50:45Isso.
00:50:46Mas é que Portugal, na época, era o primeiro...
00:50:48Era top, né?
00:50:49Era a vanguarda, cara.
00:50:50Era.
00:50:51Tecnologicamente falando, na Europa, Portugal, Lisboa, principalmente, era o berço da ciência
00:50:56e tecnologia, cara.
00:50:57Marítima, principalmente, né?
00:50:59Desenvolvimento de instrumentos, né?
00:51:00Desenvolveram o astrolábio marítimo, desenvolveram o tal do Nônio, um matemático português
00:51:05chamado Pedro Nunes, sabe?
00:51:06Então, assim, o desenvolvimento científico em Portugal, cara, era uma coisa impressionante.
00:51:10Agora, o que não continua acontecendo.
00:51:12A partir do século XVII, Portugal, com a queda do rei português Dom Sebastião, Portugal
00:51:18foi ladeira abaixo, cara.
00:51:20Sabe, perdeu aquela...
00:51:22Como se tivesse atrofiado.
00:51:24Então, eu acho que, do ponto de vista tecnológico, faz sentido o Brasil ter se desenvolvido
00:51:29mais por essa visão empreendedora mais aguçada dos holandeses, né?
00:51:33Entendi.
00:51:33Acho interessante esse fato aí.
00:51:35E a Inglaterra entra onde nisso aí?
00:51:37Depois só?
00:51:37Depois, século XIX.
00:51:38É século...
00:51:39Metade do século XVIII aí, 1700.
00:51:42Porque Portugal domina o século XVI.
00:51:44Holanda domina o Índico século...
00:51:46E aí, Holanda...
00:51:47Sabe o que Portugal tinha feito?
00:51:50Holanda avança no projeto, assim, de navios.
00:51:53Qual que era um grande navegador holandês aí?
00:51:55Ah, cara...
00:51:56Tem o grande Maurício que chegou aqui, né?
00:51:59Ah, tá.
00:52:00Maurício de Nassau, né?
00:52:01Isso aí, o de Nassau.
00:52:02Ele foi um dos que a gente mais conhece, né?
00:52:05Agora, outros por nome, realmente, numa história holandesa de navegação, o que a gente tem
00:52:08é dados empíricos de grandes navios, os primeiros navios de linha, sabe?
00:52:13Que substituiram os galeões, como navios de guerra, muito maiores, com três ou quatro
00:52:18mastros, inclusive, com bombardas e canhões pesadíssimos.
00:52:22Aí, depois, com os ingleses, não só os navios de linha, como as fragatas, né?
00:52:26As fragatas, principalmente nas guerras napoleônicas, foram fundamentais.
00:52:29Lord Nelson, né?
00:52:31Para derrotar Napoleão, porque elas eram menos armadas, mas elas eram muito mais versáteis,
00:52:36né?
00:52:36Então, conseguiam cercar os navios de linha.
00:52:39Então, Inglaterra, enquanto uma potência, tardia.
00:52:43Mas, uma vez que se torna uma potência, meu amigo...
00:52:45Aí vai embora, né?
00:52:45Aí vai embora.
00:52:46É a que mais ficou com uma potência global marítima.
00:52:49E depois Estados Unidos, né?
00:52:50Então, esse livro fala sobre isso, essa ascensão.
00:52:56Tanto que, uma coisa interessante, os primeiros canhões a serem colocados na lateral dos navios,
00:53:01que dominaram todos os séculos seguintes, foi Portugal que desenvolveu, pô.
00:53:05É.
00:53:06Nesses galeões.
00:53:07Tanto que, esses canhões, eles eram colocados na linha do mar.
00:53:12Muitos deles.
00:53:13Entendi.
00:53:13Porque a bala ricocheteava.
00:53:16Caramba.
00:53:16E ela ia mais à frente.
00:53:17Ela avançava.
00:53:17Eles usavam aquela brincadeira que a gente faz, né?
00:53:19Isso aí.
00:53:20De jogar pedrinha na água.
00:53:21E não é?
00:53:22Fisicamente, você vê que funciona.
00:53:23Tá certo.
00:53:24Então, a estratégia militar na época eram três andares de canhões, mas os canhões próximos
00:53:31à linha da água eram muito usados justamente para levar mais a fundo.
00:53:34Então, quando eles chegaram lá na Índia, barquinhos pequenos, galés de guerra, putz,
00:53:40foi uma destruição completa, assim, do que era o que havia de poder marítimo lá.
00:53:46Por isso que, de novo, o poder marítimo hoje é fundamental para a projeção de poder.
00:53:52Estados Unidos ainda continua incomparavelmente superior, mesmo tendo menos navios.
00:53:58Porque a China tem mais navios.
00:54:00A Rússia tem mais navios, inclusive.
00:54:02Só que os navios da Rússia são velhos, por exemplo.
00:54:04O PIB da Rússia é uma tragédia.
00:54:06Entendi.
00:54:07O PIB da Rússia é menor do que o PIB da Califórnia, pô.
00:54:13O problema é a tecnologia dos navios americanos.
00:54:16Exatamente.
00:54:17Os porta-aviões são foda.
00:54:18Isso é que é insuperável mesmo nesse prisma, né?
00:54:21É foda demais isso.
00:54:22E que tinha naquela época, né?
00:54:25E que, como eu falei, esse desenvolvimento da tecnologia era algo que não tinha em lugar nenhum.
00:54:31Então, para os portugueses, mesmo em menor número,
00:54:34eles conseguiam conquistar muita coisa, né?
00:54:38Ó, o Mazinho Lins aqui mandou dezão, ó.
00:54:41Sérgio, sou de Recife e confirmo a influência da Holanda na astronomia.
00:54:45Investiram muito em ciência, ó.
00:54:47Mudando de assunto, quanto custa aproximadamente enviar um CubeSat?
00:54:51Ah, tá.
00:54:52Você mudou totalmente de assunto, cara.
00:54:54Hoje o pessoal aí, pelo jeito que o pessoal conta aí, 50 mil dólares, você consegue enviar um, cara.
00:55:01Tá?
00:55:01Não é tão absurdo, não.
00:55:03Sim.
00:55:03Tem pergunta ali na plataforma, Cris?
00:55:05Tem.
00:55:06Põe aí pra nós.
00:55:07Manda aí.
00:55:07Eliseu da Telerge.
00:55:11Telerge.
00:55:12Telerge informa.
00:55:14Vasco zero.
00:55:16Não era Telerge que informava Maracanã?
00:55:18Telerge, cara.
00:55:18É.
00:55:18Tiago, quando eu descobri o Impérios AD, maratonei todos os vídeos com a minha esposa.
00:55:24Sou do Rio de Janeiro e moro em Portugal.
00:55:26Curiosamente, moro em uma rua que chama Rua de Dio.
00:55:29De Dio, cara.
00:55:30Que maneiro.
00:55:30Sempre mando alguns dos seus vídeos para os meus amigos Tugas.
00:55:34Eles ficam impressionados.
00:55:35Eu conto bastante.
00:55:35O que é Rua de Dio?
00:55:36Maneiro demais.
00:55:37Não sei se o Eliseu pode responder.
00:55:39Ele é da onde de Portugal exclusivamente, né?
00:55:41Só pra eu saber.
00:55:42É o seguinte.
00:55:44Cara, é muito legal esse lance do Impérios AD, porque como eu faço as animações,
00:55:47a galera curte muito, porque eu sou irônico, né?
00:55:50Faço umas piadas e tal.
00:55:52Cara, em colégios, no Brasil inteiro, cara, em Portugal, no lance da pandemia, meus vídeos
00:55:57foram passados lá em Portugal, na RTP, na TV portuguesa e tal.
00:56:01Recebi muito, assim, professores usam os meus vídeos direto.
00:56:04Cara, maneiro demais você ver o trabalho reconhecido assim.
00:56:08E que ele disse que maratonou o Impérios AD, né?
00:56:10O lance de Dio, cara, é o seguinte.
00:56:13Foi a batalha mais importante do século XVI.
00:56:17Que consolidou o poder português lá na Índia.
00:56:19Entendi.
00:56:20Batalha de Dio, 1509.
00:56:22Por quê?
00:56:22Tinha um almirante português, vice-rei da Índia, depois Vasco da Gama, isso.
00:56:26A gente tá falando de 1509.
00:56:27Cabral já tinha passado por lá, né?
00:56:29O Império Português já tava criando raízes, mas não tinha criado ainda.
00:56:34Como os poderes muçulmanos e indianos perceberam lá que Portugal tinha um poder marítimo muito grande,
00:56:39a gente tem que expulsar esses caras daqui.
00:56:41E como que a gente expulsa esses caras com esses navios cuspidores de fogo?
00:56:48Uma coalizão.
00:56:49Então juntou lá mamelucos, juntou venezianos, inclusive, porque Veneza sofreu muito com a quebra do comércio no Mediterrâneo.
00:56:57Entendi.
00:56:58Porque tudo foi escoado pelo Atlântico, tudo.
00:57:00Então juntou venezianos, juntou mamelucos venezianos, juntou indianos, juntou a galera da Gujarat e formaram uma coalizão que possivelmente, segundo alguns historiadores, de novo,
00:57:10quando a gente vai pra século XVI, a gente tem registros, mas que a gente não pode comprovar 100% deles.
00:57:16Temos as fontes ali.
00:57:18E as fontes indicam isso, não só fontes árabes quanto portuguesas.
00:57:23Quase, mais cerca de 200 navios.
00:57:26Dessas galés de guerra, navios menores e tal.
00:57:29Ah, é.
00:57:29Duzentos.
00:57:30Duzentos.
00:57:30A gente tá falando de uma força nunca vista na história do Oceano Índico, na região de Dio, ali na costa oeste da Índia.
00:57:39E aí, Dom Francisco de Almeida, que é esse cara, esse vice-rei, perdeu o filho dele numa batalha um ano antes, poucos meses antes, na verdade, da batalha de Shao, em 1508.
00:57:49O cara ficou louco, transtornado, fora de si.
00:57:53Ele jurou vingar o filho.
00:57:54E não só jurou vingar o filho, ele jurou destruir todos os que tinham matado o filho dele naquela batalha de Shao, em 1508.
00:58:03E aí ele manda uma carta pro rei de Dio, o governador de Dio, que foi o líder dessa expedição, dessa coalizão, dizendo assim, olha, eu tô indo pra vocês aí.
00:58:13Essa carta é épica.
00:58:14Eu sempre quando falo essa carta, eu vou nos podcasts e a galera pergunta.
00:58:17É épica do ponto de vista, assim, do desafio que foi lançado.
00:58:20Ele, com poucos navios, tinha mais ou menos ali à disposição dele, mais ou menos cinco galeões de guerra, cinco.
00:58:28E o resto era tudo caravelas, navios menores, né?
00:58:30Então, de guerra mesmo eram cinco, essencialmente.
00:58:33Mas, mesmo assim, ele mandou uma carta pro governador de Dio, dizendo, olha, eu estou indo até você com a força de Deus, com os meus cavaleiros,
00:58:44e eu vou destruir você.
00:58:46E eu estou informando a você pra que você se prepare pra quando eu chegar.
00:58:50Você comeu frango, agora vai ter que comer o galo.
00:58:54Caramba!
00:58:55Fala sério, hein?
00:58:57Mandou essa.
00:58:57Mandou essa carta, cara.
00:58:59E o governador de Dio, Malik Ayes, ficou maluco.
00:59:02Falou, ferrou.
00:59:04E vai dar ruim, vai dar ruim mesmo.
00:59:05Aí ele juntou essa coalizão de frotas.
00:59:09Foi pra batalha de Dio em 1509.
00:59:11Foi uma devastação.
00:59:12Algumas fontes dizem que foi todos os navios, todos os 200 navios foram destruídos, né?
00:59:17Independente de terem sido 200 ou não, né?
00:59:20Da gente ter esse debate da quantidade.
00:59:22Porque quando a gente vai pra séculos atrás, quantidade é sempre um problema, Sérgio.
00:59:26Mas o que a gente tem é uma devastação definitiva do que havia de poder marítimo do Oceano Índico naquela época.
00:59:33Entendi.
00:59:33Independente da quantidade, né?
00:59:35Acabou o poder marítimo ali.
00:59:36Quem tentou foi o Império Otomano na metade do século XVI, ali por volta de 1530.
00:59:43Tentou cercar Dio também com suas galéias e não conseguiu.
00:59:46Dio era muito importante.
00:59:48Dio era um entreposto fundamental, cara.
00:59:49Era um entreposto indiano, né?
00:59:51Era indiano.
00:59:52Era, sabe, um centrão, um coração ali entre Ásia e África.
00:59:56Tem Dio.
00:59:56Então, sabe?
00:59:57E aí nessa batalha, então, Portugal...
00:59:59E hoje é o que lá?
00:59:59Chama Dio também?
01:00:00Chama Dio.
01:00:01Ah, chama também?
01:00:02Chama.
01:00:02Tem uma fortaleza de Portugal lá.
01:00:04Ah, legal.
01:00:04Tem uma fortaleza do século XVI lá, inclusive.
01:00:07Quer ver?
01:00:07Cris, coloca aí, por favor.
01:00:09É Fortaleza de Dio.
01:00:11DIU, cara.
01:00:12É, DIU.
01:00:13Isso.
01:00:14É só pra galera...
01:00:15Isso.
01:00:15Que acha que é bom que enriquece.
01:00:16Nem eu conhecia também, não.
01:00:18Ó, só completando aqui o Mazinho Lise, ele falou aqui, ó.
01:00:20Algumas das principais contribuições holandesas para ciência em Pernambuco,
01:00:24incluindo o estabelecimento do primeiro observatório astronômico das Américas.
01:00:27Ah, que legal, cara.
01:00:27Tem isso mesmo.
01:00:28Tá vendo?
01:00:28Tem isso mesmo, né?
01:00:29Tem sim.
01:00:30Olha aí.
01:00:30Ah, olha só, cara.
01:00:31Olha que fortaleza linda, cara.
01:00:32Põe um mapa aí, Cris, só pra gente ver onde fica esse Dio aí.
01:00:38Ó, que coisa linda, cara.
01:00:39Você vê que...
01:00:40500 anos, né?
01:00:41O Fortaleza de 500 anos.
01:00:42Dio Forte.
01:00:42Ah, dá um zoom out aí.
01:00:44Só pra ver onde que tá no...
01:00:47É um canalzinho, né?
01:00:48Vai ver que tem um canalzinho aí, ó.
01:00:50Tá vendo?
01:00:51Entendi.
01:00:52Isso aí é a ponta da Índia ali mesmo.
01:00:54Isso aí é a ponta da Índia, né?
01:00:55Aí, ó.
01:00:55Tá vendo?
01:00:56É a ponta oeste da Índia, né?
01:00:57Entendi.
01:00:58Isso, diminui mais aí, só pra galera ver, ó.
01:01:00Olha aí, tá vendo?
01:01:01Ah, só pra eu só entender.
01:01:03Então nós estamos com a Índia aqui, ó.
01:01:06Tá.
01:01:07Isso aí.
01:01:07Então os caras vinham daqui.
01:01:09Isso, subiam.
01:01:10Vinham daí.
01:01:11Paravam aqui.
01:01:13Depois eles contornaram, chegaram a contornar aqui pra ir pra lá, né?
01:01:16Pra ir pro Japão.
01:01:17Os portugueses foram os primeiros europeus a pisar no Japão.
01:01:20Mas aqui era um ponto.
01:01:20E essa fortaleza de que data mesmo?
01:01:22De século XVI.
01:01:24Essa fortaleza foi construída nesse período.
01:01:27Então não só os portugueses desenvolveram essas embarcações impressionantes,
01:01:31quando desenvolveram essas fortalezas.
01:01:32Por quê?
01:01:33Como eles estavam em pouquíssimo número, pouquíssimo número cercado de inimigos,
01:01:38então eles tinham que defender esses entrepostos comerciais.
01:01:41E depois os holandeses e os ingleses fizeram o mesmo projeto de fortalezas e tal.
01:01:46Então por isso que essa batalha é considerada por muitos historiadores como uma das mais decisivas da história.
01:01:52Porque virou o jogo.
01:01:53Foi a partir daí que a Europa começou a se tornar poderosa.
01:01:57Geopoliticamente falando, né?
01:01:58Em relação ao mundo mesmo.
01:02:01Porque antes o mundo muçulmano é que era mais poderoso.
01:02:04Muçulmano, indiano, né?
01:02:05A partir desse momento a dominação europeia se tornou pujante ali mesmo.
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