00:00Os novos depoimentos foram prestados na 10ª Delegacia de Homicídios, que fica em Camaragibe.
00:07Além dos pais de Esther, Isabela e Pereira da Silva, de 4 anos, foram ouvidos a avó materna, a tia paterna e duas vizinhas,
00:16que acompanhavam a família, seja quando a criança sumiu ou nas buscas realizadas na casa dos investigados.
00:24Com estas ouvidas, a polícia começa a montar com mais clareza a cronologia do crime.
00:31Até por volta das 3h30 ao 4h da tarde, Fernando Santos de Brito, de 31 anos, bebia a convite de um casal de vizinhos na casa da mãe da criança.
00:41No depoimento, ele disse que saiu dali nesse horário e que foi para a casa da mãe em outro bairro.
00:47Uma testemunha disse no depoimento que isso não é verdade, que ele ficou lá mesmo na casa da madrinha até a hora que teria ido para a casa, onde o corpo foi achado.
00:57A mãe de Esther contou que por volta das 5h da tarde, quando sentiu falta da criança e foi perguntar,
01:04o filho, de 7 anos, apontou a casa onde moravam Fernando e Fabiano Rodrigues de Lima, de 27 anos.
01:11Os dois estavam, cada um, numa parte da casa.
01:15Eu cheguei lá, eu chamei e ele demorou a sair.
01:22Fernando primeiro, mais alto.
01:24Aí quando ele veio, eu falei o que o meu menino falou, que ele me disse que um homem pegou minha menina e entrou dentro dessa casa.
01:33E eu quero ver minha menina aí, e eu quero minha menina.
01:36Aí ele disse a mim assim, eu estou com minha mulher ali, muito perturbada, eu vou ali falar com ela.
01:42Ele entrou, demorou um pouquinho, depois ele saiu.
01:47E ele fez assim, ele foi e abriu o portão.
01:53Primeiro, quando ele abriu o portão, eu entrei.
01:55Aí buracou?
01:56Foi, para a casa dele.
01:57E ele saiu, ele não veio junto comigo.
02:00E o que a senhora encontrou lá dentro da casa?
02:02Tinha essa mulher lá passando mal?
02:04Não, não tinha ninguém.
02:05Ninguém, ninguém, ninguém.
02:07Nenhuma mulher dentro.
02:08Ela vasculhou por ali, olhou?
02:10Olhei, só tinha uma cama, box.
02:14Desde casa velha, um guarda-comida derrubado assim, a casa estava cheia d'água, suja.
02:21Um banheiro, que era só um cômodo com o banheiro, né?
02:25E dali eu procurei sair dali.
02:29Quando eu saí da casa dele, fui para outra casa, que esse tal de Fabiano ia saindo.
02:36Aí eu pedi a ele para ver a casa dele também, porque meu menino viu minha menina entrando aqui com um rapaz.
02:43Aí fui, entrei dentro da casa dele e também não vi, até.
02:51O único local onde a mãe não pôde entrar foi justamente no quarto onde ocorriam os rituais religiosos praticados por Fabiano.
02:59Nossa equipe teve acesso com exclusividade a algumas imagens desse cenário, com velas, bebidas e instrumentos.
03:07Só um quarto, né? Que é umas coisas que ele tem de ritual, essas coisas, não sei o que é, né? De verdade.
03:18Porque ele realmente, bem dizer, não deixou eu entrar lá.
03:23Olhei na cacimba, não tinha nada.
03:26Minha menina não se encontrava ali ainda.
03:28Depois que Fernanda deixou a casa com o filho, a avó de Esther e esta vizinha que prefere não se identificar,
03:35mas que também prestou depoimento, foram até lá, mas acabaram impedidas de entrar.
03:41Quando eu ia passando, que eu ia subindo, a avó do menino ia descendo e falou comigo, disse,
03:48olha, a menina de Nanda sumiu e está aí dentro.
03:52Aí eu chamei ele, ele disse, peraí que eu vou aqui botar uma roupa.
03:57Aí ele foi, botou a roupa, saiu para fora muito doido, que ele estava bêbado,
04:01com a roupa toda desgovernada, com a roupa caindo, e dizendo, aqui não tem criança não, aqui não tem criança não.
04:07Na hora que ele abriu o portão, eu ainda olhei, mas não vi nada.
04:12Ele saiu brabo com a gente, dizendo um monte de bobagem lá, com a gente, que a menina não estava lá.
04:21E brabo mesmo, parece que estava bêbado, sei lá, que o comportamento dele era muito estranho.
04:29O que a polícia quer desvendar é o que aconteceu a partir desse momento.
04:34Inclusive, se nesse horário, entre seis e sete da noite, Esther já estava morta.
04:40Se o corpo foi colocado dentro do quarto de rituais ou dentro da cacimba.
04:46Tudo está sendo investigado.
04:47A polícia também sabe que, já à noite, entra na cena do crime pelo menos uma outra pessoa,
04:54a ex-mulher de Fernando, que foi citada pelos dois rapazes como a pessoa que ajudou a limpar toda a casa.
05:03Fernando disse que ela lavou tudo com a ajuda de Fabiano.
05:07Fabiano disse que ela só pediu a vassoura e entrou na outra parte da casa, onde Fernando estava embriagado.
05:14Mas ele também disse no depoimento que passou o dia fora, o que foi desmentido por outra vizinha,
05:19que viu quando ele saiu de casa por volta das quatro horas da tarde, horário de sumiço da criança.
05:25Os parentes de Esther sabem que há muita mentira sendo contada pelos investigados.
05:30Mas querem saber agora se, de alguma forma, essa mulher que limpou a casa,
05:35sob o pretexto de entregar o imóvel ao dono limpo com o fim do aluguel, colaborou com os dois.
05:41Nem que tenha sido para encobrir algo, apagar provas do crime, já que ela teria colocado fogo em alguns pertences.
05:48Eles tiraram móveis de lá para emar, exemplo, a ama, o chão, o sofá, foi tudo jogado no fogo para fazer o protesto.
06:00Então é algo que é realmente muito estranho, né? E ela é a esposa de um dos presos?
06:03Sim.
06:04Em meio à dor da família, Fernando ainda foi visto de cavalo, participando dos protestos na procura por Esther,
06:12aparentemente embriagado. O pai não se conforma com tamanha frieza.
06:16Uma barbaridade dessa que fizeram com a minha filha. Não vai ficar impune, não.
06:20Eu tenho fé em Deus que não vai ficar impune, não. E eu quero justiça.
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