Um estudo recente aponta que a valorização profissional dos professores no Brasil ainda é insuficiente. Cerca de um terço dos municípios do país não paga o piso salarial nacional, evidenciando a falta de reconhecimento. Reportagem: Julia Fermino
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00:00As vésperas do dia do professores, tudo mostra que o reconhecimento profissional da categoria ainda é um desafio.
00:08O Anuário Brasileiro da Educação Básica mostra que fatores estruturais se somam à falta de reconhecimento dos professores.
00:15De acordo com o documento, em um terço dos municípios brasileiros, os professores da rede pública recebem salários inferiores ao piso salarial nacional de R$ 4.800.
00:26E a situação fica ainda mais complexa para os professores de ensino infantil, já que de acordo com o estudo da Frente Parlamentar Mista da Educação, em parceria com o Equidade.info, 52% dos gestores não usam o termo professor para se dirigirem a educadores infantis.
00:45A maioria recorre a termos como tia ou pedagogo, o que de acordo com o coordenador do Equidade.info e docente da Stanford Graduate School of Education, o professor Guilherme Linshant, desvaloriza uma das carreiras mais importantes do país.
01:02O que a gente descobriu nesse levantamento é que mais de metade das escolas não chama esses profissionais de educação infantil de professores.
01:11Muitas vezes chama de tio, pedagogo, técnico de educação infantil.
01:16E essa nomenclatura não é só um detalhe administrativo, ela pode ter implicações reais, como a gente já comentou, sobre a estrutura da carreira, a valorização pela comunidade escolar e até a própria remuneração.
01:30Se a escola não chama esse profissional de professor, fica difícil garantir que o sistema de fato paga o piso da carreira para esses profissionais.
01:38Quando analisamos essa questão de forma regional, o levantamento da Frente Parlamentar Mista da Educação mostra que no Sul, o reconhecimento da categoria é praticamente unânime.
01:49Enquanto no Sudeste, nenhum dos gestores que participaram da pesquisa disseram usar o termo professor ao se referirem aos educadores que atuam nas creches e pré-escolas.
02:00A deputada professora e membro da Frente Parlamentar Mista da Educação, Luciene Cavalcante do PSOL-SP, reforça a necessidade urgente da valorização profissional, especialmente daqueles que atuam na educação infantil.
02:15E essas profissionais que estão lá no chão das creches, que a maioria é mulher, a maioria são mulheres negras, elas ainda enfrentam problemas gravíssimos e básicos, como não estarem enquadradas na carreira do magistério.
02:31Está enquadrada na carreira do magistério significa ter direito ao piso nacional do magistério, a formação, um terço da sua jornada é para a formação, até aposentadoria especial, a uma série de outros direitos.
02:45E o Brasil, como a nona economia do mundo, tem condições de dar respeito, dignidade às mulheres que têm formação.
02:53Elas passaram em concurso público, elas exercem hoje a função docente, elas são reconhecidas pelas famílias, pelas crianças, pelos bebês, como professoras, mas não são contratadas pelo poder público ainda hoje como professoras.
03:11E essa pesquisa traz luz a essa situação, que é uma situação grave de violação de direitos e que a gente está organizando a luta para poder superá-la.
03:21No Brasil, aproximadamente 600 mil profissionais de ensino atuam na educação infantil.
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