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O cientista social e pesquisador em Estudos Judaicos pela USP, Bruno Pekler, analisa o avanço das negociações de paz em Gaza, com mediação do Egito e participação dos EUA. Ele explica o papel de Israel, Hamas e dos países árabes na reconstrução do território e na busca por um cessar-fogo definitivo.

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Transcrição
00:00O primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, reafirmou o compromisso de atingir todos os objetivos da guerra em Gaza, com prioridade para a libertação dos reféns.
00:12Enquanto isso, o ministro das Relações Exteriores do Egito declarou que as negociações de paz avançam entre as duas partes envolvidas na guerra.
00:22O principal negociador do Hamas, Khalil Al-Hayah, declarou nesta terça-feira, durante as conversações indiretas com Israel no Egito,
00:32que o grupo quer garantias do presidente americano Donald Trump e dos países patrocinadores de que a guerra terminará de uma vez por todas.
00:41Não confiamos na ocupação nem por um segundo, afirmou ao meio de comunicação egípcio Al-Kahara News em referência a Israel.
00:48Ao longo da história, a ocupação israelense não cumpriu suas promessas e experimentamos isso duas vezes nesta guerra.
00:55Portanto, queremos garantias reais, acrescentou Khalil, acusando Israel de violar duas vezes o cessar-fogo no atual conflito.
01:03Os diálogos de paz sobre Gaza estão sendo realizados na cidade turística egípcia de Sharm el-Sheikh.
01:09As negociações continuam em Sharm el-Sheikh entre a delegação israelense e a delegação do Hamas, com participação regional.
01:23E a delegação americana se juntará amanhã.
01:26As negociações estão em andamento e estamos empregando todos os esforços para chegar a compromissos que garantam o fim desta guerra brutal.
01:35Uma delegação americana, chefiada por Steve Whitkoff, se unirá nesta quarta-feira às conversas indiretas entre Israel e o Hamas,
01:49para alcançar o cessar-fogo após dois anos de guerra.
01:52Com o início das negociações entre Israel e o grupo Hamas, surgiu uma pergunta.
02:00O quão perto a guerra está do fim?
02:03Para me ajudar a analisar esse assunto e a gente tentar entender o que ficou para trás, quais são os próximos passos,
02:10eu tenho o prazer de receber aqui no Estúdio Conexão o Bruno Peckler,
02:14que é cientista social e pesquisador em estudos judaicos pela USP.
02:18Em particular, eu queria a presença do Bruno aqui, porque eu sei que parte da formação acadêmica dele foi feita em Israel.
02:26Ele conhece ali o território, sabe, já esteve presente ali no território e consegue entender, então, a questão de dentro para fora,
02:35não nós, só de fora para dentro.
02:38Obrigado, Bruno, por estar aqui.
02:39Eu queria começar, então, para a gente entender, primeiro, em que pé que estamos nessa negociação de paz
02:47e o que tem ali de mais importante nessa negociação de paz Israel-Hamas,
02:53que está sendo ali, tem um arcabuço do Egito, vai ter uma participação de monitoria dos Estados Unidos,
02:59mas olhando para Israel e Hamas, qual é o cerne aí da discussão?
03:03Boa noite, Marcelo. Muito obrigado pelo convite.
03:06Primeiro, antes de pensar de fato no que é a proposta de paz,
03:11é importante que se faça uma menção às vítimas que foram ceifadas durante esse período de guerra,
03:19tanto as vítimas do lado israelense quanto as vítimas palestinas.
03:23Pensando sobre o acordo em si, existem alguns pontos importantes de serem destacados,
03:30alguns que tiveram concordância de ambas as partes, palestina e israelense,
03:36mas também alguns pontos que estão em aberto, que não foram totalmente esclarecidas.
03:43Isso passa, por exemplo, pela questão do desarmamento,
03:47que na resposta do Hamas para o plano de Trump não foi mencionada.
03:53É importante a gente pensar o que significam essas omissões de posicionamento.
03:59Aqui, até a última posição que a gente tinha, o primeiro, o Hamas tinha dito que não havia recebido,
04:09isso estou voltando um pouco no tempo, do encontro entre Donald Trump e o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu,
04:14isso foi já na semana passada, e depois o Hamas falou,
04:19a gente não recebeu, estavam abertos a estudar a iniciativa, o que avançou,
04:24por isso que eles estão no Egito, exige defesa dos interesses palestinos.
04:31Tem uma cláusula que chama bastante atenção, para a gente que acompanha isso diutinamente,
04:37a questão, Bruno, que o Hamas não participará dessa, vou colocar entre aspas, a nova faixa de Gaza.
04:46Eles não estarão presentes na administração dessa reconstrução, da recolocação da população.
04:54Você, como um cientista político, estudou essa questão, você acha isso que é factível?
04:58Isso, essa administração pode ir para quem, por exemplo?
05:01Esse é um ponto muito importante mesmo, Marcelo.
05:04Quando a gente pensa na continuidade da governança da faixa de Gaza,
05:08é muito difícil pensar em uma ausência completa do Hamas dentro desse espaço político.
05:16O que se diz dentro das pesquisas em Oriente Médio é que a autoridade palestina tem pouca força dentro do mundo árabe
05:26e que, portanto, não é uma certeza que tem a força política para governar esse espaço.
05:34E que, portanto, o Hamas tem, sim, interesse e força política ainda para estar presente dentro desse governo.
05:43Bruno, daqui a pouco a gente volta para essa tela.
05:44Eu queria voltar porque a gente tem aqui, como você muito bem enfatizou, eu vou trazer esta daqui, que eu estava procurando.
05:54Os reféns vivos e mortos, os corpos, em até 72 horas.
05:58A gente entende também a posição do Donald Trump, ele é muito verborrágico, ele vai falando.
06:03Convenhamos que essas 72 horas, elas já se esvaíram, né?
06:07Mas ainda existe essa esperança e uma sinalização do Hamas de devolver os reféns e os corpos.
06:14Em contrapartida, é uma oferta que parte dos Estados Unidos e de Israel.
06:18250 prisioneiros, inclusive pessoas que foram condenadas à prisão perpétua, já cumprem pena em penitenciárias de Israel.
06:26E 1.700 detidos na guerra dos últimos dois anos.
06:31Isso aqui é um ponto importante, né?
06:33Em qualquer guerra que a gente analise, o prisioneiro, ele passa a ser um elemento de troca muito importante.
06:40Essa desproporção, nós estamos falando aí talvez de pouco mais de 20 vivos, dos mortos, somando aqui talvez uns 45, 47 entre corpos e pessoas,
06:53contra 2 mil pessoas do outro lado.
06:57Aqui Israel teve que abrir mão de muita coisa para essa questão.
07:04Como é que você interpreta essa desproporcionalidade?
07:07Esse é um ponto essencial, realmente, Marcelo.
07:11Quando a gente para para pensar, a gente está, dessa maneira, lidando com pessoas como se fossem moeda, como se fossem objetos de troca.
07:20E numa situação como essa, de troca de reféns e prisioneiros, nesse contexto de Hamas e Israel,
07:28não é a primeira vez que essa desproporção acontece.
07:31Acontece em outras situações, como no caso do sequestro do soldado Gilad Shalit, a mesma situação se colocou.
07:39Foi o retorno de Gilad Shalit em troca de milhares de prisioneiros palestinos.
07:45Agora, encerrar o conflito entre Israel e Hamas, a gente está vendo isso, garantir a segurança de Israel, a reconstrução da faixa de Gaza.
07:54Eu queria entrar para a gente olhar um pouco para o território.
07:57Essa mancha aqui, essas cores avermelhadas que eu pintei aqui no território, eles pertencem a umas fases de retirada gradual do exército.
08:08Hoje tem praticamente mais de 80% do território da faixa de Gaza tem algum tipo de ocupação das forças armadas israelenses.
08:18E essa retirada vai ser gradual, Bruno, e aqui esta mancha mais externa seria uma espécie de um cordão.
08:27O monitoramento de Israel para a faixa de Gaza, para evitar esse ataque, é uma coisa que já se estende há décadas.
08:34Você acredita que vai poder haver realmente aqui um estabelecimento da paz?
08:41Vai ter de haver outras presenças, talvez do Egito, da Jordânia, para garantir que o Hamas não se reorganize e volte?
08:50Essa questão é complexa, envolve toda essa questão de fronteiras dentro do Oriente Médio que cada vez mais vai se esmiuçando.
09:00Com relação a esses países vizinhos que fazem parte do projeto e do processo de reconstrução da faixa de Gaza,
09:11entende-se que a presença de outras autoridades de segurança também pode ser importante dentro desse período de transição.
09:20Claro. Vamos para a gente encerrar, Bruno, para a gente falar do futuro da faixa de Gaza.
09:25Você falou dos outros países, a gente tem aqui um zoom no mapa, a faixa de Gaza, Israel,
09:31mas eu vou trazer para cá porque a gente também tem um conselho de paz liderado pelo Trump,
09:38o ex-primeiro-ministro do Reino Unido, Tony Blair, venha a fazer parte, mas o que eu queria chegar era aqui.
09:46A gente tem outros países árabes importantes, petroestados, como Arábia Saudita, dos Emirados Árabes Unidos,
09:52eles podem ter uma função ou então uma importância nessa fase de reconstrução?
10:02Vou resumir a pergunta, o que deve ser o futuro da faixa de Gaza agora?
10:05Como vocês mencionaram anteriormente, estima-se algo na casa de 50, 60 bilhões de dólares na reconstrução da faixa de Gaza
10:14e isso passa justamente por um aporte também da Arábia Saudita e Emirados Árabes Unidos.
10:19O que é importante de destacar aqui é a relação que os Estados Unidos mantêm com esses países árabes,
10:27com questões de investimentos de outros temas também, em especial com relação à produção de energia.
10:33Então, esses dois países em especial, assim como outros, como o Catar, que também faz muito parte desse processo,
10:43colocam-se aí como agentes, como atores nesse processo de reconstrução.
10:49Bruno, para a gente amarrar, agora eu vou te fazer essa pergunta como cientista político.
10:53A gente tem uma área de terra arrasada, a destruição de casas, da infraestrutura, um êxodo enorme,
11:02pessoas que talvez com o tempo voltem.
11:04Como é que se reestrutura uma sociedade começando pela governança?
11:09Seria possível reestabelecer um outro partido, afastando o Hamas,
11:16diminuindo talvez a atuação da autoridade palestina?
11:20Resumidamente, dava para resetar e começar do zero agora essa reconstrução da faixa da Gaza?
11:27Você como cientista social, o que as ciências sociais falam sobre isso?
11:32Olha, Marcelo, dentro do que se pensa na sociologia, na ciência política,
11:39é sempre muito importante olhar para essas estruturas oficiais de governos,
11:44e a relação que esses governos têm com a sociedade.
11:46Muito importante que daqui para frente se construa uma autoridade dentro da faixa de Gaza
11:53que seja menos radical e flexível, assim como também é necessário que algum próximo governo
12:01dentro de Israel seja também mais favorável ao estabelecimento de um Estado palestino,
12:06que é o final desse processo de paz que está sendo proposto pelo presidente Donald Trump.
12:10Mas, acima de tudo, acima dos governos que possam ser estabelecidos ali,
12:17o que eu acredito, Marcelo, é que é necessário uma reestruturação de como se educa,
12:26de como se educam essas duas populações, de como se educam as crianças que vão ser as futuras lideranças.
12:32Falar de futuro da reconstrução da faixa de Gaza passa também por como essas relações humanas são construídas.
12:40Perfeito. Queria agradecer muitíssimo aqui a presença do Bruno Peckler,
12:45que é cientista social, pesquisador em estudos judaicos, parte dessa formação ele fez em Israel.
12:51Então, pode fazer essa leitura quase com uma memória celular de uma área que ele conhece tão bem.
12:58Bruno, espero que você volte aqui mais vezes, porque a gente ainda vai ter muita coisa para falar de Israel e da faixa de Gaza.
13:06Obrigado mais uma vez. Até a próxima.
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