Pular para o playerIr para o conteúdo principal
O plano de paz anunciado por Donald Trump e Benjamin Netanyahu promete cessar-fogo rápido, mas não envolve o Hamas. Nesta entrevista, Helena Cherem, Mestra em relações internacionais e especialista em geopolítica do Oriente Médio, explica por que a ausência do Hamas, a proposta de governança tecnocrata e o pedido de entregas simultâneas (reféns, armas e prisões) tornam o acordo logisticamente e politicamente frágil.

🚨Inscreva-se no canal e ative o sininho para receber todo o nosso conteúdo!

Siga o Times Brasil - Licenciado Exclusivo CNBC nas redes sociais: @otimesbrasil

📌 ONDE ASSISTIR AO MAIOR CANAL DE NEGÓCIOS DO MUNDO NO BRASIL:

🔷 Canal 562 ClaroTV+ | Canal 562 Sky | Canal 592 Vivo | Canal 187 Oi | Operadoras regionais

🔷 TV SINAL ABERTO: parabólicas canal 562

🔷 ONLINE: https://timesbrasil.com.br | YouTube

🔷 FAST Channels: Samsung TV Plus, LG Channels, TCL Channels, Pluto TV, Roku, Soul TV, Zapping | Novos Streamings

#CNBCNoBrasil
#JornalismoDeNegócios
#TimesBrasilCNBC

Categoria

🗞
Notícias
Transcrição
00:00Sobre os desdobramentos do plano de paz para a faixa de Gaza, divulgado hoje pelo presidente americano Donald Trump,
00:07o primeiro-ministro israelense Benjamin Netanyahu, eu converso com a professora Helena Schering,
00:12que é mestre em relações internacionais e especialista em geopolítica do Oriente Médio,
00:17a quem eu sempre agradeço a presença, porque eu sei que é uma conversa bastante rica em todas as nossas experiências.
00:24Professora Helena, vamos começar com o seguinte, eu vou falar da minha parte aqui jornalística.
00:31Quando nós vamos a uma press conference, uma conferência de imprensa, uma coletiva de imprensa, achei a palavra que eu estava procurando,
00:40e os oradores não querem responder perguntas da imprensa, a gente automaticamente entende que há muitas lacunas no plano
00:53e eles não querem ficar ali na saia justa de serem questionados e não saberem responder.
00:59A principal lacuna, não precisa ser especialista em relações internacionais, já fica muito claro, né, professora Helena,
01:05que um outro lado do conflito, o Hamas, não participou das negociações.
01:12Eu não quero ser o pessimista aqui da nossa conversa, mas qual é a chance disso dar certo?
01:18Boa noite à senhora mais uma vez.
01:19Boa noite, Marcelo, muito obrigada por me receberem aqui novamente.
01:24Então vamos lá, pontualmente, qual é o grande problema de não ter trazido o Hamas para dentro dessa conversa?
01:30Bom, não só o Hamas em si, como são dois líderes que estão falando sobre um território que não pertence a nenhum dos dois.
01:39Então, a partir do momento em que a gente parte dessa ideia de nós vamos resolver o conflito de vocês,
01:47claramente aqui, como você comentou, fica uma lacuna, né, está faltando alguma coisa.
01:51Então, é muito difícil o Hamas participar desse tipo de negociação.
01:56Inclusive, essa é uma das grandes divisões que ele tem com o Fatah, por exemplo,
02:02que é um outro grupo paramilitar, também palestino,
02:07mas que está um pouco mais, assim, não tanto, mas um pouquinho mais para dentro desse tipo de negociação
02:13quando a gente fala da Cisjordânia.
02:16Mas como a gente em Gaza fala, pura e simplesmente, de um governo do Hamas,
02:21não tem como a gente ter a garantia de que, por exemplo, o plano de 20 pontos levantado pelo Donald Trump vai acontecer.
02:27Assim como um dos elementos que foi levantado também seria uma possível governança muito tecnocrata,
02:36apolítica, mas, poxa, perceba, como a gente fala de uma governança apolítica,
02:41se o Conselho de Paz seria liderado pelo Trump.
02:47Inclusive, aqui, já trazendo um pontinho extra também,
02:51há rumores, há uma possibilidade de o ex-ministro britânico Tony Blair
02:56ser chamado para governar essa Gaza pós-guerra.
02:59Então, veja, como que a população de Gaza vai simplesmente acatar essas informações,
03:07vai simplesmente acatar essas ordens internacionais,
03:10e a gente vai entender isso como paz.
03:13Há um buraco aqui muito grande que, assim como você falou,
03:18o fato, justamente, de eles não terem respondido perguntas depois,
03:22nossa, o que mais nos deixou, assim, com uma pulga atrás da orelha?
03:25É, também não querendo ser pessimista, mas a probabilidade desse acordo funcionar,
03:30e ainda mais como o Trump falou,
03:31nas próximas 72 horas ele tem que ser aceito,
03:34nas próximas 72 horas eu já quero começar a ver reféns liberados.
03:37Você joga tudo para cima das costas do Hamas,
03:41então, ou eles aceitam, ou a guerra continua plena e simplesmente.
03:45É uma distância ainda muito pesada, né?
03:47Professor Helena, não são só rumores.
03:49Eu coloquei aqui numa linguagem gráfica, com tópicos,
03:53para a gente ir ticando alguns dos principais pontos apresentados pelos dois líderes,
03:58e está aqui, né, um conselho de paz liderado pelo Trump.
04:03Eu não quero desmerecer o Donald Trump, não estou fazendo nenhuma crítica,
04:06mas convenhamos que o Donald Trump não é talhado nas escolas de diplomacia, né?
04:10A formação dele é outra.
04:12E o Tony Blair, ex-primeiro-ministro do Reino Unido,
04:17ajudaria esse board, esse conselho,
04:20sendo que os britânicos têm um passado na região,
04:24mas não estão diretamente envolvidos na questão.
04:26Porém, eu quero voltar aqui daqui a pouco,
04:29eu quero começar com outra tela, que é o seguinte, né?
04:32Objetivos principais é encerrar o conflito, a gente entende,
04:36garantir a segurança de Israel, óbvio,
04:39reconstruir a faixa de Gaza, aí já começa a ficar um pouco mais complicado.
04:44Não é tão simples quanto colocar no papel.
04:47Mas aqui, ó, a libertação de todos os reféns vivos e os corpos em 72 horas,
04:52como a senhora frisou,
04:53mas o que me chamou a atenção, isso aqui, ó,
04:56prisioneiros, os 250 que estão em prisão,
05:02em prisões em Israel, condenados, inclusive,
05:04a longuíssimas penas, penas perpétuas, alguns deles,
05:09e 1.700 detidos durante a guerra.
05:13Quer dizer, isso não é tão simples de fazer uma entrega dessa.
05:17E qual é a chance de revivermos este conflito num espaço de tempo um pouco maior,
05:24quando esses outros militantes do Hamas estiverem livres e talvez cooptados num discurso de que vamos recomeçar esse conflito,
05:36porque tomaram um território que era nosso?
05:38A gente tem dois pontos.
05:41O primeiro deles que eu queria ressaltar é o fato de que o Hamas,
05:46ele é o que a gente chama de grupo armado não estatal.
05:49Considerado terrorista por boa parte do Ocidente, por boa parte dos países do mundo,
05:54por boa parte das organizações internacionais,
05:56Mas, ainda assim, o fato de ele não ser um país,
06:00o fato de ele não estar constrito necessariamente a um território,
06:05faz com que essa ideologia seja muito mais fácil de ser disseminada.
06:10Então, é muito fácil surgirem novas células, por exemplo.
06:14Só para fazer aqui um paralelo, ainda que eu esteja forçando um pouquinho a barra na tradução,
06:18mas se a gente fizer um paralelo, por exemplo, com o Estado Islâmico,
06:21não estou falando que eles estão no mesmo nível,
06:22mas se a gente fizesse com o Estado Islâmico,
06:24de novo, também não tinha exatamente, sabe, um cerquinho de território.
06:28Então, mesmo que a gente tenha completamente destruído o Estado Islâmico,
06:31bateu alguns anos aqui, a gente já começou a ver pipocar células pelo Oriente Médio.
06:36Então, a ideia é essa, como que você destrói um grupo,
06:40na ideia de você destruir uma ideologia,
06:44na ideia de você destruir uma mentalidade,
06:46versus você destruir um território.
06:48O território, Israel conseguiu destruir bem razoavelmente,
06:53a parte de gás já está, hoje em dia, completamente inabitável.
06:56Não inabitada, mas inabitável.
06:58Então, a gente tem esse ponto.
07:00É muito difícil a gente acabar com isso.
07:02Segundo ponto, concordo com você,
07:04é muito difícil a gente fazer essa troca de reféns tão rápida,
07:08e dessa forma abrupta.
07:09Meu Deus, em 72 horas, eu fazer uma troca de mais de mil pessoas,
07:13é virtualmente impossível.
07:14E ainda tem outros elementos aqui dentro,
07:17que inclusive já foram chamados a atenção por algumas instituições internacionais,
07:22dentre elas de que, se não me engano, o número é 1.700,
07:26dentre esses 1.700 presos políticos,
07:31a gente tem mulheres e tem crianças.
07:33Então, na ideia seria, primeiro mulheres e crianças,
07:36e depois o restante.
07:38Isso é algo que inclusive tinha sido pontuado
07:39em outras possibilidades de negociação de paz,
07:43em outros planos propostos por outros países e tudo mais.
07:46Mas, justamente essa ideia do plano de 20 pontos do Trump
07:49é que tudo isso, tudo que você está mostrando em todas as telas,
07:53ocorra ao mesmo tempo.
07:55É para parar a guerra, é para entregar a arma,
07:57é para entregar os detentos, é para sair...
08:00É muita coisa ao mesmo tempo.
08:02Então, assim, logisticamente falando,
08:05concordo com você, também não quero ser pessimista,
08:06mas logisticamente falando,
08:07isso acontecer em 72 horas,
08:10acho bastante improvável.
08:13Professora Helena, é uma pena,
08:14nosso tempo está acabando,
08:16mas eu vou puxar os últimos dois minutos de conversa
08:19que nós temos para um mix de o que me chama a atenção.
08:22A gente falava agora há pouco, né?
08:24Um Conselho de Paz, liderado pelo Trump,
08:28com o Tony Blair e Ramaz e a autoridade palestina
08:32fora da administração daquilo que pode vir a ser
08:36uma futura nova faixa de Gaza.
08:39E aí, eu vou avançar aqui um pouquinho,
08:42assim que a tela me der aqui essa autonomia,
08:45um financiamento de reconstrução
08:47que vem de Arábia Saudita e Emirados Árabes Unidos
08:52junto com os Estados Unidos.
08:54Eu sei que eu coloquei bastante coisa no mesmo balaio,
08:56mas é só para a gente amarrar esse final
08:58e lhe devolva a palavra.
09:01Tranquilo.
09:02De modo geral, a gente está falando tudo a mesma coisa.
09:05Então, a gente está falando de um espaço,
09:08um território que será governado por pessoas
09:10que não são de lá
09:11e toda uma logística de reconstrução e infraestrutura
09:16que também não vai ser decidido por ninguém de lá.
09:19Então, por mais que a gente parta do princípio
09:21todo e qualquer participante do Ramaz
09:23é um terrorista que tem que ser derrotado.
09:25Tá, beleza, ok.
09:26Partamos desse ponto.
09:27E todos os outros habitantes
09:29e todas as outras pessoas que moram em Gaza
09:30são mulheres e são crianças
09:32e são, enfim, homens,
09:34mas que não fazem parte do Ramaz.
09:35X outros pontos.
09:37Todas as pessoas, a opinião delas,
09:38a vivência delas,
09:39vai ser ignorado delas
09:41porque elas estavam sob o governo do Ramaz
09:43desde 2006, diga-se de passagem?
09:46É algo muito complicado, né?
09:48É algo muito difícil.
09:48A gente também não ia gostar que chegassem aqui no Brasil
09:50comandando, mandando a gente fazer algo, né?
09:54Então, acho algo muito complicado.
09:56Porque aí faltou muito diálogo,
09:57faltou muita diplomacia,
09:58faltou muita coisa.
10:00E sinto o meu pessimismo,
10:02mas eu não vejo isso saindo para frente tão logo.
10:05Professora Helena Scheren,
10:07além do meu agradecimento,
10:09eu quero amarrar uma próxima conversa,
10:11porque essa reconstrução,
10:14vamos partir do princípio que vai tudo dar certo,
10:17vamos ser agora os otimistas da conversa, né?
10:20Que a faixa de Gaza vai vir a ser reconstruída,
10:23que a paz seja estabelecida,
10:26e aí a gente volta a discutir esses elementos, né?
10:28Arábia Saudita, Emirados Árabes Unidos,
10:31Estados Unidos, Israel,
10:32acordos de Abraão,
10:34porque tem bastante coisa para a gente falar,
10:36mas deixa a história escrever os fatos
10:38que depois a gente tenta esmiuçá-los.
10:42Eu queria agradecer publicamente aqui
10:44ao compartilhamento do conhecimento
10:46da professora Helena Scheren,
10:48é sempre uma garantia de um excelente papo
10:51de altíssimo nível,
10:52ela que é mestre em relações internacionais
10:54e uma especialista em geopolítica do Oriente Médio,
10:57por isso que eu fiz questão de conversar com ela
10:59nessa noite de segunda-feira.
11:01Professora Helena, muito obrigado mais uma vez,
11:03até uma próxima,
11:04que eu tenho certeza que vai ser muito em breve.
Seja a primeira pessoa a comentar
Adicionar seu comentário

Recomendado

0:26