00:00Professora, o que os dados meteorológicos indicam sobre a intensidade e a frequência do calor extremo em Belém no mês de outubro, principalmente nos últimos anos?
00:09Olha, a série temporal desde 1923 que Belém tem, ela já tem 100 anos de data, de temperatura, de precipitação.
00:18Tem apresentado aumento de temperatura do ar. E nisso a temperatura mínima e a máxima também tem que se elevar.
00:26Nos últimos anos tem que ter sido o ápice dessa temperatura, chegando a 34 graus, 34 graus e meio, principalmente em outubro, a temperatura máxima.
00:37Nós temos, estamos próximos de uma mananciagem de água. É bem diferente um calor do deserto do Saara, que o ar é seco, e um calor úmido.
00:46Então é diferente a sensação, a sobrevivência humana. Aquele local, naquele nicho, com uma escala micro, ali de metros, né?
00:55Ali o derredor, onde está havendo a rumaria, isso deve elevar a temperatura muito mais.
01:01Nós não temos medida nesse nível, mas é esperado que as temperaturas sejam muito maiores do que no local, na estação meteorológica que está medindo.
01:10Então a gente tem essas medidas lá, mas nesse nicho, onde está a rumaria, com certeza aí se extrapola.
01:16Então seria até interessante, quem sabe, um projeto visando a vida, a qualidade de vida, que esse evento de fé que existe na nossa cidade.
01:26Porque imagina, as pessoas com a questão das mudanças climáticas podem ficar até inibidas de vir para Belém.
01:31Vai um lugar muito quente, eu já fui alguma vez, e agora a temperatura está subindo.
01:36E aí você levando o contraponto, que é a verdade, através do quantitativo de medidas feitas durante o evento, seria algo extraordinário.
01:46Isso continuamente, ano a ano, né?
01:48Para que a sociedade, quem vende fora os visitantes, sejam alimentados por essas informações.
01:54Então é importante que haja estudos que façam isso, essas coletas, dentro do movimento.
02:00Mas seria locais estabelecidos por medidas contínuas durante aquele evento.
02:05Seria extraordinário essas informações.
02:08Eu acredito que a tendência é aumentar, porque a cidade está cada vez mais sem planejamento,
02:15sem o devido adequação para reduzir, que seria através da vegetação,
02:21corredores de vegetações específicas para atenuar essa temperatura que chega nos objetos,
02:28na superfície onde é grande absorvedor de calor, como o asfalto, o concreto.
02:33Então tem que se fazer isso aí, tem que se fazer.
02:36É importantíssimo que cada vez mais os administradores pensem nisso,
02:42nessa reforma na cidade de Belém, no sentido de buscar esses corredores de vegetação específica,
02:51adequada, para que a gente tenha sombra, tenha parques.
02:54A gente tem duzentos e poucas praças em Belém.
02:57Quantas têm vegetação?
02:59Como essa aqui, que é a Praça da República.
03:01Pouquíssima.
03:02Você também não enche a mão dos dedos.
03:04Então é importante ter um foco nesses aspectos.
03:07Então é possível, a universidade pode até auxiliar, caso o governo venha a precisar,
03:13fazer uma previsão específica.
03:14Como esse estudo que eu estou aqui falando é com base em dados meteorológicos.
03:19É uma dissertação em um TCC que nós temos com estudos, tanto da população, quantidade de romeiros,
03:26associada a uma série de mais de 50 anos de dados,
03:29olhando o aspecto horário, diário, mensal de outubro,
03:34e esse outubro dentro de cada ano, de 50 anos.
03:38Então é na tentativa de entender o que está acontecendo,
03:41para ver o que vai acontecer.
03:43E isso nós podemos auxiliar com análise, com monitoramento e previsão do tempo.
03:49O que vai atenuar uma vez ou outra?
03:52Vamos supor que Belém seja feita alterações, principalmente nas áreas onde os romeiros,
03:58se a gente olhar, tem alguns setores de romeira que tem uma certa vegetação.
04:03A Avenida Nazaré, que é onde os romeiros passam.
04:06Então eles ficam ali muitas vezes, além de estar na corda,
04:10eles ficam pelas calçadas, onde tem vegetação,
04:13para poder se proteger naqueles horários.
04:15Tem a temperatura mínima também, que é uma temperatura que é muito importante.
04:19Às vezes a gente pensa na máxima.
04:21Só que é essa que ocorre 2, 14 horas à tarde,
04:25no horário que o sol está bem aqui sobre a nossa cabeça.
04:28Mas a mínima que ocorre é 6 horas da manhã, antes dos raios solares,
04:32ela tem apresentado também aumento.
04:35E o que significa isso?
04:37A gente pouco percebe, porque como ela ocorre num horário em que o sol ainda não nasceu,
04:43mas tem noites que são muito quentes.
04:45Então o consumo de energia elétrica, de ar-condicionado,
04:49e como a gente ainda não tem uma energia limpa e sustentável,
04:53depende de hidrelétricas e aquilo,
04:55isso é uma bola de neve.
04:57Isso vai crescendo se a gente não tomar providências agora.
05:00Então são vários aspectos que tem que caminhar junto com a variabilidade natural da natureza.
05:06Porque tem um comando natural do planeta Terra aí.
05:09Existe a Terra gira, tem um sol, a gente não tem comando sobre esse sistema.
05:14Onde é que nós temos comando?
05:16Na nossa casa, o administrador na cidade.
05:18Isso aí eles têm comando.
05:20Então, o conhecimento científico vem auxiliar essa posição,
05:25a forma das atitudes, das ações na administração pública.
05:29Isso é o que os países de primeiro mundo fazem.
05:31No nosso país, Brasil, São Paulo,
05:34é uma capital que dentro da prefeitura de São Paulo,
05:37existe um núcleo de meteorologia.
05:39Por quê?
05:40O prefeito está diretamente ligado a esses servidores que trabalham para abastecer,
05:47para dar resposta, para que ele esteja atento às suas ações.
05:51Precisa ter uma previsão adequada, um monitoramento primeiro,
05:55que é o acompanhamento, por exemplo, o próximo sírio desse ano.
05:59Esse ano, como é que foi o período chuvoso?
06:02Quem é meteorologista e trabalha com tempo e clima,
06:05sabe que o antes, dependendo da escala, interfere no depois.
06:09Então, se eu não tive uma estação chuvosa adequada,
06:13ou seja, dentro da normalidade ou acima,
06:15o meu outubro vai ser mais crítico.
06:18O meu junho, julho, agosto, setembro vai ser mais crítico.
06:21De temperatura, porque o solo, se ele não absorveu,
06:25não infiltrou água, não está, a vegetação não está saturada,
06:29satisfeita, bem alimentada da chuva do período chuvoso,
06:33o que vai acontecer no segundo semestre?
06:35Então, isso é um monitoramento que é necessário fazer.
06:38Além disso, existem outros indicadores,
06:41porque é importante a gente saber que o clima e o tempo,
06:44ele não tem efeito apenas no local, ele tem efeito à distância.
06:49Existem circulações globais que independem do homem,
06:53independem da rotação da Terra, dos movimentos.
06:56Quando tem furacão no Atlântico, Belém muitas vezes tem subsidência.
07:01E o que é subsidência?
07:02Céu claro, não tem a chuva da tarde, temperaturas elevadas.
07:06Dias, centímetros, então essas coisas à distância, fenômenos que não acontecem aqui.
07:11Furacão, que bom que não acontece.
07:13Mas nós só temos efeito dele, porque ele está numa rota de circulação
07:17que tem interferência na atmosfera do Belém.
07:20Então, esse monitoramento vai nos levar a entender o que outubro,
07:25como outubro vai estar?
07:26Vai estar dentro do que o Romero já conhece?
07:29Aquele calor, aquela umidade, tem que beber bastante água,
07:33tem que trazer uma sombrinha, se for possível.
07:37Então, esses são comandos, aqueles esperados que o Romero deve ter como adequação para aquilo.
07:44E a administração, cada vez mais, claro, existe um abastecimento de água,
07:48que é para hidratar as pessoas.
07:50Isso é fundamental.
07:51Então, mudar a superfície.
07:53Como mudar?
07:54Tem que ter estratégias.
07:55Planejamento Urbano.
07:57Para onde que podemos melhorar Belém,
08:00no aspecto que não é todo lugar que vai ser favorável.
08:03Por exemplo, nós temos o Tinga, que é uma reserva,
08:06um app importantíssimo, o Bós-Bio Rodrigues Alves.
08:09Nós temos nichos de vegetação em Belém,
08:12uma cidade que é na Amazônia.
08:14Então, todo mundo que quer chegar aqui,
08:16acha que Belém tem uma cobertura vegetal extraordinária.
08:20E, na verdade, nós não fizemos isso no passado.
08:23E hoje, precisamos correr atrás para modificar essas condições da superfície.
08:28Isso também não significa dizer que não vamos ter períodos mais quentes,
08:33nem períodos um pouco com temperaturas mais amenas, mais adequadas.
08:36Vai acontecer alguns períodos também, mas não ao extremo.
08:40A gente vai fazer o que está o nosso alcance.
08:43É o quê?
08:44É uma cobertura da superfície de modo, em área urbana,
Seja a primeira pessoa a comentar