O fascínio pelo céu não está restrito a cientistas ou grandes centros de pesquisa. A astronomia, além de ciência, também se tornou um hobby capaz de despertar aventura, paciência e curiosidade em pessoas de diferentes idades. Em Belém, esse interesse ganha força entre apaixonados pelo universo, que encontram no Planetário, por exemplo, um dos principais pontos de encontro e aprendizado. Para os admiradores do céu, é também uma porta de entrada para compreender noções de física, navegação celeste e a própria relação do homem com o cosmos.
00:00Cara, vem da infância, né, de curiosidade mesmo de criança e acabou que a astronomia é muito fácil apaixonar por astronomia, na realidade.
00:10Eu me identifiquei muito mais primeiro com a biologia, né, questão dos animais, de assistir documentários e ler sobre.
00:20E depois, quase que uma sequência natural, acaba que você chega em assuntos da física, da astronomia e, desde então, seguir estudando sobre isso.
00:34Sempre teve em casa, sempre tive incentivo pelo estudo, de uma maneira geral, né, não foi especificamente para astronomia ou física.
00:43Tanto é que meus irmãos, cada um é formado numa área diferente.
00:47Mas, sempre o incentivo, sempre a valorização do estudo e dando oportunidade para a gente ter contato com várias coisas e eles, identificando o interesse numa área específica, estimulavam a gente naquilo.
01:03Eu tinha um telescópio bem mais simples, um telescópio de entrada, que eu adquiri, estava encostado no depósito da empresa que eu trabalhava, falei com o responsável lá e consegui comprar.
01:15Só para experimentar, ter aquela oportunidade de apontar para o que eu queria e, depois, com a prática, percebi que, realmente, eu queria um equipamento melhor que me possibilitasse ver mais coisas e fazer também algumas fotografias.
01:33Como eu comentei, o telescópio é muito interessante a questão de que você sempre está olhando para o passado.
01:41No dia a dia, também, a gente está sempre olhando para o passado, mas no telescópio, com as imagens do telescópio, é muito gritante isso.
01:48Porque nós estamos olhando há milhões, bilhões de anos atrás e, quando você pensa sobre isso, observando, torna tudo muito mais interessante, muito mais bonito, realmente.
02:00Como eu trabalho durante o dia, à noite tem a faculdade, durante a semana fica um pouco complicado fazer observações na madrugada.
02:09Então, um ramo da astronomia que eu resolvi dar um pouco mais de atenção foi a astronomia solar.
02:15E, nessa área, uma fotografia que eu quero fazer é da passagem da Estação Espacial Internacional na frente do Sol.
02:23Mas, para isso, você precisa estar no horário correto, na posição correta, preparado para pegar porque é segundos.
02:33Então, tem que ter paciência para esperar o dia, tem um site que faz esse cálculo para você e é paciência.
02:42Não tem como fazer de forma artificial, precisa esperar pelo momento.
02:49Às vezes, não dá o tempo de uma vida.
02:52Por exemplo, esse fenômeno da ISS passar na frente do Sol se chama trânsito.
03:00Tem outros dois tipos de trânsito.
03:02O trânsito do planeta Mercúrio e o trânsito do planeta Vênus.
03:06O trânsito do planeta Mercúrio é um período muito grande, eu não lembro exatamente o número,
03:11mas, praticamente, você só consegue ver com sorte uma vez na vida.
03:14Isso se você estiver num dia, num lugar perfeito para aquilo.
03:19Então, realmente, tem coisas que você tem que simplesmente aceitar, que você nunca vai conseguir observar na vida.
03:27Passou uma vida para conquistar os equipamentos, de estudo, se preparando e, de repente, no dia vai chover, vai estar nublado.
03:36Então, tudo aquilo, toda aquela preparação foi por água abaixo.
03:42Cara, principalmente pela questão da contemplação do céu, é tudo muito interessante.
03:49Geralmente, no dia a dia, a gente pensa que o céu é estático.
03:56Mas, quando você começa a observar, dia após dia, você consegue acompanhar o dinamismo.
04:04De Júpiter, por exemplo, a gente consegue ver o movimento das luas dele em volta do planeta.
04:10A gente consegue ver as fases do planeta Vênus, as fases da Lua.
04:15Então, é realmente muito mais a questão da contemplação de você estar vendo, observando o universo de uma maneira muito íntima.
04:24Porque é só você, o equipamento e aquilo que você está vendo.
04:29O maior desafio é uma coisa um pouco técnica, mas que realmente é trabalhoso.
04:35Quando a gente vai fazer uma foto, você precisa alinhar aqui o equipamento com o Polo Sul Celeste.
04:46E tem que ser um ajuste muito fino.
04:49É uma precisão, tem um programa que faz esse cálculo, utilizando a câmera junto.
04:56Mas, até atualmente, ainda é o meu maior desafio conseguir fazer esse alinhamento.
05:01Porque, se você não fizer o alinhamento perfeito, nem adianta começar a fazer as fotos.
05:06Porque elas vão sair borradas, porque a Terra está girando.
05:09Então, o trabalho desse motorzinho, desses motores e desse computador aí do lado,
05:16o trabalho deles é compensar a rotação da Terra e travar no alvo.
05:21Mas, para ele fazer isso, o alinhamento polar tem que estar perfeito.
05:25E, quando eu digo perfeito, é perfeito, cara.
05:28A margem de erro é muito pequena.
05:32Muito pequena mesmo, a ponto de você conseguir fazer imagens de três minutos.
05:37De dois minutos, no mesmo alvo, e ele não vai se mexer dali.
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