Padre faz ação missionária em ruas do centro de Belém

O Liberal

Esta semana, a reportagem acompanhou o trabalho do padre Divã Anísio de Sousa, que atende a população em situação de rua em Belém. Ele conta como surgiu essa missão. Quantas pessoas são atendidas e o trabalho que é realizado na Missão Belém. Além disso, integrantes do grupo “Amigas solidárias” também contam como contribuem com o trabalho do sacerdote.   Reportagem: Bruna Lima  Imagens: Wagner Santana

Transcript

00:00Eu sou o Padre Divan Niso de Souza, eu na verdade eu sou o vigário da paróquia Nossa Senhora do Carmo,

00:12só que eu tenho uma missão exclusiva, se não dizer, na Missão Belém.

00:16Então meu trabalho específico é na comunidade, na Missão Belém.

00:19Nós começamos em São Paulo, 2005, com o Padre Jean-Pieta e a Irmã Caceldo, trabalhando em solar,

00:23e depois a gente foi enviado aqui para a Missão em Belém em 2016.

00:26Então nesse período a gente acolhe essas pessoas. A gente faz as missões na rua e leva as pessoas para a nossa casa.

00:33Nossa casa agora tem 315 pessoas que a gente acolhe nesse momento.

00:37A gente tem três pólos, dois em Benervides e um aqui em Augusto Montenegro.

00:41Posso dizer que eu estou bem porque as minhas escolhas me tornaram assim, entendeu?

00:45Eu saí do mesmo peso, tenho hoje a sequela que eu tenho que essa cicatriz eu adquiri aqui,

00:51pela minha desobediência, pela minha atitude que eu não queria assumir.

00:54E hoje eu posso dizer que eu estou muito orgulhoso.

00:57A gente chama esse trabalho de evangelização, esse contato direto com a pessoa.

01:01Então o que a gente faz? Primeira coisa é o contato só de fazer uma amizade,

01:05para ganhar confiança e tudo.

01:07E depois a gente faz a proposta, vendo o interesse que ele tem de mudança de vida,

01:12e a gente faz a proposta dele ir para uma das nossas casas.

01:16Ele aceitando esse convite, ele vai para as nossas casas e lá ele passa de 6 a 9 meses.

01:20Eles passam por um período primeiro de 10 dias, que eles fazem uma triagem, a gente chama, né?

01:25Faz aquela triagem para eles aprenderem o que processo ele vai passar dentro da comunidade,

01:30como vai ser esse processo e se ele aceita esse processo.

01:33Então nesses 10 primeiros dias ele aceita isso,

01:35depois ele passa por uma segunda casa de mais 10 dias,

01:39e nessa casa ele já aprende, já recebe informações,

01:42que é cuidador de idoso e de liderança.

01:44Porque depois dessa casa eles já vão para outra etapa,

01:49que é do primeiro mês, que é de cuidar dos outros já.

01:52Aí eles são distribuídos nas várias casas que a gente tem.

01:54Aí tem a casa de idosos, as casas de... as próprias casas de triagem, né?

01:58Para acolher aquelas pessoas que chegam,

02:00e a casa... uma casa que a gente chama de aspirantado,

02:02que é aquelas pessoas que vão fazer o processo ali

02:04e vão assumindo algumas funções diferentes,

02:06que é obra, horta, todo o trabalho que tiver,

02:10cozinha, tudo que tem na casa é 100% de voluntariado.

02:13Então a gente não tem funcionário, né?

02:15Os próprios irmãos que fazem tudo.

02:17Para quem tinha 15 anos de rua,

02:19hoje com oito meses,

02:21dentro da comunidade eu me sinto vitorioso,

02:23que tem minha família de volta.

02:24Estou conseguindo as minhas coisas que eu sempre sonhei,

02:27ser uma pessoa digna.

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