O governo do México apresentou, nesta quinta-feira (11), uma proposta enviada ao Congresso para elevar as tarifas de importação de produtos de vários países. A ideia é aumentar as tarifas para setores como aço, tecnologia e automóveis. O motivo do aumento é que a China estaria usando o país como porta de entrada para o mercado americano, como forma de driblar as tarifas dos EUA. Reportagem: Eliseu Caetano
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00:00O governo do México apresentou hoje uma proposta enviada ao Congresso para elevar as tarifas de importação de produtos de vários países.
00:08O Eliseu Caetano está de volta aqui, tem mais detalhes e informações para a gente a respeito desse assunto.
00:13Pois não, Eliseu?
00:16Bom dia novamente para você, para a Soraya e para todos que acompanham o Jornal da Manhã.
00:19A gente volta a falar ao vivo, direto aqui dos Estados Unidos, de onde a nossa equipe de reportagem também está acompanhando essa situação lá no México.
00:27Porque a decisão só deve ser conhecida daqui a algumas semanas.
00:32Mas se de fato ela acontecer, o México pode, junto com os Estados Unidos, mudar o comércio global ou a maneira como o comércio global existe atualmente, viu?
00:45O presidente do André Manuel Lopes Obrador anunciou que o governo estuda tarifas mais altas para setores como aço, tecnologia e automóveis.
00:58E o motivo?
00:59O Washington acusa empresas chinesas de usarem o México como porta de entrada para o mercado americano,
01:05driblando assim as tarifas impostas pelos Estados Unidos à China no mês passado.
01:12O governo americano, portanto, está impressionado, e de acordo com os analistas políticos por aqui,
01:16e muito o México para endurecer as regras e também proteger a indústria local.
01:22A Casa Branca vê nessa situação a presença chinesa crescendo bastante,
01:28não apenas nos países da América Latina, mas também aqui da América do Norte.
01:33E por isso visa aí endurecer as regras e proteger a indústria local,
01:38não apenas daqui do país, mas dos países aliados, dos países parceiros, como é o caso do México.
01:45Ainda não há valores definidos, mas os especialistas por aqui falam de um aumento de até 25% para alguns produtos.
01:54O anúncio oficial só deve ser conhecido no fim do mês de setembro.
01:57E tudo isso acontece, Soraya e Nonato, há poucos anos da revisão do T-MEC,
02:04que é um acordo comercial existente entre Estados Unidos, Canadá e México.
02:11Inclusive tem uma reunião já marcada aí para o início do próximo ano, para o início de 2026.
02:17Se o protecionismo de fato aumentar, as negociações, portanto, devem ficar bem mais tensas também.
02:23O México tenta agora um equilíbrio que é considerado por muitos como delicado, viu?
02:30Atender aos Estados Unidos, respondendo, portanto, tanto a pressão americana quanto o apoio de Washington,
02:38que aliás também é o seu maior parceiro comercial, mas sem perder os investimentos e a parceria com a China.
02:47Portanto, a questão já é tratada de maneira oficial.
02:52O México pode, sim, já nas próximas semanas, fazer também por lá o tarifaço
02:58e aumentar as tarifas de importações contra produtos chineses.
03:03E a gente vai daqui, Soraya e Nonato, seguir acompanhando essas e outras notícias importantes do dia de hoje.
03:10E eu volto a qualquer momento ao longo da programação da Jovem Pan News.
03:14É com vocês no estúdio.
03:15Está combinado, então. Muito obrigado, Eliseu Caetano, direto dos Estados Unidos.
03:19E assunto para a gente já repercutir também com o Alan Gani, que segue aqui conosco acompanhando esses temas todos.
03:24O Gani é um mundo mais protecionista que a gente está ganhando agora?
03:28Muito, muito mais protecionista.
03:30Inclusive, muita gente pergunta, ora, por que os Estados Unidos têm tarifado outros países
03:36e se o problema dele é justamente com a China?
03:40Uma questão geopolítica com a China, enfraquecer a China, trazer de volta indústrias para os Estados Unidos.
03:47Então, por que os outros países, como o Vietnã, como o próprio México?
03:52A alegação é que a China, em vez de exportar diretamente para os Estados Unidos, exporta para o México
03:59e do México vai para os Estados Unidos.
04:02Seria um drible aí nas tarifas protecionistas.
04:05E aí os Estados Unidos colocam também tarifas protecionistas nesses países para asfixiar a China.
04:12No entanto, não está sendo suficiente.
04:14E agora, a pressão norte-americana para que o México coloque tarifas protecionistas diretamente contra a China.
04:22Só que é um grande problema, porque a China também é uma economia muito grande, gigante.
04:27Todo mundo tem interesse com a China.
04:30E o México fica aí nesse fogo cruzado, aliás, situação muito parecida com a nossa.
04:37O Brasil tem a China como principal parceiro comercial.
04:42E, além disso, a China tem crescido ano após ano em investimentos aqui no Brasil.
04:47Hoje é o segundo país que mais investe aqui no Brasil.
04:50E os Estados Unidos é o nosso segundo parceiro comercial e é o país que mais coloca dinheiro aqui no Brasil.
04:56Então, esses países como o Brasil, como o México, acabam ficando numa situação muito delicada
05:03e tem que ter uma negociação muito pragmática, muito racional, sem entrar em bola dividida,
05:09sem comprar um lado geopolítico.
05:13Por quê?
05:13Porque a gente tem que defender os interesses do Brasil.
05:16E defender os interesses do Brasil significa defender o que é melhor para a nossa economia.
05:22Nove horas, trinta minutos?
05:25Vamos seguir, então, no tema de economia aqui com o nosso analista de economia, Alan Gani.
05:31Ô, Gani, ainda nesse assunto, o Brasil recentemente esteve, o governo brasileiro esteve no México
05:37para tentar essa negociação.
05:39E agora o México também vindo com essa resposta tarifária.
05:43E aí?
05:43É, e aí fica bastante a nossa situação, porque os Estados Unidos também têm uma preocupação
05:49muito grande com os BRICS, né?
05:52Que é justamente quem lidera ali os BRICS, né?
05:55Do ponto de vista geopolítico, é a China.
05:58O BRICS não é um bloco comercial, não é um acordo de livre comércio,
06:04mas tem uma simbologia geopolítica.
06:07E hoje, no agregado, se a gente somar ali a economia dos BRICS, pegando o Brasil, Rússia, Índia, China,
06:13os principais países dos BRICS, entraram novos membros, já é uma economia muito grande.
06:20Então, os Estados Unidos entendem, né?
06:23Que o Brasil é uma peça fundamental dos BRICS e acaba tendo toda essa retaliação tarifária contra o Brasil.
06:31E agora, colocando o México na jogada, o que acaba nos dificultando.
06:37Porque também, um comércio ativo com o México, embora não seja um grande parceiro comercial,
06:42como é a China, como os Estados Unidos, acaba também nos prejudicando.
06:46É um país importante, é um país emergente e importante.
06:49De qualquer modo, toda essa disputa geopolítica, que acaba gerando uma guerra tarifária entre os países,
06:58iniciada por Donald Trump, deixa o mundo mais inflacionário.
07:03Ainda não chegou a este efeito da inflação, mas se continuar, pode ser que chegue, sim, este efeito para todo o mundo
07:12e com menos atividade econômica.
07:14Traduzindo, mais inflação, menos emprego.
07:17Agora, Gani, em um minuto aí, você pode nos informar o seguinte.
07:21A gente sempre ouviu dizer que a China se tornaria a maior economia do mundo.
07:25É esse o receio americano, talvez, por trás de todas as ações do Donald Trump,
07:29que caminha-se para isso, para que as pessoas negociem mais com a China e ela continue muito forte, não?
07:34Exatamente. Existe uma leitura de muitos analistas nos Estados Unidos
07:38que não admitem um país maior do que os Estados Unidos.
07:43Então, os Estados Unidos têm que ser o maior militarmente.
07:45Os Estados Unidos têm que ser a maior potência econômica do mundo.
07:49E hoje, se a gente somar o agregado de tudo o que é produzido, de bens e serviços,
07:55corrigindo pela paridade de poder de compra, tirando o efeito da moeda, do dólar,
08:00a China já é uma economia maior do que a dos Estados Unidos.
08:03Então, existe essa preocupação dos Estados Unidos continuar na liderança
08:08e aí, por conta disso, existe toda essa questão geopolítica e tarifária contra a China.
08:15Pois é, e fora o avanço nas questões estruturais que a China tem feito por vários continentes,
08:20a África, a própria América Latina também tem uma ação muito forte dos chineses
08:25e que acaba causando preocupação também para os norte-americanos.
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