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Transcrição
00:00Olá, seja muito bem-vindo, seja muito bem-vinda.
00:03Meu nome é Fabrício Nights, que pela próxima meia hora
00:06nós vamos falar sobre um dos principais países do planeta, a China.
00:11Como o gigante asiático assumiu uma posição de protagonismo no mundo
00:15e pra onde vai a nação de quase um bilhão e meio de habitantes.
00:19Tudo isso e muito mais você confere a partir de agora no JP Internacional.
00:30O JP Internacional já começou, hoje uma edição especial.
00:34A gente conta com a participação de dois amigos aqui do programa
00:37que vocês já estão acostumados, o professor Marcos Vinícius de Freitas
00:41e também nosso correspondente Luca Bassani, que já já chega aqui com a gente
00:45direto da China, porque hoje o programa é justamente sobre isso,
00:48esse gigante do cenário internacional.
00:51Professor Marcos Vinícius, seja muito bem-vindo ao nosso programa mais uma vez.
00:55Sempre um prazer contar com você por aqui.
00:57Não, é um prazer sempre estar aqui e participar com você, Fabrício.
01:00Particularmente nesse tópico tão relevante.
01:02Ah, com certeza.
01:03Olha, vamos começar já dando uma debulhada nos números da China,
01:06porque a gente está falando aqui de um gigante da economia internacional,
01:10com previsão, inclusive, de se tornar o número um na economia do planeta daqui a alguns anos.
01:16A gente vai chegar lá, já vamos falar um pouquinho melhor sobre isso.
01:18Mas vamos dar uma olhada então nos números pra entender exatamente do que nós estamos falando.
01:24China é um país de 1,4 bilhão de habitantes,
01:27o segundo maior PIB do mundo, 18,7 trilhões de dólares, atrás apenas dos Estados Unidos,
01:35PIB per capita de 13.300 dólares, um desemprego de quase 4,5%, 4,6,
01:41e uma inflação, um índice de preços ao consumidor de 0,2% ao ano.
01:47Quem nos dera está nesse patamar.
01:49Mas quando a gente fala de PIB, que aí é o dado mais interessante pra gente trazer,
01:53é importante a gente ver a curva de crescimento da China ao longo dos últimos anos.
01:57Esse é o outro gráfico que a gente tem pra trazer aqui.
02:00Esses números em trilhões de dólares.
02:03Chega aqui mais ou menos em 2000, em 2001, melhor dizendo, como a gente falava,
02:07quando a China entra na OMC, Organização Mundial do Comércio,
02:11e aí o PIB chinês dispara, chega nessa margem dos 18 trilhões que a gente vinha falado.
02:19A expectativa de ali entre 2.040, aproximadamente,
02:24tem se falado muito disso pra ultrapassar os Estados Unidos,
02:27que hoje estão na margem dos 27, 28 trilhões de dólares no PIB.
02:31Professor, a primeira pergunta que eu queria te fazer, já antes da gente chamar o Luca,
02:35é a seguinte, qual foi o diferencial aqui pra China?
02:38O que que fez a China sair desse patamar aqui, de no começo do século,
02:42estar abaixo dos 2 trilhões de dólares no PIB e passar pra 18 trilhões em 2020?
02:49Não há dúvida, Fabrício, que em 2001, quando a China entra na Organização Mundial de Comércio,
02:55nós observamos uma mudança muito importante.
02:58Os chineses sofriam muita retaliação internacional com relação ao preço,
03:02com relação às práticas de mercado, sem precisar dizer que os chineses estavam praticando dumping.
03:06E o que a gente observou é que, a partir de 2001, as regras se transformaram,
03:11no sentido de que, ao ser considerado uma economia de mercado,
03:15os chineses puderam competir de uma maneira muito clara dentro desse cenário internacional.
03:20Então, esta foi a mudança fundamental.
03:22E, obviamente, que vem tudo, e aqui é importante ressaltar,
03:26o ano de 1978, quando os chineses começam o processo de reforma e abertura com Deng Xiaoping.
03:32E aí eles adotam o pragmatismo, uma volta ao capitalismo histórico chinês,
03:39e fazem com que o país consiga dar um grande salto nesse processo todo.
03:44Então, vamos marcar duas datas.
03:461978, Deng Xiaoping, pragmatismo, reforma e abertura,
03:51e 2001, quando a China entra na Organização Mundial de Comércio.
03:55Agora, uma pergunta que muita gente se faz.
03:57Esse modelo chinês, ele é aplicável em outros países?
04:01Poderia ter algo parecido aqui no Brasil para fazer o país alavancar,
04:05mudar de patamar no cenário internacional?
04:08Essa é uma pergunta que sempre me fazem.
04:10E eu diria que, na questão política, não.
04:13Porque os chineses mesmo dizem que o seu modelo funciona na China,
04:17na sua organização de Estado, em razão da sua história.
04:20Agora, na questão econômica, existe uma distinção aqui importante, Fabrício.
04:24Porque quando a gente olha, por exemplo, para o nosso modelo econômico,
04:28a gente sempre tem aquela história de buy low, sell high.
04:31Ou seja, compre barato e venda muito caro para você ter uma grande lucratividade.
04:34E se nós olharmos para o capitalismo chinês,
04:37ou o socialismo com características chinesas,
04:40ela tem um trinômio, que é preço baixo, margem reduzida, longo prazo e escala.
04:48Então, você precisaria passar por uma mudança no nosso modelo econômico,
04:54na nossa maneira de ver o capitalismo,
04:56em que nós passamos a entender que o ganho tem de ser com escala,
05:01com longo prazo, mas com margem menor.
05:04E não necessariamente aquela ideia de você ganhar todo o dinheiro
05:07numa única venda que você faz.
05:09Então, precisa mudar essa estrutura no pensamento que a gente tem.
05:12É um processo que não é simples, não se resolve de um dia para o outro.
05:17É algo que precisa de um planejamento muito extenso, não?
05:20No caso aqui, 5 mil anos de história.
05:23A gente chega lá, mais cedo ou mais tarde a gente chega lá.
05:26Deixa eu chamar o Luca Bassani, que está com a gente direto de Xendu,
05:29lá na China.
05:30Ele vai participar aqui com a gente.
05:32O Luca está acompanhando tudo também de perto.
05:35Foi para a China tem mais ou menos duas semanas, né, Luca?
05:37Mas ele é morador de Munique, na Alemanha.
05:40E aí eu queria saber, Luca,
05:41como é que os europeus também têm visto esse crescimento chinês?
05:44E quais foram as suas impressões?
05:46Você que, inclusive, já foi para a China algumas vezes, né?
05:49Quando é que foi a última?
05:49Se você puder nos lembrar, por favor.
05:53Olá para você, Fabrício, querido professor Marcos Vinícius.
05:57Realmente tem sido uma experiência de contrastes.
06:00Afinal, a última vez que eu estive na China continental,
06:03eu estive também em Hong Kong, Macau, mais recentemente,
06:06mas faz oito anos que não vinha a China continental
06:09e a mudança na infraestrutura é impressionante.
06:13O país está muito mais tecnológico, muito mais conectado.
06:17Os trens bala que ligam as principais cidades na costa leste do país
06:22são dos mais modernos e não deixam a desejar
06:25para nenhum dos outros grandes países asiáticos mais modernos
06:29que chegaram ao desenvolvimento econômico antes da China.
06:32Então, tem sido uma outra China que tem o desbravado
06:36e sempre muitas construções, a população toda utiliza o telefone
06:41para fazer as mais diversas formas de pagamento.
06:44Então, uma sociedade praticamente sem cartões de crédito,
06:46sem telefone, sem dinheiro vivo, perdão,
06:49é só com o telefone.
06:51Realmente é fantástico esse aspecto.
06:54E o que muito chama a atenção é ver que os chineses também subiram
07:01no seu patamar de poder de compra.
07:03A última vez que eu estive aqui foi em 2017.
07:07Era uma sociedade talvez menos refinada, digamos assim,
07:11naquilo que comprava e naquilo que vendia.
07:13Hoje, as lojas, os estabelecimentos também já seguem um certo padrão
07:17parecido bastante com os grandes países da Europa,
07:20com os próprios Estados Unidos.
07:22E aí eu respondo a sua pergunta em relação a como os europeus veem isso.
07:25Neste novo mundo de Donald Trump, com tarifas muito altas
07:30e com essa falta de credibilidade, muitas vezes,
07:33entre aliados históricos, entre os dois lados do Atlântico,
07:36há sim uma vertente dentro da Europa que fala para os europeus
07:40olharem para o Oriente.
07:42Lembrando as antigas rotas comerciais, a Rota da Seda,
07:47que partia desde aqui da China até chegar à Europa.
07:49Quem sabe isso possa ser uma nova alternativa para reacender a economia europeia
07:56e achar nos chineses também parceiros econômicos dos mais relevantes
08:01para superar crises e até mesmo estabelecer alternativas,
08:05já que os Estados Unidos se mostram parceiros complexos,
08:09parceiros bastante complicados neste momento em que as tarifas sobem e descem,
08:15ao meu prazer do presidente norte-americano.
08:18Com certeza. O Luca trouxe várias coisas interessantes aqui para a gente tratar também.
08:22Eu vou fazer uma pergunta para o professor Marcos Vinícius, que é o seguinte.
08:25Professor, a China se tornou um parceiro incontornável hoje no cenário internacional.
08:31Não tem como imaginar um país que queira crescer,
08:34que queira se expandir economicamente, em qualquer papel que seja,
08:38sem negociar, sem tratar com a China, não?
08:41É interessante, Fabrício, de você pensar que desde 2001, praticamente,
08:47quando a gente teve entrada na China no MC, eles conseguiram um feito inédito.
08:51Eles se tornaram aí o principal parceiro econômico número um
08:56de mais de 140 países e territórios ao redor do mundo.
09:01Então, não importa onde você olhe para o mundo, você sempre vê a presença chinesa
09:06como um grande comprador, como um grande investidor.
09:10E muitas vezes, neste processo, os países que recebem este tipo de investimento
09:17necessitam justamente da China para construir a sua infraestrutura,
09:22para refazer muitos dos problemas históricos que tinham.
09:25A gente observa isso muito intensamente em África, particularmente,
09:29onde os chineses têm ali uma presença muito importante na construção de infraestrutura.
09:33Porque é baseado ali numa história, né?
09:36Os chineses sempre dizem um ditado, construa estrada e fique rico.
09:41Ou seja, a base do desenvolvimento, do crescimento, é justamente comercializar
09:47e ter infraestrutura.
09:49E os chineses entendem que não há melhor investimento num país do que o comércio.
09:53O Luca destacou uma coisa muito interessante sobre o consumo na China.
09:57Ele falou que quando ele esteve em 2017, o consumo era um, agora é outro.
10:01A gente tem visto, professor, uma tentativa do governo chinês de diversificar a sua base econômica,
10:06aumentar o consumo interno para poder reduzir a dependência de exportações.
10:13Isso tem funcionado?
10:14Como é que tem sido esse processo?
10:16O Luca está como testemunha nesse momento, mas eu queria saber da sua avaliação
10:21se esse é o caminho mais óbvio para o futuro econômico da China.
10:24Em 2018, o governo chinês começou um processo histórico de mudança de modelo.
10:32Eles reproduziram, a partir de 78, aquele modelo japonês de exportar e crescer economicamente
10:39a partir da exportação.
10:41Mas, em 2018, já notando que esta política dos Estados Unidos não é uma política só de Trump,
10:49não é uma política da administração, esta política de contenção à China,
10:52não é uma política só de Donald Trump.
10:54Também foi aplicada com Biden, começa com Obama e um pouco antes até com Bill Clinton.
10:59Mas o que a gente nota é que é uma política do Estado americano à contenção da China.
11:04Então, eles entenderam que este modelo, baseado na exportação,
11:08deveria passar por alterações profundas.
11:11E, nesse processo, eles deveriam olhar muito mais intensamente para a sua população.
11:18E, veja só, os chineses, eu me lembro disso, primeiro dia de aula, um aluno meu falou assim,
11:22professor, o senhor já se deu conta se cada chinês lhe der um yuan, o senhor fica bilionário?
11:27Então, é muito clara essa questão do capitalismo presente e de você basear este modelo no consumo doméstico.
11:36E há uma notícia boa para nós também, viu, Fabrício?
11:39O governo chinês tem a meta de chegar a 20, 25 mil dólares de PIB per capita.
11:46Você mostrou que estava em quase 14 mil.
11:48Isso em 2049.
11:50Isso, para o mundo, representa um consumidor chinês cada vez mais ábido,
11:55mais consumista e, mais importante, isso também beneficia todos aqueles países
12:00que têm uma parceria importante com a China.
12:02Luca, quando o professor Marcos Vinícius fala em política de Estado,
12:06a gente está vendo, na verdade, um contraste do que tem acontecido muito na Europa em relação à política.
12:12Há uma estabilidade política muito grande na China, por motivos até meio óbvios, a gente sabe bem,
12:17mas como é que a gente pode diferenciar isso do que a gente está vendo na Europa, na sua avaliação também,
12:23como que isso tem auxiliado no crescimento chinês e também atrapalhado essa instabilidade no caso da Europa?
12:30Pois é, Fabrício.
12:33Um aspecto interessante que vale a gente ressaltar é que a China, apesar de ser um país tão grande
12:38e com uma população tão vasta, 1,4 bilhão, é um país muito homogêneo.
12:43Mais de 90, 92% são da dinastia Han, que falam a mesma língua, que têm a mesma história
12:50e que viveram as mesmas dificuldades.
12:52Então, a instabilidade não se dá apenas pelo sistema político, como você bem citou e o professor Marcos Vinicius também,
12:59mas tem a ver com toda a nação trabalhando adiante pelos mesmos objetivos, por ter o mesmo passado.
13:06Acredito que a fragmentação europeia em vários estados nacionais diferentes
13:10e a própria questão da imigração, que é um problema puljante dentro da Europa,
13:15faz com que a política se torne menos estável e faça com que, muitas vezes,
13:21as diversas vertentes acabem batendo cabeça uma com as outras e não olhando para a imagem maior,
13:28que é o desenvolvimento da nação, voltar a crescer ou voltar a devolver o poder de compra aos cidadãos europeus.
13:34Acredito que, aqui na China, essa questão de ser uma nação bastante homogênea
13:39e que é muito fácil para as pessoas comunicarem umas às outras aquilo que querem,
13:44acaba fazendo com que, em alguns momentos, a política de longo prazo,
13:49de mudar o patamar, como o professor disse, de poder de compra,
13:53já estipular para 2049 qual que deve ser a renda per capita,
13:57provavelmente seja mais fácil do cidadão chinês entender
14:00e, muitas vezes, em momentos de dificuldade ou de vacas magras,
14:05saber se conter sem grandes revoltas, até pela própria cultura política local.
14:10Acredito que essa tem sido a saída chinesa
14:14e o professor Marcos Vinicius, em outras ocasiões,
14:16vi ele falando algo que é verdade, tem um trinômio que explica o crescimento chinês.
14:21O primeiro deles é a segurança, é um país extremamente seguro,
14:24em qualquer hora do dia você sai com o seu telefone,
14:27você sai com os seus pertences,
14:28você, o homem sendo mulher, não terá problema de violência,
14:33o que é uma grande segurança, até mesmo emocional, para as pessoas.
14:38A educação, os chineses têm formado pessoas cada vez mais qualificadas
14:43para as diversas áreas, seja da indústria, seja até mesmo da agricultura,
14:47já conseguiu a autossuficiência de alimentos, por exemplo,
14:50na questão dos grãos essenciais, como o arroz e o trigo,
14:54e também a estabilidade política através desses planos
14:57que podem ser feitos a longo prazo de outros países,
14:59pelo sistema que tem, geralmente não podem seguir este mesmo caminho.
15:04Então, acredito que para aquilo que a China representa historicamente,
15:08e o local que ela ocupa agora,
15:11esses três pontos têm servido muito bem a todos os chineses.
15:15Antes de eu entrar nesse lado mais social da coisa,
15:18eu queria fazer mais duas perguntas voltadas à economia.
15:20Uma delas é a seguinte, muito tem se falado, principalmente aqui no Brasil,
15:23sobre a possibilidade de substituir o dólar como moeda internacional para o comércio.
15:28O presidente Donald Trump já rechaçou essa possibilidade,
15:31disse até que emitiria sanções contra países que fizessem isso.
15:35Professor Marcos Vinícius, qual é a viabilidade da troca do dólar
15:40por alguma moeda estrangeira para as negociações?
15:43O Iwan poderia ser essa moeda, ou isso fica em segundo plano nesse momento?
15:48Veja, Fabrício, é uma questão muito importante,
15:51porque a gente observa isso, e até mesmo o governo,
15:54o presidente Lula tem falado muito a respeito disso,
15:56existe já uma moeda do BRICS que é o Iwan, não há dúvida sobre isso,
16:00porque a China é o principal parceiro comercial de todos os países membros do BRICS,
16:06e claro, facilitaria muito se fosse utilizado o Iwan nas transações.
16:10Mas aqui é relevante enfatizar uma coisa,
16:13a China não prega e ela não fala de querer substituir o dólar.
16:18Não podemos esquecer que a China era, até recentemente,
16:21o grande detentor de dívida norte-americana.
16:25E eles não seriam loucos de querer queimar as suas reservas em dólar nesse processo todo.
16:30Agora, em razão da atuação dos Estados Unidos,
16:33com a desvalorização que aconteceu em 2007,
16:38em que o dólar desvalorizou 40%,
16:40não podemos esquecer disso, em razão daquelas medidas econômicas
16:45que foram adotadas em razão da crise de 2007,
16:48e também as sanções que foram aplicadas à Rússia,
16:52no sentido de reter os recursos em dólares,
16:55e que os Estados Unidos passaram a exercer sua jurisdição
16:57sobre as moedas, qualquer moeda, qualquer valor que fosse denominado em dólares,
17:03isso tem feito com que os chineses olhassem alternativas,
17:06e não são somente os chineses, você tem também os russos, o Brasil,
17:13todos os países estão buscando alternativas
17:15para não ficarem exclusivamente presos à jurisdição dos Estados Unidos.
17:21Algo, Fabrício, que é importante estabelecer,
17:24começou na Revolução do Irã em 1979.
17:28Desde 1979, os Estados Unidos afirmam
17:30que qualquer conta denominada em dólar
17:33é jurisdição do governo norte-americano.
17:35Então é isso que está mudando,
17:37e acho difícil você ter uma moeda do BRICS,
17:39porque você teria de conciliar aí políticas econômicas,
17:42políticas monetárias e fiscais,
17:44mas sim, que se crie aí possibilidades de trocas mais fáceis.
17:48Vou chamar de novo o Luca para entender o seguinte, Luca,
17:51você sente que ainda há um receio dos países europeus
17:54de buscar um alinhamento com a China,
17:56ou uma aproximação com a China,
17:58principalmente no campo comercial,
18:00para evitar uma fragmentação das relações com os Estados Unidos?
18:04Acredito que sim, afinal,
18:08alianças não são feitas apenas através do dinheiro.
18:12Ele é muito importante e acaba muitas vezes
18:14tendo a questão preponderante,
18:16mas é importante olhar em valores.
18:18E nesse aspecto, os Estados Unidos,
18:20quando se diz respeito à democracia liberal,
18:23à divisão dos três poderes,
18:24à liberdade de expressão e imprensa,
18:26a Europa tem que estar do lado do país que,
18:29pelo menos em teoria,
18:30é aquele que segue todos esses preceitos.
18:33Sabemos que a China,
18:34apesar de ser uma nação
18:36que tem um crescimento vertiginoso
18:38e muito respeitável em tantos pontos,
18:41nesses pontos citados,
18:43como as liberdades individuais,
18:44principalmente a de imprensa,
18:46acaba sendo um país extremamente complicado.
18:50Eu acho que não tem a ver apenas só com isso,
18:52mas outro ponto que toca em relação
18:54às questões econômicas
18:55é a própria propriedade intelectual.
18:58Os europeus, eles temem que
19:00uma parceria maior com a China,
19:01isso já aconteceu bastante,
19:03aquele mesmo movimento de tentar
19:05trazer de volta algumas indústrias
19:07para o continente,
19:08assim como Donald Trump tem feito,
19:09é uma ideia dos europeus,
19:11por mais que seja, talvez, inviável
19:12do aspecto cronológico,
19:14é que a China teve por muito tempo
19:16aquela diretriz,
19:17copiar primeiro e inovar depois.
19:19Então, muitos temem que isso possa,
19:21também, em setores estratégicos,
19:24comprometer,
19:25mas acredito que,
19:26desde 2001,
19:27e nós falávamos isso
19:28quando a China entrou na OMC,
19:30quando a China faz parte
19:31da comunidade de todas as nações
19:34e joga pelas regras do jogo
19:35da economia de mercado aberta,
19:39ela se torna um país
19:40cada vez com maior credibilidade
19:42e tem se tornado também
19:44um país confiável nesse aspecto.
19:46Então, acho que,
19:46por mais que haja muitas dúvidas
19:49no plano de fundo,
19:50inevitavelmente acabará se tornando
19:54um parceiro cada vez mais importante
19:55para os europeus,
19:56principalmente quando as relações
19:58transatlânticas estão cambaleantes,
20:00como é o caso atual
20:02entre Estados Unidos e Europa.
20:03E aí, Luca,
20:04agora eu queria entrar
20:05mais nesse lado social,
20:06porque você falou
20:07dessa sua última viagem
20:08sete anos atrás,
20:10e oito anos atrás,
20:11aliás,
20:11e agora você está de volta
20:12aí na China.
20:13Há um temor,
20:15quando a gente fala da China
20:16se tornar a primeira economia
20:17do mundo ultrapassando
20:18os Estados Unidos,
20:20parece que há um certo
20:22temor internacional
20:23de que a China também
20:23tenha uma hegemonia
20:25sobre a questão cultural.
20:27Mas a gente tem visto,
20:29pelo menos a impressão
20:29que passa aqui
20:30do nosso lado
20:31do Oceano Atlântico,
20:33de que a China tem,
20:34em certa forma,
20:34se ocidentalizado
20:35nesse aspecto.
20:36Eu queria saber
20:37qual é a sua impressão
20:38andando por aí.
20:39Eu acho que a China
20:42passará aos Estados Unidos
20:43inevitavelmente
20:44como grande economia,
20:45os números demográficos
20:47acabam sendo impossíveis
20:50de se contornar.
20:51Mas quando se diz respeito
20:53à questão cultural,
20:54acho que tem um fator
20:54preponderante,
20:55o mandarim,
20:56a língua chinesa,
20:58por mais que seja utilizada
21:00por todos os cidadãos
21:02aqui no dia a dia
21:04e também tem outros países
21:05de grande importância econômica
21:07que utilizem o mandarim,
21:09é uma língua não convidativa
21:11para o resto do mundo
21:12e tem um sistema
21:14de escrita próprio,
21:15nós sabemos,
21:16os ideogramas chineses
21:17também não são fáceis
21:18de se aprender
21:19e a produção cultural da China
21:20não compete
21:21com a produção cultural ocidental,
21:23seja na questão de filmes,
21:25de séries, de música,
21:26a China não tem
21:27esse grande interesse
21:28de influenciar,
21:29acredito,
21:30através da sua cultura
21:31os demais países,
21:32enquanto que a produção
21:33em inglês
21:34ou nas línguas
21:35que sejam indo-europeias
21:36é muito maior.
21:37Então, nesse ponto,
21:39a questão linguística
21:40acaba sendo uma barreira
21:41para ser uma hegemonia,
21:43ter essa hegemonia cultural também
21:45e um aspecto
21:46que me chama a atenção
21:47é o fato também
21:48da China estar focada
21:50quase 100%
21:51no mercado interno,
21:52são pouquíssimas
21:53as pessoas que falam inglês
21:54no nível minimamente
21:56satisfatório aqui,
21:58até mesmo em cidades ricas,
22:00porque eles se preocupam
22:00com o turismo interno,
22:02com os viajantes
22:02e empresários
22:04que viajam internamente
22:05a China,
22:06são poucos ainda
22:07os estrangeiros
22:08que estão em loco
22:09todo dia
22:10negociando com os chineses,
22:11quando precisa
22:12dessa negociação
22:13aí utiliza-se
22:13dos diplomatas,
22:14dos interlocutores
22:15ou dos tradutores
22:17que são formados
22:18para isso,
22:18mas ainda representam
22:19a parcela mínima
22:20da população.
22:21Então, acho que a visão
22:22da China
22:23é aumentar o poder
22:24de compra aqui,
22:25se tornar também
22:27o PIB per capita
22:28ainda maior
22:28e o mercado interno
22:30cada vez mais rico,
22:32porque eles sabem
22:32que aqui é um mundo
22:33a parte,
22:34até mesmo pelos números,
22:35quase 18%
22:37da população mundial
22:38já dá para ter
22:39uma margem de crescimento
22:40muito grande
22:40pensando apenas
22:42no seu próprio país.
22:43Mas, professor Marcos
22:44Inicius,
22:44essa preocupação,
22:45queria saber
22:46como é que você analisa
22:47isso,
22:47talvez do lado
22:48do governo,
22:49de tornar a China
22:50um pouco mais palatável
22:51para o Ocidente,
22:52isso é uma preocupação
22:54corrente lá no país?
22:56Você tem dois momentos,
22:57você tem a China
22:58que às vezes
22:59se ocidentaliza
23:01e volta
23:02para o seu eixo,
23:03porque a China
23:04é uma civilização
23:05de 5 mil anos.
23:06É interessante
23:07porque a gente
23:07quando fala sobre China
23:08a gente não está
23:09tratando somente
23:09de um país,
23:10mas de uma civilização
23:11que se autopreserva
23:13nos seus costumes,
23:14nas suas tradições
23:14e que não tem
23:16de fato
23:17esta cultura
23:18tão plástica
23:18como você vê
23:19nos Estados Unidos
23:20que é muito mais fácil
23:21de você absorver
23:22em determinados sentidos.
23:23Então, eles preservam isso.
23:25Agora,
23:25é interessante
23:26você pensar
23:27e até o Luca
23:28pode conferir isso,
23:30a China é o país
23:31hoje em dia
23:32que mais se ensina
23:32inglês no mundo.
23:34É que o chinês
23:35tem como asiático
23:36medo de falar,
23:37mas na escrita
23:38não tem,
23:39eles conseguem
23:40se comunicar bem
23:41nesse sentido.
23:42E outra coisa,
23:42você viaja pelo país,
23:44você vê que o país
23:45tem todas as placas
23:46na maior parte dos lugares,
23:47você vai ver em Pinin,
23:49em chinês,
23:50e vai se ver
23:50ou em Pinin
23:51ou em inglês.
23:52Então,
23:52é uma coisa normal
23:53você ver nomes
23:54de loja em inglês.
23:55Então, existe
23:56essa questão
23:57desta abertura
23:59nesse processo todo.
24:00Agora,
24:01a China entende
24:02que tem as suas tradições
24:03e um problema
24:04que enfrentam
24:05com os europeus,
24:06não é, Fabrício?
24:07E aqui é importante
24:07até a gente ressaltar,
24:09a Europa,
24:10por mais que tenha
24:11a sua história,
24:11a sua tradição,
24:13em razão da presença
24:14militar dos Estados Unidos,
24:16não tem plena autonomia,
24:17não tem plena soberania.
24:19Isso é uma das coisas
24:20que, por exemplo,
24:21os chineses admiram
24:21no Brasil,
24:22o fato de você ter
24:23plena soberania,
24:24ter o seu próprio exército
24:25e a sua capacidade
24:26de autodefesa.
24:27Então,
24:28a relação,
24:29os chineses entendem
24:30que a relação
24:31com a Europa
24:31sempre enfrentará
24:33a presença
24:34do elemento norte-americano
24:36que é o garantidor
24:36da defesa
24:37nos países europeus.
24:39Então,
24:39por essa razão
24:40que eles crescem,
24:41mas não
24:41desfrutam
24:44na totalidade
24:45justamente em razão
24:46desse tipo de restrição.
24:47Bom,
24:47o processo,
24:48então,
24:48que ele é mais
24:49de maneira paulatina,
24:51essa troca
24:53entre o crescimento
24:54chinês ao redor
24:55do mundo,
24:55mas também
24:56o mundo
24:57aceitar um pouco
24:58mais a China,
24:59ter esse intercâmbio,
25:01digamos assim.
25:03Luca,
25:03queria te fazer
25:04uma pergunta
25:04pessoal.
25:06A gente sabe
25:07que a culinária
25:08chinesa
25:08é bastante específica.
25:10O que teve
25:11mais de diferente
25:13que você comeu
25:13nessa viagem?
25:14Olha, Fabrício,
25:17a culinária chinesa
25:17é composta
25:18por oito
25:19grandes escolas
25:20culinárias
25:20diferentes,
25:21então,
25:22ela é muito
25:23diversa
25:24nas suas regiões.
25:25Eu agora estou
25:26na região de Sichuan,
25:27que é muito apimentada
25:28para o meu gosto.
25:30É até um pouco
25:32exagerado
25:32a quantidade de pimentas
25:33e outros temperos
25:34que eles usam,
25:35mas se nós formos
25:36para a região
25:37de Guangxi,
25:38por exemplo,
25:39perto da região
25:40de Cantão,
25:40Hong Kong,
25:41é mais suave,
25:42aí gosto bastante,
25:43ou até mesmo
25:44próximo de Pequim,
25:45são outras tradições
25:46que equilibram
25:48um pouco mais
25:48os sabores
25:49para o nosso
25:49paladar ocidental,
25:50aí com certeza
25:51a gente sempre
25:52acha algo gostoso
25:53de comer,
25:54mas como falamos
25:56da história chinesa
25:57há 5 mil anos,
25:58a culinária também
25:59evoluiu bastante
26:00ao longo dos séculos
26:01e você sempre
26:03vai encontrar algo
26:04para você comer.
26:06Os chineses
26:06não têm restrições
26:07alimentares
26:07por conta da sua cultura,
26:09ao contrário de países,
26:10por exemplo,
26:11você que esteve em Israel
26:11recentemente,
26:12a cultura culinária
26:13kosher,
26:14ou os islâmicos
26:16ou hindus
26:16que por questões
26:17religiosas
26:18também não comem algo,
26:19aqui na China
26:20se come tudo,
26:21todas as partes
26:21de todos os animais
26:22e você sempre
26:23vai encontrar
26:23alguma coisa
26:24que você
26:24possa gostar
26:26e não passe
26:27fome aqui
26:28durante a sua estadia.
26:30É,
26:30eu tenho um paladar
26:31infantil,
26:32olha,
26:32eu fico até
26:33um pouco preocupado
26:34antes de planejar
26:34essa viagem
26:35porque vai saber
26:36o que acontece
26:37por aí.
26:38Professor Marcos,
26:39para a gente
26:40encerrar,
26:41o que a gente
26:42pode esperar
26:43da China
26:44em termos
26:44de crescimento
26:45nesses próximos
26:4720 anos,
26:48para a gente dizer
26:48assim,
26:49então,
26:49podemos sim
26:50esperar a China
26:51hegemônica
26:52na economia
26:53em primeiro lugar
26:53acima dos Estados Unidos
26:55rapidamente?
26:55rápido,
26:56mas só uma notinha
26:57de rodapé
26:57para o Luca,
26:59quem levou a pimenta
26:59para a China
27:00foram os portugueses,
27:01então,
27:02porque era mais barato
27:04do que usar sal,
27:04então os portugueses
27:05introduzem isso,
27:06então a culpa
27:07é dos nossos patrícios
27:08portugueses
27:09que levaram a pimenta
27:10para a China
27:10e eles gostaram
27:11bastante,
27:12mas o próximo
27:13é uma coisa
27:14meio,
27:15é uma profecia
27:16que vai se cumprir
27:17no sentido
27:18de que a China
27:19adotou
27:20e compreendeu,
27:21Fabrício,
27:22muito claramente
27:23de que tem
27:23um papel histórico
27:24não hegemônico
27:26da maneira
27:26como os Estados Unidos
27:27são,
27:28eu não estou querendo
27:29pintar,
27:29dizer que é diferente
27:30ou coisa parecida,
27:31mas estou dizendo
27:31que os chineses
27:32entendem que não
27:33querem ser os xerifes
27:34do mundo,
27:35mas entendem
27:36que tem que ser
27:37a principal economia
27:38global,
27:39por que razão?
27:40Porque até 1820
27:41a China era
27:42a maior economia global,
27:43era de onde vinham
27:44as grandes inovações,
27:45eles pararam
27:46e perderam a questão
27:47da revolução industrial
27:49e não querem perder
27:50isso agora
27:51com a quarta revolução
27:52industrial,
27:53por essa razão
27:53que quando a gente
27:54fala de propriedade
27:55intelectual,
27:56é o país que mais
27:57registra inovações
27:59em propriedade
28:00intelectual,
28:01o próprio CEO
28:02da Nvidia
28:02disse recentemente
28:03que a quantidade
28:04de engenheiros
28:04que você consegue
28:05na China
28:05de alta qualidade
28:06você não vai encontrar
28:07em outros lugares,
28:08o próprio CEO
28:09da Apple
28:09falou isso,
28:10então a gente nota
28:11que o país
28:11tomou esta decisão
28:13de assumir
28:14este mandato
28:16histórico
28:17de vencer os 100 anos
28:19de humilhação
28:20e se tornarem
28:21a principal economia
28:23global
28:23não necessariamente
28:25hegemônico
28:25como a gente entende
28:26hoje em dia
28:27o papel dos Estados Unidos.
28:28Bom, conversamos com o professor
28:30Marcos Vinícius de Freitas,
28:31professor, muito obrigado
28:32pela sua participação
28:33aqui nesse JP Internacional
28:34especial sobre China,
28:36volto sempre, hein?
28:37Eu que agradeço
28:38pela oportunidade.
28:39Até a próxima.
28:40Vou continuar conversando
28:41com o Luca rapidinho, hein?
28:42Luca, me diga uma coisa,
28:43valeu a pena essa viagem?
28:44Você já está pensando
28:45em voltar?
28:46Quais são os próximos passos?
28:47Ainda mais porque a gente
28:48conta com você
28:49na cobertura aqui
28:49da Jovem Panj Internacional, hein?
28:52Claro, semana que vem
28:54já voltarei
28:55a minha base
28:56e continuaremos
28:57de olho
28:58tanto na resolução
28:59da guerra da Ucrânia
29:00quanto possivelmente
29:01a incursão completa
29:03de Israel
29:04na faixa de Gaza
29:05e a China
29:06é um país fascinante
29:07e também de tamanho continental
29:08assim como o Brasil
29:09então uma viagem
29:10só não é suficiente
29:11assim como o nosso país
29:13tem as suas regiões
29:13muito peculiares
29:14nos seus dialetos, né?
29:17Nos seus sotaques regionais
29:18e na sua culinária
29:19aqui é a mesma coisa
29:21então espero poder voltar
29:22e quem sabe
29:23ver nos próximos anos
29:25uma mudança
29:25um salto ainda maior
29:27como eu já vi agora
29:28por conta
29:28dessas alterações
29:31tão rápidas
29:31na infraestrutura
29:32um país tão moderno
29:33e que tem
29:34de fato
29:34ocupado o protagonismo
29:36na revolução
29:37na quarta revolução industrial
29:39como disse o professor
29:40se tornando cada vez
29:41mais tecnológico
29:42espero um dia
29:44poder voltar
29:44quem sabe
29:45fazer uma série especial
29:46de reportagens
29:47aqui pra nossa audiência
29:48da Jovem Panj Internacional
29:48Ah, me chama
29:49que a gente vai junto, viu?
29:50Elisão Caetano
29:51tá me cobrando uma visita
29:52lá nos Estados Unidos
29:53aí a gente marca
29:54uma também na China
29:55só pra ficar tudo bem
29:56equilibrado, viu Luca?
29:57Obrigado pela sua participação
29:59aqui no JP Internacional
30:00Obrigado a vocês
30:01Bom, o JP Internacional
30:03vai ficando por aqui
30:04mas a gente segue de olho
30:06em tudo o que acontece
30:07ao redor do mundo
30:08nosso próximo encontro
30:10é no sábado que vem
30:11e claro
30:11ao longo de toda a programação
30:13da Jovem Pan News
30:14muito obrigado
30:15pela sua companhia
30:16e até a próxima
30:17A opinião dos nossos comentaristas
30:23não reflete necessariamente
30:24a opinião do grupo
30:26Jovem Pan de comunicação
30:27Realização Jovem Pan
30:32Realização Jovem Pan
30:33Jovem Pan
30:34Jovem Pan
30:35Jovem Pan
30:35Jovem Pan
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