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  • há 3 meses
Leite materno 'é ouro', mas amamentar exige apoio

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Transcrição
00:00No Brasil, a amamentação exclusiva de crianças até os seis meses atinge cerca de 45% dessas crianças.
00:11Já a amamentação continuada até os dois anos ou mais atinge cerca de 35%.
00:17A Organização Mundial da Saúde recomenda que, quanto mais tempo, melhor.
00:22E sempre existe esse incentivo de que, embora a amamentação exclusiva seja necessária até os seis meses,
00:30quanto mais tempo essa mulher conseguir levar até os dois anos ou além dos dois anos,
00:34mais benefícios esse bebê vai receber através desse aleitamento.
00:38Mas por que será que as mulheres, especialmente no Brasil, não chegam até esse lugar, até essa idade?
00:44Será que falta apoio? Será que faltam iniciativas que incentivem essas mulheres na amamentação
00:50ou que tirem dúvidas, que esclareçam questões nesse momento tão vulnerável, tão delicado?
00:55É isso que a gente vai descobrir hoje no Na Volta a gente compra.
00:57E pra isso eu tenho uma bancada linda, recheada de mulheres muito especiais.
01:01Eu vou começar apresentando a minha convidada aqui da minha frente, a Renata Kirten.
01:06Ela é mãe da Lorena, de dois aninhos.
01:09Ela é apresentadora do Esquadrão da Moda desde 2022.
01:13Renata também é modelo, já foi comentarista do Tabete Vermelho do Oscar, chiquérrima.
01:17Foi descoberta aos 13 anos de idade, enquanto ainda estava no colégio.
01:21Já foi capa de diversas revistas e já desfilou em diversas passarelas.
01:25E ela vai contar hoje a experiência dela com a bebezinha dela, de dois anos, a Lorena.
01:28Renata, muito obrigada pela sua participação. A gente tá muito feliz.
01:32Que delícia. Amei a abertura. Muito obrigada a vocês pelo convite.
01:35Amei estar aqui.
01:37Nossa, e é um assunto muito legal, né?
01:38Você acabou de falar que quanto mais, melhor, né?
01:41Então, eu tô aberta aqui pra falar a minha experiência, que a minha foi super curta, gente.
01:46Já vou falar de verdade.
01:47Vocês falaram que dois anos é super importante, eu fiz dois meses apenas, né?
01:51Então, eu continuo, a gente vai apresentar todo mundo primeiro.
01:53Vamos apresentar, né?
01:54E a gente já volta pra você contar um pouco mais dessa sua...
01:56Porque eu gosto de falar, vocês já viram, né, gente?
02:00E aqui do meu lado, minha companheira de bancada lindíssima, maravilhosa, Lupe Otto.
02:04Oi, Brejo.
02:05Mais um episódio.
02:05Pessoal, eu sinto muito que eu estou com a voz, assim, no fiapo, porque é o assunto favorito da maternidade pra minha amamentação.
02:13Que eu comecei com tanta vulnerabilidade, mas fui acolhida por uma pediatra maravilhosa,
02:19que fez com que eu chegasse a dois anos e oito meses, é isso, Brasil?
02:23Amamentando a pequena Serena.
02:25E amamentar pra mim foi uma delícia, eu tenho muitas saudades.
02:28Quando eu penso, ai, eu queria ter outro neném, é pra amamentar, principalmente, que é muito bom.
02:32Enfim, estou com pouca voz, mas com muita vontade e carinho pelo tema.
02:36E é justamente essa pediatra que eu falei pra vocês, que me salvou, que eu vou apresentar hoje.
02:40Ela tá com a gente nessa mesa.
02:42Ela é a Tia Cua Fazendeiro, que é pediatra e co-criadora do perfil Amamentação Negra
02:47e também da Semana de Apoio à Amamentação Negra no Brasil,
02:50entre tantas outras atuações que ela tem como pediatra, faz recepção, sala de parto.
02:54Enfim, Tia Cua, bem-vinda. Obrigada por estar aqui hoje.
02:56Obrigada, gente. Adorei o convite, né?
02:59É sempre... Trabalho com amamentação há muito tempo, mais de 10 anos.
03:02É sempre um prazer, um tema muito, muito caro pra mim.
03:06E agora eu também sou mãe do Martin.
03:08O Martin tem quase 2 anos.
03:10E também tenho essa minha experiência de amamentação pra contar aqui hoje, né?
03:15Estou muito curiosa, né?
03:16De saber como é que é na prática, né?
03:18Pra profissional, vai ser muito bom esse nosso papo.
03:21Bres, vamos começar, então, falando sobre esses...
03:24Será que a gente fala sobre os tempos, né?
03:25Ou expectativa.
03:26Acho que qual que era a expectativa, né?
03:28Que cada uma enquanto mãe tinha, né?
03:31Tinha algum...
03:31A Tia Cua já trabalhava com isso, então, acho que até ela pode falar,
03:34porque ela já tinha conhecimento, mas...
03:36O meu primeiro, sei lá, minha primeira pesquisa foi de parto.
03:39Então, eu não me preocupei tanto com amamentação.
03:40Parece que é uma coisa muito intuitiva, né?
03:42Assim, e não foi.
03:43Foi bem desafiadora.
03:44Queria saber como é que foi pra vocês a expectativa versus a realidade ali na primeira semana.
03:49Eu acho que na expectativa...
03:51Eu não tive muito tempo também pra pensar.
03:52Eu, como vocês falaram, eu tava gravando o Esquadrão da Moda direto.
03:56Eu gravei até o último minuto.
03:59Eu lembro que eu tava na academia e a minha bolsa estourou.
04:02Eu tava de 36 semanas e 6 dias.
04:06Não tinha andado nem 37.
04:07Então, veio antes.
04:08Eu acabei correndo, fui pro hospital.
04:10E foi tudo meio que de surpresa.
04:12E eu lembro que quando a Lorena nasceu, que eu fiz cesárea, tudo...
04:15Aí veio uma enfermeira e falou assim, olha, tem que deixar o bebê procurar, né?
04:21Você faz assim um formatinho, deixa ele procurar, porque eu não fiz treinamento de nada.
04:25E aí a Lorena pegou direitinho.
04:27Pra mim foi ótimo.
04:28Não machucou.
04:29Ela fez a sucção correta.
04:32Ela mamava muito bem.
04:34Só que, gente, eu não sei o que aconteceu no meio do caminho.
04:38O primeiro mês eu vi, eu vi que assim, eu percebia que ela chorava.
04:42E eu não sabia o que era, se era cólica.
04:45E aí no segundo mês, eu comecei a perceber que o meu leite tava parando.
04:49Aí depois que eu fui entender, né?
04:51A minha filha só estava chorando, porque ela estava sentindo fome.
04:55E aí a minha pediatra, naquele momento lá, falou assim, olha, vamos colocar uma fórmula, né?
05:00Porque eu acho que a sua filha, ela não tá desenvolvendo.
05:03E eu percebi que eu tava sem leite mesmo.
05:04Só que assim, eu amava amamentar, como você falou.
05:07Eu teria outro também, só pra ter essa parte da amamentação.
05:10Porque eu acho, gente, era incrível.
05:12Era delicioso, gostoso.
05:13Olhar assim pro rostinho dela, me olhando.
05:15Aquela mãozinha apertando, assim.
05:18Tudo é muito gostoso.
05:19Não machucou nenhuma vez.
05:21Mas simplesmente eu não sei se eu não tava relaxada o suficiente.
05:25Se eu tava com a cabeça em outro lugar.
05:27Meu leite secou.
05:28E realmente secou.
05:29Parou do nada.
05:30E até hoje eu não entendi porquê.
05:32Tipo, secou.
05:32Por isso que eu falei.
05:33E eu ficava me sentindo muito culpada.
05:34Porque eu lembrava que assim, no mínimo, seis meses.
05:37É super importante.
05:39Até pra criança ter uma imunidade.
05:41Depois dos dois anos.
05:42Eu consegui dois meses só.
05:44Então, tipo assim, foi muito marcante pra mim.
05:46Eu tive crise do pânico por causa disso.
05:49E eu voltei a gravar, né?
05:51Nesse meio tempo.
05:52Eu voltei, acho que no primeiro mês.
05:54Então, talvez pode ter sido isso.
05:55A rotina de sair de casa.
05:57O estresse.
05:57Isso foi meio que secando, secando.
06:00E aí eu tive crise do pânico.
06:01E eu acabei indo num psiquiatra e tomei remédio.
06:04Daí sim que não veio mais, né?
06:05Daí parou geral mesmo.
06:07Foi bem forte mesmo.
06:09Isso é super interessante.
06:10Porque os estudos também mostram que mais de 90% das mulheres querem amamentar.
06:14E aí depois, quando a gente olha os números, são números super baixos.
06:19Apesar de números baixos, o Brasil é um dos países que mais amamenta.
06:22Que legal!
06:23Culturalmente, a gente entende que é importante amamentar.
06:27Mas a hora que chega na prática, a gente vê que as mulheres não conseguem, né?
06:31E talvez as mulheres não consigam, justamente porque a gente individualiza nelas a responsabilidade, né?
06:37A gente tem essa ideia meio fantasiosa de que é algo natural.
06:40Só que o ser humano é atravessado por cultura, né?
06:43A gente não tá na natureza.
06:46E a gente não tá vendo mais, né?
06:48Na nossa realidade hoje, a gente não tá vendo mais as outras pessoas amamentarem.
06:52A gente, muitas vezes, a primeira vez que pega um recém-nascido é o nosso recém-nascido.
06:56Então você não sabe nem segurar direito.
06:58Você não sabe lidar com aquela cabeça molinha.
07:00Então, realmente, os maiores desafios da amamentação são aí nos primeiros dias, né?
07:06É bem comum ter bastante dor.
07:07Você não teve, né?
07:08Mas é super comum ter bastante dor.
07:10E um outro problema é que, infelizmente, os nossos profissionais de saúde não têm uma formação adequada.
07:18Então, assim, na graduação a gente vê super pouco sobre amamentação.
07:23Na especialização, né?
07:25Na residência de pediatria.
07:26A gente vê super pouco de amamentação.
07:29E a gente vê muito...
07:30A gente tem muitas horas sobre fórmula, né?
07:32Sobre substitutos da amamentação.
07:36Os congressos de pediatria geralmente têm patrocínio da indústria da fórmula.
07:42Então, acaba que a gente realmente tem pouca informação, tem pouca formação.
07:47Muitos profissionais não sabem mesmo como orientar e vai se perdendo no caminho, né?
07:53E fora que precisa muito apoio, né?
07:55Eu tô com uma amiga queridíssima também.
07:58Que a neném vai fazer um mês, ela vai voltar a trabalhar e ela tá assim.
08:02Mas como eu, com menos de um mês, tô aqui nervosa.
08:05Porque eu já falei hoje com o meu chefe.
08:07Já estive não sei o que lá.
08:09Tô aqui pesquisando babá.
08:11Então, como a gente quer que as mulheres amamentem, idealmente, né?
08:15Em livre demanda.
08:16Ou seja, sempre que o bebê quer.
08:17Você tem que voltar a trabalhar.
08:19E aí, autônoma, né?
08:21Volta quando precisa.
08:22Mas eu tenho um vínculo CLT, né?
08:27E eu tinha 120 dias de licença.
08:30Gente, com quatro, eu achei que não.
08:32Com dois meses eu já consigo fazer alguma coisa.
08:35Não só não consegui, como quando eu tava pra voltar eu falei,
08:38meu Deus, não tem a menor condição de eu deixar esse bebê aqui.
08:42Então, se a gente não tem esse apoio político, né?
08:47De ter uma proteção desse período, uma proteção da gravidez.
08:51Pra que, durante a gravidez, você consiga se preparar.
08:53Uma proteção da mulher aí nos primeiros meses, após a chegada do bebê.
08:59Uma proteção de quem vai ajudar essa mulher, né?
09:02Então, licença, paternidade, cinco dias.
09:03É uma grande piada.
09:05Se a gente não tem, né?
09:07Podia comentar, eu também acho.
09:08Eu também acho.
09:10Se a gente não tem todo esse apoio, a gente não vai conseguir, né?
09:15A maioria das mulheres vai ter alguma dificuldade nesse início mesmo.
09:19E se você não tem quem ajude, o que você vai fazer?
09:22Eu acho que hoje eu faria diferente.
09:24Se eu tivesse outro, eu levaria comigo.
09:25Eu ia falar, vamos pro SBT, vamos junto, vamos gravar.
09:28Vamos levar junto com a mamãe.
09:29Eu acho que eu fiquei muito estressada.
09:30Eu ficaria mais calma, mais plena.
09:32Não sei.
09:33Mas é um desafio muito grande.
09:34É muito psicológico, gente.
09:36Eu lembro que comigo foi assim também.
09:38A gente tem ali os seis meses de licença, né?
09:41E aí eu ainda emendei mais um de férias e não consegui ficar sete meses com o Levi em casa.
09:44Que benção.
09:45O que já foi assim, né?
09:48Olhando de fora, você fala, nossa, que maravilhoso.
09:50É bastante tempo.
09:51Mas de dentro, você fala, são só sete meses.
09:53Ele precisa tanto de mim ainda, né?
09:55É pouco.
09:56Ainda teria muito mais tempo pra eu poder ficar com ele.
09:58Mas eu lembro que eu voltei.
10:00E eu tinha muito essa ideia de que eu queria amamentar o quanto desse.
10:04Então eu vou indo, eu vou indo.
10:05E eu tinha colocado na minha cabeça a meta, assim, imaginária de um ano.
10:09Eu queria chegar pelo menos até um ano.
10:11Então o que eu fiz?
10:12Peguei minha bolsinha.
10:13Eu falei, hora de voltar.
10:14Peguei minha bolsinha, pus a minha bombinha e vim aí eu para o trabalho, carregando a
10:18minha bolsinha todo dia com a bombinha de tirar.
10:21E aí, assim, né?
10:23O peito vai enchendo, o peito vai enchendo.
10:24Então, às vezes, eu estava no meio de uma reunião, o peito enchendo, o peito enchendo
10:27e você não consegue pensar em mais nada.
10:29Aquele peito estourando.
10:31E a pessoa falando, você fala, vou tirar o leite, vou tirar o leite, tá doendo, tá doendo.
10:35Então, terminava, corria para essa linha de amamentação, que também é um, deveria
10:39ser um investimento maior.
10:40Toda empresa, né?
10:41Que é ali que, onde as mulheres precisam voltar para o trabalho, deveriam ter esse espacinho,
10:45né?
10:46Que faz muita diferença quando você é uma mãe que amamenta.
10:48E aí, ia lá e ordenhava, ordenhava, botava na geladeira, no final do dia passava lá.
10:52Era o meu ponto.
10:53Passava lá, pegava os leitinhos que eu tinha conseguido tirar e voltava para casa, ia
10:56fazer no estoque.
10:57E eu consegui chegar até esse ano de amamentação.
10:59Que legal.
10:59Mas, assim, eu lembro que, aos poucos, foi se tornando um desafio muito maior do que
11:04eu imaginava.
11:04Porque, assim, o meu tempo disponível para poder ir até a salinha, colocar a bombinha,
11:09esperar sair o leite necessário, ficou muito menor.
11:12Daqui meia hora eu tenho que voltar, porque eu tenho outra coisa para fazer.
11:14Mas em meia hora eu tenho que tirar pelo menos 120 ml.
11:16Mas, às vezes, meia hora nem dá, né?
11:18Porque é um tempo que demora mesmo, né?
11:20Eu lembro disso.
11:21Ainda mais, assim, um bebê com oito meses, o seu peito já regularizou, né?
11:24A produção.
11:25Então, eu não tinha mais aquele peito jorrando, assim.
11:27Eu tinha uma produção bem, ali, singela, assim.
11:30A produção era o suficiente para o que eu precisava.
11:33E aí, eu lembro que eu ficava preocupada.
11:34Então, eu botava a bombinha e ficava, meu Deus, aí entrava em reunião, às vezes,
11:37da salinha de amamentação, sabe?
11:38Tirando o leite, a bombinha, fica, fim, fim, fim.
11:40E eu, não, é verdade, é verdade.
11:42Eu acho, a gente fez isso.
11:43E a bombinha, fim, fim.
11:45E, assim, eu lembro que era toda uma logística, sabe?
11:47O dia que eu esqueci, teve um dia que eu esqueci a bombinha.
11:50Eu fiquei, meu Deus, como é que eu vou fazer?
11:52Chegou uma hora que eu tive que ir na pia, ordenhar com a mão, sentindo muita dor.
11:56Então, não é tão simples quanto parece, né?
11:58Quando você tem, assim, essa vontade de tentar prosseguir.
12:01Porque eu trabalho em dois lugares diferentes, né?
12:04E daí, um de manhã e outro de tarde.
12:07E daí, eu também fiz isso, né?
12:10De ordenhar.
12:11E, mano, sempre esqueci alguma coisa.
12:14Ou era o saquinho, ou era o gelox.
12:17Chegou uma hora que eu tinha, assim, um kit completo em um trabalho,
12:21outro kit completo no outro trabalho, outro kit completo em casa.
12:24E o que eu tirava durante o dia não era suficiente.
12:27Então, eu tinha que tirar de manhã e de tarde, pelo menos pra aliviar, né?
12:32Mas pra tentar fazer essa quantidade, eu tinha que tirar de noite depois que ele dormia.
12:37Então, era assim, eu já morrendo.
12:39E daí, eu comecei a tirar, tipo, de pé na cozinha.
12:42Pra não dormir, é.
12:44É uma terceira demanda, né?
12:45É, porque eu tava, assim, exausta, né?
12:47Então, eu tirava de pé na cozinha, tipo, pra eu não dormir, eu ficava lá de pé tirando
12:52e fazendo mais alguma coisa junto, geralmente esterilizando, né?
12:56E daí, tem isso, né?
12:57Eu tinha renda para ter três kits diferentes, pra ter esterilizador.
13:02Porque tem gente esterilizando a panela, que é muito mais demorado, né?
13:05Eu tinha esterilizador de micro-ondas, então, eu ainda tinha essas possibilidades, né?
13:10De comprar uma bomba a mais, comprar um kit a mais.
13:12E quem não tem nenhuma, né?
13:13E quem não tem.
13:15E eu também tive a possibilidade de levar o meu filho pro trabalho no consultório
13:19durante alguns meses e a minha mãe ficava com ele, né?
13:23Então, ir lá, né?
13:25Por ser um consultório que atende pediatria, tinha um espaço pra ele brincar, tinha brinquedo e tal.
13:30Então, também não é tão simples, assim.
13:31Conheço muitas mulheres que levam o filho, mas é isso.
13:34Também não é tão simples, não é qualquer ambiente que você, de fato, consegue levar junto.
13:38E essa criança fica bem acolhida, atendida ali nas necessidades dela, né?
13:42Então, é um mega desafio e precisa envolver todo mundo, né?
13:46Então, é isso.
13:47Precisou envolver a empresa, que eu trabalhava de manhã, consultório que eu trabalhava de tarde,
13:52a minha família, né?
13:54Precisa de muita gente.
13:55Um ambiente pra você conseguir ordenhar, né?
13:57Porque se não tivesse essa linha de amamentação, como é que você faz?
13:59Exatamente.
13:59Vai sacar o peito no meio do ar, assim mesmo.
14:02É uma logística.
14:03A quem faça, a quem faça.
14:06E assim, se for necessário, se é a única opção, eu faria.
14:11Não é o mais confortável, eu acho, né?
14:13Assim, nesse momento, pra gente, eu digo, pra gente como mulher, eu me sentiria mais confortável
14:16num lugar mais reservado.
14:18Eu cheguei a fazer na minha mesa de...
14:20Eu faço teleatendimento, daí eu cheguei a fazer na minha mesa de teleatendimento,
14:24que a lateral é de vidro, assim.
14:26E daí, eu lembro que foi um dia que estava muito corrido e tal, e daí eu pensei comigo
14:33assim, isso daqui é posicionamento político, entendeu?
14:36Se não é possível, se o meu deslocamento é tão grande, até a sala de amamentação,
14:41que torna tão difícil esse processo, se daqui é posicionamento político, vou tirar
14:45meu peito pra fora, como todo mundo vendo pela jornada de vidro.
14:48Porque amamentar virou uma luta, praticamente uma luta individual, né?
14:58Assim como a rede de apoio, parece que virou um problema que essa unidade de mulher precisa resolver.
15:04Enquanto a gente deveria ler como um problema da coletividade, porque quando amamentação,
15:10os números mostram que é uma medida de saúde pública, ela previne muito a mortalidade infantil,
15:16ela previne pneumonia, previne infecção de ouvido, previne meningite, ela previne câncer,
15:22ela previne pressão alta, ela previne diabetes.
15:26Então, assim, ela tem um fator protetivo pra vida inteira.
15:30Então, o que é economizado em saúde, quando a gente consegue melhorar, aumentar os índices
15:37de amamentação, é gigantesco.
15:39Então, obrigatoriamente, deveria ser uma preocupação de toda a sociedade, né?
15:44E não só daquela mulher, indivíduo, que por si só decide o que é lutar contra tudo e todos,
15:49porque quer amamentar, né?
15:51Agora, eu posso tirar a minha dúvida?
15:53Você é uma mãe de toda a equidade.
15:54Oi, mãe, só amamentando.
15:56Meu filho vai fazer dois anos em agosto.
15:59E daí é isso, né?
16:00A Lu tinha comentado.
16:01E as metas, né?
16:03Eu tinha muito essa meta de exclusivo até seis meses,
16:07e no mínimo até dois anos complementado.
16:10E tô muito feliz de chegar nela.
16:13Que legal.
16:14Mas, é isso, é muito difícil.
16:17E não é todo mundo que chega.
16:18Então, mesmo eu voltando a trabalhar antes dos seis meses,
16:20eu tive muito apoio de amigos, de família, e consegui.
16:24Mas eu, trabalhando com amamentação há tanto tempo,
16:27eu tive muita dor.
16:29Tive muita dor.
16:31E não tinha fissura.
16:33Então, eu ficava, né?
16:35Minha cabeça, tentando raciocinar como clínica,
16:37mas ali eu era como mãe, né?
16:39Não médica.
16:40Eu olhava, eu fazia a pega, eu falava,
16:42mas não tem nada errado aqui.
16:43Por que que essa doer?
16:45Então, amamentação não é pra doer.
16:46Mas onde doía, né?
16:47Não era no bico.
16:49Só que não fazia machucado.
16:51E como que, então?
16:52Se não tinha uma síndrome, não sei do que lá que tem.
16:54Não era síndrome de Renault.
16:55Eu pesquisei quando a gente começa a ver.
16:57Não era síndrome de Renault.
16:59Não era síndrome de Renault.
16:59Pelo menos você ainda sabe isso.
17:00Eu não sabia nem que era fissura,
17:01porque eu falei machucadinho.
17:03Pô, gente, eu amamentei até os dois meses.
17:05Eu não sei, né?
17:06É, não.
17:07Mas eu queria abrir, exato.
17:08Mas o meu filho teve torcicolo congênito.
17:11Então ele tinha a boquinha um tiquinho,
17:13mas, gente, era milimétrico, assim.
17:16Tanto que quando eu cheguei pra fisioterapeuta,
17:18eu falei, eu acho que é a loucura da minha cabeça,
17:20mas talvez ele tenha a boca torta.
17:21Mas só eu vejo.
17:23Ela falou, não, realmente ele tem.
17:24E era porque ele ficou mal posicionado dentro do útero,
17:27ele tinha um torcicolo,
17:28precisou fazer fisioterapia.
17:30E aí, osteopatia, né?
17:31Que é um tipo específico de fisioterapia.
17:34Depois da primeira sessão de osteopatia,
17:36foi quando a minha dor começou a aliviar.
17:38Olha.
17:39É mágica, gente.
17:40Eu sou fascinada por isso.
17:41Se você encontra a questão, né?
17:44Parece que é mágico, assim.
17:45Tira a cama.
17:46Então, muitas mães devem passar por isso,
17:48e nem sabem também.
17:49Mas eu nunca imaginei que eu ia ter tanta dor pra amamentar,
17:53porque a gente aprende muito que não,
17:54se a pega tá certa, não tem dor.
17:56Eu nunca imaginei que eu ia ter tanta dor pra amamentar
17:59por duas semanas inteiras.
18:01Duas semanas a cada duas horas,
18:04um negócio doendo de maneira lancinante.
18:06Eu tive dor até o final.
18:07Eu tive dor até o final.
18:07Jura.
18:08Eu amamentei ele até um ano.
18:09Eu desmamei ele.
18:10O Levi, ele tinha um ano e 12 dias.
18:12Eu senti dor até o dia 11.
18:14Mas o porquê da sua dor?
18:15Eu sentia...
18:15Não tive fissura.
18:17A pega dele era certinha.
18:19Eu cheguei a ir em...
18:20Em médica, fazia laser, né?
18:21Cheguei a levar no hospital.
18:23Tive atendimento de enfermeiras.
18:24E elas todas falavam,
18:25a pega tá certa.
18:26Eu senti uma ardência.
18:28Engraçado.
18:28Na pele do bico,
18:30mas uma ardência tão forte
18:31que me queimava assim, ó.
18:32E aí quando ele tirava a boquinha,
18:34eu não conseguia colocar o sutiã
18:36porque eu ficava sentindo aquela...
18:37Ai.
18:38Quente, a pele quente, quente, quente.
18:39E ardência, ardência.
18:40Como se alguém tivesse friccionado muito
18:41uma pele muito sensível.
18:43Só que era sempre assim.
18:44Era do começo ao final.
18:45Eu amava...
18:45Era suportável.
18:46Mas eu amamentava ele do começo ao fim
18:48sentindo ardência, ardência, ardência, ardência, ardência, ardência, ardência.
18:50Nossa, gente.
18:51E aí eu falei, não é possível.
18:52Ele tá com a pega errada.
18:53Fiquei no hospital, tive atendimento com a enfermeira.
18:55Não, tá certo.
18:55Mãe, me mostra como você faz.
18:57Eu encaixava.
18:57Tá certo.
18:58Tá certo.
18:59Daqui pra frente vai melhorar.
19:01Passava um mês, não melhorava.
19:02Passava dois meses, não melhorava.
19:03Fechei laser, fiz uma sessão de laser.
19:05Não melhorava.
19:06Aí chegou uma hora que eu falei assim,
19:08ou eu paro,
19:09ou como é uma dor suportável,
19:12eu vou até o final da minha meta,
19:13que era um ano.
19:15E aí eu...
19:16Segurei na mão de Deus,
19:17eu fui até o final da meta
19:18e consegui chegar até um ano.
19:19Mas eu senti dor até o dia...
19:21Assim, ó, o último.
19:22Essa ardência, né?
19:23Uma sensação de queimação mesmo.
19:26E não sei.
19:27Tem muitas causas pra dor, né?
19:29Então, eu tive essa dor no começo,
19:31que se a gente olhava,
19:33pega e a posição dele tava certo,
19:35mas o funcionamento da língua não tava,
19:37porque, né?
19:37Contratura aqui,
19:39tava dificultando ali o funcionamento.
19:41Então, aparentemente,
19:44a pega e a posição tava corretas,
19:45mas não tava,
19:46porque essa língua não tava funcionando bem.
19:48Então, tem freio de língua,
19:50toscola congênito,
19:52são motivos pra ter dor.
19:54E aí, mais pra frente,
19:55mais pra frente,
19:56existem outros motivos.
19:57Então, por exemplo,
19:57eu tive inúmeras mastites.
20:00Eu tive muitas mastites.
20:02E eu tive candidíase mamária.
20:04E que é algo que é pouco conhecido,
20:07até difícil de tratar,
20:10mas a candidíase dá uma ardência no peito,
20:12uma pinicação que é muito ruim.
20:15só que é até difícil você explicar.
20:17Porque eu lembro de estar sentindo um desconforto
20:19já há alguns dias.
20:20É isso, eu saber, conhecendo.
20:23Eu já tava sentindo um desconforto
20:24no peito há alguns dias.
20:27E daí, uma amiga minha que é consultora falou,
20:29você não tá com candidíase, não?
20:31Aí, eu parei pra pensar e falei,
20:33é, esse desconforto é ardência,
20:35é pinicação.
20:36Eu não tinha conseguido nem transformar em palavra
20:38aquilo que eu tava sentindo.
20:39E, às vezes, no outro,
20:40você diagnostica, assim, né?
20:41Mas a gente mesmo...
20:43Mas essa coisa que você falou da dor,
20:44a gente naturaliza muito a dor.
20:46Nós mulheres e nós mães, né?
20:49A gente vai assumindo que dor
20:50é algo esperado da maternidade.
20:52Eu acho que porque todo mundo faz tanto drama, né?
20:55Dizendo que a mamãe tá a pior coisa do mundo,
20:57que dá isso, que dá aquilo.
20:58Então, a gente meio que trata.
21:00Ai, você tá doendo?
21:00Ah, é normal.
21:01É só isso, né?
21:02Eu vejo pessoas que tiveram piores, então...
21:04Ou a coisa do vai passar,
21:06como se fosse um milagre, né?
21:08Vai passar sozinho.
21:09Não, gente.
21:10Tem técnica, né?
21:11Eu também acho.
21:12Provavelmente, se fosse os homens que amamentassem,
21:14não teria a dor na amamentação, entendeu?
21:16Ah, não, seria pior, né?
21:17Eu disse que ele assombrar que o horror...
21:19Não, mas é que é naturalizado
21:22que mulher tem mesmo aqui sentir dor,
21:24que é normal mulher sentir dor
21:26e deixa pra lá e vai doer mesmo.
21:29E você tem que acostumar.
21:30Vai calejar o peito, não existe isso, né?
21:32Nossa.
21:33E é isso.
21:34Não é naturalizado que o homem sinta dor.
21:37Então, tenho certeza que se fosse no corpo do homem,
21:40teria outras soluções, entendeu?
21:41Ou iria inventar alguma outra coisa, né?
21:43Sim, sim.
21:45Eu quero trazer o meu depoimento,
21:47porque eu acho que tá muito legal,
21:48porque cada uma tem um case totalmente diferente, né?
21:52E aí o meu...
21:54A Tiago falou aqui do freio, né?
21:55E aí a nossa vivência, minha e da Serena,
21:58foi afetada pelo freio na língua dela.
22:01E aí como foi?
22:02Eu saí do hospital,
22:04na verdade eu tava no hospital,
22:05e já começou a machucar o bico do meu peito,
22:07machucar bastante, né?
22:09E aí o meu marido já tinha um contato
22:11de uma doula de amamentação, né?
22:14E aí ele fez o contato,
22:15e quando eu cheguei em casa de alta no hospital, né?
22:17No dia seguinte,
22:19aí ela...
22:20Cheguei 10 da manhã,
22:20ela chegou às 2 da tarde.
22:22E aí ela, nesse primeiro momento,
22:24já identificou esse freio.
22:26Que incrível!
22:26Ó, tem o freio, que pode ser, tal, tal, tal.
22:29E aí o acompanhamento da Tia Kuan,
22:31nesse começo, né?
22:32Eu não sei dizer se todas são assim,
22:34eu só tenho uma filha,
22:35e só tive a Tia Kuan,
22:36que foi essa bênção.
22:38Mas assim, eu lembro que era,
22:39sei lá, eu saí do hospital,
22:41no dia 1 que eu saí do hospital,
22:42no dia seguinte eu já fui pra Tia Kuan.
22:44E daí ela pega a curvinha
22:46de quanto ela nasceu com tanto peso,
22:48e aí já vê quanto que ela tá pesando.
22:50Puts, sei lá, perdeu 100 gramas,
22:52100 gramas.
22:52Quer dizer, então ela não tá engordando com leite, né?
22:54Tem todo ali, né, o protocolo que ela faz.
22:57E além de ver que o peito tava machucado,
22:59a Tia Kuan já fez o laser na hora em mim,
23:00lá no consultório, tipo, né?
23:02Dois dias depois que eu saí do hospital,
23:03ajuda muito.
23:05E aí me acolheu, né, nessa dor,
23:08e falou, é, realmente é o freio,
23:10uma profissional que pode resolver
23:11a questão do freio da Serena,
23:13é tal profissional, né,
23:14que é ortodonto, né?
23:16Odonto, pediatra.
23:17É, pediatra é o odonto.
23:19E aí ficou, né?
23:20Ela passou todas as informações
23:21pra que a gente tomasse a decisão
23:23se a gente ia fazer a frenectomia,
23:24que é o cortezinho do treio da língua.
23:27E eu falei, Marcelo, bora, né?
23:29E aí ela falou assim, ó, Lu,
23:31chegou um momento,
23:32porque assim, a gente ia um dia sim,
23:32um dia não nela.
23:33Eu lembro que, sei lá,
23:34até os 15 primeiros dias de vida da Serena,
23:36era, tipo, um dia sim, um dia não,
23:37indo na clínica pesar, ver e tal.
23:40E daí a gente, por, sei lá...
23:41Você sentindo dor.
23:42E eu sentindo dor, muita dor.
23:44Eu sei que com sete dias de vida
23:45a gente fez a frenectomia, tá?
23:47Então, e aí já no consultório da Odonto,
23:51a primeira mamada dela já não doeu, assim, é...
23:54Ai, já faz e ela já pode mamar.
23:55Sim, inclusive porque o leite ajuda a cicatrizar, né, Tia Cô?
23:59Ela já na hora, ela já pede pra você colocar
24:01e o seu leite vai pingar lá
24:03e vai ajudar a cicatrizar também, né?
24:04E esse negócio é muito incrível,
24:05porque na hora que eles mamam, certo?
24:07Inclusive essa mamada parece que
24:08conserta o machucado que tá lá, sabe?
24:11Tipo, o bebê sai e a fissura melhorou.
24:13É impressionante da sucção, né?
24:17Vamos começar essa...
24:18Esse conserto, né?
24:20Essa melhoria, essa...
24:21Sim, é impressionante, assim.
24:23E aí eu lembro que nesse período,
24:25antes de fazer a freno,
24:26ainda teve a questão da gente...
24:28Ela sugeriu a Tia Cô a relaxação,
24:30que é com uma fundinha bem fininha,
24:32que eu coloquei fórmula.
24:33Mas assim, ela tomou fórmula acho que uns cinco dias só, né?
24:35Tia Cô, 10.
24:36Não vou lembrar.
24:37A minha criança tá com quatro anos, mas assim...
24:39Eu ia dizer quanto tempo já.
24:41Mas eu lembro que eu tinha que colocar,
24:43ali, a fórmula num potinho,
24:45colocar a sondinha.
24:46E quando a Serena mamava,
24:47ela puxava junto o meu leite com esse leite.
24:49Pra recuperar essa perda, né?
24:51De peso, é isso, né?
24:52Um rolê, uma técnica absurda.
24:54Mas eu passei por isso.
24:55A doutora, foi assim que eu descobri também da Lorena.
24:57Porque a gente ia toda hora na clínica
24:59e ela sempre tava caindo, caindo, caindo, caindo, caindo.
25:02E aí, tanto que a pediatra falou,
25:04olha, você tá com pouca produção,
25:05tenho certeza.
25:06Pra ela tá chorando.
25:07Eu achava que era cólica.
25:08Não, a minha mãe da roça falava,
25:10não, isso é cólica.
25:11Bota um paninho, bota um paninho quente, ó, gente.
25:14Aí sim que eu fui atrás de profissionais, né?
25:16Eu descobri que era isso também.
25:17Sim, e aí nessa questão da fórmula,
25:19tem tudo isso.
25:20Ah, a gente vai precisar colocar,
25:21mas como fazer pra não oferecer no bico, né?
25:23Isso, isso.
25:23E aí por isso que vem, né?
25:25Essa questão da relactação.
25:26Então teve todo esse cuidado,
25:27esse apoio para a gente conseguir vencer
25:29essa primeira barreira.
25:31E eu lembro, eu tenho uma amiga, assim,
25:32da época do colégio,
25:33que passou pela mesma questão da frenectomia,
25:35mas ela e o marido dela
25:36acharam, consideraram muito invasivo
25:38fazer a servidinha da criança.
25:39Gente.
25:39E amamentou até três meses, assim, sabe?
25:42Porque, enfim, cada família vai ter seu entendimento.
25:44Isso, verdade.
25:44Vai ver como que chegou a sua orientação para ela.
25:47Então são muitos fatores, né?
25:49O quanto que ela confiava
25:50na orientação do profissional na rede.
25:52Então são muitos fatores, realmente, né?
25:54O privilégio de você ter uma equipe humanizada
25:56é muita etapa.
25:58E olha quantos profissionais, né?
25:59Envolvidos.
26:00Então, quem consegue ter acesso
26:02a esse monte de profissional
26:04nessa frequência, né?
26:06Então é recomendado que o bebê no SUS,
26:09que ele seja visto,
26:11de preferência, em visita domiciliar
26:12até os sete primeiros dias de vida
26:14e que tenha uma consulta até 30 dias de vida.
26:18Gente, é muito raro
26:20que os bebês consigam chegar na consulta
26:22nesse período.
26:23E, por exemplo, no município de São Paulo,
26:25os médicos precisam atender em 15 minutos.
26:28Você não observa uma mamada em 15 minutos, né?
26:30Então, olha o quanto de gente envolvida aí
26:34pra fazer algo funcionar.
26:36E o tanto de informação que você teve
26:38que ter tido acesso antes
26:39pra também conseguir ir atrás.
26:42Porque muita gente não sabe
26:43da existência de consultora de amamentação,
26:46da existência que as enfermeiras
26:48idealmente são formadas
26:49pra fazer esse apoio, né?
26:51E aí também fica muito difícil você procurar
26:53se você nem sabe o que ou como.
26:55Isso é verdade.
26:55E pra além de tudo isso,
26:56uma questão emocional, né?
26:57Que foi o que aconteceu com a Renata também.
26:59Porque você tava falando
26:59e eu me espelhei, assim,
27:01eu me identifiquei muito.
27:02O meu...
27:03Eu comecei a perceber que...
27:05O Levi com dois meses também.
27:06Eu colocava ele pra mamar,
27:07ele mamava 5 minutinhos
27:09e começava a chorar.
27:10Ficava numa briga,
27:11uma briga com o peito ali.
27:12Era exatamente isso.
27:13E eu trocava de peito
27:13e aquela briga, aquela briga.
27:15E aí a primeira coisa que me acendeu foi
27:17eu acho que eu estou com pouco leite.
27:19Eu sentia que a mamada
27:20não era o suficiente, sabe?
27:22E aí podem ser inúmeros fatores, né?
27:24Assim, que estão pra fora do nosso controle.
27:25Mas eu tive que tomar remédio também.
27:27O Levi tinha dois meses
27:28e eu tomei remédio até o final.
27:30Eu consegui amamentar ele
27:30por conta do remédio.
27:32Não.
27:33Eu tomei...
27:34Pode falar?
27:36Melhor não, né?
27:37Melhor não, Brasil.
27:38Tomei o remédinho.
27:39Eu tomei o remédinho.
27:40Eu tomei o remédinho.
27:41É, tomei o remédinho.
27:41Mas com o acompanhamento,
27:43a minha obstetra que indicou.
27:45A minha também.
27:45Mas foi isso, assim.
27:46Foi ele que permitiu
27:47que eu conseguisse chegar até esse final.
27:49Até hoje eu não sei
27:49por que que secou.
27:51Eu estava em casa,
27:52eu estava...
27:52Tempo exclusivo com ele, né?
27:55Tinha o meu marido,
27:57conseguiu tirar férias.
27:57Então nós estávamos juntos, né?
27:59Você não estava sozinha.
28:00Eu tinha ali a rede de apoio.
28:01Aquela coisa, ele traz a aguinha.
28:02Traz a aguinha.
28:03Você tinha um cenário favorável.
28:05Mas eu percebi que...
28:06Eu achei legal.
28:07Você falou, eu estava em casa,
28:08relaxada.
28:09E eu percebi isso.
28:10Quando eu saía,
28:10eu ficava muito tensa.
28:11Eu ficava nervosa.
28:12Ficou em casa, tudo bem.
28:14No comecinho,
28:14eu até consegui tirar um pouco, né?
28:16Acho que no primeiro mês
28:16eu consegui deixar um pouquinho guardado lá.
28:19E aí eu lembro,
28:19quando eu voltava,
28:20que eu via que estava tudo bem.
28:21A Lorena estava ótima em casa,
28:23eu ia tomar banho.
28:23E dando banho eu saía.
28:24Ela saía.
28:25Como?
28:26Aí eu falava,
28:26mas como?
28:28Durante o dia,
28:29eu tentava com a bombinha,
28:30eu levava e nada saía.
28:31E aí, mas depois que eu estava tranquila,
28:33eu olhava para ela.
28:34Aí saía, assim,
28:35tipo,
28:35tão natural.
28:36Eu falava,
28:36gente, não pode sair.
28:37Por isso que eu falei,
28:38é da minha cabeça.
28:40É da minha cabeça, é óbvio.
28:41Tem uma questão emocional aí.
28:43Tem uma questão emocional,
28:45mas tem...
28:46Brasileiro gosta muito de chupeta, né?
28:49Bico artificial, em geral,
28:51atrapalha a amamentação
28:52e atrapalha a produção de leite.
28:54Tanto porque muda a forma
28:56como a criança suga,
28:58como porque a sucção
28:59que a criança deveria estar fazendo
29:00no peito, né?
29:02A sucção não nutritiva,
29:04ela acaba fazendo na chupeta, né?
29:06Então,
29:07o bico artificial é algo que interfere.
29:10Estresse nervoso,
29:11não dormir bem,
29:11é algo que interfere.
29:13Algumas doenças durante a gravidez,
29:16então,
29:16a diabetes gestacional,
29:18mesmo que bem controlada,
29:20também é um fator de risco.
29:23A volta ao trabalho.
29:25Ah, mas eu estou ordenhando
29:26ali a cada três horas.
29:27Mas o bebê que está mamando
29:29em livre demanda,
29:29ele não mama a cada três horas.
29:31Geralmente,
29:32ele tem períodos do dia
29:33que ele mama com
29:33intervalos bem curtos
29:35e alguns períodos
29:36que ele mama
29:37com intervalo mais longo.
29:38E a bomba é muito menos eficiente
29:40do que o bebê mamando.
29:42Então,
29:42isso também pode
29:44atrapalhar a produção.
29:45É isso.
29:45Tem um monte de fatores.
29:46Muitos fatores, né?
29:47Precisa olhar pra cada caso.
29:50Por exemplo,
29:50eu estava num cenário
29:51bem favorável em casa.
29:52E eu também,
29:53a minha produção,
29:53eu sentia que a produção secava,
29:55sabe?
29:56E aí,
29:56depois que eu comecei
29:57a tomar o remédio,
29:58nunca mais o Levi brigou
29:58com o peito.
29:59Eu comecei a tomar,
29:59no dia seguinte,
30:00eu sentia o peito mais cheio,
30:01eu sentia descer, né?
30:02Que você sentia
30:03aquela queimatura descendo.
30:04Ai, eu adorava.
30:04E nunca mais ele chorou,
30:06assim,
30:06botava,
30:07pronto,
30:08assim.
30:08Eu sentia dor, né?
30:10Mas eu fui nessa de,
30:11naquele momento,
30:12a minha decisão,
30:13o que eu podia fazer por mim
30:14era,
30:14vou abraçar,
30:15é suportável,
30:16vamos até o final.
30:16Depois eu tento entender
30:18o que aconteceu
30:18pra um próximo
30:19eu não passar por isso.
30:21E aí,
30:21chegamos até o,
30:23mas assim,
30:24existem quantas coisas
30:25a gente vê
30:26que estão envolvidas, né?
30:28E um emocional ali é fortíssimo.
30:30O meu,
30:30acho que foi realmente
30:31o emocional
30:32e privação de sono.
30:33Nossa.
30:33E depois de tudo isso
30:37veio a culpa, né?
30:38Porque eu acho
30:38que é o pior de tudo
30:39o peso da culpa.
30:40Daí, quanto mais culpa,
30:41mais piorava, né?
30:42A situação aí já era.
30:43É o ciclo, né?
30:44E o próximo episódio
30:45de Na Volta
30:45é sobre privação do sono.
30:47Ah, então eu vou voltar, gente.
30:48Enquanto que eu fiz o episódio
30:49estarei lá.
30:50Já fica com a gente.
30:52E antes da gente falar
30:54um pouquinho
30:54sobre a quantidade?
30:56Porque assim, né?
30:56A gente falou,
30:57ah, o ideal
30:58é seis meses
30:58de aleitamento exclusivo
31:00e continuado
31:01até dois anos.
31:02o leite materno
31:04é algo tão rico,
31:06tão importante
31:06que ele tem essa coisa
31:08que a gente fala, né?
31:09De uma relação dose-resposta.
31:12Então, quanto mais,
31:13mais resposta.
31:14Mas isso não quer dizer
31:15que a gente precisa
31:16ficar culpado
31:16se a gente amamentar menos.
31:18Isso quer dizer que
31:18cada gota que a gente deu
31:20fez muita diferença
31:21na vida dos nossos filhos.
31:23Então, assim,
31:24se eu amamentei um dia
31:25ou se eu amamentei um ano,
31:27cada gota fez muita diferença.
31:28Cada gota funcionou
31:29como vacina,
31:30como nutrição,
31:32como cuidado.
31:33Então, assim,
31:34não é pra levar pro lado
31:35de, ai, meu Deus,
31:36não dei conta até dois anos.
31:37Tá tudo bem.
31:38Tá tudo bem.
31:38O que você deu conta
31:39foi importante pro seu bebê.
31:41Até porque eu sou prova viva disso, gente.
31:43A minha filha, graças a Deus,
31:44nunca fica doente.
31:46Sempre dei muito amor,
31:47muito carinho.
31:48Aqueles dois meses
31:48foram muito nutritivos.
31:50muito amor da mamãe.
31:53Milk Power.
31:54É isso aí.
31:54Milk Power by Mommy
31:56Renata Kirsten.
31:57Maravilhosa.
31:58Inclusive,
31:59uma dúvida sobre a quantidade
32:00que eu tinha também
32:01era justamente sobre o…
32:03sobre você fazer,
32:04tirar o leite, né?
32:05Porque se até seis meses
32:06foi exclusivo…
32:08Era sempre uma dúvida
32:09que eu tinha,
32:09porque eu fui mãe na pandemia.
32:10Então, eu tive, digamos,
32:12um privilégio
32:13dentro desse contexto horroroso,
32:14que foi eu fiquei em casa,
32:16trabalhei de casa
32:16até um ano e meio da Serena.
32:18Então, passou os seis meses,
32:20exclusiva,
32:20depois entrou a introdução alimentar
32:21e tudo mais.
32:22E aí, quando eu fui trabalhar
32:23com um ano e meio,
32:24ela foi até dois e oito.
32:25Eu não me preocupei com isso.
32:26Eu extraía muito pouco.
32:28Quando eu extraí,
32:29foi mais no começo
32:29para ajudar a estimular
32:30e tal a questão.
32:31Enfim,
32:32então, a minha dúvida
32:32é da quantidade.
32:33Se você já passou
32:34dessa fase do exclusivo,
32:36né?
32:37O quanto que você deveria
32:39ou poderia estocar,
32:40sendo que ela já está comendo
32:42várias outras coisas, assim?
32:44A quantidade vai depender
32:45de cada bebê, né?
32:46E tem bebê que depois
32:47da introdução alimentar
32:48ainda mama muito
32:49e tem bebê que mama
32:50muito pouco
32:51depois da introdução alimentar.
32:52Então, vai depender
32:53de cada bebê.
32:54A gente faz um cálculo
32:55lá pelo peso,
32:56mas é um cálculo
32:56meia boca,
32:58porque a gente precisa ver
32:59qual que vai ser
32:59a resposta desse bebê.
33:01Meu filho sempre foi,
33:02eu chamava ele de mamão,
33:03porque ele sempre mamou
33:04muito direto do peito.
33:05Muito gostoso, né?
33:06Mas o leite que eu deixava,
33:08ele não mamava tanto.
33:10Então, eu até ficava com medo,
33:12assim, ficava preocupada
33:13porque ele não mamava tanto.
33:14Ele queria contato físico,
33:15o cheiro da tia Kuan,
33:16é óbvio, né?
33:17É, lítia.
33:18Mas ele comia bem comida.
33:20Então, a gente faz um cálculo
33:22que é uma estimativa
33:23e a gente tem que ver
33:24como essa criança
33:25vai aceitar esse leite
33:27na ausência da mãe.
33:28Mas mesmo o bebê
33:29que está ainda antes dos seis meses
33:31na amamentação exclusiva,
33:32eu vejo muito isso
33:33na minha prática.
33:34Mãe volta a trabalhar,
33:35deixa o leite,
33:36a gente faz lá
33:36essa estimativa,
33:37esse cálculo
33:38e o bebê mama muito menos
33:40porque ele fica se guardando
33:41pra hora que a mamãe chegar.
33:44Então, a gente consegue
33:46fazer uma estimativa
33:47criança a criança.
33:49Depois dos seis meses,
33:50não tem uma regra absoluta
33:52de como a gente vai fazer
33:53porque geralmente
33:54entra a refeição
33:56a gente tira aquela mamada,
33:57entra a refeição
33:57a gente tira aquela mamada.
33:59Mas tem bebê de nove meses
34:01que gosta de comer e mamar
34:02ou mamar e comer.
34:04Então, realmente,
34:05a gente vai ajustando
34:06de acordo com a demanda
34:08daquele bebê.
34:09Jóia.
34:10E pra encerrar,
34:11a gente tá com tempo
34:13que estou...
34:13É, passou muito rápido.
34:14Mas a gente parece...
34:15Quando engrena,
34:16é hora de dizer tchau.
34:17A gente nem comecei.
34:18É hora de dizer tchau.
34:19Agora que eu me aqueci.
34:20Não, mas ainda tem assunto
34:21que é justamente o desmame,
34:23né?
34:23Que é um processo
34:24pra cada mãe,
34:25pra cada criança.
34:27Aí, no meu caso,
34:28foi com dois e oito.
34:29E assim,
34:30eu acho que
34:31eu tava amamentando
34:32muito mais por mim
34:33do que por ela já.
34:35E o que eu percebi
34:36quando eu falo
34:36mais por mim do que por ela?
34:37Porque eu queria um vínculo
34:38e o vínculo é isso,
34:39é duplo, né?
34:40Do meu lado, do lado dela.
34:41Eu gostava tanto
34:41daquilo que eu falei,
34:42cara, não,
34:43eu vou continuar dando,
34:43vou continuar dando.
34:44E era noite
34:44que eu continuava de dia,
34:45eu já não tava dando mais.
34:47Só que a Serena
34:47tem uma questão do sono
34:48e a privação do sono
34:49que é, enfim.
34:50E quando eu decidi parar
34:51foi por causa disso
34:52que eu falei,
34:52cara,
34:52é pra tentar ver se não...
34:54Porque ela acordava
34:55a cada cinquenta minutos
34:56pra mamar a noite.
34:57Isso, né?
34:58Até os três anos.
34:59Aliás,
35:00depois daquela última consulta
35:01desse ano,
35:02eu saí do consultório,
35:03parênteses,
35:04saí do consultório
35:04às quatro da tarde,
35:05a Chacoa falou,
35:06não deixa mais ela
35:07ver televisão
35:08a partir das dezoito horas.
35:09Naquele dia eu não deixei
35:10e ela dormiu
35:11pela primeira vez
35:12na vida dela
35:13oito horas de sono
35:14assim que eu saí
35:15do consultório
35:16e proibia a tela
35:17a partir das dezoito.
35:18Quatro anos, isso?
35:18Agora já com três anos,
35:20três anos, quase quatro.
35:21Foi no oitiano,
35:21foi quase quatro.
35:22Tipo, dois meses antes de quatro.
35:23Então, só um parênteses,
35:25porque é cada conselho,
35:27é cada dica que assim vale ouro.
35:28A mãe já chega
35:29querendo quebrar a TV, né?
35:30Era você!
35:31Era você!
35:32Mas isso interfere tudo isso.
35:34Eu tenho sobrinhos,
35:35eu sei,
35:35a minha não assiste também.
35:36É, mas voltando pra questão,
35:38então eu tirei o leite
35:39por último da noite
35:40e foi porque eu já tava esgotada
35:42de ficar acordando
35:42toda hora pra dar,
35:43pra dar, pra dar,
35:44pra dar.
35:45E eu senti que tava
35:46criando uma dependência
35:47assim também nela
35:48dessa questão do sono.
35:49Pelo menos, né?
35:50Foi a minha lógica ali,
35:51meu racional.
35:52Falei, cara,
35:52ela vai acordar só pra mamar.
35:53É, ela é?
35:54E você não fazia cama
35:56compartilhada?
35:57Opa!
35:57Fazia?
35:58Lógico.
35:58Eu adoro.
35:59Eu ia fazer.
36:00Já pra mim,
36:01eu ia dar 50 minutos,
36:02você não vai ficar levantando.
36:04Eu ia dizer que vida,
36:05nem dorme.
36:05Já fica do lado da cama.
36:07Ela dormia das 8h30
36:08até umas 11h da noite direto
36:10e a partir daí
36:10era de 50h, 50 minutos.
36:11Então quando chegava
36:1211h da noite
36:12eu já puxava ela pra minha cama.
36:14Ela ficava na dela
36:15até a primeira acordada.
36:16Acordou a primeira vez,
36:16já sabia que...
36:17Doutora, como é que você
36:17deixou isso?
36:19Ela me incentivou.
36:20Ela falou pra você viver,
36:21você vai por ela na sua cama.
36:22É, tem que ser, se não,
36:23se você amamenta à noite
36:25e muita gente que não amamenta
36:27também leva pra cama
36:28porque eu não tenho como.
36:30Então,
36:31não existe regra também.
36:32É muito da necessidade
36:34daquela dupla, né?
36:36O meu filho,
36:37ele não mamava cada 50 minutos
36:39porque ele mamava continuamente
36:41da meia-noite
36:42às 5h da manhã.
36:43Eu não tinha uma demanda
36:45de diminuir,
36:47nesse momento, né?
36:48Que eu fiz o desmame noturno.
36:50Eu não tinha essa demanda
36:51de desmame, assim.
36:52O problema pra mim
36:53não era a amamentação.
36:55O problema era o sono.
36:57E daí eu fiz o desmame noturno.
36:59E muitos manuais
37:00que você vai ler
37:00falam,
37:00não, o desmame noturno
37:01tem que ser o último.
37:02Lá em casa,
37:03fez sentido fazer
37:04o desmame noturno.
37:06Melhorou o sono dele
37:07e, sinceramente,
37:07eu só me senti convencida
37:09quando eu vi que melhorou
37:10o sono dele.
37:10Porque é isso, né?
37:12A minha privação de sono
37:13tá tudo bem.
37:14A minha dor tá tudo bem.
37:15Só que assim, gente,
37:16sono é necessidade básica
37:17do ser humano.
37:18É outra coisa que a gente
37:19não pode normalizar
37:20tanto assim.
37:21Mas só na hora
37:23que eu vi que ele melhorou,
37:25a vida dele melhorou,
37:26é que eu fiquei convencida
37:27de que tava tudo bem
37:28esse desmame noturno.
37:29Então eu fiz o desmame noturno
37:31e durante o dia
37:32ele continua mamando.
37:35Mas é isso,
37:35é muito de cada dupla.
37:37Tem gente que assim,
37:38não, eu fico super incomodada
37:40porque o bebê na hora
37:41que pega no sono
37:42fica infinito no peito.
37:44Tudo bem,
37:44então eu não vamos
37:44limitar essa mamada.
37:47Não, pra mim o problema
37:48são as mamadas do dia.
37:49Então a gente limita as do dia
37:50e mantém as da noite.
37:52Então depende muito
37:53da necessidade,
37:54daquela rotina,
37:55daquela família,
37:56daquela demanda.
37:58De idade,
38:00pra gente fazer
38:01um desmame
38:02que a gente faz
38:02os acordos com a criança,
38:04né,
38:04e construindo esse limite,
38:06é mais fácil
38:07depois de um ano e meio.
38:09Mas nada impede
38:10que seja antes, né?
38:11Então essa proposta de
38:12não, eu quero amamentar
38:14até um ano,
38:14é bem comum chegar
38:15e aí a gente vai construindo,
38:17né, esse processo.
38:19A única coisa
38:19que não é legal
38:20é da noite pro dia
38:21falar, acabou, né?
38:22Essa retirada abrupta
38:25é ruim.
38:26É ruim pra gente,
38:26é ruim pra criança.
38:28Mas existem outras possibilidades
38:30da gente ir fazendo
38:30desmames graduais, né,
38:33fazendo combinados
38:34de acordo com a maturidade
38:36da criança,
38:36a maturidade daquela mãe
38:38em relação ao desmame, né,
38:40porque também
38:40se uma mãe
38:42que não tá muito convencida
38:43daquilo,
38:43vai ter uma certa dificuldade.
38:45Então eu preciso individualizar.
38:47Mas que curioso, né,
38:48eu tô ouvindo vocês falar,
38:49cada experiência realmente,
38:51a maternidade,
38:52ela abre uma caixa
38:53de infinitas possibilidades
38:54que você fala,
38:55eu não sabia que tinha
38:56tudo isso de possibilidade,
38:58nem de dar certo,
38:58nem de dar errado.
38:59Porque assim,
39:00eu nunca tive esse negócio
39:01assim de,
39:02eu amo amamentar,
39:03eu nunca tive.
39:04A minha decisão
39:06era muito pensando no Levi.
39:07Então, enquanto eu puder,
39:09eu sei que pra ele
39:09é benefício,
39:10eu vou fazer pelo bem dele.
39:12Mas eu não tinha essa,
39:14sabe,
39:14essa coisa assim de,
39:15ai, que delícia,
39:16ele amamentar.
39:17Chegou um momento,
39:18eu lembro ali,
39:19depois de uns sete,
39:20oito meses,
39:20que eu me sentia cansada,
39:22sabe, assim,
39:23virava um,
39:24ai, sabe, assim,
39:25um,
39:26e é engraçado,
39:27porque eu nunca tive também
39:28essa sensação de que
39:29se eu desmamasse ele,
39:30eu perderia esse vínculo.
39:31Eu não gostava tanto
39:33da sensação de amamentar,
39:34mas eu gostava de ter ele
39:35no meu colinho.
39:36Então, se de repente
39:37eu desmamasse ele,
39:38mas eu tivesse um dia
39:39abraçando ele,
39:40ele viesse me abraçar,
39:42a gente trocasse beijinho,
39:43eu sentia que...
39:44E a compensava.
39:45Compensava, sabe, assim,
39:46eu gostava mais do toque físico
39:47do que de fato da amamentação.
39:49E ai, quando eu consegui chegar
39:50nesse um ano que foi,
39:52meu,
39:52tá muito difícil de ordenhar
39:53no trabalho,
39:54por exemplo,
39:54eu não tenho mais tido esse tempo,
39:56eu tive que tomar remédio,
39:57então eu tomava quatro remédios
39:58ao dia pra poder
39:59compensar essa produção.
40:00E ai, chegou um momento
40:01que você fala,
40:01meu Deus,
40:02é um orçamento
40:02que você separa...
40:03Ui, é um orçamento
40:04que você separa pra isso, né?
40:06E ai, acabaram que se...
40:08Assim, ele já comia muito bem,
40:10comia de tudo,
40:10eu já tinha desmamado
40:11durante o sono da noite.
40:14Então, era mais o sono do dia ali
40:15quando eu chegava do trabalho.
40:17Então, eu somei tudo isso
40:18e falei,
40:18acho que chegou a hora.
40:20E se eu me arrepender?
40:21Porque as minhas amigas
40:21todas amavam, né?
40:22Eu ficava,
40:22e se eu tirar
40:23e eu quiser depois?
40:24Aí eu vou, tipo,
40:25tirar a alegria dele pra...
40:27Fui fazendo aos pouquinhos,
40:28fui diminuindo, diminuindo.
40:29O último mamar que eu dei,
40:31eu até filmei,
40:32pedi pro meu marido,
40:33filma esse momento
40:33porque pode ser que seja o último,
40:34sabe?
40:35Assim, era sempre assim,
40:35será que o próximo é o último?
40:36Será que o próximo é o último?
40:37E ai, ele filmou
40:38e ai, foi aquele momento
40:39de extrema dedicação.
40:41Filmamos, eu falei,
40:42meu filho,
40:43ah, me deu vontade de chorar.
40:44Foi o último, meu amor.
40:46Foi o último.
40:47Chegou a hora.
40:48A mamãe se dedicou
40:49o máximo
40:49que ela pôde por você.
40:52E eu tô feliz
40:53que a gente chegou até aqui.
40:54Aqui, ele mamando assim, né?
40:56Nem pressa atenção
40:57tipo assim,
40:58o que que ela tá falando?
40:59É, mas ela te ouvindo
41:00com certeza, viu?
41:02Ou ele tava assim, ó.
41:03Não, eu vou aproveitar.
41:05E eu aqui na mão,
41:06declaração pra ele, né?
41:07Meu filho chegou,
41:08mamãe te ama muito.
41:09O leitinho acabou,
41:10mas o amor vai existir pra sempre,
41:12tá bom?
41:12Nunca mais eu dei,
41:14nunca mais ele pediu.
41:15Que amor.
41:15Foi tão tranquilo
41:16que a sensação que eu tenho
41:17é que assim,
41:18sabe assim,
41:19foi o fim de um ciclo
41:20muito abençoado.
41:22Porque,
41:22e eu não sofri,
41:23foi nesse momento
41:24que eu falei,
41:24nossa,
41:25não é a minha paixão
41:26da minha vida,
41:27assim,
41:27amamentar, sabe?
41:28E tem tantas mulheres
41:29que amam tanto
41:30e que desejam tanto, né?
41:31E aí você foi construindo
41:32essa relação também
41:33em outros lugares, né?
41:35Que deu espaço
41:36pra que essa separação
41:37acontecesse.
41:38Porque é também
41:40um dar uma liberdade
41:42pra essa criança, né?
41:43É também falar,
41:44ó, você consegue sobreviver,
41:45você ama vai pro perto, né?
41:47Isso é difícil pra gente, né?
41:49Eu tô sofrendo super
41:50porque meu filho
41:51vai fazer dois anos
41:52e na medicina lactante, né?
41:54Beber até dois anos
41:55e depois passa a ser criança.
41:57Eu tô aqui,
41:57eu não quero uma criança.
41:58Criança não.
41:59Não, mãe,
42:00eu quero neném de mamãe.
42:03É difícil, né?
42:04A gente sofre também
42:05com esses crescimentos dele.
42:07Então, é um processo mesmo, né?
42:09Que vai sendo construído
42:10com todas essas vivências
42:11que a gente vai tendo junto.
42:13Eu acho que é legal
42:14a gente falar
42:15de perturbação na amamentação,
42:17que não foi,
42:17você teve dor mesmo, né?
42:18Mas existe uma coisa
42:20que é a perturbação
42:21da amamentação,
42:22que é uma sensação
42:23extremamente ruim,
42:24geralmente com bebês maiores
42:26mamando.
42:28Então, pode gerar angústia,
42:30pode gerar a sensação de nojo,
42:32sensação de raiva.
42:33Isso é perfeitamente normal
42:36e muito frequente.
42:37Tá associado com cansaço,
42:38tá associado com
42:39umas outras questões também.
42:40Então, assim,
42:41se tiver alguém sentindo isso,
42:42procura ajuda.
42:43Não fica, não normaliza.
42:45Não fica passando por isso.
42:46E, às vezes, a ajuda
42:47é, sim, um desmame.
42:48Ou, pelo menos,
42:49limitar a demanda.
42:50Tem gente que só,
42:51ao invés de deixar o bebê
42:52mamar infinito,
42:53combina que vai mamar
42:54um minuto
42:55e já consegue
42:57se resolver, né?
42:58Mas é uma sensação
42:59horrível
43:00e que não deveria
43:01perpassar, né?
43:02Por esse momento
43:03que a gente tem
43:04com nossos filhos.
43:05Antes de encerrar,
43:08eu estou...
43:09Várias vezes, né?
43:09Antes de encerrar,
43:11mas agora é antes mesmo,
43:12antes das considerações finais.
43:14Eu queria trazer a palavra
43:15para a Tia Kuan
43:16para falar sobre o perfil
43:17amamentação negra,
43:18sobre a importância
43:19da semana de apoio
43:20à amamentação negra.
43:22Trazendo a minha experiência
43:23que eu falei que eu trouxe,
43:24eu tive uma doula
43:25de amamentação.
43:25Ela era uma doula
43:26que é super, enfim,
43:28hypada aqui em São Paulo,
43:30da amamentação,
43:31da humanização,
43:31etc.
43:32Não vou falar o nome,
43:33mas nesse atendimento
43:35que ela fez comigo,
43:36ela foi inconveniente.
43:38Falou,
43:38nossa, sua filha é tão branquinha.
43:39Minha filha é fruto
43:40de uma relação interracial.
43:42Nossa, que branquinha ela, né?
43:44Assim,
43:44no momento que eu já estava
43:45vulnerável,
43:46que isso já é uma questão
43:46para mães negras.
43:48E ela fez um comentário
43:49super inconveniente.
43:51Enfim,
43:51achei que ela também
43:52foi um pouco
43:52grosseira comigo.
43:54Então, eu cheguei
43:55no consultório da Tia Kuan
43:56no dia seguinte,
43:58super fragilizada.
43:59Então, aquela profissional
44:00me passou uma técnica,
44:01me passou uma primeira orientação,
44:02mas não me acolheu
44:04na minha integridade, né?
44:06De ser mulher negra,
44:07mãe negra.
44:08Então, eu queria que você falasse
44:09um pouco da importância
44:10desse trabalho que vocês fazem.
44:12A amamentação negra
44:13também é um bebê de pandemia.
44:16Já existe nos Estados Unidos
44:17há mais tempo,
44:18mas a gente criou
44:19aqui no Brasil
44:20a Semana de Apoio à Amamentação Negra,
44:22que é a última semana de agosto, né?
44:23Agosto é agosto dourado,
44:25um mês de apoio à amamentação.
44:28E a última semana
44:29é a Semana de Apoio à Amamentação Negra.
44:32E surgiu, na verdade,
44:33de uma necessidade profissional,
44:35né?
44:36Apesar da minha companheira
44:38nesse projeto
44:38já ser mãe nessa época,
44:40eu ainda não era,
44:41mas nasceu de uma necessidade profissional,
44:43da gente não se ver, né,
44:44em outros profissionais,
44:46não ver uma formação adequada.
44:48Então, por exemplo,
44:49uma dúvida que a gente tem ainda,
44:51laser funciona igual
44:52na pele negra ou não?
44:53Porque eu tenho uma melanina ali,
44:55será que não pode queimar?
44:56Ah, eu tive sensação de queimadura com laser
44:59e a minha pele nem é tão pigmentada.
45:01Então, a gente não tem estudo
45:02para falar que sim nem que não.
45:04Mas de uma necessidade, assim,
45:06de a gente sentir falta
45:08de outros profissionais
45:09de amamentação negras
45:11aqui nesse espaço.
45:11a gente sabe que
45:13onde tem mais vulnerabilidade social,
45:15portanto, a população
45:16que mais se beneficiaria
45:18de ter ou estimular a amamentação
45:19é a população negra,
45:21a população periférica
45:21e a gente não vê
45:22essas profissionais nesse espaço.
45:24Então, inicialmente,
45:25foi muito pensando nisso
45:27e pensando em fazer formação, né?
45:31O que a gente faz,
45:32formação de graça,
45:34dar formação,
45:35trazer o que a gente tem,
45:37o que a gente não tem
45:38de conhecimento científico
45:39sobre amamentação e mulheres negras.
45:44E acaba que a gente atinge
45:47também as mães nesse processo, né?
45:49Não só as profissionais de saúde.
45:51Esse ano já é...
45:53Então, foi 2020 o primeiro,
45:54esse ano é o sexto ano
45:56e a gente está trazendo
45:59uma questão de memória, né?
46:01Então, vamos reconstruir nossos passos,
46:04olhar quem veio antes da gente
46:05para poder construir também o futuro, né?
46:08Tem um projeto de lei correndo,
46:12redigido pela Benedita da Silva
46:14para que essa semana
46:15seja uma semana nacional
46:17em âmbito SUS, né?
46:19Ainda não foi aprovado,
46:21mas está correndo.
46:23E isso é interessante
46:24porque permite que a gente insira
46:26esse diálogo,
46:27esse debate também
46:28em todos os atendimentos SUS,
46:33em todas as unidades
46:34de atendimento SUS,
46:35como algo programático
46:36ali do calendário anual.
46:39Quando a gente diz
46:40que a semana da amamentação, né?
46:42Que a primeira semana do agosto,
46:43o agosto dourado,
46:44ele contempla todo mundo
46:46e que a amamentação
46:47é igual de todo mundo,
46:48a gente está invisibilizando
46:50as pessoas mais vulneráveis,
46:51as pessoas que mais precisariam
46:52desse apoio,
46:53que são as pessoas,
46:54as famílias negras, né?
46:56Sensacional.
46:57Nossa, sensacional.
46:58Obrigada, Tia Kuan.
47:00Uma escolha.
47:00Obrigada a vocês.
47:01Mais alguma consideração, meninas,
47:03sobre a amamentação?
47:04Dicas para as mães
47:05que estão nessa fase
47:06de amamentação.
47:07Eu falei que eu não posso dar dicas,
47:09vocês já viram.
47:10Pode.
47:10Não, pode.
47:12Toda dica,
47:12não surtem.
47:14É uma belíssima dica.
47:16É a melhor dica de todas.
47:17É a melhor dica.
47:18Não, mas na verdade...
47:18A questão é como fazer, né?
47:20A melhor dica que eu posso dar
47:22é procurem bons profissionais,
47:24procurem apoio,
47:25nem que seja de família
47:26ou babá,
47:27seja o que for,
47:28a gente tem um apoio,
47:29porque eu acho que a rede de apoio
47:30ajuda muito,
47:32não só na questão de cuidar do bebê,
47:34mas o psicológico também, sabe?
47:36Acho que isso é muito importante.
47:38Bom, os profissionais.
47:42Dicas.
47:43Beba água.
47:44Muito.
47:45Acho que é ótimo.
47:47Durante a gravidez,
47:49prepara a informação, né?
47:50Então, assim,
47:51busque informação
47:52e não busque só de parto.
47:53Acho que tá meio hypado, né?
47:55Só parto, né?
47:56Pro parto
47:57e não se prepara
47:59pra todo o resto,
48:00então,
48:00informação é o preparo
48:02pra amamentar.
48:04Depois é isso, assim,
48:05precisamos de rede de apoio.
48:06A rede de apoio
48:07não dá pra ser
48:08uma tarefa individual
48:09das mulheres,
48:10precisa realmente
48:11ser uma demanda coletiva,
48:13precisa ser
48:14uma demanda coletiva
48:15de que
48:15as licenças
48:17maternidade e paternidade
48:18aumentam.
48:19Essa semana
48:20eu li um artigo de opinião
48:22e que eu achei
48:22colocação perfeita, assim,
48:24que a gente precisa lutar
48:25pela aposentadoria
48:27com qualidade
48:28porque também
48:28esses avós
48:29pra serem rede de apoio
48:30eles precisam estar segurados, né?
48:33Então,
48:34quando a gente
48:35pensa que a gente precisa
48:37de uma sociedade
48:38mais justa
48:39é também pra permitir
48:40que cada mulher
48:41individualmente
48:42consiga ficar com seu bebê
48:43e amamentar
48:44se assim desejar, né?
48:46É isso aí.
48:47Ai, com isso encerramos.
48:48Bresco, com a sua voz.
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