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  • há 5 meses
Tarifaço começou a valer na última quarta-feira (06), e preocupa o setor produtivo do Estado.
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Transcrição
00:00A gente vai falar de como fica a vida de agricultores capixabas, dos pescadores, principalmente do sul do Espírito Santo,
00:07de quem depende da pecuária, da exportação para os Estados Unidos.
00:12A gente está falando da tarifa de 50% imposta por Donald Trump a produtos brasileiros que começam a valer hoje, dia 6 de agosto.
00:19Você já está vendo que tem um convidado aqui comigo? Daniel, tudo bem? Carvalho, boa noite.
00:23Boa noite, prazer.
00:24Daniel, gente, é o coordenador dos cursos de Relações Internacionais e Comércio Exterior também da Universidade de Vila Velha.
00:33Está aqui pra gente entender esse quebra-cabeça, né, Daniel? Porque não é fácil.
00:37A tarifa foi imposta, nem todos os produtos vão ter esse 50%, mas quem vai ter essa imposição já sai perdendo?
00:46Já, já sai perdendo. É uma situação complicada porque vai diminuir os mercados dos produtos brasileiros nos Estados Unidos
00:52e, com isso, vai diminuir a rentabilidade, mesmo que ele redirecione o produto aqui para o Brasil.
00:58Por quê? Nesse momento, com o valor do dólar, vale mais exportar e, claro, que com a gente comprando em reais aqui,
01:06não vai dar a mesma rentabilidade para o produtor.
01:08Mas uma pergunta que todo mundo fica, assim, querendo uma resposta positiva é,
01:13Será que esse café, será que esses produtos do agro capixaba, a carne, o pescado,
01:19não podem ser vendidos no mercado interno e, pra gente, vai baratear, a gente vai comprar mais barato?
01:25A lógica existe, mas eu não sou tão otimista assim.
01:29Eu não sou tão otimista por dois motivos.
01:30Primeiro que, no médio prazo, a tendência é de que esses produtos sejam redirecionados para o mercado externo.
01:36Então, no princípio, vai haver uma maior oferta desses produtos aqui no Brasil,
01:40o que faria com que o produto diminuísse, só que a gente tem uma tendência de alta no dólar.
01:45O Boletim Focus, de segunda-feira, disse que o dólar tende a terminar o ano em 5,60.
01:51Dessa maneira, o que acontece?
01:52Mesmo que os produtos sejam vendidos aqui no Brasil, insumos para a produção ou de coisas que possam ser usadas,
01:59por exemplo, o pescado, o diesel que vai ser usado no navio, que muitas vezes é importado,
02:04vai acabar compensando esse suposto barateamento do produto aqui.
02:09Ou seja, eu não consigo ficar tão otimista pensando que o produto vai ficar mais barato aqui.
02:14Que é o que todo mundo quer, né?
02:15Exatamente, todos queremos.
02:16Mas para quem produz e vende, é mais negócio exportar porque lá vale mais.
02:21Exatamente, a gente tem uma tendência de alta do dólar, embora nesses três dias dessa semana a gente teve uma queda no dólar,
02:28mas o dólar ainda está numa alta desde o dia 9 de julho, quando o Trump anunciou as tarifas.
02:33E também a tendência aqui para o fim do ano é de 5,60, segundo o Boletim Fox, para o ano que vem já é de 5,70.
02:40Então o mercado está apostando numa alta do dólar, o que vai ser um problema.
02:44Entendi.
02:45A gente tem, inclusive, uma entrevista do presidente do Centro Comércio Café,
02:50que deu um panorama para a gente como é que funciona essa exportação.
02:54Vamos ouvir a entrevista dele, por favor.
02:57Desde o anúncio dessas tarifas, nós deixamos de comercializar, o Brasil deixou de comercializar,
03:04cerca de 700 mil sacas para os Estados Unidos, que é o maior consumidor do mundo
03:09e é o maior importador de café do Brasil como país.
03:14Dessas 700 mil sacas, cerca de 20% são cafés capixabas, juntando aí café conilão, arábica e solúvel.
03:24Já há um movimento para maiores vendas para o mercado europeu e asiático,
03:30mas isso a curto prazo não vai ser fácil, porque a quantidade é muito grande
03:36e para reintroducionar esse café, mas não precisar de um prazo maior.
03:40Existe uma notícia no mercado que a China pode absorver esses cafés, mas isso não procede.
03:47O consumo da China é bem inferior ao dos Estados Unidos.
03:52Tem crescido ao longo dos anos, mais do que a média mundial,
03:56mas ainda é um mercado pequeno para absorver parte desse mercado.
04:02Interessante isso que ele fala, porque é uma pessoa da área.
04:05Essa situação de que as empresas brasileiras podem abrir caminhos para a China,
04:10mas não tem tanta essa demanda, então esse café não deve ser escoado?
04:14A grande questão é que houve um anúncio da China de habilitação de 183 empresas cafeicultoras,
04:20mas não houve ainda a divulgação de quais são essas empresas, esse é um ponto importante.
04:24E o segundo ponto importante é que o consumo per capita de café na China é muito inferior ao dos Estados Unidos.
04:29Embora seja verdade que na China qualquer número é grandioso por causa do tamanho da sua população,
04:35o tamanho do mercado, o baixo consumo per capita, quer dizer, a falta de uma cultura de consumo de café,
04:42é um problema também.
04:43Então, a China pode até despontar como um novo destino do café,
04:48mas não é um destino tão promissor e tão rentável quanto os Estados Unidos costumavam ser.
04:52Entendi. Então, assim, para a gente encerrar, professor, essa questão do crédito que o governo pretende ofertar,
04:59será que ele é vantajoso para essas famílias de agricultores e pescadores?
05:03Depende muito das condições do crédito.
05:06A gente precisa esperar o governo federal ainda anunciar quais vão ser essas condições.
05:10Se for um crédito no estilo daquele que a gente teve durante a pandemia,
05:14muitos casos com juros zero, com juros irrisórios, quase que zero,
05:18vale a pena para conseguir se capitalizar, para conseguir se reorganizar
05:22e reforçar a sua eficiência na produção.
05:25Mas a gente precisa guardar as condições desse crédito.
05:28No momento, não dá para falar.
05:29Entendi. Ou seja, de qualquer forma, o cenário, então, não é positivo para a gente.
05:32Não, não é positivo.
05:33Entendi. Tá bom. Realidade pura, né?
05:36Exatamente. Infelizmente, a realidade.
05:38Muito obrigada, viu, pela sua entrevista.
05:39O nosso tempo acabou. Obrigada, professor.
05:41Obrigada.
05:44Obrigada, professor.
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